Sangue de Dragão



Na noite de domingo os três saíram despercebidos da sala comunal. Andavam com a ponta dos pés para não transmitir nenhum barulho, ou ao contrário, ganhariam uma suspensão por estarem andando por Hogwarts de madrugada, quando na verdade deveriam estar na cama adormecidos. Como combinado, saíram em torno das duas da manhã. Albus ainda se perguntava porque os sonserinos haviam combinado de se encontrar tão tarde.

-Vocês tem alguma ideia onde fica a sala comunal da sonserina? -Ben sussurrou por baixo da capa.

-Sim. -Rose respondeu.

Eles foram andando até as masmorras, onde pararam na frente de uma enorme parede de pedra. 

-E agora, qual é a senha?

-Eu sei. -Albus se moveu para a frente dos dois amigos. -Sangue de Dragão. 

Diante das paredes de pedra, uma porta quase irreconhecível se abriu, mostrando um largo e extenso corredor sem fim. Eles seguiram em frente, caminhando. No final do corredor, uma simples porta de madeira com uma fresta aberta. De dentro uma luz verde iluminava uma pequena parte do piso. Eles empurraram a porta, que rangiu ao ser aberta.

Era uma imensa sala rústica. As paredes eram feitas de pedra e no teto várias lâmpadas verdes iluminavam o local. Seguiram um pouco a frente. Uma poltrona preta de couro se virou depressa, mostrando o menino de olhos verdes sentado nela.

Charlie vestia pijamas esverdeados da cor dos olhos e segurava um livro empoeirado nas mãos, provavelmente estava esperando seu amigo. Um rangido atingiu a sala e um garoto de cabelos loiros saiu da porta que se abrira no final do corredor.

-Finalmente Scorpius. -Charlie falou seriamente. -Estava esperando.

-Fui dar uma volta, me atrasei. Mas e então -Ele falou se sentando na poltrona ao lado. -O que queria me contar?

-O que queria saber? -Ele continuou a falar ríspido.

-Seu sobrenome. Mas apenas não entendi uma coisa. Por que marcou para nos encontrarmos duas semanas depois do combinado? É tão secreto assim? 

-Não. -Ele falou levantando o livro que estava em suas mãos. -Foi por causa disso. Seria melhor de te explicar. E demorei para encontrá-lo.

-O que é isto? -Scorpius se esticou para enxergar o livro melhor.

Charlie o folheou por alguns segundos, abrindo-o em uma página preta.

-Olhe e veja se descobre algo.

Scorpius pegou o livro e começou a analisá-lo. Virou a página com os olhos vidrados em tudo oque via.

-Você quer dizer que... -Ele balbuciou.

-Esta é minha família. Não vê que é uma árvore genealógica? Olhe meu nome nela.

-Mas não é possível.

-Sim, é possível. Veja, este é meu pai. -Ele apontou para o livro. Como Albus, Rose e Ben estavam longe demais, não conseguiam ver nem as figuras e nem os membros daquela família. 

-E ele -Scorpius falou, apontando para a página. -É como se fosse o sobrinho de seu bisavô? Você tem certeza de que isso é possível?

-Absoluta. Ele é como meu primo de terceiro grau, se é que isso existe.

-Isso é incrível. -Os olhos de Scorpius brilhavam.

-Incrível? -Charlie se espantou. -Odeio ser comparado a ele. 

-Mas ele foi uma lenda! 

-Uma lenda? -Charlie riu. -Ele matou o próprio pai, meu bisavô morreu naquela noite!

-Eu adoraria ter um sobrenome assim. Não sei porque o odeia tanto.

-As pessoas me interpretariam da maneira errada. Além do que já pensam de mim, é claro.

-E como seu pai reage em relação a isso? 

-Meu pai? -Charlie forçou uma risada. -Meu pai é o homem mais medroso que eu já conheci. Me abandonou quando eu era um bebê.

-Então você mora com seu avô?

-Meu avô morreu. Se suicidou quando eu tinha apenas quatro anos de idade.

Scorpius arregalou os olhos.

-Eu sei. -Charlie entendeu sua reação. -Eu tenho uma família psicopata. 

-Tenho uma pergunta. Você consegue falar com as cobras?

-Consigo. -Ele olhou para o chão. -Mas não pense que isso é bom.

-Incrível. -Scorpius sussurou, olhando para o livro novamente.

-Olhe, acho melhor irmos dormir, já está ficando tarde e amanhã começam as provas.

-Tudo bem. -Ele falou, deixando o livro sobre a poltrona.

Os dois se levantaram e subiram as escadas de mármore do lado esquerdo da sala. Albus ouviu o barulho da porta se fechando e correu para a poltrona onde estavam. Pegou o livro e o abriu na mesma página escura. Ben e Rose se aproximaram por trás. Grandes letras no centro formavam a palavra Árvore Genealógica. Albus virou a página e no canto da mesma, com letras quase ilegiveis, uma palavra se destacava no meio do preto tingido: Riddle.

 

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