Charlie Sem-Sobrenome
Se passara alguns dias que teriam voltado de Romênia, que por sua vez teria sido muito divertida na opinião de Albus. Apesar de não haver muito entretenimento naquela pequena cidade distante, eles sempre arranjavam algo para fazer. Um dia visitavam Carlinhos em seu trabalho, e conheciam diversas espécies de dragões, desde os mais pequenos até os maiores. Jogavam quadribol no jardim, Albus sempre era o apanhador, e agarrava o pomo com tamanha habilidade que todos o queriam no time.
Estava na estação King's Cross, esperando impaciente seus primos chegarem. Olhou no relógio, já eram dez e meia da manhã e o trem embarcaria em cerca de meia hora. Olhou a sua volta e correndo, atravessou a barreira entre a plataforma nove e dez. A estação estava aglomerada de pessoas.
Ele entrou no trem e procurou uma cabine livre. Todas estavam ocupadas, exceto uma. Abriu a porta e o garoto de cabelos castanhos e olhos verdes o olhou, mas logo voltou a observar as pessoas pela janela. Ele se sentou no banco a frente e ficou olhando para o mesmo. O menino tinha vestes precárias e um corte no lado esquerdo do rosto, e para um garoto com uma aparência tão irregular, ele tinha traços bonitos.
Alguns minutos se passaram e o trem começou a andar. Albus olhou para fora da janela, vários adultos abanando para seus filhos, que faziam o mesmo. Novamente, olhou para o garoto, que rapidamente desviou o olhar.
-Como você se chama? -Albus perguntou.
O garoto o olhou melancolicamente.
-Charlie.
-Me chamo Albus Potter. Você é apenas Charlie, ou tem algum sobrenome?
-Não falo meu sobrenome, se refira a mim como se ele não existisse.
-Tudo bem. -Albus falou, não entendendo o motivo. -Seus pais não vieram se despedir?
-Eu não tenho pais. -Ele falou friamente.
-Me desculpe, eu não sabia.
Charlie suspirou e voltou a olhar para a janela, e assim se passou o resto do trajeto. Minutos antes do trem chegar em Hogsmeade, Albus saiu da cabine, dando uma última olhada para o estranho garoto chamado Charlie. Ele andou pelos corredores, procurando a cabine que estava Ben. Alguns passos a frente, ele avistou um sapo, que pulava em sua direção. Logo atrás, Ben tentando capturá-lo.
-Assim você não vai conseguir. -Riu Albus, pegando o sapo e o entregando.
-Albus! -Ele gritou, o dando um curto abraço. -Pensei que você não vinha, já que Rose também não apareceu.
-Então ela não apareceu. Fiquei a esperando por horas na frente da plataforma.
-Você sabe porque?
-Não. -Ele murmurou. -Vou colocar minhas vestes.
Ele foi ao banheiro e se vestiu com pressa, voltando a cabine quando o trem já havia parado. Logo quando saiu, avistou um grande homem de longas barbas, que gritava:
-Alunos do primeiro ano! Alunos do primeiro ano!
Albus andou cambaleando até o gigante e o abraçou.
-Oi Hagrid!
-Albus! -Ele retribuiu o abraço. -Que bom te ver. Adivinhe só! Hoje nós vamos de carruagem!
Os alunos do primeiro ano foram chegando, curiosos.
-Estão todos aqui? Então vamos. -Falou Hagrid.
Eles andaram por um caminho de terra, e de longe avistaram várias carruagens que levavam alunos. Elas andavam sozinhas e se distanciavam cada vez mais, desaparecendo.
-Muito bem, vou deixar vocês por aqui, tenho algo a fazer.
Muitos alunos correram para admirar as enormes carruagens que os esperavam. Em cada uma delas cabiam cerca de seis pessoas. Após alguns minutos esperando, ele se sentou com Ben e outros cinco alunos, incluindo Ethan. Enquanto a carruagem começava a andar, Albus olhou para trás. O garoto chamado Charlie movia sua mão lentamente para cima e para baixo, como se estivesse acariciando algo. Ele murmurava algo. Mas ao longo que o tempo passava, ele ia ficando cada vez mais pequeno e distante.
Após um longo tempo, ele avistou Hogwarts. A carruagem parou na frente de uma longa escadaria, que dava entrada ao castelo. Eles a subiram e por um enorme portão, entraram no salão principal. Vários alunos já estavam sentados, conversando. Albus e Ben foram correndo e se sentaram na mesa da grifinória.
-Peço a atenção de vocês. -Minerva bateu com uma pequena colher em sua taça, chamando a atenção de todos. -Bem vindos de volta à Hogwarts, esse semestre teremos as provas finais, como vocês já sabem, portanto estudem muito. Muito bem, este ano receberemos um aluno novo. Porém, ele só compareceu este semestre, não comparecendo ao início das aulas, e não sendo selecionado para nenhuma casa. Abrimos uma esclusividade. Então, o recebam bem.
Minerva se virou e pegou um pergaminho, e com a outra mão, segurou o chapéu seletor. Ao seu lado, o banco que geralmente no começo do ano letivo, os alunos eram selecionados.
-Charlie.
O garoto de cabelos castanhos e olhos verdes se levantou firme e foi andando, logo se sentando na cadeira. Minerva colocou o chapéu em sua cabeça.
-Olhe só, a quanto tempo que eu não vejo um desses. -O chapéu exclamou. -SONSERINA!
Charlie andou até a mesa da sonserina e se sentou. Todos o olharam, curiosos. O menino examinou da ponta esquerda a ponta direita, nenhuma excessão.
-E o jantar está servido. -Falou Minerva, se sentando.
As comidas começaram a aparecer. Albus não conseguia tirar os olhos do novo estudante, que agora parecia estar com fome pelo fato de comer exageradamente. Passaram-se alguns minutos e logo após de comer a sobremesa, Charlie se levantou e começou a andar em direção aos corredores. Albus fez o mesmo.
-Aonde você vai? -Ben perguntou.
-Vou para a sala comunal. -Ele mentiu. Já estava começando a se sentir culpado, sempre mentia para seu amigo.
-Tudo bem, vou com você.
-Não. -Albus falou espantado. -Você tem que ficar aqui, nem acabou sua sobremesa, olhe!
-Você está me escondendo algo. -Ele murmurou, se virando de volta para a mesa.
-Não, é que... -Ele tentou explicar. -Tudo bem. Você venceu. Então venha comigo.
-Aonde você vai?
-Vou seguir o garoto novo, venha rápido!
Ben se levatou e correu atrás de Albus. Os dois andaram um pouco pelos corredores, tentando achar Charlie.
-Espere! -Sussurrou Ben. -Acho que estou ouvindo algo.
Albus parou. Começou a ouvir algumas vozes, mas não conseguia as identificar. Andou um pouco mais e colocou os ouvidos na parede para ouvir melhor. Desta vez conseguiu as destinguir. Uma das vozes era de Charlie.
-Então você também é da sonserina?
-Sim. -Respondeu a outra voz. -Meu avô, meu pai, minha mãe, todos da família Malfoy estudaram na sonserina. E você, tem parentes da sonserina?
-Não sei. Meus pais me abandonaram quando eu era apenas um bebê. Vivo com meu tio.
-E qual é seu sobrenome? Achei estranho Minerva apenas falar seu nome.
-Prefiro não dizê-lo. Sabe, não o uso, prefiro que não me chamem assim.
-Vamos lá! Sou seu amigo agora, e se quiser, nunca irei te chamá-lo por ele.
-Tudo bem, mas não agora. Posso te contar tudo oque você quiser saber, me encontre daqui a duas semanas na sala comunal da sonserina.
-Que horas?
-Precisaria ser muito tarde.
-Três da manhã?
-Seria perfeito.
-Então te vejo lá.
-Te vejo lá. -Falou Charlie, indo embora.
Albus e Ben ouviram passos se distanciando, e quando já haviam desaparecido, correram até o dormitório para comentar sobre tudo que haviam presenciado.
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