Capítulo Único



Ela era loira. Simples assim. Seus cabelos não brilhavam como ouro ou reluziam como a luz do Sol. Ela era somente... loira. Um loiro morno, comum, simples. O tom era chocho. Poderia até dizer um loiro simpático, mas estaria mentindo. Pansy era má demais para que alguém tentasse encontrar algo de bom nela.


Parecia magra demais, gorda demais, alta demais ou baixa demais. Seus olhos andavam meio arregalados aqueles dias, deixando-a os ossos da bochecha saltados e o seu sorriso sarcástico parecer mais arreganhado. A pele estava esticada sobre seus músculos e ossos. Os ombros eram curvados demais e o seu cabelo parecia curto demais. Ou era comprido demais?


Não havia nada para se admirar em Pansy. Ela era orgulhosa demais e arrogante demais também. Não era confiável e sequer engraçada. O veneno escorria de sua língua como saliva e seus olhos nunca deixavam de ser cínico-enlouquecidos.


Pansy não tinha caráter e ao menos escrúpulos.


Ela nunca se viu como uma garota bonita. Sempre tinham os demais que a estragavam, abstendo-a de todo o equilíbrio. Mas ela era bela. Suave como uma brisa de verão quando olhada rápida e levemente. Mas aí estava: Pansy era, mas por fora. E essa beleza era rasa, escassa, superficial demais para prender alguém por muito tempo.


Seria ela feia tão somente enquanto se privasse de sua própria beleza.


Mas ela não podia entender isso. Porque preferia enxergar o mundo de um modo cético, complementado por seus cínicos olhos. Ninguém era bom, em sua visão. Todos eram mesquinhos e sempre quer-iam algo em troca.


Por isso ela sempre julgou que sua melhor companhia era ela mesma.


Fora ela feita para estar assim. Sozinha.

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