Capítulo Único.



         Eclipse – Once in a Lifetime.


         A morena se levantou da cama, sonolenta. Estava na hora. Viu como a ruiva na cama ao lado já fazia o mesmo.


            _Três e meia da manhã... – suspirou, colocando o uniforme – Isso é maldade, sabia?


            _Sem dúvidas... – Lily suspirou, coçando os olhos verdes.


            _Ainda bem que temos uma boa causa... – Marlene foi lavar o rosto com água gelada.


            _Pensa só... – Lilian também tentava acordar, falando com a voz embargada – É uma coisa que só vamos ver uma vez na vida... C’mon, Lily Evans... vamos...


            Marlene riu e terminou de se vestir. Esperou por alguns minutos até que Lilian estivesse pronta. Eram as únicas do dormitório que faziam Astronomia... As amigas saíram sem fazer muito barulho, e desceram as escadas, agora bem mais acordadas. No Salão Comunal se acumulavam vários outros alunos com os rostos ainda amassados no formato dos travesseiros, todos a espera da professora Sinistra, para que ela permitisse a saída deles.


            _Alunos. – a voz sussurrante da mulher se fez audível – Vamos hoje apreciar o Eclipse total da Lua... É algo único e encantador... Certamente será uma grande experiência...


            Os estudantes sorriram e a acompanharam para fora, andando ao lado dos alunos de todas as outras casas, que já estavam esperando do lado de fora da Torre da Grifinória.


            _Professora, não vamos para a Torre de Astronomia? – um dos alunos no meio da pequena multidão que se formara perguntou.


            _Não... – ela sorriu, dirigindo-se para os jardins – Consegui permissão para que assistíssemos ao eclipse na Floresta Proibida essa noite.


            Os murmúrio de nervoso e animação se fizeram ouvir, enquanto alguns pareciam indecisos sobre ir ou não. Por fim, quase todos seguiram a professora até a Floresta. Sinistra parou perto da orla, e disse de modo levemente preocupado.


            _Crianças... a floresta não é proibida sem razão, então, mantenham-se juntos, por favor...


            Os estudantes confirmaram com a cabeça, e então se embrenharam pelas árvores. Lily e Lene não estavam particularmente nervosas com aquilo tudo....


            _Ia ser tão lindo se o James estivesse aqui com a gente... – Lily fez um bico engraçado – Ele disse que não podia vir... Mas pense só, ia ser a melhor coisa do mundo ver o eclipse do lado do meu namorado... – ela resmungou, irritada.


            _Mas por que ele não pôde vir? – Lene franziu o cenho, imediatamente se lembrando – Oh, droga... Lily, eu preciso ir...


            _Precisa ir aonde? – a ruiva arqueou as sobrancelhas – Tá louca, Lene?


            _Não... – ela murmurou – Eu... eu perdi minha pulseira, depois eu encontro vocês...


            _Lene! – Lily tentou segurar a morena, que saía dali quase correndo – Lene, eu não vou deixar você sair assim à noite sozinha!


            _Lily, por favor... – ela pediu, os olhos azuis enchendo-se de preocuupação – Não vem atrás de mim. Eu estou te pedindo...


            Relutante, a ruiva deixou que a outra fosse. Tinha um mal pressentimento... E agora, além de tudo, estava ali sem sua melhor amiga e seu namorado. Marlene estava muito esquisita...


            A morena corria pelas árvores com desespero. Precisava encontrar Sirius, James e Remus... Eles com certeza não sabiam que os alunos estariam naquela noite. Justo na noite de lua cheia. Sempre iam para a torre de Astronomia, e eles certamente pensariam que a floresta estava vazia como sempre...


            Os olhos da menina não reconheciam mais aquela parte da floresta. Sempre que fora ali para participar de qualquer marotice dos garotos, tinham ficado mais próximos da orla... Mas sabia que quando Remus estava em sua forma lupina, os marotos ficavam embrenhados naquele lugar... Podiam estar em qualquer canto...


            _Sirius! – berrou, tentando se fazer ouvir e amenizar o medo – James! Six, por favor... – sua voz se tornou um murmúrio quando escutou os sons estranhos que pareciam vir de todos os cantos daquela floresta – James!


            Precisava encontrá-los. E agora, que estava mais que perdida, precisava que eles a encontrassem. Sentiu algumas lágrimas queimando no canto dos olhos. Não queria chorar... Era a única que sabia do segredo deles, sendo, portanto, aquela que precisava evitar que algum aluno fosse atacado.


            _Sirius, seu cachorro! Apareça aqui agora! – gritou, irritada e morrendo de medo de ficar ali sozinha por mais tempo – Essa sua audição canina não tá adiantando nada... – murmurou, e quase pulou de susto quando um gigante cão negro apareceu em sua frente.


            _Eu devia matar você... – franziu o cenho e leu nos olhos azuis do cão que ele se divertia, voltando à forma humana.


            _Claro que funciona! – ouviu a voz risonha do moreno e sorriu instintivamente. Sirius usava só calças jeans, e Lene tentou não encarar os ombros largos e a barriga definida dele.


            _Hm... – foco, Lene, foco! – Sirius, vocês tem que dar um jeito... Tem muita gente na floresta hoje...


            _O que? – a expressão do garoto foi de divertida a grave em um átimo – Por que?


            _Por causa do eclipse.


            _Droga... – ele passou as mãos pelos cabelos.


            _Vocês têm que tirar o Remus daqui... Rápido... – ela pediu, nervosa.


            _O James tá com ele, eu... eu preciso ir ajudar... – ele disse, olhando ao redor, preocupado – Mas eu não posso deixar você... Vamos, eu te levo até onde os alunos estão...


            _Mas você não sabe onde eles tão! – Lene revirou os olhos, mas no segundo seguinte Sirius estava novamente em sua forma animaga, bem na sua frente. Ele sinalizou para que a morena o seguisse, e levantou as orelhas, atento a qualquer som.


            _Você é um cachorrinho muito lindo, sabia, Mr. Black? – ela riu, passando a mão pelo pêlo do cachorro, que soltou um som que Lene interpretou como uma risada.


            Sirius estacou por um instante, entrando na frente de Lene, ele latiu alto, e a menina sentiu como se uma pedra de gelo deslizasse por sua garganta quando um som gutural veio de trás das árvores. A morena escutou um som de trote: James, com certeza. Sirius correu na direção do som, e ela pôde ver quando ele foi lançado para o lado, assim que seu campo de visão alcançou Remus em sua pior forma... Quis gritar e chorar, mas não conseguiu nenhum dos dois quando Sirius se lançou novamente para o lobisomem, assim como James.


            O animal os rebatia, e eles tentavam de qualquer forma afastá-lo de Lene. A menina percebeu que Sirius pedia que ela saísse dali, e tentou correr, mas caiu após tropeçar em uma raíz de árvore. Escutou uma latido e em seguida o ganido de cão.


            Sentiu o hálito do lobisomem perto de sua nuca... perto demais... Preparou-se para a mordida. Sabia que ela viria. Mas a única coisa que veio foi o som agonizante de carne se partindo e o rugido da fera, que, ela tremeu ao pensar, era um de seus melhores amigos. Levantou-se e pôde ver os caninos do cão negro agarrados à jugular do lobisomem. James ajudou a afugentar o amigo, e voltou depois de alguns segundos.


            _Você tá bem? – perguntou, mas Lene não prestava atenção a ele. Estava sentada ao lado de Sirius, que voltara a sua forma humana, e tinha um corte que não parava de sangrar profusamente no peito.


            _James, o que a gente faz com ele? – ela sentiu lágrimas marcarem todo o seu rosto enquanto tentava estancar o sangue do corte de Sirius, que estava zonzo – E os outros? E se o Remus achar eles?


            _Droga... – Sirius colocou a mão sobre a ferida, sentindo muita dor.


            _Lene... calma... – James tentou se manter firme – O Moony tá machucado, ele vai voltar pra Casa dos Gritos... Ele vai ficar bem depois... Mas... que outros?


            _Os outros alunos, eles estão aqui na floresta por causa do eclipse...


            O menino pareceu preocupado, mas primeiro, tinha que se ocupar em ajudar Sirius.


            _Eles vão ficar bem. São muitos... E ele não vai pra lá, pode ter certeza... – disse com a voz firme – Pads... a gente vai fazer você ficar bom, ok?


            O garoto afirmou com a cabeça, travando a mandíbula com a dor. Mesmo assim, segurou a mão de Lene, tentando assegurar que ela ficasse tranquila.


            _Você sabe fazer, James... Não precisa me levar pra Ala Hospitalar...


            _O que? Não! – Lene protestou.


            _Lene, deixa... – ele disse com a voz entrecortada de dor – Ele já fez isso antes... Anda, Prongs...


            James ergueu a varinha e murmurou um feitico, postando-a sobre o sulco que se abrira no peito do amigo. Ouviu os murmúrios de dor, mas continuou, até que se formasse apenas uma fina cicatriz.


            _Ai, droga... – Sirius se levantou, suspirando – Você precisa melhorar nisso, Prongs... – ele riu – Quando eu conserto você não fica nem uma cicatriz!


            O moreno riu, revirando os olhos.


            _Vou atrás da Lily e dos outros. – comunicou – Sirius, leva a Lene pro castelo... Ela passou por coisas demais hoje... Levem a capa, eu me misturo com o pessoal da Astronomia.


            _Vamos? – Sirius sorriu, pegando a Capa da Invisibilidade das mãos do amigo.


            Lene concordou e os dois andaram, lado a lado, quietos.


            _Você tá bem? – ele perguntou, esquadrinhando-a com os olhos.


            _Aham. – Lene afirmou – Nada sério... Parece pior do que realmente é... – ela olhou para os joelhos que sangravam da queda, e a saia que ela própria rasgara tentando estancar o sangue de Sirius.  


            _Hey... – ele segurou a menina pelos braços – Você foi maravilhosa lá... De verdade...


            _Você me salvou, Six... – ela o abraçou fortemente, sentindo-se finalmente à vontade para chorar.  Ela sentiu a mão de Sirius acariciando seus cabelos enquanto ele sussurrava coisas, tentando acalmá-la. Ficaram assim por algum tempo, até que ela riu de canto, limpando as lágrimas.


            _Sabe o que eu acho? – ela riu, passando a mão pela cicatriz recente – Cicatrizes são absolutamente sexys... – piscou de canto para o moreno, que, sorrindo, passou os braços pela cintura dela.


            _Você não existe... – ele riu, enquanto Lene olhava para o céu.


            _Perdi o eclipse... – ela disse, desapontada.


            Sirius sorriu, e limpou as poucas lágrimas que ainda caíam.


            _Você vê outro...


            _Isso acontece só uma vez na vida, Sirius... – revirou os olhos.


            _Não... – ele sorriu de canto e puxou o rosto dela lentamente para cima. Lene só percebeu o que acontecia quando a boca dele finalmente encontrou a dela num beijo longo e intenso – O que eu sinto por você só acontece uma vez na vida...
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N.a: Curtinha e bobinha, mas vale um comentáriozinho?? Please, please, pleeeeease!


HAHAHA


Beijooo! s2

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