Cap. único



Vinte anos, quinze só de casamento, como passaram rápido!

Terminada a escola, já estavam fazendo estágio no trabalho, cursos, se preparando para a profissão que iriam seguir pelo resto da vida, ou achavam que iriam seguir pelo resto dela...

Agora eram até considerados os principais, ou melhor, não eram considerados, eram os melhores e os principais agentes...

Mas isso não é importante, não nesse momento, onde estão vivendo, passando por, uma crise conjugal...

Talvez a vida a dois fosse se tornando cansativa, talvez eles fossem só amigos, muito amigos, que se entendiam melhor do que ninguém, mas só melhores amigos. Um amor diferente, um amor que por trás, de verdade, era apenas amizade, uma fortíssima amizade...

Ou quem sabe, talvez... Fosse amor, ou fora amor ou é amor, mas está desgastado...

Verdade, estavam desgastados. Ainda se sentia bem ao seu lado, muito bem, confortável, mas não seria conformismo?

Não... A amava demais para ser só amizade. O amava demais para ser só conformismo... Sentia prazer com seus beijos e com seu corpo. Mas não era só isso, a voz, o olhar, o carinho... Era tudo tão perfeito... Será que mereciam? Será que era verdade, ou ilusão?



-Eu não sei o que você está pensando com isso! – exclamou com um sorriso. Tentando se afastar.



-Eu? Eu só quero um beijinho...



Ela deu um sorriso ainda maior. – Nada disso Sr. Potter. Você sa...



Mas ela foi interrompida pelos lábios do marido. Enlaçando a cintura dela, Harry a puxou mais para si. Ela não resistiria...



Confesso acordei achando tudo indiferente

Verdade acabei sentindo cada dia igual

Quem sabe isso passa sendo eu tão inconstante

Quem sabe o amor tenha chegado ao final



Era bom. Saber que ao seu lado estaria a pessoa a quem era e seria sua mais especial lembrança, seu mais especial presente, seu companheiro, seu amor.

Era bom. Estar abraçados sem dizer nada. Se entender com o olhar, beijar seus lábios, dormir juntinho.

Era bom. Sentir o coração disparar e o joelho fraquejar quando havia o mínimo toque entre eles.

Era bom. Poder contar sempre, viver sem segredos, queimar em amor, sorrir de qualquer coisa, chorar por ter magoado, chorar por ser perdoado(a). Desejar sempre estar junto, em qualquer momento. Saber passar por momentos bons e ruins.



Sentir o cheiro dos cabelos dela...

Olhar nos olhos dele...

Ver seu sorriso...

Acariciá-lo...

Ouvir suas propostas, suas teses e teoria sobre a crise no ministério da magia...

Ouvir suas histórias do quadribol, as estratégias que achava mais interessante...

Beijá-la... Amá-la...

Beijá-lo... Amá-lo...

E, por fim (ou por início), simplesmente ser por completo dele (dela), sem pensar, sem julgar, e morrer por esse objetivo... Se entregar...

O ciúme dela...

O ciúme dele...

Era bom. Saber que ainda eram desejados.



E simplesmente amavam o modo como um (e o outro) cuidava de seus filhos. Aquele carinho, aquele amor...



Não vou dizer que tudo é banalidade

Ainda há surpresas mas eu sempre quero mais

É mesmo exagero ou vaidade

Eu não te dou sossego, eu não lhe deixo em paz



E agora...

Brigar não... Era pior, era indiferença. Estava sendo doloroso, estava frio, retificando, estava esfriando...

Eles ainda sentiam tudo (amor, carinho, respeito, amizade) e às vezes tudo voltava com toda força e paixão da época em que casaram, era por isso que ainda sustentavam aquilo.

Era bom demais pra esvair, sentiam que sempre sobrava um resquício do sentimento. Não esqueceriam o que passaram juntos, padeceram até chegar ali, resistiram.

Passando por seus olhos a vida, como um filme, eram felizes. Sempre tinha um ‘mas’ em toda questão e com eles não seria diferente.

...Mas tudo se transforma e nem sempre é para algo bom. Era como dizer: ‘Se melhorar, estraga’. Será que isto era por que estavam mais que bem?



Não vou pedir a porta aberta é como olhar pra trás

Não vou mentir nem tudo que falei eu sou capaz

Não vou roubar seu tempo eu já roubei demais



Ela bateu a porta com força antes que o homem pudesse chegar perto.

Lá dentro, ela estava acabada, chorava descontrolada, as mãos no colo, sentada no chão, ao corredor.

Será ela era tão complicada? Será que ele não entendia? Será que forçava demais?

O que afinal havia acontecido com o relacionamento perfeito de anos atrás, não pôde ter evaporar assim... De repente.



‘E certamente não evaporou’ – como odiava, nesses momentos, o seu lado racional... Era tão irritante, até mesmo para si. Ela estava ‘quebrada’ e ao mesmo tempo ainda tinha paciência de ser sarcástica consigo mesma...

Talvez esse fosse o motivo de ser tão intragável, um dia um amigo dissera isso para ela, só para ferir, para humilhar, para sucumbi-la. E ele estava certo? Ela não sabia...

Mas o que a incomodava era essa toda racionalidade que tinha. Não tinha emoção e então a mulher se lembrou: se quisesse o lado emotivo deveria ‘pensar’ com outra parte do corpo, o coração.

Ela só estava precisando ficar ali, serena, guardada, protegida. Sem sarcasmo, sem dor, sem cicatrizes.



Tanta coisa foi acumulando em nossa vida

Eu fui sentindo falta de um vão pra me esconder

Aos poucos fui ficando mesmo sem saída

Perder o vazio é empobrecer



Ele andava calmamente pelas ruas, as mãos no bolso. A cabeça vagando por qualquer lugar, menos onde estava.

As pessoas que passavam por si não lhe davam importância nem atenção. Ele muito menos, tudo e todos passavam por si, mas este parecia com maior interesse nos carros que passavam ou nos bares, ou ainda, no próprio sapato.

Suspirou, o ar frio queimando o peito. O que queria?

Ah! Entre outras coisas ele queria ela... Estava com saudade. Mas não era tarde? Sim. Talvez fosse tarde para eles. Não deveriam ter deixado ir longe aquilo.



Sétimo ano em Hogwarts. Último dia de aula. Estavam agora no salão comunal vazio. Era agora, tinha de ser...

Deu uma risada nervosa antes de se concentrar no que teria que dizer, no que planejou dizer. Olhando-a de lado primeiramente viu o que estava fazendo, parecia concentrada em sua leitura.



-Está tão quieto – ela falou por de trás do livro. – Tá tudo bem?



-Hmmm. Claro – ele balançou a cabeça, positivamente.



-É sério – falou, desta vez baixando o livro. – Está muito quieto, O que foi? Tem algum problema? – ela pôs uma mecha de cabelo atrás da orelha, olhando-o atentamente. – Quer conversar?



-Não há nenhum problema. Sério mesmo – acrescentou enquanto a menina ainda o olhava com suas dúvidas.



-Quando você quiser realmente me contar, estarei aqui.



-Eu... Eu preciso de você... – murmurou muito tímido olhando o chão. O que havia planejado caindo por terra.



-O que? Eu não ouvi – A jovem segurou seu queixou gentilmente e o levantou para olhá-lo nos olhos.



Ele olhou nervoso pros olhos castanhos dela.



-O que é? – perguntou calmamente ainda segurando-o.



Ele expirou, fechando os olhos alguns segundos. Quando os abriu sentiu um frio na barriga, mas... estava pronto – Eu te amo, Hermione.



-Eu também te amo Harry – ela sorriu. – meu melhor amigo! Se não me gostasse eu estaria me sentindo mal... – brincou.



-Não! – suspirou – preste atenção. Olhe para mim. Não está percebendo? O que sinto, e que desejo e espero realmente que você sinta por mim, não tem nada de platônico. Não tem nada de casto, entende? Eu realmente amo você! Como... Como um homem a um mulher.



A garota ofegou. Não tinha palavras...



Foi ali, naquele dia que se declarara a Hermione, e Harry nunca se arrependeu daquilo, não mudaria nada. Talvez sua timidez. Contudo, ainda assim, falaria tudo a ela, declararia todo seu amor.



Não vou querer ser o dono da verdade

Também tenho saudade mas já são quatro e tal

Talvez eu passe um tempo longe da cidade

Quem sabe eu volte cedo ou não volte mais

Não vou pedir a porta aberta é como olhar pra trás

Não vou mentir nem tudo que falei eu sou capaz

Não vou roubar seu tempo eu já roubei demais



Ela fechou os olhos;

Ele fechou os olhos.



Os olhos lacrimejando ainda, os lábios formigavam, as mãos tremiam, encontrava-se sentada na cama, olhando a janela que mostrava um dia chuvoso. Poderia ser um dia normal, qualquer, em que havia chuva. Mas não pra ela.

Para si era um dia frio e mórbido. Para si, não passava de mais uma hora sem ele.



Respirou fundo, passando a mão na nuca. Queria, com isso, conforto, paz. Aquilo seria difícil...

Qual foi o problema afinal? Tinha brigado, mais e daí? Já tinha acontecido antes. – nada grave, mas... - Em uma briga tudo termina? O que ele havia feito para desfazer aquela, aquela coisa? Simples resposta; pouca coisa.



Ela não era culpada de tudo, era? Esteve sendo intolerante novamente?

A dúvida machuca muito, mais que a própria briga. E se fosse a causadora de todo mal? E se não o compreendesse? Se só aceitasse sua verdade absoluta?



E se deixou-se levar por pouca coisa? Sabia o quando Hermione era teimosa, ele mesmo era. Mas ele podia ter recuado um pouco?

E novamente?! Só Harry Potter que pedia perdão? Que toleraria as impagáveis crises dela. Não podia ser assim. Ele estava certo.

Mas ele não deveria estar sofrendo, sabendo que estava certo, não é? E isso está acontecendo?

Sim tá. Harry estava mal. – talvez aquilo passasse.

Certo. Ele estava certo e desta vez não voltaria atrás.



Não vou querer ser o dono da verdade

Também tenho saudade mas já são quatro e tal

Talvez eu passe um tempo longe da cidade

Quem sabe eu volte cedo ou não volte mais

Não vou pedir a porta aberta é como olhar pra trás

Não vou mentir nem tudo que falei eu sou capaz

Não vou roubar seu tempo eu já roubei demais



Você sabe que Hermione é teimosa. Ela tão pouco voltará atrás. Mesmo quebrada por dentro, mesmo na beira de um abismo. Mesmo na hora da morte...

Está disposto a correr esse risco? Você está disposto?

Estou. Definitivamente estou!



***********************



Ela acordou assustada.

Por Deus! O que era aquilo?! Que coisa estranha fora aquela?

Olhou para o lado, seu marido dormia tranqüilamente... Fora só um pesadelo... Merlin, obrigado.

Ela suspirou fechando os olhos, obrigado, obrigado. Então aconchegou-se ao marido, que lentamente abriu os olhos.



-Está tudo bem?



Ela sorriu. – Está. Agora sim, tudo bem. Volte a dormir...



Ele assentiu e beijando acima da cabeça da esposa, a abraçou, encostando a cabeça dela em seu peito. – Durma bem, Mione. Eu amo você...



-E eu te amo.



Ela não deixaria aquilo acontecer.

Ela não deixaria nada se esvair.

Ela não deixaria nada acontecer... Amava demais aquele homem para deixar o orgulho tomar conta de si.



Ela olhou para o lado. Na cabeceira da cama, uma foto, a foto da família Potter.



Nessa foto, Harry Potter e Hermione Granger estavam numa pracinha. Aquele ambiente naturalmente calmo e relaxante.

Sentados num banco, olhando uma certa garotinha que estava brincando nos arredores. Filha mais nova deles, Melissa. Uma menina de cinco anos, muito arteira. Tão inteligente quanto Luísa e Ítalo, os outros filhos do casal. Estes estão, em pé, abraçados, atrás do banco, numa disputa ‘dura’ de quem sorria mais.



Melissa era uma moreninha de cabelos muitos negros e lisos, de olhos castanhos esverdeados. Fora uma surpresa quando Hermione descobriu estar grávida novamente, afinal eles não haviam planejado nada. Primeiro porque pensavam em parar em Ítalo. Mas foi uma felicidade para eles a Mel. Ela era uma ‘pimentinha’, não parava quieta e por isso puseram o apelido ‘Mel’, por simples contradição.

Luísa era a filha mais velha do casal e tinha quatorze anos, nessa época estava em Hogwarts, junto ao irmão. Era uma jovem extremamente centrada, inteligente, e linda, mas quando se tratava de sua diversão, deixava tudo de lado para jogar quadribol, era apanhadora do time da Grifinória. Luísa tinha os olhos tão verdes quando os do pai e o cabelo cacheado e de um castanho muito escuro. – Ela, com absoluta certeza, era a total mistura de Harry e Hermione.

Ítalo era quase a cópia de Harry, aos treze anos, mas não era magricela. O rapazinho tinha os olhos mais verdes e brilhantes que duas esmeraldas e cabelos tão negros e disformes tanto os do pai. Estranhamente não havia puxado a antiga timidez do pai, quando Harry tinha aquela idade. Era um garoto inteligente e até estudioso, mas não ‘se matava de estudar’, como gostava de falar, como Luísa. Era extrovertido e muito bonito. Jogava como Artilheiro do time de quadribol da mesma casa que a irmã. – Hermione sempre achou que ele tinha a personalidade do avô paterno.

E por sinal, os irmãos, eram um grude só.



era por isso e mais um pouco ‘muito, muito grande’ – o próprio Harry e todo seu amor. – Que era tão feliz. E que sabia, nunca deixaria de ser. E se algum dia algo ameaçasse sua vida, ela saberia lidar, e passar por aquele obstáculo.



Fim^^



***************************************************

Ok!

Eu admito. Não consigo fazer um Drama decente...

Mas... Não dá! É sério, quando tento, eu travo!

O que eu posso fazer se minhas mãos e mente acham que HH não pode ter um final trágico?! (huhauauh! Não sei se é pra rir ou chorar )

Mas eu vou continuar tentando! Juro, e quem sabe, um dia, eu consiga finalmente, um drama ‘De Verdade’...

Por enquanto... Espero que gostem disso aqui... E espero que comentem também, né?

Porque de comentários vive Yasmin (nossa, que trocadilho infeliz... )

Beijão galera,

Yasmin



P.s: Desculpem algum erro e a minha incoerência... Se não entender algo, pergunte. Ok?!

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Comentários (1)

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