Capítulo Um



Love Lives Forever


Resumo:Entre escolhas e inseguranças no inicio de uma guerra, a única certeza que reinava nos corações daqueles jovens era que o amor, fosse ele entre parentes, amigos ou amantes, viveria para sempre.


Atenção: Harry Potter não me pertence!


CAPÍTULO UM


Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder, deixo assim ficar subentendido.


Como uma idéia que existe na cabeça e não tem a menor obrigação de acontecer...


Lulu Santos


MMM


O sol sumia pelo horizonte por detrás do lago do castelo. Pelas janelas dos corredores o astro tingia as paredes, cobertas por quadros que magicamente tinham vida e armaduras mais antigas do que se possa imaginar, de um tom laranja oscilante.


Os pequenos saltos dos sapatos boneca ecoavam pelos corredores em baques surdos ritmados. O cabelo acaju caia em cascata pelas costas e balançavam de um lado para o outro acompanhando o movimento dos pés. Segurava fortemente alguns pergaminhos e um livro grosso intitulado:Desvendando as Runas Antigas, pressionando-os contra os seios. Seus olhos verdes cintilavam brilhantes e vivos como verdadeiras esmeraldas mirando sempre à frente.


O clima agradável do verão ainda aquecia moderadamente o ambiente, porém as folhas amarelas das árvores da floresta proibida já começavam a se desprender dos troncos retorcidos e acompanhavam as fracas rajadas de vento daquela época do ano para por último caírem inocentemente no chão. Pena que a alta estação já estava findando e logo logo o outono inglês tomaria conta dos terrenos da escola de magia e bruxaria de Hogwarts.


O castelo estava anormalmente deserto, provavelmente a maioria dos estudantes estava a degustar suas refeições no salão principal. Suspirou derrota, tentando ignorar a todo custo sua barriga que roncava implorando por comida. Mas não poderia comer ainda. Estava atrasada! Bufou, acelerando os passos para chegar o mais rápido ao fim do corredor.


Abriu a porta entrando sem cerimônia na sala de Transfiguração; ela se encontrava vazia obviamente, as aulas daquele dia já havia acabado. Rumou rapidamente para a sala da professora McGonagall que se encontrava numa porta do outro lado da classe. Bateu três vezes antes de entrar, sorrindo fracamente para tentar mascarar seu deslize com o horário.


"Srta. Evans" – exclamou a mulher sentada atrás da mesa– "Já estava me perguntando se você não veria"


"Me desculpe, professora" – ela murmurou – "Tive poções neste último horário" – ela começou a se explicar – "E o professor Slughorn me prendeu um pouco depois da aula e..." – ela fez uma pequena careta – "A senhora sabe como ele é..."


Minerva rodou os olhos e assentiu com a cabeça.


"Tenho que me lembrar de falar com Horácio sobre isso. Ele não pode prender a monitora-chefe sempre que quiser bater um papo..." – ela comentou mais para si do que para a garota. Lily riu fraco sentando-se numa das cadeiras a frente da mesa da professora.


"Oi, Evans" – ela ouviu uma voz conhecida pronunciar. Lógico que já havia notado que o outro monitor-chefe também estava ali. Lily suspirou antes de encarar James Potter sorrindo levemente para ela. Mesmo com quase um mês desde o início das aulas, Lily ainda se perguntava o que Potter havia feito para Dumbledore tê-lo nomeado headboy. Ela sempre acreditara que os postos de monitora e monitor-chefe fossem para estudantes exemplares de bom rendimento acadêmico e principalmente comportamento digno; como um brinde pelo esforço dos últimos anos. Mas por mais que Potter conseguisse ir inexplicavelmente bem nas provas, sua ficha de detenções conseguia ser maior que as próprias barbas do diretor. Então como alguém em santa consciência e sanidade o admitiria para o cargo? Mais uma pergunta há ser explicada em Hogwarts, uma história.


A verdade era que ela se sentia extremamente apreensiva em dividir a monitoria com ele. Até aquela dada data ele misteriosamente não havia pregado nenhuma peça. Em ninguém. Nadinha de nada, pelo menos ao que chegara aos seus ouvidos. Não, aquilo não estava certo. Lily tinha certeza que mesmo sendo monitor, Potter nunca deixaria de ser Potter; ele era um maroto no final das contas. Por isso, ela passara todos os dias em alerta, como se esperasse que de repente, a qualquer minuto, ouvisse as conhecidas risadas dos marotos em algum canto do castelo, e pudesse finalmente reportar á McGonagall o que dissera à mesma no inicio do ano: Potter não vai dar conta. A professora respondera que se o diretor queria assim, seria assim; e que ela mesma concordava que Potter (um dos melhores alunos em transfiguração por sinal) tinha potencial e capacidade para ser monitor.


Mas quem estava se referindo à potencial e capacidade afinal? Lily estava falando de maturidade. Que Potter tinha habilidades incríveis, isso ela sabia. Nunca deixara de admitir. Mas Potter não tinha seriedade alguma para ocupar um cargo de tamanha importância como aquele.


O que ela estava tentando ignorar, contudo, e jurando o tempo todo para si mesma de que não se tratava daquilo, era, na verdade, o fato de que James Potter a incomodava. O fato de ele está por perto a incomodava, o fato de se ver sem saída e ter que passar horas semanais com ele, fosse em rondas, fosse em reuniões, a incomodava. Assim como o fato de ele não ter pregado ainda nenhuma peça aquele ano também a incomodava. Ela provavelmente estava tão acostumada em lidar com o Potter desordeiro, que lidar com o Potter colega de monitoria a assustava. Ela se sentia estranha e até desorientada. Não sabia como se portar com esse comportamento do rapaz, e preferia acreditar em sua própria hipótese de que ele não agüentaria, e a qualquer momento faria alguma travessura ou azaração. Ele não combinava com aquilo tudo. Aquele era o lugar de alguém como, Remus Lupin, por exemplo, que já era monitor desde o quinto ano, não de James Potter. Ela não conseguia relaxar. Tinha alguma coisa errada, ela sabia disso. Ela sabia que ele estava provavelmente aprontando alguma coisa. Que ele faria alguma coisa.


"Potter" – ela respondeu simplesmente, não respondendo seu sorriso e desviando o olhar o mais rápido que pode. Até encará-lo a incomodava.


James continuou mirando-a por alguns instantes. Até ser despertado pela voz da professora.


"Bom, chamei os dois aqui porque tenho que passar algumas considerações do Professor Dumbledore para vocês" – ela começou – "E como monitores-chefes quero que passem também para os outros monitores"


James e Lily escutavam com atenção.


"Tivemos uma reunião de professores na segunda-feira e analisamos bastante sobre os reais tempos e como eles poderiam afetar a relação entre os alunos aqui na escola" – Minerva mirou-os por detrás dos óculos pequenos, frisando a expressão reais tempos numa fala arrastava. Naquele momento, já era sabido por todos a situação que o mundo bruxo se encontrava. A tensão estava em todos os cantos e o que antes eram boatos sobre uma guerra que estava prestes a se iniciar, já viraram verdades concretas. Lily se remexeu inconfortável na cadeira, apertando levemente a capa de seu livro que jazia em suas pernas. James não deixou de notar tal ato, engolindo em seco enquanto a professora continuava – "E infelizmente acho que vocês são sensíveis a ponto de perceber que mesmo aqui dentro da escola, não estamos totalmente seguros" – ela ergueu as sobrancelhas, falando ainda mais pausadamente. Lily e James assentiram – "É péssimo admitir, mas será daqui mesmo que sairá seguidores de Vocês-sabem-quem. E o mínimo que podemos fazer é tentar a todo custo evitar que a guerra se instale aqui dentro da escola"


"Como podemos fazer isso, professora?" – Lily indagou.


"Quero que fiquem em alerta. Todos os monitores. Não só nas rondas, mas a todo instante. Dumbledore está cogitando a possibilidade de impor um toque de recolher. Alguns professores ainda acham desnecessário, já que não houve nenhum ataque propriamente dito. Mas, alguns, como eu, acham que não podemos correr esse risco"


"E não podemos mesmo" – James murmurou. Lily não deixou de pensar o quão irônico era ouvir aquela afirmação de Potter.


"De qualquer forma, avisem os monitores para ficar bem de olho nos alunos. Sempre. Principalmente..." – ela fez uma pausa, não evitando mirar Lily – "Os nascidos-trouxa" – eles assentiram mais uma vez – "E me reportem se identificarem qualquer prática que vocês julguem..." - ela hesitou por um instante- "... Suspeita"


"Pode deixar" – ele murmurou.


"Certo, professora" - Lily respondeu.


"Sugiro que façam uma reunião o quanto antes para deixar os outros a par das recomendações"


"Faremos" – a garota disse.


Minerva analisou os dois por uns instantes.


"Estão dispensados" – ela disse, sorrindo levemente.


Os dois deixaram a sala e logo seguiram para fora da classe de Transfiguração. James observou-a andando ligeiramente apressada um pouco a sua frente, acompanhando com o olhar o balanço gracioso da cascata ruiva às costas da garota. Ele apressou um pouco o passo para caminhar com ela lado a lado.


"Que dia você quer marcar a reunião?" – ele indagou, tentando soar o melhor possível.


Lily o encarou. O entardecer brincava com o tom dos olhos de ambos, dando brilhos incríveis aos orbes de cada um.


"Estava pensando em amanhã à noite..." – ela respondeu – "Está bom pra você?"


"Amanhã à noite?" – ele pensou por um instante – "Está ótimo. Vou avisar aos outros" – Ela concordou com a cabeça, quebrando o contato visual, evitando mirá-lo por mais tempo que necessário – "O que vai fazer agora?" – ele sorriu levemente.


Lily voltou a encará-lo quase que involuntariamente, analisando-o por uns instantes; ele trajava as vestes vermelha e dourada de Quadribol. Ela sorriu internamente, aliviada de ele não poder propor-lhe nada já que teria treino. Aquele pensamento a fez processar outra coisa que já havia observado desde o inicio do ano. Potter até aquelas três primeiras semanas ainda não a havia chamado para sair. Não; havia realmente algo de muito errado naquela história. Ele estava definitivamente aprontando alguma.


"Vou pra biblioteca" – ela respondeu simplesmente.


"Dever de Runas?" – ele apontou para o livro. Ela assentiu com a cabeça.


"Você e o Remus são realmente corajosos. Runas Antigas seria a ultima matéria que eu pegaria..." – ele confessou com uma meia careta de indignação.


"Eu acho fascinante" – ela disse num tom meio que desafiador – "Nos faz raciocinar"


"Raciocinar?" – ele riu levemente com desdém. Lily rodou os olhos – "Assim como adivinhação..."


"Eu gosto, Potter" – ela falou num leve tom de irritação.


James apenas ergueu as sobrancelhas. Era incrível como ela parecia estar armada com sete pedras sempre quando ele tentava uma aproximação. Era até frustrante para falar a verdade.


"Eu só estava brincando" – ele esclareceu. Dessa vez sem sorrir.


"Você sempre está" – ela murmurou. James abriu a boca para resposta, mas logo foi interrompido por ela novamente – "Vou pegar as escadas" – ela indicou com a cabeça – "Até... mais" – disse relutante, sentindo-se verdadeiramente inquieta com a intensidade que James a mirava enquanto ela subia as escadarias, deixando-o um pouco atordoado no final do corredor.


MMM


"Não agüento mais ler nem se quer uma palavra!" – murmurou Mary MacDonald, fechando o livro a sua frente e apoiando o queixo no cotovelo e este na mesa que estava sentada na biblioteca a estudar com as amigas – "Eu quero mais é que os visgos do diabo vão para a pu..."


"Mary!" – Alice Russell repreendeu-a, levantando sua cabeça do livro de Herbologia; seus olhos arregalados em uma expressão desaprovadora.


"Eu falo sério" – Mary falou, fazendo uma careta e rodando os olhos castanhos miúdos, passou as mãos pelo cabelo cacheado e cheio que no momento estava preso em um enorme rabo-de-cavalo no alto da cabeça – "Herbologia seria realmente útil para mim se as aulas fossem sobre plantas que pudessem melhorar a aparência" – ela continuou agora tentando abaixar um pouco o volumoso cabelo ás suas costas – "Será que existe alguma planta que dê jeito nisso aqui?" – ela indagou pegando uma mexa loira e apontando para a mesma; seu nariz pequeno e sardento torcido para um lado e a boca rosada crispada em desapontamento com os próprios cachos rebeldes.


"Já ouviu falar em poção alisadora?" – Lily indagou sem tirar os olhos do livro, passando uma página calmamente – "Deve melhorar, se não gosta assim. Mas eu particularmente prefiro cacheado..."


"Eu não quero liso, sabe?" – a loira continuou, suspirando derrotada – "Quero bonito. E não assim... parecendo um espantalho"


Alice não conseguiu reprimir uma risadinha. A ruiva finalmente levantou os olhos encarando as pupilas castanhas da outra.


"Você tem que gostar de você como você é, Mary" – falou sabiamente, e logo voltando os olhos extremamente verdes para o livro de Runas – "Acredite, se você não se valorizar não vai ser outra pessoa que irá fazer isso por você"


Mary suspirou soltando a mexa da sua mão.


"Eu sei... Eu sei" – disse ela – "Só queria parecer mais... atraente" – confessou.


"Então é bom começar a andar com a Lauren Coffman, se o padrão de beleza que você está se referindo é o mesmo que os dela, então aqueles quilos de maquiagem que ela bota no rosto devem servir" – Alice comentou arrancando boas gargalhadas das outras duas.


"Acho que você não entendeu... Eu quero deixar de parecer um espantalho pra ser mais bonita e não para parecer que eu acabei de ser nocauteada" – Mary falou maldosamente, e rindo com as outras novamente.


"Shhhhh!"– alguém de alguma outra mesa exclamou.


"Shh... pra você também!" – Mary exclamou para o alto, ainda risonha, respondendo a quem quer que fosse.


"Mary!" – Lily repreendeu-a.


Alice continuou rindo baixo, ainda escutando muxoxos vindos do outro lado da estante, enquanto passava uma página e anotava uma observação no seu pergaminho.


"Ah... É sério, por favor! Vocês não acham que já estudamos demais por hoje?" – a loira choramingava – "Eu sinceramente já esgotei minha cota de estudo..."


"Oh! Mesmo?" – Lily piscou as iris verdes com surpresa fingida – "Quanto você leu? Duas páginas?"


Alice teve que se segurar para não gargalhar mais uma vez.


"Há Há! Muito engraçado, Lily" – Mary respondeu com desdém – "Se você quer saber eu já li três capítulos inteirinhos de tudo o que você imaginar sobre as Plantas que se adaptam ao escuro" – ela relatou erguendo uma sobrancelha desafiadora – "Só falta... escrever a redação" – e começou a brincar com o dedo na capa de seu livro, agora desviando os olhos dos da amiga – "Só isso..."


"Só?" – Alice indagou divertida – "Imagine se faltasse mais alguma coisa, você estaria frita, Mary"


Lily rodou os olhos, mas sorriu. Pegou sua mochila que estava dependurada na cadeira, tirando de lá um rolo de pergaminho.


"Eu já terminei a minha..." – disse a ruiva – "Se quiser, dá uma olhada..."


Mary sorriu, agarrando o pergaminho sem pensar duas vezes.


"Esse até eu vou aceitar" – Alice confessou – "Eu não consigo entender essa matéria! Devo ter algum bloqueio, não me entra no cérebro! Já estou com este livro há um tempão e parece que tudo o que eu leio, entra, fica uns cinco minutos rodando na minha cabeça e vai embora"


"Sabe do que você está precisando?" – a loira indagou com um meio sorriso. Alice ergueu as sobrancelhas, como se pedisse que ela prosseguisse – "Relaxar um pouco. Estamos aqui há horas! Que tal mudarmos nosso rumo de conversa para algo que não seja visgos, escuro ou Lauren Coffman? Os três me dão náuseas!"


Lily e Alice riram alto, arrancando mais protestos das outras mesas.


"Foi mal!" – disse Mary para o alto novamente – "Eu falo sério..." – disse, quando se voltou para as outras duas.


"Ok, então..." – Lily começou, fechando o livro de Runas e encarando a loira com os olhos divertidos – "O que você tem pra nos dizer? Deixo o tópico de inicio de conversa pra você..."


"Por que você tem de ser tão metódica?" - Mary indagou fazendo uma careta, mas que logo se transformou num sorriso arqueiro – "Vamos falar de garotos..." – e seu sorriso se alargou.


"Ah! Pois é, nós nunca falamos sobre isso!" – Alice desdenhou.


"Sabe o que eu reparei hoje?" – Mary começou falando baixo, ignorando o último comentário da amiga – "Vocês já viram o David Edwards este ano?"


"O goleiro da Hufflepuff?" – Alice indagou.


"Ele mesmo!" – a loira continuou – "Acho que ele deve está usando alguma poção anti-espinhas ou algo do tipo. Digo, como que em só três meses de férias ele conseguiu tirar todas aquelas acnes goguentas das bochechas? Ou será que foi algum feitiço?"


"Feitiço?" – disse Lily pensativa – "Acho que não... Deve ter sido alguma poção, mesmo... Já vi em algum lugar uma fórmula que faz nascer espinhas, tenho certeza que há algo para tirá-las também..."


"Ele está até bonito, sabe..." – Mary comentou como quem não quer nada – "Só espero que só tenha sido eu quem tenha notado isso"


Lily e Alice riram.


"Vocês reparam como o Otto Fisher cresceu nessas férias?" – Alice comentou – "Ele está quase do tamanho do irmão"


"Cresceu sim... Mas ele é quarto ano, Alice..." – Mary respondeu – "Ao menos que você queira ser apelidada de pedófila por toda escola, é melhor esquecer..."


Alice fez uma careta.


"Só estava comentando" – defendeu-se – "É que sábado passado eu o confundi com o Michael... Eles estão igualzinho!"


Mary continuava a tagarelar, listando vários nomes de garotos. Alice e Lily apenas ouviam com atenção. Mary conseguia ser muito repetitiva às vezes, afinal ela sempre falava dos garotos da escola, então muito de seus comentários já haviam sido feitos por ela mesma em alguma conversa anterior.


"... Matthew Green também não está nada mal" – Lily comentou, lembrando-se do monitor da Ravenclaw – "Ele incorporou bastante..."


"Como se isso realmente a afetasse, não é Lily?" – Mary desdenhou, mirando a ruiva com um sorriso travesso.


"Como assim?" – a outra indagou.


A loira trocou um olhar significativo com Alice.


"O que você me diz de James Potter esse ano?"


Lily arqueou as sobrancelhas.


"Acho o mesmo dos outros anos..." – respondeu.


"Ele me parece muito mais bonito" – Alice disse.


"E charmoso" – Mary comentou – "Se é que é possível ele ficar mais charmoso que ele já era... Digo, charme deve ser o nome do meio do Potter, só pode..."


A ruiva fingiu ignorar os comentários, apenas abrindo o livro de Runas novamente e procurando a página que antes lia, para ter um pretexto de não encarar as amigas.


"Vai Lily, conta alguma coisa pra gente..." – A loira insistiu – "Você está passando mais tempo com o Potter agora, conte algo que não sabemos sobre ele"


"Acho impossível vocês não saberem algo sobre ele, ele mesmo faz questão de espalhar seus próprios boatos" – Lily disse.


"Eu acho que ele está muito diferente..." – Alice considerou – "Muito mesmo..."


"Pra mim, é o mesmo Potter de sempre. Só que com um pretexto a mais de si exibir, já que agora é monitor-chefe"


"E capitão do time" – Mary ressaltou – "Acho que ele tem motivo de sobra pra si exibir"


Lily rodou os olhos.


"Como se ele precisasse de motivos"


"Você implica demais com ele, sabia?" – Mary acusou franzindo o cenho – "O que foi que ele fez afinal?"


Esse era o problema. Potter não tinha feito nada. Ainda. A ruiva encarou Alice, que sorria levemente e Mary que a mirava com uma expressão travessa, sem saber o que dizer. Aquele lance todo de monitoria com Potter estava realmente lhe dando nos nervos. Depois de uns segundos, Lily abriu a boca para responder, mas seus olhos se vidraram na figura de um garoto que passava entre as estantes a procura de uma mesa.


"Olha quem está logo ali, Alicinha. Nosso querido amigoFrank Longbottom" – o olhar de Alice vidrou-se rapidamente na figura do rapaz que esticava o pescoço para a direção oposta ainda a procura de uma mesa. O sorriso da morena desapareceu, dando lugar a um rubor que tomou suas bochechas salientes. Alice começou a olhar de Mary para Lily com uma expressão de puro nervosismo, mexendo inquietamente com o cabelo escuro e liso na altura de seu queixo.


Lily e Mary trocaram olhares divertidos.


"Ei, Longbottom!" – Mary gritou quando o garoto ameaçava se retirar para procurar nas mesas isoladas entre as prateleiras inundadas de livros. Ele se virou encarando as três.


"Shhhhhhh!"


Frank já começava a se aproximar da mesa, Alice olhava para os próprios pés na tentativa de esconder sua face rosada.


"Boa Noite, meninas" – ele falou.


'Noite, Longbottom. Se quiser se sentar com agente, esteja à vontade..." – Lily falou, extremamente agradecida pelo rapaz ter aparecido naquele momento.


"Quero sim, se não for incomodar vocês"


"Incomodar? Imagina..." – a loira falou e Frank sorriu sentando na cadeira vaga ao lado de Mary ficando de frente para Alice que evitava encará-lo.


"Cara... me parece que todo mundo tirou o dia hoje pra estudar..." – comentou o garoto casualmente, abrindo seu livro e folheado as páginas – "Tudo isso é medo dos NIEM's?" – ele brincou, rindo da própria piada.


"Bom... na verdade eu fui arrastada aqui por elas... estudar não é muito meu forte, sabe?" – Mary falou. Alice continuava imóvel olhando agora para seu livro fingindo ler e mexendo ainda na ponta do cabelo.


"Soube que você é bom em Herbologia, Longbottom" – disse Evans sorrindo e lançando outro olhar cúmplice para a amiga loira.


"Não sou tão bom assim... apenas gosto. Acho fascinante na verdade..."


"Não seja modesto. Talvez você possa ajudar a Alice, ela está com tantas dúvidas, coitada. – Mary falou.


Lily deu um chute por baixo da mesa nas pernas da morena, incentivando-a a falar alguma coisa. Alice levantou os olhos encarando as íris negras do rapaz, ele sorriu-lhe gentilmente.


"É claro que posso" – ele respondeu sem tirar o sorriso do rosto, mirando-a.


"Ótimo, porque nós temos umas coisinhas pra fazer no salão comunal, não é Mary?" – Lily falou levantando-se e pegando seus materiais.


"Claro. Coisas que não podem esperar nem mais um minuto" – falou a outra também recolhendo seus pertences.


Alice olhou indignada para as duas, sem reação. Seu coração palpitava fortemente e suas mãos começavam a suar. Ela abriu a boca duas vezes, mas nenhum argumento veio a sua cabeça para poder fazer com que as outras ficassem.


"Vemos vocês depois" – a loira falou, sorrindo brandamente e fazendo sinal de positivo junto com uma piscadela maldosa, ao passar pelas costas de Frank; logo saindo da biblioteca acompanhada da ruiva.


Alice voltou a encarar o rapaz, depois de observar as amigas sumirem pela enorme porta. Ele ainda a olhava com mesmo sorriso gentil de antes. Ela corou mais uma vez, pondo timidamente uma mexa negra atrás da orelha.


"Então, Russell... Em que você tem dúvida?"


MMM


"Será que é dessa vez?" – Lily indagou um pouco depois das duas terem deixado a biblioteca.


"Eu espero que sim" – Mary falou, andando ao lado da outra indo em direção a sala comunal da Gryffindor. Ela lançou um olhar para trás para se certificar, se a morena não havia dado alguma desculpa para Frank e vindo ao encontro delas – "Alice poderia experimenta uma poção do amor. Cansei de bancar o cupido pra ela"


"Nada de poções do amor, Mary. Nesse tipo de coisa magia é completamente dispensável"


"Mas bem que uma boa doce misturada no suco de abóbora do Longbottom faria um baita de um efeito, não acha?" – a loira insistiu. Lily rodou os olhos esmeralda.


"O que eu estou querendo dizer é que eles têm que se acertar sozinhos" – ela explicou. E quando a outra ameaçou argumentar ela continuou – "Sem poções do amor e sem visgos aparecendo do nada em cima das cabeças deles"


"Desse jeito não sei quando eles vão se acertar, então. Eles são muito devagar..."


"Eles podem até ser devagar. Mas o máximo que nós podemos fazer é isso"


"Isso o quê?" – a loira indagou – "Não estamos fazendo nada. Eu realmente acho que devíamos por poção do amor no suco dele"


"Claro que estamos fazendo. Deixá-Los sozinhos é uma ótima forma de eles conversarem e se Merlin quiser... fazer algo mais" – elas pararam em frente ao retrato da mulher-gorda; Mary ainda soltando muxoxos sobre o porquê de não usar magia – "Leão vermelho" – falou e a mulher do retrato abriu a passagem, mas não sem antes falar algo do tipo novo penteado, querida? para a loira, que logo fechou a cara, tentando mais uma vez abaixar o cachos rebeldes.


O salão comunal, ao contrário da biblioteca, estava vazio; tirando o fato de haver dois primeiro-anistas jogando xadrez-de-bruxo numa das mesas, alguns quinto-anistas que estudavam sentados no chão em cima do tapete vermelho e de frente para lareira apagada, e um casal de sexto-anistas sentados em um ponto mais distante do salão, que no momento estavam mais preocupados em sugar oxigênio um do outro do que se haviam pessoas no local apreciando a cena.


Lily deixou que sua mochila escorregasse em um dos sofás sentando logo ao lado da mesma; Mary seguiu-a fazendo a mesma coisa.


"Cadê a Marshie?" – Lily indagou estranhando o fato de sua gata siamesa não ter pulado em suas pernas assim que sentou, como sempre fazia. Olhou para os lados procurando algum sinal da felina. Nada – "Estranho..."


"Estranho o quê?" – Mary indagou sem compreender, pois não havia ouvido a pergunta da ruiva; no momento ainda estava a pegar nas madeixas.


"A Marshmallow... Acho que não a vejo desde ontem..." – disse pensativa, mordendo levemente os lábios inferiores – "É raro ela sair do salão comunal..."


"Deve está por aí, Lily" – a loira murmurou mostrando pouco interesse, observando desanimada os amassos do casal do sexto ano.


MMM


"Isso aí pessoal! Se o jogo for igual ao treino de hoje... Já ganhamos!" – James falou animado. Todos os jogadores estavam reunidos no centro do campo com as vassouras em mãos atentos aos últimos comandos do capitão.


"E você ainda tinha dúvidas, James?" – indagou Michael Fisher, arrancando gargalhadas de todos os presentes. Seus cachos dourados estavam a pingar suor no chão, e grudavam insistentemente em seu rosto – "Somos os melhores deste ano!" – falou e todos gritarem alegremente, concordando.


"Não tem como o troféu este ano não ser nosso!" – agora foi à vez de Otto, o irmão mais novo de Michael, falar. Se não fosse o fato de ser um pouco menor do que o outro, qualquer um podia jurar que eram gêmeos. Os dois faziam a melhor dupla de batedores que Hogwarts já havia visto até então.


Uma nova onda de gritos e assobios se instalou.


"Quem vamos esmagar?" – James indagou, como um animador de torcida.


"Os Ravenclaws!" – todos gritaram em coro, brandindo como guerreiros.


"Quem vamos derrotar?


"Os Ravenclaws!"


"E quem são os melhores?"


"Os Gryffindors!"


"Os Ravenclaws!" – Logan Owen foi o único a falar isso. Sua face morena logo ficou ruborizada ao perceber o erro. Todos começaram a rir e caçoar, dando seguidos tapas em sua cabeça de pura gozação


"Então quer dizer que é verdade, Logan?" – Luanda Lee, uma das artilheiras, indagou com um sorriso sarcástico no rosto, quando todos haviam parado de espancar o moreno – "Ouvi dizer que você estava saindo com a Helen Clark da Ravenclaw" – e uma nova onda de risadas começou.


"Temos um espião infiltrado!" – Marlene McKinnon, outra artilheira, exclamou divertida. Seus cabelos negros estavam presos em um coque frouxo no alto da cabeça e ela apontava freneticamente para o moreno.


"Vamos ter que arranjar um novo goleiro" – dizia Otto – "Tenho certeza que a Clark vai tentar chantagear o Logan pra ganhar uns gols pra Ravenclaw"


"Que é isso, cara?" – Owen se defendeu – "Gryffindor em primeiro lugar. Quadribol, quadribol e namoros a parte!"


E todos riram novamente deixando o campo a cantar, abraçados, o hino da casa vermelha e dourada.


MMM


"Eu juro que mato vocês!" – Alice falou, depois de aparecer no salão comunal e sentar ao lado de MacDonald. A sala agora estava com muito mais alunos que antes.


"Matar?" – Mary indagou; sua face numa falsa imitação de ofensa - "Merlin, o que nós fizemos para ser ameaçadas de morte?"


"Como assim o que vocês fizeram?" – a morena perguntou, sua face vermelha carregava uma expressão indignada – "Eu estava lá até agora com o... Lily, o que você está fazendo?" – ela interrompeu ao observando a ruiva, que estava de quatro olhando por baixo do sofá que elas estavam sentadas.


"Estou procurando a Marshmallow... você a viu?" – indagou levantando-se e olhando por debaixo de uma almofada grande ao lado de Mary.


"Não... Não a vi" – Alice falou, passando o olho pelo salão a procura da gata. Mas logo balançou a cabeça, como se lembrasse de algo – "Ei! Não pense que vai me despistar assim. Estou falando sério... Eu vou torturar as duas e fazer picadinhos do que sobrar de vocês após jogá-las para a Lula-Gigante e ter dado-as de comida para um trasgo faminto" – a morena falou num fôlego só, depois parou respirando ofegante. Lily parou de procurar, encarando-a com os olhos arregalados enquanto Mary esboçava um sorriso divertido por ver a calma e paciente Alice Russell com pensamentos psicopatas – "Sem contar claro que antes de tudo isto, vou amarrá-las em um dos galhos do salgueiro lutador"


"Nossa, Alice. Eu não conhecia este seu lado perverso" – Lily falou sorrindo maliciosamente, e voltando a procurar pela gata, enquanto Mary tentava não rir– "É o Longbottom que te deixa assim? Selvagem?" – a loira explodiu, colocando as mãos na barriga e tombando para um lado rindo descontrolada.


Alice suspirou. E logo começou a rir junto com Mary.


"E então?" – MacDonald falou depois de elas pararem com as gargalhadas.


"Bem... Nós... estudamos" – ela falou simplesmente, dando de ombros.


"E?"


"E..." – Alice suspirou mais uma vez – "Só"


"Só? Mas como assim ?" – a loira indagou abismada – "Nada de beijos, nada de visgos?"


"Não" – ela respondeu, observando Lily olhar de baixo de uma poltrona, que há pouco tempo havia sido desocupada por uma terceiro-anista – "Mas ele é um ótimo professor, a propósito..."


"Achei!" – Lily exclamou ao ver os pêlos creme da gata, mas ao ver quem estava a lamber sua orelha pontuda, deu um grito histérico, o que chamou a atenção de alguns alunos do salão – "Baltasar!"


O gato ruivo virou a cabeça ao ouvi-la exclamar seu nome, seus olhos amarelos mirando-a misteriosamente. Baltasar pôs-se na frente de Marshmallow impedindo Lily de pega-la quando ela ameaçou por a mão debaixo da poltrona.


"Sai, Baltasar!" – ela falou, tentando afastar o gato, mas ele protestou mostrando os dentes pequenos e pontiagudos.


"Lily?" – Mary a chamou. A ruiva pareceu não ouvir. Sentou no chão, pondo sua cabeça para dentro do local onde os gatos se escondiam.


"A gata é minha, seu vira-lata nojento" – ela falou enraivecida puxando a pata da gatinha, que ameaçava fugir, enquanto o outro felino continuava a grunhir.


"Lily, deixa eles!" – a ruiva ouviu a voz de Alice. Mas ela não ia deixar aquele imundo e falso bichano se apoderar de sua pobre e indefesa Marsh.


"Saia!" – ela falou puxando com força a pata traseira da gata. Baltasar esticou sua patinha peluda rapidamente conseguindo arranhar a mão da ruiva quando ela tirava a outra do local – "Ai! Seu pilantra mal cheiroso!" - Ela se levantou, pondo a gata no colo – "Olha o quê ele fez!" – ela mostrou o arranhão vermelho para as amigas, alguns filetes de sangue saiam pelo corte feito pelas garras afiadas do felino – "Só podia ser o gato de quem é..." – comentou enraivecida sentando-se ao lado das garotas. Ela respirou fundo na tentativa de se acalmar, passando freneticamente os dedos pelo pêlo macio da gata no seu colo.


"Sobre o que falávamos mesmo?" – ela indagou – "Ah sim, o Longbottom..."


"Ah!" – Alice gritou quando Baltasar pulou em seu colo e começou miar, como se reclamasse com Lily por ter interrompido seu momento de paixão com a gatinha siamesa.


Naquele momento, o retrato da mulher-gorda girou e todo o time da Gryffindor entrou no salão, cantando animadamente, arrancando assobios e incentivos dos alunos presentes.


O rosto de Lily ficou assustadoramente vermelho ao mirar um jogador que vinha logo a frente do grupo, de seus olhos esmeralda podia está saindo fogo naquele exato momento, tamanha era a intensidade que ela fuzilava o rapaz com o olhar. Ela jogou a gata que estava em seu colo de um lado, ao que a mesma respondeu com um miado estridente, e pegou o gato ruivo do colo de Alice, marchando em direção ao alegre time fardado de vermelho.


"Você!" – ela falou, ficando de frente para o moreno que liderava o grupo. Ele a encarou, esboçando um sorriso. Lily jogou o gato de qualquer jeito nas mãos do rapaz, que por um triz não o deixava cair no chão. O salão ficou em silêncio, alguns trocavam olhares divertidos enquanto outros prendiam a respiração. O time começou a sair de fininho de detrás do capitão.


James a encarou interrogativo, com o gato entre os braços.


"O que é isso?" – ele indagou, com uma sobrancelha erguida.


"Nem reconhece mais o asqueroso do seu gato, Potter?" – ela indagou sarcasticamente, cruzando os braços sobre o peito.


"Claro que reconheço, Evans!" – ele falou pondo o bichano no chão, mas sem desprender os olhos castanhos dos verdes da garota – "Quero saber o motivo de você estar arremessando-o para mim" – concluiu.


"Vou falar só uma vez, Potter. Não quero mais o nojento do seu gato se esfregando com a Marshmallow, entendeu?" – ela falou pausadamente, seu olhar assassino penetrando nas íris esverdeadas do outro.


"Eles são só gatos, Evans. Qual o problema deles compartilharem bolas de pêlo?" – ele falou, sorrindo marotamente. Algumas pessoas começaram a rir da piada.


"Eles são só gatos..." – ela imitou o que ele falou, sorrindo cinicamente e olhando envolta como se incentivasse as pessoas a rirem mais. James aumentou o sorriso - "Olhe aqui o que seu gatinho vez" – ela falou séria, mostrando o machucado na mão e novamente o salão ficou em silêncio – "Você está avisado... Dê um jeito desse pulguento não encostar mais na minha Marsh!" – ela gritou e pegando a gata no sofá e seus materiais, subiu as escadas sendo acompanha das duas amigas que assistiam à cena boquiabertas.


Todos continuaram em silêncio. James olhou para o gato laranja, que se enroscava em suas pernas dando-lhe boas vindas.


"O que diabos você fez, Baltasar?" – ele falou, pegando o gato no colo e também subindo para o dormitório, tentando ignorar os olhares que o seguiam.


MMM


"Arrogante, pulguento, cínico, vira-lata..." – Lily falava ao entrar no dormitório e sentar em sua cama com a gata ainda em mãos.


"Ela está falando do Baltasar ou do Potter?" – Mary perguntou num sussurro no ouvido de Alice, que vez sinal para a loira ficar calada.


"Lily..." – a morena começou, adentrando o quarto com a outra em seus calcanhares.


"Como é metido..."


"Acho que..." – Alice tentou novamente, sentando-se ao lado da garota na cama.


"É uma tirano sem um pingo de responsabilidade e..."


"Lily Evans!" – a porta se abriu e Marlene McKinnon entrou no dormitório. Ainda estava suada e seu coque agora já havia se desmanchado deixando seu enorme cabelo negro caindo desarrumado nas costas.


A ruiva virou o rosto para encarar a outra morena que se encontrava ainda na porta com as mãos na cintura e uma expressão indignada na face.


"Da pra você me explicar o que foi aquilo na embaixo?" – ela indagou, andando em direção da outras três.


"Wow, Lene. Você está precisando de um banho..." – Mary comentou, tapando seu nariz sardento com uma das mãos.


"Agora não, Mary" – Marlene falou, fazendo um movimento com as mãos indicando depois – "Preciso falar umas coisinha para essa ruivinha aqui primeiro..."


Lily suspirou encarando Marlene com as sobrancelhas erguidas.


"Veio em defesa do Potter, Lene?" – ela indagou com desdém.


"Não, Lily. Vim em defesa do gato dele..." – ela desdenhou, pondo-se de frente para a garota que ainda carregava a felina nas mãos. Alice olhava de uma para outra como se assistisse um jogo de pingue-pongue - "Olha" – Marlene continuou – "Aquilo lá embaixo foi realmente..."


"Engraçado" – Mary falou, rindo – "O quê?" – ela indagou quando viu as três a encarando com censura.


Marlene se voltou para a Lily novamente.


"Ok... vou direto ao assunto" – ela falou, pegando as pesas madeixas negras e jogando-as no ombro direito – "Você não acha que exagerou?"


"Exagerei?" – Lily indagou, incrédula. Seus carinhos no torço da bichana em seus braços começaram a ser mais frenéticos e fortes, ao que a outra protestou noutro miado estridente – "Marlene... É o Potter!" – Ela exclamou.


"Eu sei..." – ela falou num tom cansado.


"Ele azara pessoas para se divertir, ele cabula aulas para ficar brincando com um pomo de ouro idiota, ele é arrogante com todos e se acha o gostosão da escola, ele..."


"Mas até onde eu sei, ele não anda fazendo nada disso desde aquele episodio com a cabeça do Bertram Aubrey no ano passado..." – Marlene comentou. Lily rodou os olhos, às vezes parecia que a convivência com James no Quadribol estava afetando o cérebro de Marlene.


"Talvez ele esteja com medo de..."


"Talvez ele simplesmente não queira mais fazer essas coisas, Lily" – a outra interrompeu. Lily a olhava perplexa.


"O que a Lene está querendo dizer é que..." – Alice hesitou, quando os olhos assassinos de Lily se direcionaram para ela. Ela engoliu em seco, tentando escolher as palavras.


"Que o Baltasar e a Marshmallow são só gatos" – Mary interveio – "Você fez uma tempestade num copo d'água só porque não há mais motivos para você implicar com o Potter. E não me olhe desse jeito, pois você sabe que é verdade" – ela exclamou, após receber um olhar indignado da ruiva – "O Baltasar foi sua deixa para brigar com ele..."


"É isso aí!" – Marlene falou, balançando a cabeça levemente em afirmação.


"Sabe..." – Alice começou timidamente. Pegou uma mexa do curto cabelo e começou a enrolá-la no dedo, tentando soar o mais casual possível – "Olha... não estou dizendo que é verdade, mas..." – ela respirou fundo, antes de terminar – "Eu sempre achei que você gosta do Potter"


Lily levantou uma sobrancelha e encarou Alice como se nunca a tivesse visto na vida.


"Eu... gostar do Potter?" – ela murmurou apontando pra si mesma e logo depois caiu na gargalhada – "Você só pode está brincando..."


Marlene, Mary e Alice se entreolharam.


"Eu falo sério, Lily"- Alice continuou, e percebendo que a ruiva continuava a rir, falou – "Você está me ouvindo?"


"Desculpe" – ela falou, usando a mesma mão que antes acariciava o pêlo de Marshmallow para enxugar uma lágrima que caia dos olhos verdes – "Mas... você tem idéia do que você falou?"


"Eu também acho isso!" – Marlene afirmou, cruzando os braços e olhando seriamente para a ruiva – "Sabe, você sempre pareceu se importar demais com o que ele faz ou com que ele deixa de fazer, parece gostar de jogar na cara que ele é cretino e idiota e agora fica procurando miseras coisinha..." – e apontou para a gata – "... para implicar com ele e mostrar para todo mundo o quanto ele é arrogante e..."


"Mas ele é arrogante" – Evans afirmou – "Vocês sabem disso! Vocês sempre concordaram comigo que ele é imaturo demais!"


"Eu sempre achei ele brilhante" – Mary murmurou dando de ombros – "E você sabe disso..."


"Eu concordava até entrar no time no passado" – Lene se defendeu – "Ele pode ser sim exibido, mas ele é um cara muito bacana. Acho que você deveria deixar essa birra de lado e tentar conhecê-lo melhor..."


"Para mim ele sempre pareceu legal" – foi a vez de Alice – "Infantil às vezes, sem noção quase sempre, mas acho que todas nós concordamos que desde o final do ano passado ele anda evoluindo muito e deixando os outros em paz... E como monitor-chefe ele está sendo excelente até agora..."


Lily rodou os olhos.


"Não creio que estou ouvindo isso..."


"Eu acho que sei exatamente o que está acontecendo..." – Marlene falou arqueira, erguendo uma de suas sobrancelhas negras e mirando a ruiva com decisão nos olhos castanhos – "Acho que você criou uma barreira Anti-Potter tão grande que não está te fazendo enxergar ás coisas com clareza" – ela fez uma pausa para analisar as reações de Lily, que corou levemente tamanha era a intensidade que Marlene a encarava. A artilheira logo continuou – "Ou talvez esteja sim enxergando tudo certinho, mas está com medo!"


"Medo?" – Lily repetiu incrédula.


"Você sempre teve esse conceito do Potter-mimado-arrogante na sua cabeça" – agora foi a vez de Mary argumentar – "e agora não quer se desfazer dele, pois está com medo de aceitar o Potter-legal-responsável"


A ruiva abriu a boca para responder, mas fora interrompida por Alice.


"Ou talvez tenha medo de assumir que na verdade gosta dele e por isso sempre preferiu ficar implicando com ele. Antes até dava certo, não é? Mas agora que ele não anda mais fazendo nada daquilo você não sabe o que fazer..."


Bingo! Lily sentiu o estomago dar uma reviravolta ao processar tudo o que as amigas estavam lhe relatando, mirando as três com os olhos arregalados.


"Vocês só podem está brincando..." – ela murmurou e vendo que nenhuma delas reagiu, ela se levantou ainda carregando a gata – "Pois saibam que o que eu sinto por ele, não passa de puro desgosto e náuseas!" – e depois de olhar nos olhos de cada uma, disse – "Vou tomar banho e espero que quando eu voltar vocês já tenham tirado essa idéia ridícula da cabeça" – e saiu para o banheiro com Marsh em mãos. Fechou a porta atrás de si, ainda podendo escutar os comentários das outras atrás da porta – "Você não acha que eu gosto dele, acha?" – ela indagou olhando para a felina, que a respondeu com um miado seco.


MMM


"Ingrato e vagabundo,


Apenas escrevo para lhe informar que seu nome foi queimado da tapeçaria. Você não é mais um Black. Ponha os pés nessa casa de novo e você desejara nunca ter nascido, coisa que eu desejo há muito tempo.


Espero que você morra.


Sem amor,


Sua ex-mãe,


Walburga Black"


"Não sei por que ela se deu o trabalho de escrever" – Sirius Black falou do parapeito da janela, amassando o pedaço de pergaminho – "Aquela velha nojenta! Só queria ter o gostinho de escrever que me queria morto... Como se eu já não soubesse" – e jogou a bola de qualquer jeito para outro canto do dormitório.


"Ei!" – James falou, quando ao abrir a porta, a bolinha bateu na sua cara – "Hoje todo mundo tirou o dia para jogar coisas em mim foi?" – indagou rabugento, jogando a vassoura de qualquer jeito em cima de sua cama e deitando na mesma de barriga para cima com o gato de cara amassada que carregava no colo se aninhando em seu tórax. Seus dedos longos começaram a passear pela pelagem macia do bichano.


"Foi mal, Prongs" – Padfoot murmurou rindo. Mas vendo que o amigo não o acompanhou, continuou – "Qual foi? Viu um Bicho-Papão?"


"Acho que não foi um Bicho-Papão que ele viu..." – a voz de Remus Lupin soou. O maroto estava sentado em sua cama com as costas apoiadas na cabeceira da mesma, as pernas esticadas e os pés cruzados, lendo calmamente um livro; sua expressão cansada e suas olheiras fundas, já anunciavam que a semana de lua-cheia fora cansativa.


"Depende... se o bicho-papão de repente se transformou num ser de um metro e sessenta e cinco, com cabelos ruivos e olhos verdes... Sim... eu vi um bicho-papão"


"Não sabia que você tinha medo da Evans, Prongs" – Peter Pettigrew brincou; sua boca cheia de sapos de chocolate. Seus dentes grandes estavam sujos de marrom e seus olhos pequenos miravam James divertidos.


Potter suspirou demoradamente, mirando o teto e passando a mão pelos seus cabelos despenteados e suados. Baltasar reclamou com um miado por ele ter cessado as caricias


"Eu sinceramente não a entendo... não mesmo" - disse por fim.


"Se a entendesse eu o julgaria um louco..." – Peter comentou e ao perceber o olhar questionador que James o lançou, acrescentou – "Quero dizer... ela é uma garota... e, quem as entende, não é?" – e começou a gargalhar – "Você entendeu? Garotas... Evans..."


"Menos, Wormtail" – Sirius desdenhou.


Prongs revirou os olhos por detrás dos óculos redondos e depois voltou a encarar o teto, soltando outro suspiro.


"O que foi dessa vez?" – Lupin indagou, fechando o livro e mirando o maroto com uniforme de Quadribol.


"Na verdade" – James começou – "Eu não entendi direito. Ela apareceu do nada na minha frente no salão comunal gritando sobre o Baltasar"


"O Baltasar?" – Peter indagou e de sua boca saíram vários pedaços de chocolate. Mirou o gato na barriga de James e o outro lhe retribui o olhar, com suas íris amarelas cintilando em sua direção como verdadeiros âmbares. Ele passou a língua pelo focinho rosa sem quebrar o contato visual – "Eu não gosto dele..."


"Parece que ele estava fazendo Merlin sabe o que com a gata dela" – ele explicou, ignorando o último comentário do maroto com cara de rato.


"Olha... Eu detesto gatos, mas devo confessar que Baltasar é um dos meus" – Sirius comentou, descendo da janela. Baltasar saiu de cima de Prongs e andou elegantemente, mesmo com suas patinhas tortas, até Padfoot se enroscando em sua perna, como se tivesse compreendido o elogio. Sirius pegou o felino nas mãos e marchou com ele até sua cama, ao lado da de Prongs.


"Eu não a entendo" – James continuou colocando suas mãos atrás da cabeça – "O que eu tenho haver se o Baltasar estava se esfregando com a Marshmallow?"


"Eu acho que não é o fato de ele está se esfregando com a gata dela e sim o fato de ele ser seu..." – Remus falou.


James bufou se erguendo e pondo-se sentado para melhor encarar Moony.


"Eu entendi aonde você quer chegar, mas agora me diga o que diabos eu posso fazer?" – ele indagou frustrado – "Digo, eu estou tentando me aproximar dela esse ano com esse lance da monitoria... Mas não tem uma vez que ela não me afaste! E você sabe disso..." – ele apontou para Remus que também era monitor – "e na maioria das vezes... Eu nem ao menos sem o porquê de ela ficar me afastando..."


Remus sorriu levemente, enquanto Sirius rodava os olhos e Peter gargalhava.


"O que você esperava?" – Wormtail indagou – "Que você virando monitor, ela cairia doida por você?"


"Ao menos ela podia abaixar um pouco a guarda, não acha? Agora somos monitores-chefes, ela querendo ou não, vamos ter que conviver bastante..."


Moony soltou uma risada abafada depois de trocar um olhar significativo com um Sirius de sobrancelhas erguidas, antes de começar a dizer:


"Você passou anos da sua vida escolar azarando os mais fracos, incluindo o amigo dela..."


"Ex-amigo" – James corrigiu.


"Que seja... Passou anos se exibindo feito um pavão quando ela aparecia, fazendo milhões de idiotices quando ela estava por perto e agora de repente quer que ela vire sua amiga assim? Do nada?"


"Não do nada" – Prongs se defendeu – "Eu estou tentando começar alguma coisa, mas acontece que ela não permite nem que eu fale um olá para ela direito"


"Oh! Isso é outro tópico para se analisar" – Sirius murmurou, finalmente deixando de alisar o dorso de Baltasar para participar ativamente da conversa – "Ela deve ficar com medo que você comece a chamá-la pra sair a todo o momento como você costumava a fazer" – ele disse e logo arqueando as sobrancelhas – "E convenhamos que você nunca fez nas melhores situações possíveis, não é? Ela deve ter ficando traumatizada..."


"Eu nunca mais a chamei pra sair..." – James murmurou – "Estava esperando um momento legal..." – ele continuou e bufou antes de completar – "Quando ela me der um Oi, por exemplo"


Uma onda de risos começou por parte dos outros marotos.


"Eu sinceramente não entendo essa obsessão do Prongs pela Evans" – Peter confessou, depois de abocanhar outro sapo que se debatia em suas mãos.


"Eu acho que isso virou questão de honra para ele, Wormie" – Sirius disse com um meio sorriso travesso, enquanto James deitava na cama mais uma vez, e Baltasar voltava para seu tórax.


Remus apenas carregava um sorriso simples nós lábios, escutando atentamente as hipóteses e teorias do outros dois.


"Ou então ele deve ser maluco..." – Peter rebateu, dando de ombros.


"Ou masoquista..." – disse Sirius.


"Não preciso lembrar vocês de que eu ainda estou aqui, não é?" – James indagou, franzindo o cenho.


"Hey, Prongs!" – Sirius brincou. James rodou os olhos – "Mas é sério, cara. Tem um bando de garotas nesse castelo loucas pra que você diga aos menos um Oi para elas..." – ele comentou, enquanto afastava uma mexa cacheada de seus olhos acinzentados – "E você fica aí, se cagando todo por um Oi da Evans"


E era a mais pura verdade, ele sabia disso. James era popular na escola, sempre fora. Fosse pelas suas incríveis habilidades no Quadribol, fosse por suas marotices, fosse por suas notas, fosse por sua boa aparência... Ele sabia que era conhecido pelos estudantes e professores. E gostava daquilo; claro que gostava, afinal quem não gosta de popularidade?


Mas de que adiantava ser popular se a única pessoa que ele queria impressionar não dava mínima para isso? Muito pelo contrário. Ela parecia repugnar seus feitos, desdenhar suas habilidades, caçoar de seus talentos...


O que afinal havia de errado com Lily Evans?


"O James gosta dela, Padfoot" – Remus sentenciou.


"Mas ela não gosta do James"- Peter contrapôs.


"Muito obrigado, Wormie" – Prongs falou atônico, enquanto Sirius dava uma gargalhada canina.


"Não acho que esse seja o caso..." – Moony disse – "Dá um tempo Padfoot!" – Remus falou, tentando fazer Sirius parar de rir.


"Você viu a cara dele?" – Sirius brincou, enquanto Remus suspirava e James lhe jogava um travesseiro na cara.


"Como eu ia dizendo... Eu não acho que ela desgoste completamente de você, Prongs" – Lupin continuou, ignorando os muxoxos de Padfoot sobre a travesseirada – "Só acho que você mesmo andou afastando-a desde sempre com suas... como ela mesma diz... infantilidades. Quando se cria uma imagem na cabeça de alguém, e quando é você mesmo quem ajuda a criar essa imagem... fica difícil mudar simplesmente da noite para o dia..." – James mirava diretamente para Remus, escutando com atenção o que ele dizia – "Cabe a você mudar o conceito que ela tem sobre você, mostrando pra ela o James que a gente conhece... E não o James desordeiro que o castelo inteiro conhece..."


"Moony..." – Sirius começou, encarando Remus com uma expressão indecifrável. Houve um silêncio que apenas era interrompido pelo mastigar de Peter sentado no chão ao lado de sua cama e pelos miados de Baltasar – "Você é gay?"


Remus rodou os olhos. Enquanto James e Peter começavam a rir sem parar.


"Vá á merda, Sirius" – ele falou, pegando seu livro novamente – "O Padfoot aqui é você..."


"Eu falo sério, cara. Você fala como uma mulher..." – Black continuou – "Eu conheço várias histórias de caras que sofreram traumas na infância e você sabe, viraram viados... mas relaxa, colega. A amizade continua... Sempre. Não nos afastamos de você quando descobrimos que você era lobisomem, porque nos afastaríamos agora que você começou a se assumir?" – Wormtail e Prongs gargalhavam loucamente.


"Então cuidado, Paddie... Você acabou de sofrer um trauma muito grande com essa carta de sua mãe, não?" – Moony alfinetou com um sorriso sarcástico – "Ser a ovelha negra da família não deve ser nada fácil..." – os outros dois começavam a perder o fôlego.


"Lobo pulguento. Definitivamente você é um maroto" – Sirius exclamou, acertando-lhe o travesseiro que outrora fora jogado por pelo rapaz de óculos.


"Tá ok! O Moony não é gay, você é a ovelha-negra dos Black... e o que eu faço pra conquistar a Evans afinal?" – James indagou ainda risonho.


"Quer que eu fale mesmo?" – Sirius indagou com um sorriso malicioso – "Salas desertas e corredores escuros sempre deram certo comigo, se é que me entende..."


"Vá se danar, Padfoot!" – James exclamou – "Moony?" – e chamou o outro.


"Descubra sozinho, Prongs..." – Remus falou passando uma página do livro com um sorriso maroto nos lábios.


"Seu baitola!" – James falou, também jogando outro travesseiro na cara do lobisomem.


MMM


N/A: Sim, eu sou meio retardada. Não, o Remus não é gay. Sim, o Baltasar é o Bichento. Não, a Lily não é fresca. Sim, com certeza terão muitos outros casais nessa fic. Não, o James não virou santo. Sim, a Marlene joga quadribol. Não, eu não vou demorar para atualizar, Sim, eu quero comentários, por favor!


Um abraço!


Cath

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Comentários (3)

  • Kika.Cerridween

    Muito bom esse capítulo , leitura fácil e divertida ...Lily e seu dilema, mas quem não ficaria assim atordoada com James?!! rsrsrs Adorei Alice e Frank , adoro romances cheios situações bobas e cheias de ternura e timidez rsrsrs....qnto aos marotos adooooro !!!! To gostando muito de ler sua fic , vc escreve muuuuito bem !!!!xD

    2011-06-14
  • Bianca F.

    tb curti, so nao demora pra postar porque esperar é uma sacoo

    2011-06-05
  • Mallow Krum

    NOOOOOOOSSA VC ESCREVE MUITO BEM! *-* *-* *-* amei Raxei com o Sirius, ele é ótimo!

    2011-06-02
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