Festa - Parte I
“Às vezes é mais fácil sentir como se fosse o único no mundo que está lutando, que está frustrado, insatisfeito, que mal está conseguindo. Esse sentimento é uma mentira!”
8 de Julho – Festa de Início do Verão
Hermione pegou sua varinha e guardou dentro da sua bolsa. Certificou-se de que não estava esquecendo nada e se preparou para sair, quando a porta do quarto foi aberta por Harry.
- Está na hora. – ele disse rapidamente
- Eu sei. – ela respondeu no mesmo tom
Ela deu um passo até a porta e Harry a olhou. Ela vestia um vestido azul marinho um pouco acima do joelho e uma sandália de salto preta, o cabelo estava preso em um coque e algumas mechas caiam sobre seu rosto.
- Você está linda! – ele a elogiou tentando parecer indiferente
Hermione sentiu seu coração se apertar, era raro ele lhe dirigir um elogio, mas ela não se enganava, era apenas um elogio.
- Obrigada. – ela agradeceu voltando a caminhar e ele balançou a cabeça em sinal positivo
Ela passou por ele sem dizer mais nada e ele fechou a porta do quarto. Os dois desceram as escadas em silêncio e se juntaram ao resto da família na sala de entrada da casa. Hermione sorriu para os filhos e sobrinhos, tentando tranqüilizá-los.
- Estão prontos? – ela perguntou carinhosamente e eles assentiram – John, Ann, London e Richard. A primeira limusine está esperando vocês.
Os quatro começaram a se dirigir para fora da casa. Peter se adiantou e puxou Ann delicadamente pelo braço.
- Ann... – ele disse em tom suplicante
- Agora não Peter, conversamos depois. – ela garantiu-lhe e ele a soltou, deixando-a sair com os outros
- Vocês estão bem? – perguntou Mônica ao filho quando ele se postou novamente ao seu lado
- Sim, só uma briguinha entre primos. Logo resolvemos. – ele forçou um sorriso para mãe e logo o desfez
A verdade era que eles estavam sem conversar há quase dois dias. Desde a discussão na piscina que eles não trocavam sequer uma palavra e isso estava acabando com ele.
*******
A primeira limusine parou em frente ao salão que abrigaria a festa, onde um tapete preto se estendia do início da calçada até a porta de entrada. Ann suspirou ao ver vários jornalistas parados nas laterais do tapete, separados por uma corda igualmente preta, como divisão.
- Você está nervoso? – ela perguntou a Richard
Ele lhe deu um pequeno sorriso.
- Estaria mentindo se dissesse que não estou. – ele confessou – Mas você vai estar ao meu lado e isso me tranqüiliza bastante.
Ela sorriu para ele e lhe deu um beijo rápido. A porta da limusine foi aberta e Ann e John trocaram olhares antes de descerem. John e London foram os primeiro. Desceram de mãos dadas, os flashes começaram a ser disparados e John acenou para todos, enquanto London tentava sorrir ao seu lado. Ann e Richard desceram, também de mãos dadas e a quantidade de flashes foi ainda maior.
- Merlin! – soltou Richard encobrindo o rosto com as mãos, tentando enxergar em meio a tantos flashes
Os casais caminharam pelo tapete. John e Ann acenando e sorrindo, London também sorria forçadamente e Richard parecia um pouco assustado. Eles pararam no meio do tapete, como era demarcado todo o ano, de frente para os jornalistas, posando para as fotos. Ann fez Richard a abraçar.
- Tente sorrir um pouco. – ela sussurrou no ouvido dele, enquanto mais flashes dispararam
Ele assentiu e tentou dar um pequeno sorriso. Os jornalistas gritavam os nomes deles, em meio ao barulho ensurdecedor do local.
- John! – um jornalista o chamou – Muito bem acompanhado como sempre.
- Obrigado. – John agradeceu sorrindo e trazendo London para mais perto de si
- É verdade que vocês dois estão planejando ter filhos em breve? – ele perguntou
London deixou o sorriso morrer, mas John soltou uma gargalhada, já estava acostumado com perguntas daquele tipo. E por mais que fosse verdade, por mais que ele e London tivessem conversado sobre o assunto, ele jamais diria isso à imprensa.
- Não, não. É claro que não! – ele garantiu ao homem – Ainda somos muito jovens.
Essa foi a única pergunta que fizeram a John. Os jornalistas se viraram instintivamente para o mais novo casal da família.
- Ann, esse é seu novo namorado? – perguntou outro jornalista – Como é o nome dele?
Ann, assim como John, manteve o sorriso. Eles tinham crescido sob os flashes, e apesar de não gostarem, já haviam se acostumado.
- É meu namorado sim. – ela respondeu – E quanto ao nome, porque não pergunta a ele?
O jornalista concordou e se dirigiu a Richard.
- Qual o seu nome rapaz?
- Richard Royalle. – ele respondeu, ainda um pouco assustado, enquanto as penas escreviam em alta velocidade pelos pergaminhos
- Há quanto tempo vocês estão juntos Richard? – outro perguntou – Já pensam em se casar?
Richard o olhou atordoado com a pergunta e se questionando desde quando dera liberdade para lhe chamarem pelo primeiro nome. Ann riu da cara do namorado.
- Estamos juntos há apenas dois meses. – ela respondeu – Pouco tempo pra se falar de casamento. Vocês sempre colocam as carruagens na frente dos testrálios.
Os jornalistas riram e John os acompanhou.
- E vocês estão apaixonados? – perguntou uma mulher e Ann apenas balançou a cabeça timidamente em sinal afirmativo – Dêem um beijo para tirarmos uma foto!
Ann sorriu e fez sinal negativo com o dedo indicador, voltando a caminhar em direção a entrada do salão, puxando Richard pela mão e sendo seguida por John e London. Os jornalistas protestaram e gritavam mais perguntas, mas eles apenas sorriram e acenaram, ignorando os chamados. Entraram no salão e o barulho do lado de fora foi abafado.
- Como você conseguiu se acostumar a isso London?! – perguntou Richard assombrado
- Eu ainda não me acostumei. – ela confessou suspirando
John deu a ela um pequeno sorriso, como que se desculpando. Eles já tinham se livrado, agora era com seus primos.
********
A segunda limusine parou no mesmo lugar da primeira e quando a porta se abriu Peter e Rachel saltaram dela. Mais uma vez o alvoroço se fez presente e eles repetiram os gestos de seus primos há minutos. Sorriram e acenaram, sem parar. Caminharam até os jornalistas e posaram juntos para as fotos, os flashes ofuscando um pouco suas visões, mas já estavam acostumados.
- Peter, Rachel! – um jornalista gritou – Nos conte sobre o recente namoro da Srta. Potter.
Nenhum dos dois pareceu se entusiasmar. Primeiro porque as orientações de Hermione tinham sido a de não responderem perguntas sobre Ann e Richard. E segundo porque parecia até ironia do destino aquela pergunta ser feita para a garota apaixonada pelo namorado da prima e para o garoto que odiava o namorado da prima.
- Não cabe a nós dizer nada da relação dos dois. – disse Peter gentilmente
- Eles estiveram aqui agora a pouco, porque não perguntaram a eles? – questionou Rachel – Não vamos responder nada que se refira a eles, sinto muito.
Os jornalistas não perderam tempo e logo mudaram o assunto.
- Então me digam, quando vocês vão arrumar acompanhantes? – pediu um jornalista de forma agradável
Os dois riram.
- Estou procurando pretendentes! – brincou Peter – Mas parece que não faço muito sucesso entre as garotas.
Eles riram. Outro jornalista se dirigiu a Rachel.
- Rachel, dizem que você é a herdeira que assumirá o jornal. Você se sente preparada?
- Dizem muita coisa e nem todas são verdadeiras. – ela garantiu a ele – Mas se eu tiver que assumir farei isso no momento certo, sem precipitações.
- Alguns críticos acham que Ann Potter seria mais preparada. – um outro jornalista disse – Que ela seguiria os passos da mãe e isso te tiraria da jogada.
Rachel olhou para e Peter e os dois riram reprovando o comentário.
- Alguns críticos diziam no passado que Harry Potter era um garoto lunático e mentiroso. Esses mesmos críticos o aclamaram herói alguns anos depois. – ela disse calmamente – Não me importa o que os críticos dizem, eles mudam de opinião constantemente. E depois isso não é um jogo, somos uma família.
Ele concordou e os dois começaram a se afastar. Peter com a mão nas costas dela, guiando-a.
- Peter, Peter! – um gritou – Só mais uma pergunta.
Peter parou e Rachel também.
- A última. – ele o alertou
- Você provavelmente já deve ter lido o livro da sua tia. – Peter assentiu e ele continuou – Nele a Sra. Potter narra da forte amizade que ela e os amigos sentiam por Ninfadora Tonks, atual diretora de Hogwarts. Me diga Peter, o que aconteceu entre eles? Já que hoje eles nem sequer se falam.
Peter o encarou pensativo. Aquela era uma pergunta que ele próprio se fazia sempre. Lembrava-se perfeitamente de Tonks em sua infância, dela freqüentando a antiga casa onde cresceram e do quanto ela e sua família se amavam, e então, depois do que acontecera há nove anos ela simplesmente parou de visitá-los.
- Você desperdiçou sua pergunta cara. – Peter disse rapidamente – Eu não posso te responder isso, porque não sei o motivo. Talvez você devesse perguntar a eles.
Peter deu um sorriso ao homem e puxou Rachel, ambos acenaram antes de entrarem no salão. Quando adentraram desfizeram os sorrisos que mantinham a muito custo.
- Chatos! – xingou-os baixinho Rachel
Peter concordou. Odiavam jornalistas, sempre com perguntas indiscretas. Ainda teriam que aturar aquela festa e com o mesmo sorriso na face.
*********
Quando a limusine parou David foi o primeiro a descer, seguido logo depois por Lizzie. Os dois eram os mais requisitados pelos jornalistas, eram simpáticos e carismáticos. Os dois sorriram e esperaram Ben sair, para caminharem juntos. Ben demorou um pouco e Lizzie e David trocaram olhares impacientes. Um tempo depois ele desceu. Ben não sorriu, pelo contrário, mantinha uma cara antipática. Os três caminharam e pararam em frente aos jornalistas.
- Boa noite. – desejou David a eles
Ben parou ao lado dos dois para uma foto, mas logo se afastou, ficando atrás da irmã e do primo, com as mãos nos bolsos e com o rosto virado para a rua.
- Vocês estão ótimos. – disse um jornalista a David e Lizzie – E a senhorita linda como sempre!
- Obrigada. – agradeceu a garota
- Elizabeth, existem boatos de que você e Adam Tudor estariam tendo um romance, é verdade? – perguntou uma mulher
Lizzie deu um pequeno sorriso e balançou a cabeça.
- Não, eu e o Tudor não temos nada, nem mesmo amizade. – ela negou
A mulher assentiu. Lizzie olhou para o irmão por cima do ombro e ele fez cara de desgosto, ela voltou sua atenção às perguntas.
- Mas é fato que a briga que ocorreu na Se7en quinta-feira, entre Tudor e seu irmão, foi por sua causa. – um outro jornalista insistiu – E Tudor nunca escondeu de ninguém a... como posso dizer...a admiração que sente pela senhorita.
- Não me importa o que Tudor sente por mim. – ela começou calmamente – Eu já disse isso milhares de vezes e volto a repetir: eu não tenho e jamais terei nada com Adam Tudor.
- E porque você bateu nele Sr. Malfoy? – um jornalista o provocou
- Porque ele mereceu! – disse Ben ríspido
David se intrometeu.
- Não é noite pra falarmos sobre isso. – David pediu sorrindo
O pedido de David era como uma ordem para os jornalistas, que desistiram do assunto. Ben estava ficando impaciente.
- David, você perdeu o taça de quadribol em Hogwarts esse ano, mas ainda assim ganhou o prêmio de melhor apanhador e subiu uma posição na lista dos melhores do mundo. – ele contou – Você acha que se não tivesse desistido do pomo pra salvar sua companheira de time teria subido mais posições?
- Ano passado dei uma entrevista e disse que nossos planos eram subir duas posições, mas infelizmente não deu. – ele admitiu com pesar – Não me arrependo do que fiz, mas agora é trabalhar ainda mais nesse ano pra subir mais um pouco.
- Seu pai cobra muito isso de você? Que você seja melhor do que ele foi?
David riu.
- Eu jamais vou ser melhor do que meu pai! – ele disse tímido – Meu pai foi um apanhador fantástico, mesmo tendo que enfrentar um bruxo das trevas na época. Eu sou apenas um garoto sem muitas responsabilidades tentando dar o melhor de mim.
- Muita gente diz que você vai substituir seu pai como herói do mundo bruxo daqui alguns anos. – disse outro homem – Você acredita nisso?
David balançou a cabeça em negativa.
- Eu não sou um herói, nunca fiz nada pra merecer esse título. Não é porque meu pai é um herói que eu também serei, não é uma herança. – David explicou – Meu pai derrotou dois bruxos das trevas e salvou o mundo bruxo várias vezes. Eu jamais irei substituí-lo e nem desejo. Eu sei como um herói leva a vida e não quero isso pra mim!
David ficava um pouco chateado com as comparações entre ele e o pai. Ele nunca seria um herói, até porque sabia que seu pai odiava essa idéia. Tudo que ligava David a um ato heróico era combatido por Harry.
- Malfoy! – chamou Jordan, um jornalista com quem Ben não tinha bom relacionamento - É verdade que Charlie Thompson foi demitido por sua causa?
Ben riu com arrogância. Charlie Thompson tinha sido professor de Defesa Contra as Artes das Trevas deles, mas havia sido demitido ao término das aulas.
- Claro. Tudo que acontece de ruim no mundo é minha culpa! – ele ironizou – Se foi por minha causa ou não, pouco me interessa. O que interessa é que ele foi demitido.
As penas continuavam a escrever sozinhas enquanto ele falava.
- Vocês dois nunca se deram bem, não é? Você provocou a saída dele de alguma forma? – perguntou Jordan novamente
Ben parou e o encarou.
- Escute uma coisa Jordan. – ele começou em tom de ameaça apontando o dedo para o homem – Tudo o que eu digo sai distorcido naquela porcaria que você chama de revista. Se eu souber que você inventou mais alguma coisa sobre mim você vai estar ferrado.
Jordan não se afetou.
- Isso é uma ameaça Sr. Malfoy? – o jornalista perguntou provocando-o
Ben abriu a boca pra responder, mas David o impediu.
- Não é uma ameaça Jordan, não provoque. – disse David pacientemente – Acabou a entrevista, vemos vocês na próxima.
Os jornalistas começaram a se empurrar para conseguirem mais alguma coisa.
- David, só responda mais essa. – pediu uma jornalista
David parou em frente a ela e esperou a pergunta. Ela era uma das escritoras da revista teen do seu pai, ele reconheceu.
- Seu coração já tem dona? – ela perguntou – É o que toda garota no mundo bruxo quer saber.
Ele sorriu timidamente, e sem poder evitar pensou em Melissa, a garota da boate. Os flashes dispararam.
- Não, ainda continuo procurando a garota certa. – ele admitiu, mas algo dentro dele dizia que ele já a tinha encontrado. Era loucura ele estar apaixonado por alguém que vira uma vez na vida e com quem trocara dez frases, não era?
- Minhas leitoras vão gostar de saber. – ela brincou, tirando-o de seus pensamentos
Ele corou e acenou para os jornalistas se despedindo. Entrou no salão e se juntou a Ben e Lizzie, tentando esquecer momentaneamente os pensamentos anteriores.
- Ben, você ficou doido? – perguntou David sem se alterar – Ameaçar Jordan daquele jeito na frente dos jornalistas?
Ben abriu os braços.
- Ele me provocou, você viu! – se defendeu – Ele sabe que Thompson foi demitido por abuso de autoridade, aliás, todo mundo sabe. Agora só porque eu o enfrentava a culpa dele ser demitido é minha?!
- Tudo bem, tudo bem. – disse David encerrando o assunto – Vamos entrar!
********
A festa já estava acontecendo há algum tempo e parecia ainda mais chata do que a do ano anterior. David apertou a mão de mais um dos convidados da sua família.
- Grande David! – disse o homem, que ele não reconheceu – Como vai garoto?
David sorria, tentando ser simpático.
- Muito bem e o senhor e sua família? – perguntou educadamente
- Bem, bem. – o homem respondeu e se aproximou para cochichar em seu ouvido – Minha filha veio esse ano, você já a viu? Quem sabe possam se conhecer melhor.
O homem riu e David o acompanhou sem graça.
- Quem sabe senhor. – David mentiu
O homem se afastou e David desfez o sorriso. Viu seu pai se aproximando com um copo de whisky na mão e suspirou. Com certeza ele iria lhe apresentar a alguém.
- David, venha. Quero que você conheça uma pessoa. – disse autoritário fazendo um gesto com a mão livre
David o seguiu. Andaram até uma mesa e Harry o empurrou para frente.
- Esse é meu filho, David Potter! – disse Harry em tom orgulhoso, ao qual David sabia ser falso
David olhou para o homem a sua frente, era um homem gorducho, com barba e cabelos cinza. O homem estendeu a mão e David a apertou, sorrindo simpático.
- Esse é o Sr. Patrow filho, meu novo sócio. – Harry o apresentou
David franziu a testa, aquele sobrenome lhe era familiar.
- Patrow? – ele perguntou e o homem assentiu – Sua filha estuda em Hogwarts?
O homem abriu um grande sorriso.
- Sim, estuda. – ele afirmou – Ela estava aqui agorinha mesmo...
O homem passou a procurar a garota pelo salão. E David já estava preocupado. A garota devia ser Samantha Patrow, a garota que odiava Ben e que tinha antipatia a qualquer um deles.
- É com ela que você vai dançar hoje David. – Harry o informou e David balançou a cabeça
O Sr. Patrow a encontrou e a chamou. David a procurou também e quando a viu teve certeza de que era mesmo ela. Samantha tinha uma cara emburrada e estava muito bonita, com o cabelo castanho claro preso em um coque e uma vestido verde um pouco curto. Ela se postou ao lado do pai.
- Essa é minha filha, Samantha. – o homem disse – E esse é David Potter.
Ela olhou com tédio para David, que lhe sorria gentilmente.
- Nós já nos conhecemos. – ela disse ríspida
David deu um sorriso sem graça.
- Sim, verdade. Somos colegas em Hogwarts. – David contou – Por isso quando o senhor disse seu sobrenome perguntei se sua filha estudava lá. Como vai Samantha?
- Bem. – ela disse simplesmente
Harry deu alguns tapinhas nas costas do filho.
- Porque não a leva pra junto de seus primos David. – sugeriu Harry – Eu e o Sr. Patrow temos que resolver alguns negócios.
Samantha abriu a boca e ia protestar, mas seu pai a olhou feio e ela fechou a boca novamente.
- Será um prazer pai. – David disse logo depois – Vamos Samantha?
A garota começou a segui-lo e quando se afastaram de seus pais ela o parou.
- Escuta Potter, eu não tenho nada contra você, nem conta o John e as garotas. – ela começou e ele a ouvia atentamente – Mas você sabe que não suporto o Malfoy, então você sabe que não vou até lá ficar com vocês não sabe?
- Eu prometo a você que não vou deixar Ben te provocar. – ele garantiu-lhe
- E porque você faria isso? – ela disse irônica – Você nunca o impediu de me atormentar. Vai fazer isso agora só porque nossos pais são sócios?
David não respondeu. Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa Ben apareceu.
- Você costumava escolher melhor suas companhias primo. – disse o loiro para provocar a garota
David fechou os olhos e sinal de irritação. Ben tinha faro para confusão. David se virou para o primo.
- Pára. – pediu a ele – Samantha é a garota com quem eu vou dançar hoje, é a filha do novo sócio do papai. Então seja um pouco mais educado, ao menos uma vez na vida, seja um bom anfitrião e um cavalheiro.
Ben ergueu a mão com cinismo, em sinal de rendição.
- Tudo bem primo, me desculpe. – disse ele rindo – Ah Patrow, você está uma gracinha hoje. Boa festa!
- E você está ridículo com esse suspensório idiota! – ela retribuiu e ele se afastou ainda rindo – Sério Potter, eu tenho nojo do seu primo.
David se virou novamente para ela.
- É, às vezes ele age feito um idiota, mas ele não é sempre assim. – ele defendeu o primo – Na verdade, quando ninguém está olhando, ele é um cara fantástico.
Samantha riu com ironia.
- Me desculpe, mas eu não acredito. – ela disse sincera – Não me parece possível ter nada de fantástico nesse babaca.
David riu e não disse mais nada. Não entendia porque Ben mudava tanto quando estava na frente de outras pessoas. Ele amava Ben, mas às vezes aquele jeito dele agir com os outros o irritava.
********
Peter deu um gole em sua cerveja amanteigada e analisou a festa. Deu outro gole.
- Pare de beber Peter. – o repreendeu Lizzie – Vamos dançar daqui a pouco e não quero dançar com você bêbado. O que deu em você?!
Ele se virou para ela.
- Porque todos andam me perguntando isso? – ele disse irritado
- Porque você não é assim. – ela disse firme – Você é responsável, se lembra? Essas idiotices ficam por conta do Ben.
Ele virou os olhos.
- E você é uma chata! – ele disse antes de dar outro gole na cerveja
Lizzie tomou a garrafa da mão dele e ele a encarou incrédulo.
- Eu sei que você está bravo por ter brigado com a Ann, mas não desconte em mim! – ela disse irritada – Ou você vai querer brigar com todo mundo agora?
Peter suspirou.
- Me desculpe. – ele pediu – Mas olha só pra ela, parece que não está nem aí pro fato de estarmos sem nos falar a quase dois dias.
Lizzie viu Ann do lado oposto do salão, conversando com os pais de Richard, sorrindo e abraçando o namorado.
- Pete, nem mesmo a Rachel está assim. – ela o informou – Eu sei que você está com ciúmes dela e por isso tem agido assim ultimamente, mas isso precisa acabar. Ela está feliz com o Richard e você tem sido um imbecil com ela.
- Ela te disse isso? – ele perguntou preocupado
- Não exatamente com essas palavras. Você sabe que ela é muito mais doce do que eu. – ela disse divertida e ele riu – Eu sou um pouco mais desaforada.
- Eu não gosto do cara. – ele admitiu calmo – Isso é tão ruim assim?
- Não é o fato de você não gostar dele que é ruim. É o fato de você tratá-lo mal e magoar a Ann. – ela o alertou – Você sugeriu que ele a traísse, na frente dela Pete! Isso não é algo que se faça com alguém que você ama. Ela é sua prima e ter ciúmes é normal, mas ser grosseiro com os dois não.
- Ela gosta dele, não gosta? – ele perguntou
- Não Peter, ela está apaixonada por ele. – o corrigiu – E é por ela que Rachel está sofrendo. E você não consegue agüentar um ciúme bobo por ela?
Ele ficou pensativo, olhando para Ann.
- Você tem razão. Vou pedir desculpas a ela hoje. – ele disse por fim – Quero que você faça algo por mim, você e os meninos.
Lizzie o olhou preocupada e ele sorriu maroto. Querendo ou não, Ann iria falar com ele ainda aquela noite.
*********
- Você está linda! – ele sussurrou em seu ouvido, fazendo-a sobressaltar
Ela respirou aliviada quando viu que era Olívio.
- Você me assustou. – ela disse
- Fugindo de quem? – ele perguntou
Hermione estava em uma das sacadas do salão, olhando para a linda vista de Londres, que iluminava a noite. Olívio se apoiou na sacada imitando-a.
- Porque você acha que estou fugindo? – ela quis saber
Ele deu de ombros.
- Porque você é a esposa de Harry Potter e está afastada de toda a festa, escondida. – ele observou
Ela sorriu e Olívio sentiu seu coração disparar com aquele sorriso. Dezoito anos haviam se passado, e ele ainda parecia um adolescente bobo e apaixonado perto dela. Nunca entendeu que tipo de feitiço Hermione podia ter lançado sobre si para amá-la tanto e durante tanto tempo. Ela não o encarava, olhava para a cidade.
- Só estou um pouco cansada dessa gente. – ela confessou em tom triste – Queria que esta festa acabasse o mais rápido possível. Ou melhor, queria que ela nem tivesse começado.
- Então porque você não diz isso a ele? – perguntou Olívio intrigado, se referindo a Harry
Ela riu tristemente.
- Você realmente não sabe? – ela lhe respondeu com outra pergunta e ele negou – Minha opinião não importa mais pra ele. Nada que eu diga ou faça importa mais pra ele.
- Então porque você ainda está com ele? – perguntou indignado
Ela se virou e encarou o amigo.
- Porque eu ainda o amo. – disse simples
Olívio desviou seu olhar do dela, sentindo seu coração doer.
- Eu não entendo. – ele disse com rancor – Ele tem te tratado como um crápula nesses últimos nove anos e você ainda consegue amá-lo?
- Você sabe por que ele tem agido assim Olívio. – ela disse um pouco irritada como rumo da conversa
- Não Hermione, o que aconteceu naquela época não justifica ele ter se tornado o que se tornou! – Olívio disse – Não justifica o modo como ele te trata. Você sofreu tanto quanto ele.
- Você sabe que isso é uma mentira. – ela disse ainda irritada – Como você acha que ele se sentiu me vendo morrer aos poucos? Tentando encontrar uma cura, enquanto me via morrendo.
- Eu estava lá Hermione, eu senti exatamente o que ele sentiu. – Olívio disse se exaltando – Porque você sempre tem que dar mais importância ao que ele sente? E os seus sentimentos Hermione?
Eles travavam uma discussão em tom baixo, para não chamar atenção das pessoas. Hermione virou o rosto para ele, com lágrimas nos olhos.
- Você não sabe o que ele sentiu, ninguém sabe. – ela sussurrou – Foi por ele que deixamos Dolohov escapar, foi ele a última pessoa que esteve com Dolohov antes de matá-lo, foi ele quem teve que executar as ordens de Dolohov pra salvar a mim e a milhares de pessoas.
Olívio riu com ironia.
- Você o defende dessa maneira, mas nem mesmo você aceita o fato dele ter se tornado tão desprezível! – Olívio disse com rancor – Nem mesmo você acredita em todas essas justificativas.
As palavras dele a atingiram, porque talvez ele estivesse certo, talvez não houvesse justificativas para Harry ter se tornado tão frio. Eles ficaram em silêncio por um tempo, até ele ser quebrado por Hermione.
- O Harry por quem eu me apaixonei, o Harry que eu amo e com quem me casei... – ela disse a ele com firmeza – Aquele Harry ainda está em algum lugar. É ele quem eu amo, e é por ele que eu ainda acredito com todas as minhas forças que existe um motivo por trás disso tudo, que existe um motivo muito forte pra ele ter se transformado no que se transformou.
Eles se encararam por um tempo e Hermione se afastou, voltando para a festa e deixando Olívio sozinho na varanda. A festa mal havia começado e já tinha acabado pra ele.
********
Ben estava relendo seu discurso. Estava nervoso, apreensivo e com medo. Não sabia da onde tiraria coragem pra dizer aquilo, só sabia que diria. Ann os fez prometer que contariam a verdade se ela pedisse ao pai para deixar os garotos tocarem e mesmo que eles não fossem tocar ainda assim ela havia pedido. Ele só iria cumprir a promessa.
- Ben. – alguém o chamou, ele se virou e avistou London se aproximando. – Eu sei o que você está querendo fazer.
Ele franziu o cenho.
- Não sei do que você está falando London. – ele fingiu
- Do seu discurso. Sei que você vai contar a verdade, sobre os sonhos de vocês. – ela lhe garantiu
Ele suspirou. Como ela havia descoberto?
- E você já contou pro John, não é? – ele perguntou contrariado
- Não, não contei a ninguém. – ela disse – É você que vai ter que fazer essa escolha. Mas antes eu queria te dizer uma coisa.
Ela pausou e ele a encarou, esperando ela começar.
- Sua família não gosta de mim e eu não sou a fã número um de alguns deles. – ela admitiu de forma simples – Mas existe algo que você deve pesar antes de dizer o que quer dizer. – ela respirou fundo - Seus pais e seus tios foram heróis Ben, heróis de verdade. Eles deram e ainda dão esperança ao mundo bruxo. Pra vocês isso pode parecer banal, porque vocês cresceram ouvindo o quanto seus pais eram fantásticos. E é verdade Benny, eles são fantásticos, eles salvaram milhares de vidas, eles salvaram o mundo!
Ben a olhava com desespero. Tentando compreender tudo o que ela dizia.
- Se você quer fazer isso, faça. – ela o aconselhou – Mas lembre-se que eles não são apenas seus pais e seus tios, acima de qualquer outra coisa eles são os maiores heróis que esse mundo já viu, eles arriscaram a própria vida por todas essas pessoas, por nós. E devemos nossa eterna gratidão a eles e no mínimo um pouco de respeito e admiração. – London fez uma pausa – Então Ben, o que vai fazer a partir de agora, só você pode decidir.
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Aí está o capítulo, espero que gostem e comentem!
Obrigada aos que tem comentado!
Beijos
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