allée parallèle



Foi no início de agosto quando Marie e seus pais voltaram da Espanha, eles pretendiam ficar por lá até o final de agosto, mas eles precisavam organizar tudo de sua filha antes dela partir para os Alpes suíços.


-Mãe, onde vamos comprar esses materiais? Não conheço nenhum lugar que venda varinha, muito menos um caldeirão.


-Amanhã de manhã iremos ao allée parallèle, agora pare de se preocupar e vá dormir, a viagem foi longa.


-Onde fica esse beco?


-Fica em Zurique, filhinha, agora vá dormir. – ordenou a mãe apagando as luzes do quarto.


No dia seguinte, logo cedo, Clarie e sua mãe acordaram cedo, fizeram sua refeição trouxa e pegaram a estrada para Zurique, o que não levou mais de três horas. Ao chegarem lá, sua mãe estacionou perto de um museu e seguiram caminhando até pararem em um antiquário, que por sinal estava vazio.


Um senhor, que aparentava ter sessenta anos, deu as boas vindas para as duas, a mãe da mais nova bruxa suíça conversava com aquele idoso como se o conhecesse a muito tempo, até que apresentou Claire para o homem e dirigiram-se para uma porta que parecia levar para o estoque daquela loja de antiguidades.


Ao passar por aquela porta, a menina não entendia como ela poderia ter surgido em uma rua de pedras estreitas cheia de prédios modernos e casas rústicas. Sua mãe a conduziu até uma loja, aparentemente antiga, que tinha uma vitrine que mostrara vários galhos  entalhados de tamanhos diferentes, acima da vitrine tinha uma placa com o nome “Varinha de Ouro” em letras de metal e embaixo não tão pequeno “desde 1880”.


Um homem, de um metro de altura e bigodes negros atendera os dois.


-Pois não?


-Você não deve lembrar-se de mim, mas vim aqui quando várias vezes na adolescência com meu pai. Sou filha de Zaque Claire. – disse Danieli, mãe de Marie.


-Mas o que trouxas como vocês fazem aqui, no beco paralelo?


-Na verdade, só eu sou trouxa, a Marie é uma bruxa, descobrimos isso faz pouco mais de um mês.


-Que coisa boa! Mais uma sucessora dos Claire, uma das famílias fundadoras da civilização bruxa aqui na Suíça, mas a mocinha aí passou quanto tempo pensando que era trouxa?


-Onze anos.


-Isso é um bom tempo – disse pegando uma fita métrica dos bolsos do paletó – agora deixe me tirar suas medidas para ver o que é perfeito para você.


Após dizer isso, uma mulher de cachos loiros, roupa executiva e saltos altos, entra na loja com seu filho de cabelos em pé, pele pálida e olhos verdes, um pouco mais alto que Marie. O menino fita a nos olhos.


-Trouxe aqui algumas varinhas que devem servir para você – falou o bigodudo com três caixas de carvalho nos braços – experimente essa primeira aqui.


-Como experimenta uma coisa dessas? – perguntou a menina pegando a varinha nas mãos.


-Balança levemente a varinha - disse observando a experimentar – tente essa agora.


-Assim?


-Essa também não, tente essa enquanto vou buscar mais. – disse dirigindo-se à escada.


-Mãe, que tal? – mostrou para a mãe quando foi surpreendida por o dono da loja, novamente.


-Perfeito! É exatamente essa! – pegou a varinha da mão da garota e colocou dentro da caixa. – fica cem coroas.


-Aqui está. – disse Danieli entregando duas notas de papel rosa.


Ao saírem da loja, Marie percebeu que o menino continuara a fita-la pela vitrine, mas ela esqueceu isso e foram até uma loja modernista com uma placa “Edna” essa não era com letras de metal, era de ouro, a vitrine, que se ligara com a porta de vidro, mostrara roupas da última moda.


-Estamos em Milão, mãe? – perguntou a menina paralisada.


-Não filha, essa é a loja da Edna, ela é a maior estilista da Suíça inteira e é ela quem confecciona o uniforme de Cygne. – disse a mãe entrando na loja seguida por Claire.


-Olá queridas. – disse uma voz suave.


-Oi Edna, ainda lembra-se de mim? – perguntou Danieli.


-É claro querida, você é irmã do Berilo, não é? Filha do Zaque!


-É, mas se você ainda se lembrar, eu sou uma trouxa, mas por sorte, minha filha é uma bruxa, recebi uma carta de Cygne, faz pouco mais de um mês.


-Parabéns querida! Vai adorar lá. – disse à Claire.


-Obrigada, eu acho.


-Deixe-me tirar suas medidas – continuava a falar tirando as medidas da menina – mas e então, você pretende ficar em que casa? Estão dizendo que a Rommeo será a melhor este ano, mas pelo que estou vendo você fala francês, aposto que não iria gostar se tivesse que aprender italiano, não é?


-Na verdade, eu falo italiano, no internato em que estudei tínhamos que aprender italiano, alemão, francês e inglês, mas como minha família fala mais francês, eu me comunico em francês.


-Você desse tamanho já fala quatro idiomas? O chapéu seletor vai ter um trabalho grande com você.


-Chapéu seletor?


-Sim. – afirmou separando alguns panos escuros – é assim que você é escolhido para uma casa, agora me dê seu endereço para eu mandar seu uniforme quando estiver pronto.


Depois de saírem da loja de Edna, elas compraram o resto do material e tiraram dinheiro bruxo no banco e partiram de volta à Genebra.

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