CAPÍTULO 1 Único











"A Grande Novidade"



Sabe, sempre tive muita inveja da Gina por ela ter toda aquela atenção dos irmãos, toda aquela preocupação, carinho. Sempre imaginei que devia ser o máximo ter todas aquelas pessoas querendo o seu bem e tomando conta de você. Hoje, decididamente tenho certeza que não é. Desde que nosso 7° e último ano começou (amém) minha vida tem sido um inferno, e olha que só estamos nele há 4 dias! Eu mereço mesmo, paga pela língua agora Hermione Granger, paga.
Mas se é pra me queixar, vou do início né? Okay, não vou mentir e dizer que nunca estudei pra ser a melhor aluna, nem que nunca fui ambiciosa em qualquer coisa relacionada ao estudo, então logicamente a coisa que me deixaria mais feliz nesse último ano seria ser escolhida como monitora-chefe. E graças ao meu esforço e dedicação assim aconteceu. Foi a melhor coisa que podia ter me acontecido, não ter mais que dividir a biblioteca com ninguém porque eu tenho uma “sala comunal” que só eu e mais uma pessoa tem acesso, ou o banheiro perfeito que só quatro pessoas podem usar (não que isso aconteça, mas pelas regras).
Realmente, eu estou pouco ligando pra se o meu dormitório, ou melhor, se o salão é dividido com um corvinal, um lufa-lufa ou um sonserino. Sou monitora-chefe e ai de quem me infernizar, na paz do meu “lar”. Ai como eu adoro isso. Mas infelizmente os meninos não reagiram dessa mesma maneira.
O primeiro problema foi aceitar que eles não iam mais poder passar a noite copiando meus trabalhos, porque agora eu nunca ficaria naquela gritaria podendo estar no aconchego do meu quarto (como eu gosto disso, não me canso), o segundo problema aconteceu no 2° dia de aula, que foi o que propiciou todos os outros que me encontro agora.
Estava tudo indo as mil maravilhas pra um dia que teríamos 2 tempos de poções, o novo professor de DCAT era excelente, estávamos indo almoçar quando...
- Granger.
Ainda sou capaz de sentir raiva por ouvir aquela voz no meu dia maravilhoso.
- Pois não? – eu tento ser educada sabe
- A Prof. McGonagall está te chamando.
- E por que ela mandaria logo você chamar? – o Rony e aquela língua grande. Eu sabia porque ele, mas ainda não tinha pensado em como contar.
- Ué Weasley, porque ela quer que nós peguemos logo nossa bagagem pra podermos trocar de quarto. – virou de costas e foi embora, com aquele sorriso de lado que tantas menininhas suspiram, mas que só conseguem me causar náuseas.
Nem tive tempo pra xingar todos os 500 nomes que tenho o hábito quando o nojentinho ri daquele jeito, fui interrompida quando não estava nem no 20° por um...
- O que ele quis dizer com “pra podermos trocar de quarto”, Mi? – perguntou um Harry com cara de quem tinha acabado de ver um dementador
- É Hermione, que ele quis dizer com isso hein, hein, hein? – isso veio de um Rony um tanto quanto amarelado
Ouvi um “boa sorte” de longe, era a Gina. Bem, minha inveja da atenção e preocupação que ela recebia começou a escoar.
- Como assim? – foi a única coisa que eu fui capaz de dizer
- Não se faça de sonsa! – odeio quando o Rony tem razão, mas nunca fui boa mentirosa.
- Ta vai, pergunta tudo que vocês quiserem, não ia conseguir esconder nada muito tempo mesmo. – sentei e peguei um copo de suco de abóbora calmamente
- Esconder? Esconder? Como assim esconder?
- Calma Rony, deixa a Mi falar.
- Ah obrigada.
- Mas não enrola tanto Mi. – disse o Harry com aqueles olhos verdes me deixando nervosa.
Ando muito nervosa por esses dias. Xingando 500 nomes pro Malfoy, e o olhar do Harry que me deixa nervosa. Concentre-se garota!
- Bem, acontece que como vocês sabem sou monitora-chefe
- É, sem mais ajuda nos trabalhos.
- Que bom que você fica feliz por mim Rony.
- Deixa ela continuar e pára de enrolar Mi.
- Okay, okay. Bem, então como vocês estão carecas de saber os monitores-chefe tem um quarto só para eles e dividem um salão aos pares.
- E aonde isso chega na Doninha?
- Chega quando ele divide comigo. Estou indo rapazes. McGonagall ta me chamando.
E corri, nossa como corri.


"As Novidades Nunca Acabam"


Não vou dizer que to orgulhosa da atitude que tive com meus amigos, mas que eu ia fazer? Ficar lá e implorar “me estuporem?” Não ne! Tenho amor a minha vida, e sabendo que qualquer coisa relacionada aquele garoto dá problema, fugir foi a única coisa que consegui pensar em fazer, mesmo não sendo uma atitude grifinória.
Mas sabe não posso dizer que não entendo os meninos, a gente cresce odiando uma pessoa e do nada se vê dividindo um lugar com esse ser. Sorte dele que eu sou muito bem preparada, porque se aquele pseudocomensal tenta qualquer coisa eu digo a senha daqui na hora pros meninos (o que é quebrar mais uma regra?) e eles descem a porrada nele.
Bem pelo menos nesses primeiros três dias dividindo aqui quase não nos esbarramos, mas pude chegar a duas conclusões muito fortes. Primeira, ele não sente frio! Nunca sai do banheiro vestido, tem que ta sempre de toalhinha, garoto nojento. Segunda, ele se acha muito gostoso, o jeito que ele anda, que joga o cabelo pro lado, que me olha quando estou no caminho. Ai que vontade de voar no pescoço dele.
Bem, e com os meninos as coisas também não andam muito bem sabe. Eles meio que acham que eu corro perigo com o Malfoy ali. Como se eu não soubesse me cuidar sozinha! Odeio quando eles fazem isso!
- Sério Mi, a gente fica preocupada com você lá sozinha. – disse um Harry insistente na hora do café
- E nem é coisa só nossa. A casa inteira ta apostando em quem vai ser o primeiro a enfeitiçar quem.
- Espero que vocês pelo menos tenham apostado em mim.
- Para de deboche cara, você sabe que ele é perigoso.
- E ele conhece muito bem o perigo chamado meu soco, então relaxem. Não corro perigo nenhum. Além do mais a gente nunca se vê.
- Hermione, você pode vir aqui. – ai que a Lilá quer agora? Deve ser ajuda em algum trabalho.
E lá fui eu. O que aquelas garotas queriam agora? E pra Gina ta no meio coisa boa não devia ser? Não devia ser coisa de matéria. Provavelmente alguma fofoquinha tosca.
- Oi Lilá. Gina, Parvati.
- Mi, a gente pode te perguntar uma coisa? – “Mi” algo essa garota quer.
- Fale Lilá. Sou toda ouvidos.
- É verdade que o Draco sai do banho de toalhinha?
Pára tudo! Eu não escutei isso!
- E ele realmente tem o pé bonito?
Isso lá é coisa que se pergunte?
- E o cheiro? É bom assim todo dia? Até antes de dormir?
- Vem cá, vocês acham que eu não tenho nada melhor pra fazer senão ficar cheirando e olhando pés de Draco Malfoy. Deixa o Rony ouvir você falar essas cosias Gina!
- Ah para ne Mi. Não tem como não reparar. Qualquer garota estaria morrendo pra estar no seu lugar. Ele ficou muito mais gato, que até o Harry.
- E olha que o Harry é elite!
Mereço esses comentários mesmo. Grifinórias taradas! Hormônios, ah hormônios!
Pés do Malfoy vê se isso é coisa que se repare em alguém. Se bem que se elas tivessem dito costas talvez eu até pudesse ajudar, mas pés. Ai que raiva. Qual problema de uma pessoa sair do banheiro de roupas? Eu não saio de toalha.
- Está atrasada Srta. Granger.
- Desculpa Prof. McGonagall.
- Hoje voltaremos a estudar os animagos.
- Mi, você ta bem? – perguntou um Rony preocupado – ta com uma carinha. Foi o Malfoy que fez alguma coisa?
- Não Rony, ele não fez nada. Presta atenção na aula vai.
Senti os olhos do Harry me fuzilarem, odeio não saber mentir!
- Então eu quero para semana que vem 1 metro de meio de pergaminhos contendo tudo que vocês sabem e possam encontrar sobre animagos. Até a próxima aula. – todos começaram a se levantar – Srta. Granger, Sr. Malfoy, esperem um minuto por favor.
- Vão indo, encontro com vocês no almoço. Vão.
- Bem, eu já falei com os outros dois monitores-chefe. Vocês além de todas suas funções têm por costume organizar a formatura de vocês. Então recomendo que marquem logo uma primeira reunião com os outros dois e comecem a se organizar. Podem ir.
Ah ótimo, mais tempo com aquele imprestável. Ainda deve ter um péssimo gosto. To começando a achar que seria melhor seguir o conselho dos meninos e voltar à Grifinória.
- O que a Minerva queria?
- Falar sobre a formatura e tal.
- E?
- Ah, é que os monitores-chefe que organizam e tal, ela só queria lembrar a gente.
O resto do nosso dia foi uma paz. Passamos jogando, ou melhor, os dois passaram jogando enquanto eu comecei minha pesquisa sobre os animagos. Mas claro só consegui nos primeiros 40 minutos, depois eles tentaram me jogar no lago pra lavar minha alma do Malfoy. Esses garotos estão surtando.


"Nem Sempre é a Que Fica"


Não foi difícil reparar a primeira dificuldade do Malfoy. Pros que acham ele perfeito, vi que ele tem o mais banal dos problemas. Transfiguração. Ele além de não conseguir fazer as transformações direito, não consegue evoluir no trabalho sobre animagos. O que ta me deixando angustiada. Não que ele mereça ajuda, mas é que eu fico me coçando quando as pessoas não sabem fazer as coisas, não sei não ajudar. Não sei não ajudar, não sei mentir, sou uma fraca.
Mas não sou eu que vou oferecer ajuda. Não pra ele. Mas sabe que realmente me incomoda? O silencio. Lá na sala comunal eu reclamava que as pessoas me atrapalhavam e tal, mas aqui o que me atrapalha é esse seboso bufando porque é um incompetente transfigurando.
- É... Malfoy.
Ele simplesmente se mexeu. Nem olhou pra minha cara.
- Malfoy?
Novamente fui ignorada. Odeio isso!
- Você está me ouvindo?
Novamente. Mais que filho da puta.
- Você quer que eu te dê outro soco?
Ele me olhou. Ah agora sim.
- Como a Prof. McGonagall avisou, nós temos que nos reunir pra começar a organizar a formatura.
- Não me reúno com sangue-ruim.
- E eu não controlo meus socos por muito tempo, então você deixe de ser mal-educado. Pra mim também não é nem um pouco legal ter que dividir esse merda com você, mas não tem jeito. Então, acostume-se.
- Nossa, a dentuça solta o verbo.
- Ex-dentuça, graças a você doninha.
- Mas infelizmente não posso pensar nessas coisas agora. Como você pode ver estou me matando pra conseguir entender esses animagos malditos.
- Você quer ajuda? – merda porque eu não consigo ficar de boca fechada?
- Ajuda? Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. Ajuda de você? Prefiro reprovar.
- Bem, só pensei que...
- EU NÃO PRECISO DA SUA AJUDA!
- Ta bom, não está mais aqui quem falou.
Voltei pra mesa decidida a não dar mais uma palavra com aquela doninha loira, que se não lavar o cabelo um dia vira o gêmeo loiro do Snape. Odeio isso, eu tento ser simpática, ser legal, pra levar um grito? Quem ele pensa que é. Acabei de escrever, medi meus 1 metro e meio perfeitos, enrolei meu pergaminho com graciosidade e comecei a sair da sala.
- Boa Noite. – não posso deixar de ser educada ne
- É... Granger.
- Pois não?
- Será que você tinha como... É... Marcar a reunião? Porque eu não vou ter tempo. Tenho mais 3 dias pra terminar isso.
- Posso sim. – virei de costas e comecei a subir.
- Boa noite. – 1x0 eu!
Tive um sono agitado sabe, não conseguia pegar no sono de jeito nenhum, resolvi descer pra beber uma água, espairecer a mente, qualquer coisa. Tava tudo aceso. Aquele filho da mãe tinha deixado tudo ligado de novo. Quando eu olhei, ele tava lá ainda, dormindo com os livros, ah se eu tivesse uma câmera pra registrar isso. Ele estava lindo, parecia um anjo, pelo visto todas as meninas do colégio tinham razão. Draco Malfoy arrasa! Não resisti, tive que ir ver os pés (maldita Lilá).
- Que você pensa que está fazendo Granger?
- Ah... Eu... É... Deixei...
- Dá pra falar que nem gente. Não imaginei que você gaguejasse comigo que nem essas garotinhas. – e o sorriso de canto – Ih, ela corou!
- Eu tava procurando minha pena, acordei achando que tinha esquecido algo e não achei minha pena no quarto.
- Ah claro, sua pena ne!
- É minha pena, e não te devo satisfações de nada.
- Se você diz eu finjo que acredito.
- Escuta aqui Malfoy...
- Abaixa a mão, por favor, fala, sem encostar.
- Não vou discutir com você, só peço que você pare de dormir na sala...
- Porque senão você não resiste e vem me agarrar?
- É! Não! Porque a luz me incomoda! Boa Noite.
- Ah Granger, posso te pedir uma coisa?
- Não acha que está pedindo demais não?
- Acho, mas não tenho a quem recorrer então você serve.
- Mais respeito Malfoy, mais respeito!
- Você tem como me ajudar no trabalho da McGonagall?
Preciso nem dizer que pasmei né? Um Malfoy pedindo ajuda pra uma Grifinória sangue-ruim...
- Ajudo. – 2x0 pra mim!
- E tem com ser agora? To meio sem sono.
- Pode né. – sorte dele que eu to sem sono – só espera um minuto, fui na cozinha beber uma água e voltei.
Após 2 horas de trabalho estava literalmente cansada.
- Posso pedir uma coisa? – não resisti tive que pedir
- Pode ne, já que você ta me ajudando.
- Deixa eu ver seu pé?
- Sabia!Sabia que você não tava procurando pena nenhuma!
- Ah Malfoy não fode ne!
- Hermione você é uma comedia sabia?
- O que?
- O que o que?
- De que você me chamou?
- De nada!
- Chamou sim – não me agüentei, tive que rir.
- Claro que não chamei.
- Chamou sim, me chamou de Hermione.
- Ta chamei. Você está me ajudando, queria que eu ficasse te xingando?
- Estou em choque ainda.
- Quer que eu te xingue?
- Por que não fazemos o seguinte. Aqui, onde ninguém nos vê, mantemos um contato cordial?
- Mas lá fora posso te xingar e você vai continuar me ajudando aqui?
- Desde que você não apele.
- Feito.
E apertamos as mãos. Aperto firme, mão de homem.
- Boa Noite Hermione. – e sumiu de vista
- Boa noite – gritei, entrei no meu quarto e fechei a porta – realmente ele cheira bem – murmurei antes de dormir.


"A Mentirosa"


Naquele café da manhã parecia que todos sentiam no ar que tinha alguma coisa de diferente. Eles bateram boca o tempo todo enquanto se arrumavam. Ela porque queria ver o pé dele, ele porque tinha vergonha do pé e não ia mostrar de jeito nenhum, ela porque queria que ele saísse vestido do banheiro, ele porque dizia que ia sair pelado se ela continuasse reclamando.
- Gina! – gritei quando vi os cabelos esvoaçantes da ruiva
-Ela veio em disparada, Rony esticou o pescoço e Harry mais uma vez me fuzilou.
- Ele é cheiroso e só anda de toalhinha, quanto ao pé ainda não consegui descobrir, se você contar isso pra alguém é sua morte, agora vai.
Gina se jogou pra traz de tanto prazer! Harry não parava de me olhar.
- Aconteceu alguma coisa Harry?
- Não, não. Estou achando você tão bem disposta hoje.
- Enfeitiçou o Malfoy por acaso.
- Ai vocês dois hein, não tem outro assunto? Nós mal nos vemos lá podem ter certeza. – primeira mentira, será que nessa eles acreditam?
- O papo ta muito bom, mas eu tenho que passar a biblioteca ainda. Te mais pra vocês.
- O Rony na biblioteca? Ai tem. – Harry simplesmente riu. – Que vocês tão me escondendo hein? Não é porque não fico mais no salão com vocês que não sou mais amiga de vocês.
- Vamos dar uma volta Mi. Hoje é final de semana. E não vem com papo de que tem trabalho pra fazer porque duvido que você naquela sala silenciosa não tenha acabado tudo ainda.
Era verdade, tinha feito tudo, mas ainda tinha alguém pra ajudar, o cheiroso.
- Ta Harry, mas rapidinho porque eu tenho uns relatórios pra fazer e tenho que me encontrar com a comissão da formatura. – segunda mentira do dia, esse chei... Malfoy não ta me fazendo bem.
- Ta bom Mi, vamos só conversar um pouco, tanto tempo que a gente não faz isso.
Nossa aquela cabeça deitada no meu colo, aqueles olhos verdes me filmando, eu não conseguia simplesmente me levantar e ir embora. Não senti o tempo passar, mexia no cabelo dele, ele ria, era tudo tão bom. Como se o tempo não passasse, mas quando me dei conta, já tinha passado e muito.
- Já ta tarde Harry, a comissão, tenho que ir.
E sai que nem uma louca. Encontrei um Malfoy p da vida no caminho.
- A reunião está atrasada por sua causa Granger.
Senti um desprezo na voz dele que eu nunca tinha sentido, olhei em volta e não tinha ninguém perto. Chegamos na sala e pronto.
- Onde você estava?
- E desde quando eu devo satisfações da minha pra você, Malfoy?
- Desde quando você não cumpri sua palavra Hermione?
2x1, merda!
- E desde quando você me chama de Hermione?
- Quanto tempo vai durar essa brincadeira de perguntas sem resposta? E desde ontem, caso você não se lembre.
2x2, merda! Odeio esse garoto.
- Cadê o pessoal da comissão?
- Foram embora, falaram que tem mais o que fazer, pra você se virar. Mas como eu sou uma pessoa muito legal vou te ajudar. Afinal tenho um excelente gosto.
- Pena que não se reflita nas mulheres que você pega.
- Que?
- Nada. E se trabalho?
- Bem acho que depois de esperar por 3horas tenho o direito de perguntar primeiro. Onde você estava que se atrasou tanto pra me ajudar?
- Tava com o Harry?
- Ah, mas você só pode estar de sacanagem! Perdeu dois compromissos importantes por causa do cicatriz!
- Não fale assim do meu...
- Namorado?
- Não, do meu amigo. Quase não vejo mais eles, normal perde a noção do tempo enquanto estou com eles.
- Eles? Então o pobre também estava?
- Não fala assim.
- Okay. O Weasley estava?
- Estava. – Deus porque estou mentindo pra ele?
- Sei...
E mais uma mentira, da-lhe Hermione, a rainha das mentirosas.


"A Reviravolta"


Fomos noite adentro, mas terminamos o trabalho e começamos o planejamento da formatura, graça as minhas mentiras, agora éramos só nós dois. Trabalho em dobro.
Com o passar das semanas ficava cada vez mais difícil deixar minha sala nos tempos livres, quase não via mais os meninos e de certa forma não estava sentindo falta, o Draco me proporcionava coisas que nunca tinha sentido antes.
A festa estava evoluindo com tudo e seria a melhor festa de todos os tempos. Três bandas, comida e bebida a vontade, a pista no jardim, decoração top de linha e só entra do 5° ano em frente.
Estávamos quase no Natal quando foi dado o anuncio, logicamente alunos mais novos poderiam ir se convidados, mas isso causou certa revolta nos pequenos.
Marquei de encontrar os meninos no jardim, passamos horas conversando. Nossa como eu estava com saudade deles. Rony estava namorando mais uma vez a tarada Lilá. Harry estava diferente, mas não conseguia dizer o que era.
Depois de 4 horas de papo Rony saiu em disparada encontrar a namorada pra almoçar, permaneci com Harry na sombra das árvores, era como se ele soubesse que tinha acontecido algo, que algo estava mudando na minha cabeça, que o Malfoy não era mais aquela Doninha, não para mim.
- Mi.
- Oi?
- To com saudades de você.
- Ah que amigo carente, eu to aqui ué.
- Você sabe que não estou falando disso. Todo tempo livre que você tem você ta trancada naquele quarto, eu não gosto de ver você tanto tempo lá com aquele garoto.
- Ah Harry, de novo esse assunto não vai. Ele não me oferece perigo.
- Pode oferecer mais do que você imagina.
- O que você está querendo dizer com isso?
- Nada.
- Pode começar a falar eu não estou brincando.
- Isso que eu quero dizer, essa não é a Mione que eu conheço, essa é uma “Pansy” da vida e não você.
- Você não poderia ter me ofendido mais.
- É serio Mi, não gosto de você esse tempo todo lá.
- Nem eu gosto Harry, sinto sua falta sabe.
E antes que eu piscasse estávamos nos beijando. Era isso que tinha de diferente e eu não fui capaz de perceber. Ele estava com ciúmes, ele me queria. Foi a melhor sensação do mundo, dava de mil no Krum. Sempre soube que a Cho tinha se dado bem, e aquela vaca burra desperdiçou.
- Harry, eu tenho que ir.
- Já?
- Já passou o toque de recolher, eu sou monitora-chefe, tenho que dar exemplo.
- Okay, mas eu te levo até seu quarto.
- Ta bom, mas vamos logo.
Estávamos nos beijando na entrada da sala dos monitores quando.
- Eu te amo e não queria você aqui.
Como assim? Estou com problemas mentais? Escutando mal? Jesus! Ele me ama?
- Namora comigo Mi?
- Rá, mas que cena linda! – aquela voz seca que a tanto não me assustava mais.
- Cala a boca Malfoy. Porque ainda está do lado de fora?
- Pelo mesmo motivo que você.
É nem foi legal, incomodou.
- Vá Harry, já esta tarde.
- Você não me respondeu.
- É Granger, você não respondeu a ele.
- Claro que eu quero. – Dei um selinho nele e entrei, Draco entrou logo após. Foi direto pro seu quarto, não deu nem meia palavra comigo.
Mas não era pra me sentir mal, estava namorando de acordo com as meninas “a elite” do colégio.
Ah ótimo! Agora estou me sentindo culpada. Era pra estar dando pulinhos de felicidades, tendo sonhos maravilhosos, mas nem isso consigo, por que? Porque aquele loiro conseguiu me irritar, sem dizer uma palavra. Acho que isso é a pior parte.
- Granger? – ele veio entrando de mansinho
- Hermione Draco, Hermione. Aqui você não precisa fingir que não nos damos bem, esqueceu?
- Posso sentar? – ele sentou na cama do meu lado
- Que você quer Draco?
- Conversar.
- Mas não poderia ser outra hora? – olhei pra ele. Nunca tinha reparado como eram cinzas aqueles olhos. Com brilhavam e como eram profundos, eles hipnotizavam.
- Você gosta do Potter?
- De quem? Ah do Harry. Claro que gosto, ele é meu amigo há anos.
- Não, ser amigo não basta, você gosta pra namorar? Sei lá, sei que não sou nada seu.
- Você é meu amigo Draco.
- Ah brigadão. Agora não sei o que dizer.
- Continua dizendo o que você tava falando.
- Não, deixa pra lá.
- Tem certeza?
- Tenho. Posso dormir aqui? Juro que não te agarro. Não quero o santo me atacando pelos corredores, mas só não quero ficar sozinho.
- Medo de escuro é?
- Não idiota! Só não quero ficar sozinho.
- Você vai pra casa no natal Draco?
- Vou e você?
- Vou pra toca. Casa do Rony.
- Ah ta. Posso mandar seu presente pra lá?
E assim foi, num rítimo de conversas bobas e muitos risos que adormecemos.
Os dias que seguiram quase não via mais o Draco, era como se ele tivesse evaporado do colégio. Pelos relatórios dos monitores Hermione ficou sabendo que os sonserinos estavam fazendo suas festas de despedidas, então era lá que o Draco devia estar.


"De Volta a Toca"


Acordei aquele dia certa de que encontraria um loiro maravilhoso dormindo ao meu lado, sem maldade nenhuma, é porque realmente lembrava de dormir com ele fazendo carinho na minha cabeça, mas ele simplesmente não estava mais. Desci, ele não estava na sala, nem na cozinha, tão pouco no banheiro.
- Não é possível que ele já tenha ido... No quarto.
Ai Deus estou entrando no lugar mais perigoso do mundo, o quarto de um Malfoy e novamente ele não estava lá. Já deve ter ido, garoto ingrato, nem pra se despedir.
Enquanto descia só uma coisa me vinha a cabeça, era como se alguém tivesse falado isso a noite toda pra mim e eu não conseguia esquecer.
“Quando a saudade apertar, apenas sorria”. E assim eu sorri, pode ser uma coisa boba, mas eu não conseguia não sorrir quando pensava nisso e eu apenas não conseguia não pensar.
A viagem pra Toca foi muito agradável, percebi que em quatro meses eu tinha perdido muitas coisas não estando mais na sala comunal sempre. O Rony deixou Lilá um pouco pra ficar comigo e com o Harry, nossa eram tantas fofocas. Gina tinha arrumado um namorado, depois outro e mais outro, estava, isso mesmo minha gente, no 3 namorado. Eu simplesmente me incomodava com o fato dela estar chamando atenção demais, não que não confie no Harry, mas me incomoda.
Novamente dividi quarto com a Gina, e acho que a Molly estava muito preocupada em me deixar bem longe do Harry o tempo que ela conseguisse, como se eu fosse atacá-lo ou coisa do gênero.
O dia que eu mais esperava que chegasse (não sei porque) chegou sem que eu nem reparasse, o dia de ir as compras no Beco. Foi mais forte que eu, não consegui parar de sorrir, estava com saudades, mas não era capaz de dizer do que exatamente. Provavelmente da escola.
- Vamos na loja dos meninos? – sugeriu Rony
- Vamos! – e harry me puxava pelas ruas, como se não quisesse me deixar a mostar, que saco.
Fred e Jorge estavam diferente, não sei se eram as roupas escandalosas, ou o trato que eles tinham agora, mas eles estavam mais homens. Concentre-se garota, você tem namorado. Que estava num papo animadíssimo com a Gina, e eu nem me importava. Sem que eu percebesse disse que ia na floreios rapidinho comprar uns presentes e me mandei.
Andei uns 10 minutos sem rumo, sem saber o que queria comprar, ou sem saber pra quem tinha que comprar presentes. Fui lógica, Novas luvas pro Rony, um novo livro sobra manobras pro Harry (talvez assim ele treinasse mais e eu pudesse estudar. Pelo amor de Deus você está falando do seu namorado) e continuei meu passeio, tomei um sorvete estava indo agora realmente pra Floreios quando finalmente encontrei o que eu procurava, aqueles olhos cinzas.
Foi instinto, não tem outra explicação. Apenas o olhei e o segui, entramos num beco, ele estava de costas, com aquela postura reta, e eu apenas sorria.
- Sabia que você estava com saudade.
- Que?
- Ué Hermione, pensei que você fosse mais inteligente. “Quando a saudade apertar, apenas sorria”.
- Ah e você acha que apenas sorrio porque estou com saudades?
- Ah então você está com saudades?
Nossa como eu estava com saudades.
- Draco, eu tenho que ir, os garotos vão começar a me procurar e não vai ser nada legal me acharem num beco com você.
- Seu namorado não iria gostar ne?
Debochado de uma figa!
- Exato. Tchau Draco. Até a escola.
Controlei meus passos, não podia sair correndo, mas não podia andar devagar.
- Vou mandar seu presente hein...
Continuei a andar sem nem olhar pra trás. Ótimo, tinha que agora comprar um presente pra ele. Mas assim mesmo, eu estava leve.
- Mione onde você estava?
- Comprando Rony, comprando.
- Nós te procuramos na Floreios e você não estava lá. – disse um Harry caçando minha mão.
- Porque tive que comprar coisas em outros lugares. Ah gente estou viva e estou aqui, dá pra relaxar?
- Falta algum presente?
- Falta sim, mas ainda não sei o que comprar.
- É pra quem? – rony curioso nojento! – Assim a gente pode ajudar.
- Não tem graça, se for de vocês, vocês vão ficar sabendo.
- Okay amor, a gente pode ir junto pelo menos?
Pára tudo. Amor?
- Claro que podem ne!
Tomamos mais um sorvete, rimos muito, era como nos velhos tempos. A única diferença é que nos velhos tempos eu não virava a ver qualquer cabeça loira com mais de 1,80m. Esse estava sendo disparado o melhor dia das férias, mas eu ainda tinha que comprar um presente e nem podia pedir ajuda pros meninos. Pensei em livros, mas não via nada. Artigos de quadribol, mas os meninos suspeitariam se não fosse pra eles. Roupas... Esse garoto deve te tudo, o que dar pra ele? Opa, sem pensar maldade!
Os meninos já tinham me convencido que eu não acharia nada, estávamos já a caminho do Caldeirão pra irmos embora, quando me veio a luz.
- Esperem aqui, eu volto rapidinho.
Harry hesitou em soltar minha mão, mas eu sai tão depressa que ele não teve como me impedir. Voltei 15 minutos depois cheia de sacolas.
Passei os dois dias seguintes no jardim com o caldeirão fervendo e os garotos enchendo o saco pra saber de quem e pra que era aquilo.
- Nossa Mi, que cheiro bom. Ta fazendo perfume?
- Gina, cala essa boca. Não fala nada disso perto dos garotos que eles tão quase vendendo a alma pra saber que eu to fazendo.
- É pro Malfoy não é?
- Que?
- Eu vi ele saindo de um beco pouco depois que os meninos te encontraram. Eu não sou idiota Hermione.
- É pra ele.
- Vocês estão juntos?
- Não! Eu estou com Harry, você sabe disso, eu seria incapaz...
- Mas você pensa nele não pensa?
- Não. Eu sorrio.
- Que?
- Nada Gina, nada. Quer me ajudar?
- Claro! Não agüento mais aqueles dois.
Passamos o resto da tarde fazendo o presente do Draco. Conjurei uma caixa preta, grande, sem brilho, sem nada, simples, mas linda. No coloquei uma toalha, cinza, macia. Por cima todas as outras coisas que tinha passado o dia fazendo.


"O Natal"


Como sempre na Toca, o dia de Natal foi àquela correria. A família toda reunida, todos os presentes na sala e a melhor bagunça pra tocá-los e abrir. Cedo pedi a coruja do Harry pra despachar o presente do Draco.
- Anda Rony, abre logo o meu presente vai.
- Caraca Mi, arrasou! Luvas novas! Tava precisando! Abre o seu.
- Ai Rony, brigada! – era um livro sobre transfiguração avançada que estava esgotado quando eu fui procurar no inicio do ano letivo. – Você lembrou! Muito obrigada mesmo.
- Abre o meu Mi! – Harry me meu um cordão dourado, lindo, todo trabalhado e um cartão que eu achei melhor ler quando estivesse sozinha. Ele adorou o livro de manobras.
Quando voltei ao meu quarto tinha uma coruja em cima da cama, assim que desamarrei o pacote a coruja foi embora. Eu já sabia de quem era. Quando peguei o embrulho Gina entrou no quarto.
- Se for do Malfoy aproveita agora que o Harry foi treinar as novas manobras.
- Ai deu certo então.
- Deu certo?
- É Gina, comprei esse livro pra ele ficar treinando e eu ter paz.
- Mione desculpa, mas não acho que esse é o pensamento que uma namorada tem que ter. Tudo que você tem que querer é ficar perto dele e não ao contrario.
- Tudo foi tão rápido Gina, não me sinto namorada dele sabe.
- Okay Mi, mas toma cuidado pra não machucar ninguém e nem sair machucada. Vai abre logo o presente.
Tinha um pergaminho, escrito com aquela letra caprichosa que eu conhecia tão bem, mas há tão pouco tempo.
“Feliz Natal,
espero que esteja aproveitando bem ai.
Se não gostar do presente, sinto muito, não tem troca.
Draco Malfoy”
- Ele é maluco?
- Não Gina, é dele, eu entendo.
- Realmente não te faz bem ficar muito perto dele.
- Ah você também não ne!
- Ué, você gosta dele, muito simples.
- Não viaja Gina. Deixa-me abrir o presente vai.
- Um livro? Eu esperava mais dele.
- Mas não tem nada escrito. Mas não é um diário. Garoto estanho.
- Tem um envelope aqui. Um pingente Mi! Que lindo!
Atrevida, como que ela vê o presente antes de mim.
Tenho que dizer que ele tem bom gosto. Era um anel prateado, parecia uma aliança. Mas não tinha explicação nenhuma sobre aquele anel, mas tinha uma coisa escrita.
“VVV”
- “vvv”? Você entende isso?
- Não faço a menor idéia Gina. Vou ter que esperar voltar às aulas e perguntar.
- Mas você não pode andar com uma aliança, o Harry vai surtar.
- Eu sei, vou tomar banho pra gente ir comer.
Botei um vestidinho branco, tava sem saco pra me arrumar, coloquei o cordão do Harry e pendurei nele o anel do Draco, me senti traindo o Harry, mas eu tinha que desvendar aquele “vvv”, ele sabia que eu ia pensar nisso.
A ceia foi ótima, mas o Harry não parecia muito satisfeito com a minha distração pelo anel.
- Mi, vem aqui, por favor.
Andamos até perto do portão já que todos estavam pelo quintal.
- Quem te deu esse anel? Foi o Malfoy não foi?
- Não começa de novo Harry.
- Foi ele não foi?
- Harry, por favor, não vamos começar com essa implicância de novo.
- Eu não vou ser feito de idiota Hermione!
- E quem está te fazendo de idiota? Eu sempre te respeitei, nunca te trai, nunca!
- Considero uma traição você estar comigo pensando em outro.
- Mas eu não penso em ninguém Harry, estou com você. Não vejo necessidade de você ficar fazendo isso.
- Quem te deu esse anel?
- Ninguém Harry, eu já tinha.
- Quem te deu esse anel? Foi o Malfoy não foi?
Ele me apertava o braço.
- Harry, você está me machucando, me solta.
- Foi ele não foi?
- Para de meter o Draco nos nossos problemas! Me solta!
- O Draco? Eu sabia! Você está com ele também não esta? Não está? Fala a verdade Hermione!
- Não Harry não estou.
- Não mente pra mim. – algumas pessoas que ainda estavam no jardim começaram a olhar.
- Para de gritar Harry, eu não estou gritando com você.
- Nós somos amigos Hermione, não estraga isso.
- Você que está estragando Harry, eu nunca tive nada com o Dra...
- Para de chamar ele assim!
- Não consigo Harry, não consigo. Nós somos amigos, nós dividimos os mesmos aposentos há quatro meses, nós aprendemos a conviver e nos damos bem. Sem maldade, ele me ajuda, me aconselha, eu o ajudo também.
- Você faz noção do que está falando? Você amiga do garoto de te azucrina há 6 anos! Do garoto que fez seus dentes crescerem, do garoto que te chama de sangue-ruim... do garoto que sempre tentou destruir nossas vidas.
- Pára Harry, você não sabe do que está falando. Você não o conhece pra falar essas coisas. Ele não é desse jeito.
- Eu quero terminar Hermione.
- Que?
- Não quero perder sua amizade, mas assim não vai dar. Eu te amo e sempre vou amar, mas acho que talvez tenhamos misturado as coisas, é melhor parar aqui.
- Harry...
- Não fala nada Mi, assim ta bom.
Eu simplesmente não tive o que dizer, nos abraçamos e assim voltamos pra dentro.


"Os Últimos Seis Meses"


Agora estávamos indo em direção aos nossos últimos 6 meses de aula. O trem nunca esteve tão bom. Novamente solteira, Harry e Rony nunca foram tão boa companhia. Me senti novamente mais nova, brincando, conversando, rindo sem preocupação. O cordão do Harry continuava no meu pescoço junto com o anel do Draco.
Não sai da cabine durante a viagem, fui exclusividade dos meninos, pelo menos ali né, já que no castelo, nós quase não conseguimos nos ver! É tão bom poder ficar despreocupada, ali ouvindo aquelas besteiras, rindo de coisas que aconteceram há tempos... Mas estou com um pressentimento que logo a Gina vai trocar de namorado, ainda acho que o Harry olha pra ela diferente.
Assim que chegamos me despedi dos meninos e fui deixar conferir se meu quarto estava inteiro, na verdade queria ver se o Draco tinha gostado do presente, mas prometi aos meninos que daria uma passada na sala comunal antes de ir dormir.
Lá tava tudo vazio, imaginei que o Draco ainda não tivesse chegado, tava tudo muito quieto e arrumado (ele tinha uma mania chata de deixar os sapatos pelo caminho, mas nunca as meias, acho que é pra eu não ver os pés dele).
- Mas que merda é essa? Posso saber o que você pensa que está fazendo na minha cama?
- Tava te esperando Mi.
- Para?
- Uma explicação. Ah gostou do pingente ne?
- Gostei, muito obrigada. E você gostou do seu presente? Deu muito trabalho escolher algo pra você.
- Bem, eu não entendi muito bem qual foi do seu presente.
- Pensei que você fosse mais inteligente Sr. Malfoy.
- Essa frase é minha.
- Mas não force muito sua mente, eu explico. A toalha é pra você poder revezar né, já que você gosta tanto de desfilar por ai de toalha...
- Quer que eu desfile pelado?
- Não, obrigada. O primeiro vidro é um perfume e o segundo é um creme pro seu pé.
- E não tem explicação pra isso?
- Como assim? Explicação?
- Ué! A toalha teve uma explicação, e o resto?
- O creme é porque eu nunca posso ver seus pés, quem sabe assim se você resolver usar fique descalço e eu consiga ver. E o perfume é porque você está sempre muito cheiroso, presumi que você goste de perfumes.
- Ah eu sou cheiroso? – ele praticamente se jogou em cima de mim. – Quer dizer que você gosta do meu cheiro? – que ele esta fazendo com o pescoço no meu nariz? – Ai desculpa, seu namorado pode não gostar de te ver nessa posição. Mil perdões!
- Muito engraçado você, muito engraçado. Pra sua informação eu não namoro mais.
- Okay Hermione, estou indo dormir, até amanha.
Os meses passavam muito rápidos, eu estava começando a me irritar em ouvir “Granger” pelos corredores e “Mi” no dormitório, parecia que eu não estava sendo correta comigo. Os preparativos pra formatura estão indo de vento e popa. Só faltava uma coisinha, melhor, duas. Meu vestido e meu par.
Eu sabia que se quisesse o Harry seria meu par, mas algo me dizia que eu devia esperar. E esperei, esperei na realidade até três dias antes do baile. TRÊS. E não aceitei convite de ninguém, não sei porque, mas não tinha parado pra pensar ainda que seria muito feio pra organizadora da formatura ir sozinha.
Estava muito cansada, ultimas provas, detalhes finais. Tudo que eu queria era deitar e esquecer do mundo, mas... isso não foi possível. Estava mais uma vez Draco Malfoy na minha cama.
- Você ta pensando em trocar de quarto é? Porque não sai desse. Vou logo te avisando, tarde demais, o ano está acabando.
- Não minha querida, não. Só vim ver se você quer ir ao baile comigo, já to indo.
- Ta quero sim.
- Então ta, vou lá hidratar meus pés.
- Você é um ridículo, some daqui garoto!
E simples assim arrumei um par, não um qualquer, mas o que no fundo eu queria. Me joguei na cama.
- Esse com certeza foi o melhor ano de todos.
Em cima da minha bancada tinha uma caixa, enorme.
- Mas que porra é essa?
Era um vestido. Não, era O vestido. Esse garoto realmente sabe escolher. Era um vestido longo, o tecido tão fininho, com um brilho leve. Num verde escuro quase preto, a fenda até o meio da coxa, na frente um decote reto e atrás um decote cavadissimo. Junto, uma sandália prata de tiras muito finas e jóias combinando, todas prata. Fui agradecer né!
- Draco – disse entrando no quarto dele – ai desculpa. – sai correndo. É, ele estava pelado.
- Volta aqui garota, já me vesti.
- Você não ta mentindo não ne?
- Não porra, entra logo.
- Desculpa, não sabia que você estava... se arrumando.
- Ah Hermione, parece até que nunca viu. – corei – Nunca viu? Ah, mas o Pottinho é muito fraco mesmo.
- Para Draco. Só vim pra agradecer mesmo e dizer que você é um filho da mãe.
- Você ta de sacanagem ne? Eu gasto uma nota com você e você me xinga!
- Eu não sou burra, você comprou as coisas pra eu ir de sonserina.
- Ah! É isso? Eu crente que era uma coisa seria! Eu juro que não foi de propósito, pensei que a cor te favorecia, só isso.
- Okay, senhor coração puro. Vou acreditar na sua boa intenção.
Fui me deitar, eu tinha O par, O vestido e estava rumo A festa. Não tinha como não ser a melhor noite da minha vida.


"A Festa"


Acordei mais tarde aquele dia, o Draco não estava mais lá, devia ter saído pra não me atrapalhar. Me vesti e fui dar uma conferida nos últimos preparativos no jardim. Estava tudo lindo.
Havia um toldo transparente, com um palco em baixo (ali ficariam as bandas), ao longo da floresta foram postas grades iluminadas pra nenhum bêbado entrar lá sem querer, varias mesas e mesinhas estavam postas pelo jardim, mesinhas duplas perto das arvores, pra deixar um clima no ar. Havia pequenos chafariz, próximo das mesas e quatro mesas enormes em cada ponta pro buffet.
É estava tudo pronto, só faltava começar a me arrumar. O salão na hora do almoço o assunto era somente a festa, todos curiosos pra saber como estava o jardim, já que todos estavam proibidos de passar para lá antes da festa. Mas com todos os preparativos eu tinha esquecido de uma coisa. O discurso. Boa garota. Será que o Draco fez algo? Mas esse garoto sumiu.
Já eram 17horas, eu tinha que correr no sentido literal da coisa ou não ficaria pronta a tempo. Tomei meu banho e nada de Draco, ah se ele me deixasse na mão. Fui pro meu quaro comecei a me arrumar, fiz cachos largos e soltei com os dedos, ficou lindo, bem natural. Quando acabei de passar meus hidratantes já eram 19horas, a festa começava as 21 e ainda tinha que chegar lá antes dos alunos. Coloquei um brinco comprido, o cordão fininho que draco me deu e pendurei o “anel” nele, se sumisse atrás do vestido eu iria sem. Uma pulseira fininha e apenas um anel, que ganhei dos meus pais. Pra não ficar muito pesado. Como podia, aquele garoto realmente entendia das coisas, eu fiquei um arraso! Modéstia parte.
Desci e fui pra porta de entrada, nada o Draco. 21horas, as portas foram abertas e nada dele, comecei a pensar se realmente ele seria um Malfoy no nosso ultimo dia. Resolvi que esperar ali não adiantaria nada. Uma hora depois a festa estava um sucesso, todos pareciam se divertir, menos eu. Mais uma vez estava certa, Harry e Gina foram juntos.
- Por favor, organizadores da festa venham aqui fazer o discurso.
Ah ótimo, além de não ter discurso vou ter que passar sozinha.
- Anda Granger, acha que a festa vai parar por sua causa?
Ele estava ali, em cima do palco, lindo. De terno preto, super alinhado, com uma camisa grafite e a gravata da mesma cor. Por que não consigo sentir raiva dele?
- Onde você se meteu? Esqueceu que nós vínhamos juntos pro baile? – sussurrei ao seu ouvido, ele somente riu.
- Estava terminando o discurso, você lê primeiro o seu e eu depois o meu?
- É... esqueci de fazer o meu.
- Não tem problema o meu fala por nós dois.
- O microfone Sr. Malfoy.
- Obrigado Prof. McGonagall. Fica aqui Mi.
Apenas concordei com a cabeça.
- Boa noite a todos, formandos, foramandas, professores e amigos. – nossa que voz – Estamos acostumados a ouvir “mais um ano se vai” ou “aqui mais um ano termina”. Mas eu penso de outro jeito. Um ano passou e aqui terminamos uma parte da nossa estrada, mas não foi um ano que passou, foram sete. Os que eu acredito serem os sete melhores anos da minha, das nossas vidas. – falou segurando minha mão senti 300 pessoas olhando pra mim – O Professor Dumbledore sempre disse que deveríamos ser próximos de todos com que convivemos, mas posso dizer que isso sempre foi muito difícil, pelo menos pra mim. Competitividade entre as casas, inimizades constantes, mas posso dizer que aqui conheci meus amigos, aqui aprendi tudo que preciso e aqui foi mais minha casa que qualquer outro lugar. Nossa estadia aqui termina, mas uma nova jornada começaremos agora, provavelmente demoraremos anos para rever alguns dos melhores amigos que aqui fizemos, mas na nossa memória sempre estará cada aventura, cada risada, cada momento que aqui vivemos.
As pessoas estavam vidradas naquelas palavras. Era como se todos nós nos sentíssemos da mesma forma.
- Posso dizer que não fui a melhor pessoa do mundo, sempre me mantive longe de qualquer coisa ou pessoa que não achasse digna da minha amizade. Coisas de Malfoy sabe. Mas todo mundo tem que pagar pela língua uma vez na vida e comigo não foi diferente.
Pronto, sabia que esse loiro ia aprontar, a mão dele transpirava muito.
- Como vocês provavelmente sabem este ano fui monitor-chefe, junto com a srta. Granger aqui ao lado. Tivemos que aprender a conviver com nossas diferenças e orgulhos. Mas o que provavelmente o que nenhum de vocês sabem é que desde a primeira semana de aula nos tornamos amigos. Graças a Prof. McGonagall e seus trabalhos absurdos me vi obrigado a pedir ajuda e quem melhor que a melhor aluna pra me ajudar. Aos poucos não foi difícil ver o quão maravilhosa ela era, quer dizer é. A Hermione e eu somos a prova viva de que Dumbledore estava certo, superar os limites e ser amigos é a melhor coisa que tem. Hoje, posso dizer que sou louco por essa garota e que a única coisa que me arrependo é de não ter visto quanto tempo eu perdi antes.
- Draco. – falei baixinho, ele me olhou.
- Mas é verdade. – aqueles olhos – Por isso, um brinde a nós, que fizemos o possível pra sermos os mais felizes do mundo.
Ele me abraçou, o melhor abraço do mundo. A valsa começou a tocar, valsamos ali mesmo, no palco, o contato visual não era quebrado de forma alguma, respirávamos no mesmo ritmo e assim passou toda a musica, quando ela acabou, foi inevitável, nos beijamos.
Acordei o dia seguinte na cama dele, tinha plena consciência de tudo que tinha acontecido, ele tinha me feito mulher e nada faria eu me arrepender. Comecei a me levantar e ele estava ali, deitado do meu lado, lindo, com os cabelos no rosto, quando sentei ele me segurou pelo pulso e disse as palavras que acho esperei ouvir desde o primeiro dia daquele ano.
- Te amo Mi.
- Eu também. – dei-lhe um beijo e sai
No trem de volta ele me disse que iria para Áustria estudar, eu disse que iria para França, com todos os treinamentos o discurso dele se tornava verdade, seria difícil demais as pessoas se encontrarem. Eu tinha que seguir em frente e sempre lembrar bem do homem que ele foi pra mim.
O trem parou e nós descemos, não nos beijamos na despedida, não foi necessário. Apenas nos olhamos nos olhos e nos abraçamos, foi mais do que suficiente... eu sabia que ele me amava e não precisava de mais nada. Agora era rumo a França.


"Um Novo Começo"


Prazer, Hermione Granger, 22 anos, Medi-bruxa recém-formada, dando graças a Deus por estar voltando pra casa.
Foram quatro anos longe, mas sem pensar em tudo nem por um minuto, foi inevitável perder contato com todos, os treinamentos eram muito cansativos e estava sempre viajando por causa de cursos e coisas do tipo. Sentia falta dos meus amigos e na hora da saudade, eu sorria como tinham me dito uma vez pra fazer.
Mas finalmente estava indo de volta pra casa. Londres nunca me pareceu tão linda, não parecia ser tão cinza, tão fria e tão “Londres”. Pra mim era o lugar mais acolhedor do mundo. Meu primeiro passo foi arrumar um apartamento pelo centro. Queria me estabelecer logo pra entrar em contato com meus amigos. Queria matar a saudade.
Depois de dois dias de procura consegui um apartamento, dois quartos, cozinha, banheiro e sala, sendo só pra mim não precisava de mais nada. Ainda tinha direito ao terraço, uma vez que meu apartamento era no ultimo andar. Quando eu tivesse tempo, faria ali um jardim e no quarto extra uma biblioteca-escritório.
Bem, escrevi bilhetes e entreguei a minha coruja, se ela fosse realmente sagaz encontraria todas as pessoas. Marquei na sexta aqui em casa as 8hs. Harry, Rony, Gina, Neville e Draco.
- Espero que todos venham.
A casa estava arrumada, as comidas na mesa, pufes espalhados pela sala pra ficar mais aconchegante. Coloquei uma calça jeans, uma sapatilha preta e uma camisa lilás, logicamente com o anel do Draco no pescoço, nesses quatro anos ele nunca havia saído dali.
Ao mesmo tempo chegaram Harry, Gina e Rony. Rony estava solteiro, alto, forte, mais bonito do que eu poderia imaginar que um dia ele ficaria. Gina estava radiante, linda como sempre, mas de cabelo curto, dando-lhe um ar moleca e (meu Deus) com um anel de noivado no dedo. Pelo visto ela havia decidido parar no Harry, estava também muito bonito, não usava mais óculos, o cabelo estava mais comprido de formar que não ficavam mais bagunçados, continuava bonito como sempre. Bastou mais cinco minutos pro Neville chegar, esse eram notórias as mudanças, mais alto e mais magro, muito mais seguro em relação a si. De acordo com os garotos, cheio das namoradas.
E nenhum sinal do loiro.
A conversa rolou por horas.
- E como a senhorita estava na França? – Rony perguntou enquanto me servia vinho
- Ah, foi maravilhoso. Lógico, depois que eu aprendi a língua bem. – eu queria perguntar sobre o draco, mas não tive coragem – meu curso foi muito bom, viajei bastante, aprendi muito, mas estava com saudade dessa cidade cinza.
- Cinza? – perguntou Harry me fuzilando de novo
- É assim que se referem à Londres, dizem que é cinza. – mas eu havia entendido o que ele quis dizer. Como eu sentia falta daquele cinza.
- Mas quer dizer que você é o único encalhado da parada Rony?
- Também não é bem assim né Mi.
- É sim Mi. Escolheu tanto que acabou sozinho.
- Ah muito obrigada irmãzinha.
- Mas você sabe que é verdade. Foi a Lilá, a Luna... E no final ficou sozinho.
- A Luna? – não conseguia acreditar no que estava ouvindo
- Mi, foi ótimo te rever, mas estou muito cansado e amanha acordo cedo, muito obrigado pelo convite e vê se a gente marca algo depois. Tchau gente.
Agora estava como antes, o trio e a Gina, que já não me incomodava tanto.
- Não tente fugir do assunto Rony. A Luna?
- É Mi, o Rony deu uns pegas na Luna.
- E porque ninguém me manda uma carta dizendo isso? A Luna Rony? Nunca imaginei.
- Ela pelo menos era boa de cama.
- Ah sem descer o nível que cara, estamos na presença de damas. – disse um Harry sarcástico.
E assim a noite passou, as 3horas eles foram embora. Não tive força pra arrumar nada. Estava morta, fui direto deitar e só conseguia pensar em uma coisa. Por que ele não tinha ido? Será que tinha esquecido de mim?


"Sem Explicação"


As cinco reuniões seguintes ele não apareceu. Ele tinha me esquecido. Já estava em Londres há um mês e nem sinal de vida daquele loiro. Nunca senti tanta raiva por estar num lugar tão cinza. Minha casa estava quase perfeita, meu quarto e a biblioteca foram as primeiras coisas a ficarem prontas, o jardim começava a tomar forma. Era meu refugio, quando batiam aqueles pensamentos que eu queria esquecer era pra lá que eu ia. Só faltavam algumas caixas que eu havia deixado na biblioteca pra desempacotar quando tivesse tempo.
Arrumei um emprego no Ministério junto com os aurores, era algo relacionado a primeiros socorros. Pra primeiro emprego estava ótimo, ainda passava tempo com Harry e Rony. Harry andava atrapalhadíssimo com os preparativos do casamento, eu estava ajudando Gina com o vestido e tudo mais, eu ia ser dama de honra junto com o Rony.
Um dia enquanto íamos pegar os convites não agüentei e perguntei pra gina sobre o Draco.
- Gina, posso te perguntar...
- Sobre o Draco? Pode.
- Como você sabe?
- Pensei que fosse perguntar na primeira vez que nos vimos, até que você agüentou bem.
- É só curiosidade.
- Mi, você ainda usa o cordão que ele te deu.
- Ta vai, fala logo. Eu o convidei cinco vezes e nada. Será que ele se arrepende do que aconteceu?
- Bem, pelo que eu sei ele foi pra Áustria estudar, voltou coisa de meses antes de você. Mas foi embora pouco tempo depois, aparentemente os pais dele faleceram e ele teve que resolver coisas dos negócios da família e tal. Fomos no enterro dos pais dele e tal, de lá pra cá não tivemos noticia dele. Ele deve estar bem enrolado com as coisas.
- Mas aonde foi esse enterro? Onde eles estão enterrados? Eu quero ir lá. Você sabe onde ele mora?
- Calma Mi, sem desespero okay? Vou falar com o Harry e ver o que eu posso fazer por você.
Dois dias depois eu tinha o endereço dele nas mãos, estava disposta a fazer uma visita, prestar solidariedade. Aquela mansão era imponente, assustava.
O elfo me levou ate uma sala de visitas. Esperei 20 minutos e nada. Já estava nervosa, quando ia me levantar para ir embora as portas se abriram. E lá estava ele. O homem da minha vida, o único na realidade. Não tive tempo de piscar ele me abraçou com tanta vivacidade.
- Como senti sua falta.
- Você não faz idéia de quanto sorri nesses últimos quatro anos.
- Você é impossível Hermione.
Conversamos por horas, mas não me atrevi a perguntar por que ele ao menos não respondeu meus convites. Fui embora horas depois, sem receber nem ao menos um beijo.
Outros tantos convites foram recusados, ele simplesmente não aparecia. Mas não apareceria lá novamente, algum motivo ele devia ter, e ele que teria que me procurar.
Agora eu tinha que me concentrar no casamento do Harry e tudo mais. O grande dia havia chegado, tinha sido uma cerimônia simples, mas linda. Lá meu acompanhante (Rony) se mostrou o homem que ele não havia sido nos sete anos que estivemos juntos.
E juntos permanecemos por 2 meses. De acordo com Harry, o namoro mais longo do Rony, mas terminou e continuamos excelentes amigos e o Draco ainda sim sem dar sinal de vida.


"A Melhor Idéia"


Minha biblioteca ainda tinha algumas poucas caixas, o trabalho estava ocupando mais tempo do que eu havia imaginado, aproveitei minha folga pra acabar com aquela zona de vez. Em uma das caixas estavam todos os suéteres que a Molly tinha feito pra mim enquanto estudava. Em outras duas os livros da época de colégio, pergaminhos, trabalhos, foi batendo uma saudade, um aperto. Tantas coisas ali.
Coloquei todos os livros na prateleira e fui colocar os suéteres pra lavar. Só voltei a biblioteca no dia seguinte, enquanto passava o dedo pelos livros escolares achei um que não pertencia aquele lugar. O livro que o Draco havia me dado. Mas pensar nele doía. Por que ele fazia aquilo comigo?
Deixei o livro em cima da mesa, quando tivesse tempo decidiria o que fazer com ele. Entrei numa espécie de crise existencial. Nada me fazia parar de chorar. Aquele livro me trazia tantas coisas.
“Ser a menina entre os meninos não é fácil
Não é fácil tomar decisões
Não é fácil lembrar a eles que é menina...”.
Foi a primeira coisa que escrevi naquelas paginas em branco. E foram as únicas coisas escritas nele por uma semana.
Arranquei aquela folha. Estava decidida, se era pra sentir dor de corna ia sentir, mas ele ia saber o que tinha me feito passar. Ele e quem quisesse. Eu escreverei um livro. Ai da editora que não me quisesse.


"Por Trás Do “VVV”


Gina me deu o maior apoio, disse pra eu botar tudo pra fora mesmo, e que aquele loiro devia ser louco.
“Por trás do vvv” era o titulo impresso na capa. Noite de estréia do meu livro. Meu momento. Alguns presentes pediam pra eu ler os pedaços favoritos do livro e eu não tinha coragem de negar isso a eles.
- Boa noite, conforme pedido lerei alguns trechos favoritos.
“Muitas vezes a mulher inteligente é desfavorecida, os homens tem medo delas, os burros querem distancia, FOGEM, os inteligentes as querem bem perto. Muitos momentos da minha vida me senti nesse dilema, por um bom tempo quem eu queria perto fugia e eu não era capaz de entender o por que. Mas mulheres inteligentes não perdem tempo, elas lutam.”
- As pessoas que fogem tem nome? – uma pessoa perguntou da multidão
- Perguntas mais tarde. - respondeu minha assessora
“Não posso dizer que fazer burradas é natural, mas também não posso dizer que fazê-las não seja bom, assim como não posso dizer que quando a fazemos vejamos que elas sejam burradas. Minha maior burrada foi acreditar no VVV mesmo sem saber que significava”.
- E hoje você sabe? – outra pessoa perguntou
Assim seguiu a tarde, depois de muitos autógrafos estava morta, só queria sair pra ir tomar uns drinks com meus amigos.
- Quero saber onde eu cobro meus direitos nesse livro? – aquela voz
- Não sei do que você esta falando, me da licença, por favor. – sai andando, mas ele era aquele antigo Draco, decidido.
- Ué, você está falando de mim ai nesse livro, e nem convidado pra tarde de autógrafos eu fui, eu sou o motivo do seu sucesso.
- Você não é nada Malfoy, nada.
- Pra que essa agressividade Hermione?
- Tira a mão de mim Malfoy ou eu vou gritar.
- Se fosse já teria gritado há tempos e para de me chamar assim.
- Por que Malfoy te faz mal?
- Faz.
- E todo mal que você me fez? Nunca respondeu minhas cartas, nunca deu sinal de vida, não foi a uma reunião minha, agiu como se sentisse minha falta quando eu fui te procurar e novamente some da face da terra e agora aparece aqui, achando que ainda pode bagunçar minha vida desse jeito, mas não pode Draco, não pode!
- Não foi por mal Mi.
- Não me chame assim Malfoy, você não merece a preocupação que eu tive com você. Você não merece.
- Não fala isso.
- Você me usou. Devo ter sido uma mera apostinha com seus amigos. “Quanto tempo você leva pra levar a sangue-ruim pra cama” ou coisa do tipo.
- Nunca Mi.
- Para de mentir Malfoy, para. Você não vê quanto mal você me faz. Eu era feliz antes de você aparecer.
- Mas foi mais feliz comigo.
- Toma esse anel, eu não quero mais.
- É seu.
- Eu não quero. – e comecei a sair dali
- Você vai voltar Hermione, vai voltar.


"Você Vai Voltar"


“Quem ele pensa que é pra estragar a minha noite? Pra dizer que não sumiu de propósito? Quem ele pensa que é pra não conseguir sair da minha cabeça? Eu não agüento mais, tento ser forte mais não consigo. Ele me faz mal, eu não posso querer realmente saber as explicações dele”.
E foi com esses pensamentos que durmi. Acordei um pouco antes da hora do almoço, na correspondência havia um convite pra festa de reencontro dos alunos de Hogwarts. Umas correspondências normais e o jornal. Fui direto na critica do meu livro, que foi mais positiva do que eu imaginava, mas havia uma nota falando pra passar pra outra pagina.
- Uma matéria sobre meu livro?
Antes fosse.
“Ontem algumas pessoas foram capazes de ouvir gritos no lançamento do livro de Hermione Granger, “por trás do vvv”. Os poucos que demoraram mais a sair de perto viram que tal motivo do tumulto foi o jovem herdeiro de fortuna, Draco Malfoy que após longo tempo sumido resolveu dar o ar da graça no lançamento. Alguns dizem que eles tiveram um caso antes de se formarem, outros que não se suportam e por isso tantos gritos. Mas o que nós queremos saber na realidade é o por que da briga e por que ele sumiu por quase um ano?”
- Maldito Malfoy!
Contas, contas... nada de mais na correspondência. Contas, mais contas, carta do Malfoy? Puta que pariu! Que esse cara quer agora?
“Se não tiver compromisso vem aqui em casa hoje, por favor”.
Era só o que me faltava realmente, meia hora depois estava sentada naquele sofá esperando o Sr. Malfoy dar o ar da graça.
- Senhorita? – falou o elfo
- Hermione, pode chamar de Hermione. – o F.A.L.E ainda falava mais alto em mim
- Pode me acompanhar até outro aposento, por favor.
Subi a escada, andamos por um corredor, viramos a 4° porta a direita. Fui contando tudo, caso precisasse sair correndo pra fugir.
- O Sr. Malfoy a aguarda ai dentro.
- Obrigada.
Era um quarto, mas não um quarto qualquer, um quarto de criança, de bebê pra ser mais específica.
- Você quis saber por que eu sumi, por que não dei sinal de vida ou te respondi suas cartas, esse foi o motivo Hermione.
Ele estava com uma menininha no colo, loirinha, dormia, parecia um anjo.
- Onde está a mãe dela Draco?
- Que?
- A mãe dela, ou agora vai dizer que não é sua, olhe esse cabelo, não sou idiota.
- Mas está agindo como tal.
- Vai dizer que não é sua?
- Não é, mas é como se fosse, ela é minha irmã Hermione.
Precisei sentar, não tinha força, minha cabeça rodava.
- Voltei pra Londres porque meu pai me escreveu dizendo que ele e minha mãe estavam sendo perseguidos, culpavam ela pela queda de Voldermont. Você sabe o que aconteceu, não preciso te lembrar. Eu ia te buscar quando recebi a carta dele, é claro que eu queria te ver, mas minha família precisava de mim. Eles fugiram pra minha mãe poder ter o bebê em paz, mas foram achados dias depois, só tive tempo de fugir com a menina, Narcisa o nome dela.
- Draco por que você não me contou?
- Eu tive medo Hermione, que pudessem fazer alguma coisa com ela. Ela é tão pequena, tão indefesa. Ou que te achassem pra me alcançar. Por isso “fugi” como você disse. Eu nunca quis te abandonar, nunca. Eu te amo, mais do que pensei que pudesse amar Mi. Por sua causa eu aprendi a amar, e acho que se não fosse você eu não teria tido forças pra cuidar dela esse tempo. Sempre que ela chorava eu pensava que ela é fruto de nós, que eu tenho obrigação com ele como terei com os nossos qualquer dia. Eu vi que é isso que eu quero pra mim. Eu quero uma família, eu quero esposa e filhos, eu quero você na minha vida pra sempre.
Eu não sabia o que dizer, me levantei e fui até ele. Peguei Narcisa no colo e o abracei.
- Quero ficar assim pra sempre Draco.
- Você não faz idéia de como me faz bem ouvir isso.
Botei Narcisa no berço sentamos no sofá e ele simplesmente dormiu no meu colo.


"Foi Tudo Por Você"


Hoje é o dia mais importante da minha vida, não digo mais feliz, porque não tem como se medir felicidade, mas sou obrigada a dizer que é um dos mais felizes.
- Narcisa, deixa eu te arrumar deixa.
Faz dois anos desde que descobri tudo que realmente tinha acontecido. Estava arrumando Narcisa pro meu casamento. Exato, estou me arrumando pra casar com Draco Malfoy. Narcisa vai entrar na igreja com ele. Tem que ver como ele sente orgulho e como ama essa pequena, é a cara dele.
Gina concordou em cuidar dela durante nossa lua de mel, mas nós não conseguimos ficar longe dela muito tempo, então só vamos ficar fora um final de semana.
- Parece uma boneca, vou te levar por seu irmão agora, que eu tenho que me arrumar.
- Cadê minha princesa? – disse Draco pegando-a no colo – sem desmerecer minha rainha.
Não muda nunca!
- Anda amor, vai logo, senão não vou ter tempo de me arrumar.
- Por mim a gente ia pra lua de mel agora mesmo.
- Anda Draco, não estou brincando.
- Só depois de um beijo.
- Ta, mas agora vai.
Terminei de me arrumar, já estava a caminho da igreja, muito nervosa e novamente havia esquecido de fazer meu discurso.
A cerimônia foi perfeita. Estávamos indo pra festa, eu teria que fazer um discurso improvisado, ele vai me matar, era só o que eu conseguia pensar.
- Boa noite a todos. – ele começou – eu gostaria de dizer umas palavras sobre minha esposa. Como poucos, ou quase nenhum de vocês sabem, nossa historia começou porque eu era burro pra entender de animagos e ela boa demais pra não ajudar um idiota.
- Sempre fui muito caridosa.
- Ela desde o inicio me pos a prova. Na minha paciência, quando ela insistia em ver meu pé, no meu ciúme quando ela pareceu namorando, no meu amor, quando não podia dizer pra ela aonde eu estava. A Hermione sempre foi aquela garota dos extremos, ou amava ou odiava e eu hoje não consigo me ver não a amando. Minha primeira amiga, minha primeira amante e minha única mulher. Um brinde a ela, que sabe me fazer feliz.
- Te amo.
Ele me deu um selinho.
- Bem, não sou tão boa nas palavras como ele, mas não posso deixar passar esse momento pra falar sobre o homem mais fantástico que eu conheci.
- Assim vou ficar me achando amor.
- Tenho que admitir que eu odiava esse loiro, ele me xingava, fazia de tudo pra transformar minha vida num inferno. Ai sempre tem a hora que se perde a paciência, então soquei a cara dele...
- E eu me apaixonei.
Todos riram.
- Minha desgraça foi o dia em que soube que teria que conviver com ele no aposento dos monitores, então aconteceu tudo que ele disse. No natal ganhei um anel, que nunca consegui deixar de usar, hoje entendo o que estava ali “vvv” “você vai voltar”, mas pra mim, hoje deveria estar “NVTD” “nunca vou te deixar”, te amo.
- A dança dos noivos! – alguém gritou
E lá fomos nós, novamente, me via dançando com ele, sem conseguir parar de olhar aqueles olhos cinzas.
“Words can´t say it, I can´t do, it´s not to prove, it´s all for you”.
- Foi tudo por você Mi.
- Eu sei.


"FIM"













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