Perto

Capitulo 16. Perto.

“Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho, Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!” Machado de Assis.

 

“Algumas pessoas são como rosas. Muito bonitas de se admirar e ao mesmo tempo tão cheias de espinhos, que ferem a quem delas se aproxima.” Ivo das Chagas Filho.

 

   Apesar da nova posição de Umbridge, que agora era a Alta Inquisidora de Hogwarts, Harry não desistiu do grupo secreto. Ariana bufou ao seu lado, “mal posso esperar para estrangular aquela mulher...” ele a ouviu pensar, com os dentes cerrados.

   “Você precisa descansar, está muito estressada.” Harry brincou, recebendo um olhar mortífero.

   “Vou ficar calma quando a Umbridge sair dessa escola” Ariana respondeu se levantando da mesa da Grifinória no salão principal. Harry a seguiu, Rony e Hermione também.

   “E depois disso vai voltar a me ignorar?” Harry perguntou, com um falso sorriso no rosto. Ariana ia responder quando Hermione a interrompeu.

   -Será que vocês podem parar com essa coisa de conversar por pensamentos? Eu e Rony ficamos sempre fora da conversa – a garota disse, irritada.

   -Só por que você não pode, não quer dizer que tem que se intrometer – Ariana disse, mordaz.

   -Será que vocês podem parar com isso?-Rony perguntou quando Hermione iria se defender. As duas se olharam, envergonhadas.

   -Desculpe – Ariana disse, virando-se para Harry – não me mande indiretas, Potter. Fale logo o que quer dizer.

   Uma pequena parte da mente de Harry o avisou sobre o perigo iminente. Quando Ariana o chamava de “Potter” sabia que era melhor não insistir no assunto. Mas estava com raiva, queria há muito tempo saber a verdade, nada o impediria agora. Rony e Hermione também perceberam a tensão, haviam dado um passo para trás e os observavam como se estivessem presos em uma sala com uma bomba, mas não pudessem fazer nada a não ser vê-la explodir.

   -Você não falava mais comigo desde há muito tempo, e só esta falando agora por que é obrigada. Até hoje não sei por que terminamos, eu só quero saber a verdade, Ariana – Harry falou.

   Ariana suspirou. “Bem, se você quer a verdade. Eu terminei com você por que Voldemort entrou em meus sonhos e disse que mataria você se eu não me afastasse. Ele precisa de mim para alguma coisa, só não sei para que. E ele sabe que não conseguiria me capturar se você estivesse comigo, Harry. Ele me quer para concretizar os seus planos, mas você iria atrapalhar como tem feito desde que nasceu. Eu não quero ser responsável por sua morte, não quero ver você morto. Desculpe-me se o magoei, só queria que ficasse bem. Foi difícil para mim também, você não sabe quanto. Eu ainda amo você, Harry.” A garota sorriu para ele, um sorriso triste. Saiu rapidamente do corredor, sem que Harry pudesse fazer algo.

   -O que aconteceu, Harry?-Rony perguntou. Hermione deu uma cotovelada no garoto, sussurrando: “você é mesmo insensível, Ronald.”.

   Harry não podia acreditar. Seus pais haviam dado sua vida para protegê-lo, agora Ariana também. Ela sabia que quando Voldemort conseguisse o que queria iria se livrar dela. E mesmo assim, havia feito o que ele havia mandado, para que ele não fosse ferido. “Quando as pessoas irão parar de dar a vida delas pela minha?”

 

*~*~*~*~*~*~*

   O salão principal estava cheio. O barulho das conversas nas quatro mesas se misturava ao das corujas, que saiam e entravam, trazendo pacotes e cartas aos donos. Ariana observava atentamente a mesa dos professores enquanto brincava com seu mingau. Harry estava do outro lado da mesa, acompanhado de Rony. Sua atenção foi para o garoto, que a observava. Olharam-se por algum tempo, até que Harry voltou a conversar com Rony.

   Ariana levantou da mesa, passando por Harry. Não olhou para trás. Precisava ficar sozinha.

*~*~*~*~*~*~*

 

   Sabia que tinha que fazer aquilo. Não podia deixar que Ariana se sacrificasse por sua causa. Iria seguir em frente, Ariana teria que esquecer. Não sabia se conseguiria fazer o mesmo, mas faria de tudo para conseguir.

   Cho estava conversando com algumas amigas no corredor, sorria. Aproximou-se. Gostava da garota, mas não tanto como de Ariana. Suspirou enquanto uma delas cochichou no ouvido de Cho, apontando para ele. A garota sorriu para ele, o encorajando a se aproximar.

   -Olá, Harry – Cho o cumprimentou. Suas amigas davam risinhos bobos enquanto se afastavam.

   -Oi, Cho – Harry disse, retribuindo o sorriso. Alguém esbarrou nele, se virou pronto para dar uma resposta mal educada para algum sonserino que quisesse brincar com ele. Uma garota com longos cabelos loiros se afastava.

 

*~*~*~*~*~*~*

   Lagrimas caiam por seu rosto. Chorava mesmo depois de ter prometido que nunca mais choraria por causa de Harry. Soluçou alto. Havia pensado que quando Harry descobrisse o que fizera por ele iria entendê-la, iria pedir desculpas. Até pensara que poderiam ter reatado. Agora via que fora tola em ter esperanças. Harry seguiria em frente, provavelmente não iria mais sequer olhar para ela. Soluçou novamente. O que faria? O que faria sem Harry?

   -Ariana?-alguém falou. Ariana deu um pulo, assustada. Ficou um pouco mais aliviada ao ver que era Jorge Weasley, e não Harry quem acabara de chegar.

   -Olá, Jorge – disse, secando suas lagrimas rapidamente.

   -Por que está aqui?-o ruivo perguntou, se aproximando.

   -Achei que ninguém mais estaria aqui no horário das aulas – Ariana disse, forçando um sorriso. A sala de Troféus era pouco visitada – queria ficar um pouco sozinha. E você, o que está fazendo aqui?

   -Só andando. Tinha aula de poções agora – Jorge disse, fazendo uma careta. Ariana sorriu, uma lagrima conseguiu fugir de seu olho.

   Jorge a olhou com preocupação. Ariana sabia que Jorge já sabia que estava chorando, mas ele fora gentil o bastante para tentar não tocar no assunto. Agora era inevitável.

   -O que aconteceu?-Jorge perguntou, se sentando ao seu lado no degrau de pedra.

   -Nada – Ariana mentiu, fitando os olhos castanhos de Jorge. O garoto franziu a testa, Ariana suspirou – não quero falar sobre isso. Não agora.

    -Está bem – Jorge disse, a contra gosto. Lentamente, secou as lagrimas que teimavam de cair pelo rosto de Ariana. Sentiu um arrepio passar por seu corpo – mas não chore mais.

   Ele estava perto. Ariana podia sentir o calor que emanava do corpo de Jorge, podia sentir o hálito do ruivo em seu rosto. Perto demais. Seu corpo entrou em alerta, pronto para se afastar, mas Ariana simplesmente não conseguia. Seu coração batia descontrolado. Teve a impressão de ter visto um pouco de verde nos olhos castanhos de Jorge, que voltaram a ser castanhos quando seu rosto se aproximou perigosamente do dele. Foi lento e ao mesmo tempo rápido. Jorge parou de repente, fitando-a nos olhos, como se pedisse permissão. Seja lá o que ele tinha visto, parecia uma resposta afirmativa, pois seus lábios pressionaram delicadamente os de Ariana.

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