Ciúmes

Capitulo 5. Ciúmes.

“Por sua natureza e seus efeitos, o ciúme se aproxima da inveja. Porém, entre ciúme e inveja permanecem algumas diferenças. Na inveja, sentimos que outros possuem um bem que desejamos para nós, enquanto no ciúme defendemos um bem que julgamos nosso e que não desejamos ver partilhado com outrem.” Pierre Charon.

“Para que um bom relacionamento continuar e seja agradável, é preciso não apenas suspeitar prudentemente como ocultar discretamente a suspeita.” Sthendal.

 

*~*~*~*~*~*~*

   Em um quarto de uma casa pequena em Londres, Ariana Starwood lia febrilmente um pequeno pergaminho, que uma coruja branca acabara de lhe entregar. Ela estava lá, esperando a resposta da carta.

   Ariana, como vai?Estou bem, aqui na Toca. Rony, Fred e Jorge foram à minha casa com um carro voador (isso mesmo, um carro voador de verdade!) e me tiraram de lá. Minhas férias estão ótimas. Queria que estivesse aqui. Os Weasley e eu iremos ao beco diagonal comprar os matérias na próxima semana, você vem?

                                                                                  Harry.

   Quando acabou de ler, Ariana pegou Joe, que estava ao seu lado, se levantou e começou a girar pelo quarto, com o gato em seus braços. Ele havia escrito para ela!Queria que ela fosse encontrá-lo no beco diagonal!E a coisa que mais a maravilhava, ele queria que ela estivesse com ele!Ele sentia sua falta!Para Ariana era como estar nas nuvens. Joe miou, irritado, em seus braços, como se falasse: “será que você pode me colocar no chão e me explicar o que está havendo?” O colocou na cama, para a satisfação do gato, e gritou, fazendo com que ele pulasse e bufasse.

   -O Harry sente minha falta, Joe!-ela voltou a girar pelo quarto, não conseguia ficar parada, era como se fosse um fogo de artifício preste a explodir – O Harry sente minha falta!

   A porta se abriu, e uma mulher de cabelo de um dourado ofuscante e olhos cor de mel entrou, confusa.

   -O que está acontecendo aqui, Ariana?-perguntou Aurora, irritada. Ariana pegou Joe de novo, para o desespero do bichano e continuou a dançar pelo quarto.

   -Está tudo bem, mãe, está tudo maravilhosamente bem!-respondeu Ariana, começando a cantarolar uma musica qualquer. Aurora a olhava, chocada.

   -O que está acontecendo com você?Está tão...-a mulher começou, mas Ariana foi mais rápida.

   -Feliz?Não, é muito melhor!Estou nas nuvens, mamãe. Nas nuvens!-ela cantarolou, girando mais ainda. Joe a olhava preocupado, como se dissesse: “ enlouqueceu, é?”

   Soltou o gato que se sentou na cama e a ficou observando dançar, sua grande calda acompanhava seus movimentos, como se ele estivesse dançando também, só que de uma forma mais civilizada.

   -Seu pai te mandou alguma carta, é por isso que você está assim?-a mulher perguntou, curiosa. Ariana riu.

   -Não, desista mãe, não vou falar nada – ela falou, decidida, se jogando na cama. Joe saltou para o chão bem a tempo, assustado.

   -Está bem, quando você vai ao beco diagonal?-Aurora perguntou, olhando cada traço do rosto de Ariana, tentando encontrar alguma coisa que a explicasse o que estava havendo com a filha.

   -Na próxima semana...– Ariana disse distraída, tinha que mandar a resposta. E acrescentou – vou me encontrar com alguns amigos.

   Aurora concordou. Fechou a porta, suspirando. Ariana era tão misteriosa, igual ao pai. Ariana já descobrira quem era ele, conversavam por cartas já fazia algumas semanas. Aurora, curiosa, uma vez havia lido uma das cartas da filha antes que a coruja a levasse. Não havia entendido nenhuma palavra, havia cálculos, palavras que pareciam de outras línguas e imagens estranhas. Ariana também tinha herdado a inteligência do pai. No quarto, a garota dançava sozinha. A coruja já não estava mais lá.

*~*~*~*~*~*~*

 

   Harry, sentado á mesa na casa dos Weasley, olhava para a janela, impaciente. Tinha enviado uma carta a Ariana já fazia meia hora, deixando bem claro para Edwiges que não voltasse sem uma resposta. Não sabia o por que de ter feito isso. Ainda se reprovava por ter escrito na carta “queria que você estivesse aqui”. Tentou escrever sem chamar a atenção para a declaração, mas sabia que ela descobriria. Sabia que não deveria ter feito aquilo, mas precisava confessar para ela. Cada dia ficava mais difícil não pegar um pergaminho e escrever as três palavras que tanto o atormentavam: “eu amo você.” Ariana ficara ao seu lado todo o ano, vira seus jogos de quadribol, acompanhara ele, Rony e Hermione todas as aulas e ajudara ele nas lições de casa juntamente com Hermione. Não sabia como se controlara todo aquele tempo que ficaram juntos.

   -Harry, quer mais uma torrada?-perguntou a Sra. Weasley, com meiguice.

   -Não, obrigada – ele não comera muita coisa, primeiro por que estava muito ocupado em olhar para a janela, segundo por que achava que se comece alguma coisa iria vomitar, seu estomago estava embrulhado – vou para o quarto.

   Ele se levantou e saiu da cozinha, sendo observado por todos. Subiu as escadas e foi para o quarto de Rony, onde estava dormindo. Levou um grande susto em ver Edwiges quieta em seu colchão.

   -Você me deixou preocupado – Harry falou, enquanto pegava o pedaço de pergaminho do bico da coruja – obrigada.

   A coruja piou e foi para seu poleiro. Harry, nervoso, se sentou no colchão e começou a ler:

   Olá, Harry. Estou ótima, obrigada, que bom que conseguiu sair da casa de seus tios, pelo que você me falou em Hogwarts, eles são horríveis. Eu também sinto sua falta. Nos encontramos no beco diagonal então.

                                                           Ariana.

   O coração de Harry perdeu o compasso e recomeçou a bater descontroladamente. Ela sentia falta dele! Caiu de costas no colchão, um sorriso bobo estampado no rosto. Ela tinha que gostar dele, pelo menos só um pouquinho. Fechou os olhos. Em sua mente, uma linda garota de cabelo dourado e olhos azuis sorria para ele.

 

*~*~*~*~*~*~*

   Ariana andava pelas ruas do beco diagonal, olhando as vitrines. Já havia comprado quase tudo o que precisava, só faltava os livros. Estava passando na frente do imponente Gringotes quando o viu. Harry saia de um beco escuro que ela nunca havia notado, na companhia de Hagrid, o guarda caças da escola. Correu até eles. Hagrid foi o primeiro a cumprimentá-la.

   -Bom dia, Ariana – ele disse sorrindo.

   -Bom dia, Hagrid. Como anda a escola?-perguntou Ariana, finalmente olhando para Harry. Olhos verdes se encontraram com os azuis, e finalmente Ariana se sentiu bem, finalmente ela se sentiu alegre. Corou. Viu um leve sorriso se formar no canto da boca de Harry.

   -Bem, fora o Pirraça, é claro, aquele peste continua a mesma coisa – ele disse, Ariana notou que os Weasley tinham acabado de chegar, a Sra. Weasley corria até Harry, parecia muito preocupada.

   -Harry querido, você está bem?Estávamos tão preocupados...-ela falava, Ariana não prestava muita atenção, olhava para o resto da família. Fred e Jorge sorriram para ela, Rony a olhou de esgueira e uma garota que Ariana reconheceu como sendo a mais nova dos Weasley, a vira na estação, olhava para ela com azedume.

   Logo a ruiva voltou a olhar para Harry, com admiração, euforia, e paixão. Ariana quase foi até ela e lhe deu um tapa. A garota achava que podia gostar de Harry?Pelo que Ariana se lembrava, fora ela que vira ele pela primeira vez. Ela. Sentiu uma raiva homicida pela “pequena Weasley”. Foi despertada de senas macabras que se passavam em sua mente, nas quais ela batia, gritava e estrangulava a ruiva por uma mão enlaçando a sua. Não precisou olhar para saber que era a mão de Harry. Seus olhos se encontraram, olharam-se por algum tempo, ela apertou a mão dele delicadamente mas forte, os olhos dele brilharam. Ariana olhou de esgueira para a Weasley, ela olhava com raiva para ela, seu rosto mais vermelho que o cabelo. O resto dos Weasley acompanhavam a conversa do Sr. e da Sra. Weasley com Hagrid. Ariana olhou para Harry até que a voz da Sra. Weasley a despertou de seus devaneios.

   -Vamos?

...

   Depois de que os Weasley e Harry saíram do Gringotes, foram até a Floreios e Borrões para comprar os livros. Além de que Harry virou capa do Profeta e o Sr. Weasley e o Sr. Malfoy saíram no tapa, nada de interessante aconteceu lá. Ariana, Rony, Hermione e Harry foram tomar sorvete na Florean Fortescue, onde Harry lhe contou que um elfo doméstico foi até a sua casa.

   -...ele disse que em Hogwarts coisas terríveis irão acontecer – Hermione acabou, enquanto limpava sua mão em um guardanapo – o que voce acha?

   -Bem...-Ariana começou, vendo que os três estavam interessadíssimos em sua opinião – ele tanto pode estar mentindo quanto dizendo a verdade. Não se pode saber, mas é muito suspeito.

   -Ele disse que eu estaria em perigo, mas toda a escola também estaria. Por que ele não foi no ministério ou falar com Dumbledore?-Harry se perguntou.

   No momento que ele acabou de falar, Ariana sentiu sua testa doer e queimar. Colocou instintivamente a mão na testa, depois se dobrou, colocou sua cabeça deitada nas pernas, tamanha era a dor. Ouviu Harry, Rony e Hermione se levantarem e perguntavam “Ariana, você está bem?” Depois de alguns minutos, a dor diminuiu, Ariana verificou se o cabelo estava cobrindo a cicatriz, então levantou a cabeça e se sentou reta.

   -Estou bem sim, obrigada – ela respondeu, se esforçando para não voltar a colocar a mão na testa novamente. Harry a olhava, desconfiado.

   Mas tarde naquela noite, Ariana estava deitada em sua cama, Joe dormia em cima de sua barriga, tranqüilamente. Ela esfregava os dedos na cicatriz, incomodada. A maldita da cicatriz não parava de arder, não deixando Ariana dormir nenhum segundo. Ariana olhava para a Lua, pela janela aberta. Aquela era a primeira vez que isso acontecia, sua cicatriz nunca havia doido. Achava que aquilo era um sinal. O que aconteceria?

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