Único
Aquela maldita (ou bendita) frase não lhe era familiar. Na verdade, Ron nem ao menos se recordava qual fora a última vez que pronunciara... Tinha certeza absoluta de que fora para a sua mãe, e falou porque se sentiu obrigado a responder com a mesma intensidade. Não que não sentisse o mesmo pela matriarca, mas de certa forma, aquelas palavras não lhe agradavam por completo.
Nunca dissera para Ginny. Nem para o seu pai. Ou para os seus demais irmãos.
Era algo único de sua mãe...
... Até descobrir que gostaria – e muito – de falar aquilo para a garota dos cabelos revoltos e amendoados, que naquele momento, envergava os lábios para cima em um sorriso tão quente como o verão e deixava os dedos finos e macios se afundarem nos cabelos vermelhos dele próprio.
Aquelas palavras também soariam de uma maneira quente, caso ele as pronunciasse. Seria como descansar na grama úmida em uma manhã ensolarada. O prazer seria o mesmo, a sensação de felicidade seria ainda maior.
Bastava abrir a boca e dizer, se bem que a descontração assumia o controle de todo o perímetro de seu corpo cada vez mais, enquanto os dedos dos olhos de terra seguiam a mergulhar em seus fios escarlates. Suas bochechas também deveriam estar coloridas daquela cor semelhante a ele. E queimavam como o Sol.
"Hey, Hermione..."
Ele começou, sentindo a redução do carinho e respirando devagar, procurando toda a coragem que ele sabia que possuía (escondida em algum canto).
Os olhos de terra se deixaram vidrar nos olhos cor de céu e um murmúrio escapou da boca dela, soando como resposta. Ron permitiu-se tocar o rosto dela, como alguns minutos antes ela fizera com o dele, e sentir a textura daquela pele delicada como porcelana nas pontas dos dedos foi como tomar um tônico revigorante... O estômago deu uma reviravolta e o ar se esvaiu de ambos os pulmões, todavia, a coragem procurada se exibia na ponta de sua língua, prestes a sair a qualquer segundo...
... E ele não encontrava mais razões para prendê-la.
"Eu amo você..."
O sorriso de verão se expandiu e a magnitude do gesto fez com que todo o mundo e o mundo todo desaparecessem perante o crepitar incessante do peito de Ron, que descia e subia rapidamente devido ao movimento dos lábios de Hermione. Sem dizer nada – e nem precisando -, ela o envolveu em um abraço efervescente, absurdamente confortável e terrivelmente necessário.
Ele pode sentir a respiração morna da garota se debatendo em seu pescoço.
Ele pode sentir as pequenas mãos adoráveis dela o envolvendo como uma manta.
Ele pode sentir muito. Muito mais do que pensou que poderia sentir.
E ele pode, enfim, sentir-se completo, porque finalmente aquele sorriso de verão era completamente dele.
E para ele.
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