Único



"O que você acha?"


A pergunta de Harry a fez arquear uma sobrancelha vermelha, sem entender qual era o real significado do questionamento. Sem querer - ou querendo muito - se perdera em pensamentos admirados no momento em que o garoto-homem subira as mãos até os próprios cabelos negros e bagunçados, mexendo de forma involuntária, demonstrando o nervosismo.


Ginny tinha a certeza de que a Lily se apaixonara exatamente naquele momento por James, porque quando as bochechas de Harry coravam levemente e os olhos se abaixavam por trás dos óculos, toda a beleza que ele já possuía, diante dos olhos dela, se intensificava absurdamente. E se o seu Harry era tão parecido com o pai, como diziam, então Lily seria muito boba se não se apaixonasse com aquele gesto.


Ou talvez Lily tivesse se apaixonado por James quando os lábios dele se frisavam para cima, em um meio-sorriso, o típico sorriso de Harry. Não era um sorriso completo, que mostrava os dentes quando ele estava a gargalhar... Era um sorriso mais controlado; ora irônico, ora surreal. Sempre que era direcionado a ela, o sorriso acolhia a segunda opção. Chegava a ser utópico.


Se não, Lily poderia ter caído aos encantos por James quando a mão que antes bagunçava os fios pretos descia para a nuca, coçando-a de forma desajeitada, ressaltando ainda mais a insegurança e a ansiedade.


Ginny mordeu o lábio inferior, cruzando os braços logo abaixo dos seios e se dando por vencida. Talvez Lily tivesse se apaixonado por James no momento em que botara os olhos nele, o que seria engraçado - e irônico -, pois a mesma história se repetiria anos mais tarde (com outros personagens), quando ela própria se esbarrasse pela primeira vez com o garoto que sobrevivera.


Bem... No final, o que importava é que Lily Evans se apaixonara por James Potter, assim como ela, Ginevra Weasley, apaixonara-se perdidamente por Harry Potter.


Tragou a saliva, saindo de seus devaneios e olhando diretamente nos olhos verdes de Harry, que no momento se encontravam imergidos em aflição. O que ela, enfim, reparou e achou estranho.


"E então, o que você acha?", ele retornou a perguntar, com a voz controlada.


"O que eu acho sobre o quê?", pondo-se interessada, Ginny questionou.


"O que você acha de casar comigo?"


A pergunta surtiu um efeito imediato. Primeiro um sorriso gigantesco tomou conta de seus lábios, depois o êxtase percorreu o seu corpo e por fim todo aquele sentimento sublime pareceu iluminar as orbes azuis de seus olhos.


Talvez Lily tivesse sentido as mesmas coisas que ela, quando James lhe pediu a mão.


Ginny esperava intimamente que sim e gostou de imaginar que a mãe de Harry se sentira tão completa com o pedido como ela...


"Então...?"


Sorrindo ainda mais, Ginny tomou as mãos de Harry entre as dela e concordou com a cabeça, antes de pronunciar um: "eu acho uma ótima idéia!"


E enquanto recebia um abraço apertado de seu futuro marido, Ginny pode sentir uma presença quente lhe envolvendo - e que não era por conta dos braços que lhe comprimiam. Talvez, só talvez, fosse Lily Potter querendo lhe dizer que sim, Ginny seria tão feliz quanto ela fora...


... E que sim, aquela era realmente uma ótima idéia!

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