Mine

            "Have you ever thought, just maybe, you belong with me?"

            Os olhos encantadoramente azuis tinham um brilho diferentemente naquela madrugada. Um brilho de lágrimas nada usual àquele rosto. Ela sentia que as bochechas rosadas de frio estavam sendo cada vez mais marcadas pelo choro, e tentou, sem sucesso, fazer com que elas cessassem.

            Odiava chorar. Sentia-se fraca e vulnerável quando o fazia, mas não pôde se controlar, naquela ocasião. Sempre tratara com muita originalidade e impulsividade todas as freqüentes brigas que tinha com o namorado, Amos Diggory, mas todo relacionamento se desgasta quando há mais ciúme e desconfiança do que amor e carinho. Era isso que ela queria, nada mais. Alguém que se importasse com o que ela fizesse, que a quisesse por perto...

            Marlene dobrou os joelhos e descansou a testa sobre eles, sentindo as pernas da jeans ficarem molhadas. Os cabelos castanho-escuros foram bruscamente afastados enquanto ela tentava , sem sucesso, controlar o choro. “Lágrimas idiotas...”. Sabia que as amigas estavam preocupadas, fazia horas que ela sumira, desde o fim do jantar, mas realmente não queria falar com elas naquele momento.

            Sentiu um leve ruído vindo de seu lado esquerdo, e levantou-se sobressaltada, sem ver coisa alguma. Um sorriso tristonho, entretanto, surgiu em seus lábios quando a única figura que lhe interessava ver surgiu à sua frente, depois de se descobrir pela Capa da Invisibilidade.

            _Sirius. – ela disse em voz baixa, embargada pelo choro – Você sempre me assusta com essa droga de capa. – a morena sorriu, enquanto ele se sentava ao seu lado no chão da Torre de Astronomia.

            _O que aconteceu? – ele perguntou, reparando o inchaço nos olhos azuis da menina – Eu odeio te ver chorar, droga... – ele disse, puxando-a levemente, para que a morena deitasse no seu ombro.

            _O mesmo de sempre. – ela disse, em um sussurro – Eu não agüento mais isso tudo, Sirius. De verdade. Sinceramente, não sei por que ainda estamos juntos...

            _Porque você tem talento pra mártir. – ele a fez sorrir de canto – E por que Diggory é o ser mais estúpido da face da Terra, por te fazer chorar.

            _Eu não devia chorar. – ela murmurou, limpando as lágrimas que haviam cessado assim que viu o sorriso de Sirius.

            _Chorar não é fraqueza, Lene. – ele disse, afastando do rosto dela a franja – É admitir que sentimos dor, tristeza, solidão, e até amor. Lágrimas de amor doem também...

            Marlene suspirou, e sorriu de canto. Era sempre assim quando ela precisava escutar alguém: esse alguém era sempre ele, Sirius.

            _As minhas não são de amor. – ela disse depois de algum tempo – Quem ama não faz sofrer...

            _Quem ama não gosta de ver sofrer. – ele corrigiu – E eu te amo muito, minha linda. – ele disse a abraçando fortemente, passando a melhor sensação de segurança que ela já tinha experimentado.

            _Eu também amo você. – Marlene sorriu. Era verdade. Eles se amavam demais. Sempre fora, e sempre seria assim.

            Os dois se encararam por um longo tempo. O amor que tinham um pelo outro sempre estivera ligado à amizade, à cumplicidade que tinham. Mas sozinhos ali, naquela noite, sem ninguém por testemunha, sentiam toda a necessidade do momento. Seus lábios entreabertos estavam próximos e os corações aceleraram-se tanto quanto as respirações. Marlene sentiu seus sentidos falharem por um momento. Não era certo. Ambos tinham outras pessoas, por mais que ela não amasse Amos, e ele não ligasse muito para Andrea. E, além de tudo ele Sirius, seu melhor amigo.

            Mas também, Sirius, que sempre estivera ali para ele em todos os melhores e piores momentos; que a fazia dar os mais inocentes sorrisos, e as mais sonoras gargalhadas; que a deixava enlouquecida com suas marotices, mas que com elas a cativavam; de quem quanto mais próxima ficava, mas dependente se tornava.

            Os lábios se tocaram por algo como aquele último instante, o que mais dura, e que fica pra sempre na memória. Da forma como começou, o beijo teve um fim. Os dois pares de diferentes tons de azul faiscaram por mais um tempo, uma leve ondulação de sorriso nos rostos de seus donos.

            Lene deu um suspiro longo e deitou-se no colo de Sirius, o seu lugar. Ambos sabiam que não era o momento certo. Contudo, tinham igual certeza sobre o que mais importava: um dia o destino trataria do resto, porque eles sempre pertenceriam um ao outro.

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N.a: Escrita em menos de meia hora, sem pensar demais. Então perdoem qualquer coisa.

Meu shipper preferido, então é impossível não correr pro PC com qualquer ideiazinha que venha.

beijos :)  Comentem PLEASE. s2

 

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