Uma proposta de bodas



Capítulo 2: Uma proposta de bodas


 


 


"Querida prima,


 


Foi com imensa alegria que recebi sua carta, mas uma tristeza abateu-me logo após lê-la. Saber de sua partida de Helstone me deixou, além de triste, preocupada. Como serão as coisas doravante? Sei que tio Richard tem motivos para fazer essa opção. Sinto por você e por tia Mary, que sempre foram tão apegadas a nossa amada Helstone. Lembra-se do velho Salgueiro? Tenho somente boas lembranças daquele lugar, do tempo em que brincávamos juntas lá.


 


As coisas estão ocorrendo muito bem por aqui. Os preparativos para o casamento estão quase finalizados.


 


Voltaremos ainda essa semana.


 


Mamãe e Remus mandam-lhe lembranças


 


Carinhosamente,


Dora."


 


 


 


Hermione baixou o papel, que estava em suas mãos. Acabara de receber a carta de Dora, que estava em Londres com a mãe e o noivo, organizando os preparativos para o casamento.


 


No mesmo dia que soube sobre a mudança, escreveu à prima, contando tudo. Agora sentia-se cada vez mais triste, principalmente ao ler, na carta, sua prima falando do Salgueiro. Sentiria imensa saudade daquele lugar.


 


- Hermione, o chá está pronto. - Ouviu a mãe a chamando, do andar de baixo.


 


Guardou a carta de Dora no envelope e o colocou na gaveta de seu criado-mudo. Descia para a sala, quando ouviu batidas na porta da frente. Chegou ao hall de entrada, bem no momento que Annie abriu a porta, revelando o recém chegado.


 


- Senhor Krum, bom dia. - Disse Annie.


 


- Bom dia. - O homem falou. - Gostaria de falar com a senhorita Granger.


 


- Senhor Krum, que bom revê-lo. - Disse Hermione chegando ao lado de Annie. - Entre.


 


Annie se afastou para a esquerda, permitindo que o homem entrasse. Ele tirou a cartola que usava, e ficou a segurando na mão. Vítor Krum era um homem forte, alto, tinha nariz comprido. Seus olhos e cabelos, ambos castanho escuro. Era primo de Remus Lupin, o noivo de Dora. Os dois se conheceram a alguns anos, desde que eram adolescentes. Viam-se esporadicamente, mas as visitas dele se tornaram mais frenquentes nos últimos dois anos, desde que Dora e Remus noivaram.


 


- Gostaria de se juntar à nós para o chá? - Perguntou Hermione sorrindo. Os três, Vítor, Annie e ela, parados no hall de entrada.


 


- Oh, não obrigado. Sinto em atrapalhar, mas gostaria de conversar com a senhorita.


 


- Hermione, me chame de Hermione. - Ela disse. - Conhecemo-nos a razoável tempo para me chamar de senhorita.


 


- Se assim preferir. - Ele falou com um sorriso. - Chame-me de Vítor, então... se não se importar.


 


- Como quiser Vítor.


 


- Podemos conversar a sós? - Ele perguntou.


 


- Pode ir senhorita Granger, falo para a sua mãe que a senhorita saiu em excelente companhia. - Disse Annie sorrindo e abriu a porta.


 


- Obrigada, Annie.


 


Os dois saíram para o quintal. A carruagem de Vítor estava parada ao lado da cerca. O cocheiro estava de pé, ao lado dos cavalos.


 


- Gostaria de ir a um lugar? - Hermione perguntou. - Acho que o senhor... quer dizer... você... vai gostar.


 


- Adoraria. - Ele disse sorrindo.


 


Eles caminharam lado a lado até o velho salgueiro. Não falaram durante o trajeto e Hermione estava um pouco curiosa para saber sobre o que ele queria lhe falar.


 


- Dora e eu brincávamos aqui quando crianças. - Ela disse, tentando conter a nostalgia que se abatia sobre ela. Lembrar que deixaria aquele lugar em pouco tem, sempre a deixava triste. - Creio que soube da nossa partida de Helstone?


 


- Sim, soube. - Ele falou.


 


Ela observou, em silêncio, o salgueiro por alguns instantes. Vítor não dissera nada, mas ela pode perceber que ele a olhava.


 


- Vamos continuar andando? - Ela perguntou e ele afirmou com a cabeça. Não queria pensar na mudança para Milton naquele momento.


 


Caminharam pela grama até sair dos limites da propriedade da família.


 


Hermione estava cada vez mais curiosa em saber o que ele havia para conversar com ela. Mas Vítor puxou outro assunto, falando sobre o casamento de seus primos.


 


- Prefiro que o casamento seja algo mais simples. - Ela comentou, enquanto caminhavam. - Dora está fazendo muita questão de que tudo seja pomposo demais. Mas não a culpo, sei que minha madrinha quer que seja tudo perfeito para o casamento de sua única filha.


 


- Remus disse que não poupará despesas no casamento. - Vítor disse. - Ele gosta realmente de sua prima, por isso quer tudo como manda os costumes.


 


- Bom, um casamento simples, sem tantas regras e etiquetas... - Ela disse pensativa, imaginando-se, por um breve momento, no dia de seu próprio casamento. - Gostaria de caminhar para a igreja numa manhã ensolarada. Usando meu vestido preferido. Na igreja estariam somente os familiares e alguns amigos...


 


Eles ficaram em silêncio novamente.


 


- Vítor, estamos andando há um bom tempo. Falamos do casamento de Dora com seu primo, mas creio que não foi por esse motivo que veio até mim, para conversar.


 


- Não, você está certa, há outro motivo. - Ele disse parando. Ela parou também e virou-se para ele. - Vim aqui lhe perguntar... bom, dizer... é difícil encontrar as palavras...


 


Ele olhou para o horizonte por alguns segundos, depois voltou a olhar para ela.


 


- Acho que encontrei uma maneira de você ficar em Helstone. - Vítor disse.


 


- Como? - Ela perguntou Hermione ansiosa. Haveria mesmo uma maneira de ficar?


 


- Bom... se você ficasse comigo.


 


Ela o olhou confusa. Como assim com ele?


 


- Hermione, estive pensando muito, e já faz um bom tempo que cheguei à conclusão, de que eu...


 


- Por favor, não diga. - Ela falou, cortando o que Vítor dizia. Tinha uma ideia do que ele falaria e ela não queria ouvir.


 


- Deixe-me continuar. - Vítor pediu. Ele parecia nervoso. - Bom, pensei que talvez você quisesse fazer a caminha que descreveu, até a igreja... ao meu lado.


 


- Por favor, não continue. - Hermione disse, voltando a caminhar. Nunca pensou que ouviria algo como aquilo de Vítor Krum. - Sinto muito.


 


Vítor adiantou o passo, chegando ao lado dela. Ela parou.


 


- Desculpe-me, eu... bom, você me levou a acreditar que...


 


- Vítor, sinto muito se, de alguma forma, dei esperanças... - Ela estava um pouco envergonhada.


 


- Não sinta. - Ele disse tristemente. - Eu não disse nada que me envergonhe.


 


- Desculpe-me, Vítor, que você tenha se equivocado em relação aos meu sentimentos. - Hermione disse sinceramente


 


- Há outra pessoa, alguma outra pessoa, que você prefira? - Ele perguntou. Parecia ansioso com a resposta dela.


 


- Não. - Respondeu Hermione. - Eu gosto de você Vítor, mas como amigo. Não posso corresponder a esse sentimento, que você sente por mim.


 


Ele desviou o olhar dela e abaixou a cabeça.


 


- E não estou pronta para me casar com ninguém.


 


Ela não sabia bem o porquê, mas tinha ficado com muita pena de Vítor. Era um bom homem, mas ela não tinha por ele os mesmos sentimentos que ele nutria por ela.


 


- Por favor, Hermione, desculpe-me novamente. - Vítor disse, parecendo envergonhado. - Esqueça o que eu disse...


 


Ele colocou a cartola e saiu andando na direção oposta a que anteriormente iam.


 


Hermione ficou parada onde estava. Tinha ficado muito triste. Gostava dele como um bom amigo, mas não podia enganá-lo dizendo ao contrário, por isso teve que ser direta. Desejou que ele encontrasse uma boa moça que correspondesse aos sentimentos dele. Alguém que o merecesse.


 


Ela não pensava em se casar, pelo menos não por enquanto. Seus pais já haviam demonstrado o interesse de encontrar-lhe um noivo, mas ela negou. Não sabia bem como, mas sentia que o momento de seu casamento ainda estaria longe.


 


Caminhou de volta para casa.


 


Assim que passou pelo portão, percebeu que sua mãe estava à janela observando-a.


 


- Filha, o que houve? - A mãe perguntou--lhe, assim que ela entrou em casa. - Vi da janela, quando o senhor Krum apareceu a pouco. Caminhava rápido e parecia transtornado. Subiu na carruagem e foi embora, sem nem ao menos nos dirigir à palavra.


 


- Não aconteceu nada, mamãe. - Ela disse, virando-se para subir as escadas. - Ele estava, apenas, atrasado para um compromisso.


 


- Bom, se foi isso... - A mãe disse a fitando. Parecia não ter acreditado completamente no que ela falara. - Seu pai está no escritório, quer lhe falar.


 


Alguns minutos depois, Hermione bateu na porta do escritório do pai.


 


- Entre.


 


Ela abriu a porta e adentrou o aposento.


 


O pai estava sentado em uma cadeira, atrás de uma mesa, onde se encontravam vários papéis.


 


- Recebi uma carta do senhor Black, essa tarde. - O pai informou. Ela permaneceu imóvel, apenas observando-o e esperando para saber o que ele queria lhe falar. - O possível comprador para a casa chega amanhã.


 


***


 


Antes mesmo que se desse conta, chegou o dia do jantar da família de Dora (que incluía ela e seus pais) com a família de Remus Lupin. Era véspera do casamento e todos estavam felizes com a, aguardada, união do casal. Vitor Krum comparecera à reunião, afinal, era primo do noivo. Ele mal lhe cumprimentou e depois nem dirigiu o olhar em sua direção. Ela estava triste e preocupada, pois ainda havia a questão da venda de sua casa, que fora acertada. Eles iriam se mudar para Milton, não havia mais como voltar atrás. O novo dono permitiu que permanecessem na casa até o começo do outono, que seriam em um mês.


 


- Meu vestido chegou ontem. - Falou Dora, depois jantar.


 


- Ele é realmente belo. - Disse a mãe dela, para a madrinha. - Dora mostrou-me há pouco.


 


Ela e as outras mulheres estavam na sala de visitas, da casa de sua madrinha. Falavam de vestidos, sapatos e penteados. Os homens estavam numa conversa sobre política, na sala ao lado. Como não permitiriam que ela fosse até lá, se juntar a conversa, teve que aguentar o assunto das mulheres.


 


- E você Hermione? - Perguntou uma moça loira, da família de Remus, tirando-a de seus pensamentos. - Quando pretende se casar?


 


- Não em breve, creio. - Ela falou sem emoção. A moça pareceu um pouco chocada.


 


- Isso até ela encontrar um bom partido. - Disse sua madrinha. Que era a maior incentivadora quando o assunto era encontrar um noivo para ela.


 


- Meu primo Vítor, me pareceu bem incomodado no jantar. - Falou a tal moça. - Será que aconteceu algo?


 


- Deve ter ficado encantado com a senhorita Granger, que está realmente bela, esta noite. - Disse a tia de Remus sorrindo. - Seria maravilhoso receber uma moça de família respeitável, acompanhando meu amado sobrinho.


 


Hermione deu um sorrisinho. Aquela fora a indireta mais direta que ela ouvira na vida. Depois imaginou se Vítor havia comentado algo sobre a conversa deles e dos sentimentos dele por ela, com a tia. Mas achou que um homem como ele, guardasse seus segredos para si.


 


- Está ficando tarde. - Falou Dora. Ela sabia que Hermione não gostava quando falavam de possíveis pretendentes para ela. - Amanhã é meu casamento!


 


- É sim querida. - Disse a tia de Remus. - É com grande alegria que a receberemos em nossa família.


 


Remus Lupin não tinha pais. Eles haviam morrido há alguns anos. Sua única família era seus tios e primos.


 


- Com certeza, Katherine. - Disse o tio de Remus, que era irmão de Katherine, entrando na sala com um copo em uma das mãos. - Fazemos muito gosto desse casamento. Meu sobrinho com certeza merece uma jovem tão bela como a senhorita.


 


Dora corou levemente.


 


A tia de Remus concordou com o irmão.


 


- Obrigada. - Disse Dora sorrindo.


 


Hermione ficou feliz que o assunto tenha tomado outro rumo. Odiava quando o motivo da conversa era ela e odiava mais ainda, quando falavam sobre possíveis pretendentes.


 


As pessoas começaram a se despedir para irem embora.


 


- Te vejo amanhã, prima. - Disse Hermione, quando abraçou Dora, no hall de entrada. - Descanse bem.


 


- Você também, até amanhã. - Falou Dora sorrindo.


 


***


 


Na manhã seguinte, todos se dirigiram à igreja da cidade, onde seria realizado o casamento. Hermione colocou a sua melhor roupa (a que lhe restou) e fez ela mesma o penteado.


 


Quando chegaram à igreja, pode identificar várias pessoas conhecidas da cidade e muitas outras que nunca vira. Senhores e senhoras muito bem arrumados, possivelmente da família ou amigos de Remus. Estava sentada no banco da igreja, antes da cerimônia começar, quando avistou Vitor sentado em um dos bancos, do outro lado. Ainda sentia-se triste por ele, por não poder corresponder aos seus sentimentos, mas também não queria estragar a amizade que tinham. Decidiu dar um tempo para ele, talvez depois voltassem a se falar.


 


Sua mãe estava um pouco ansiosa, mas não mais que sua madrinha, que era a mãe de Dora.


 


A noiva chegou. A prima estava muito bonita e o noivo a recebeu radiante.


 


 


- Felicidades, prima. - Disse ela abraçada a Dora, já na festa em comemoração ao casamento. - Espero que seja muito feliz ao lado de seu marido.


 


- Obrigada. - Dora falou sorrindo. As duas estavam conversando, mais afastadas das pessoas, que estavam sentadas às mesas que estavam no jardim. - Sei que você não gosta de falar disso, mas quando será que eu a felicitarei pelo seu casamento?


 


- Algum dia, talvez. - Disse simplesmente.


 


- Dora, há algumas pessoas que querem lhe falar. - Chamou a madrinha, que vinha acompanhada de um casal e de duas crianças.


 


- Vou deixar você com seus convidados. - Hermione disse.


 


- Aproveite a festa. - Dora disse, antes de se dirigir aos convidados que vinham até ela.


 


Hermione saiu andando por entre as mesas. Avistou Vítor, conversando com Remus, mais adiante. Pouco depois eles se despediram e Vitor foi embora. Ele a teria visto?


 


Observou os convidados, que riam e conversavam. Ela não compartilhava do mesmo humor, pois ainda estava triste com a partida dela e dos pais para Milton. Imaginava frequentemente, o momento em que chegavam lá, e eram recebidos por pessoas desagradáveis e pouco amigáveis. Desejava, realmente, que encontrassem pessoas gentis lá.


 


Apesar de tudo, esperava que fossem felizes na nova cidade.




**** 

Segundo capítulo da fic! Espero que gostem e comentem! Até o próximo! 

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