O jantar



“G.W.



Escolhi este vestido para você.
Espero que goste
D.M.”


Gina releu o bilhete, já usando o vestido azul marinho que parecia ter sido encomendado sob suas exatas medidas. Ele era um tomara que caia bem justo no busto, com vários minúsculos pontos brilhantes azuis que, Gina não sabia, eram pó de safira. Da cintura para baixo, o tecido era leve, mas dava certo volume e ia até os pés.


Sem dúvidas, o vestido mais lindo – e caro - que já usara na vida.


Ouviu alguém bater na porta, então amassou o bilhete e foi atendê-la. Deparou-se com um estonteante Malfoy, com vestes de gala impecáveis e escuras. Gina percebeu que ele já tinha recuperado bastante de sua massa corporal, então se pegou desejando acariciar seu peitoral largo e ficou muito rubra.


Ela afastou-se para que ele pudesse entrar, fechando a porta em seguida.


- Ficou bonito em você, o vestido.


- Ficaria bonito até em uma vassoura, Malfoy! – brincou para disfarçar o embaraço que o elogio lhe provocou – Seu gosto não é dos piores.  


Ele assentiu com a cabeça, sem dizer nada. Malfoy estava decididamente estranho desde o dia em que fora coroado, o que aconteceu há duas semanas, e ele tinha a evitado desde então. Outra coisa ainda mais estranha era que se lembrava de muito pouco daquele dia e acordou em um quarto que não era o seu. Sempre que perguntava para Hermione o que tinha acontecido, a morena desconversava e dizia que estava muito ocupada para as suas besteiras.


A sua chance de entender o que estava acontecendo seria hoje, porque iriam a um jantar com vários chefes de Estado da Europa e da Ásia, que aconteceria em Estocolmo, então Draco, Harry, Rony e Hermione não poderiam mais escapar.    


- Malfoy, está tudo bem? - Ele levantou a cabeça e olhou profundamente em seus olhos. Gina percebeu que ele estava sem defesas e encabulado, o que não era do seu feitio, e então ficou realmente preocupada – Eu fiz alguma coisa na coroação?


- Nada além de sorrir e acenar, Weasley. Vai demorar muito?


- Não, só falta... isso! – Pegou brincos de brilhantes sobre a penteadeira, que tinham sido um presente da gentil rainha bruxa da Suiça, e pensativa, os colocou. Gina crescera acostumada às limitações financeiras, usando vestes de segunda mão e livros de segunda mão. Seus brincos eram baratos e viviam se quebrando, inclusive Pansy Parkinson, ex namorada de Malfoy, a viu colando um deles com um feitiço e a humilhou publicamente. O que Pansy Parkinson diria agora?


- O que aconteceu à Parkinson?


- Não faço a menor idéia.


- Não pode ser verdade! Ela costumava ser sua namorada!


- Sim, ela e três-quartos da população feminina de Hogwarts.


- Você é nojento e, com isso, eu sinto muito orgulho de ser da Grifinória – Havia um claro tom de brincadeira na voz de Gina, mas Draco ficou muito perturbado com aquela frase e não respondeu, deixando a ruiva ainda mais confusa.


- Procure não demonstrar todo esse orgulho no jantar, futura Sra Malfoy.


- Pare de se gabar - riu.  


________


O salão onde aconteceria o evento era monstruosamente grande e sem janelas. Havia uma tapeçaria atrás da grande mesa de mármore, que trazia o escudo da Suécia, e lustres enormes cujos pesos deveriam ser capazes de derrubar um elefante adulto. Gina sentou-se entre Hermione e Draco, de frente para uma senhora pomposa que era casada com o Ministro da Magia Francês. O que a incomodava realmente, porém, era a loira que estava acompanhando Harry, que tinha os olhos puxados da Chang, mas azuis como os dele.


Ela era muito bonita, com seu vestido vermelho e decotado.


- Quem é ela? – perguntou à Hermione, discretamente.


- E importa, Gina?


- Você sabe que importa.


- Por favor, Gina, não faça isso consigo mesma.


- Então eles estão juntos de verdade? – Hermione abaixou a cabeça e ficou em silêncio. Gina quis levantar-se e arrancar, um por um, aqueles fios loiros e compridos. Era tão estúpida, mas tão estúpida, que estava se sentindo traída. Então Malfoy disse, baixinho:


- Controle-se, Weasley. Sabe aquele ali? – Malfoy apontou para o Ministro da Magia da Finlândia, que devia ser cego, já que suas pupilas eram completamente brancas. – Até ele deve ter percebido. Eu sei que não me ama de verdade, mas sou seu noivo de verdade, então me respeite.


A ruiva cravou as unhas na palma de sua mão, tentando se controlar. Percebeu que Draco tinha razão, e metade da mesa estava olhando para ela de maneira suspeita. Sem ver outra alternativa, engoliu sua ira e sorriu para seu noivo, antes de dar um leve beijo em seus lábios.


 Aconteceu, então, algo que a ruiva jamais poderia prever: Draco ficou rubro de vergonha. Sequer sabia que ele era capaz de ficar constrangido, com toda aquela superioridade que tentava demonstrar o tempo todo. Alguma coisa, com certeza, havia acontecido no dia da coroação.


- Hermione...


- hm? – ela perguntou, tomando um pouco de vinho.


- No dia da coroação... – Hermione engasgou, mas Gina apenas deu alguns tapinhas nas suas costas, sem interromper sua linha de raciocínio... – O que aconteceu? E por que eu não me lembro?


- Depois a gente conversa, Gina – ela disse, respondeu, entre uma tossida e outra, tentando recuperar o fôlego.


- Acho que não, Hermione – e levantou uma sobrancelha, ameaçadora, como se dissesse “vou fazer um escândalo, hein?”


A morena respirou fundo, mas respondeu, resignada:


- Ele meio que... te deu uma poção do amor.


- Que bom que ele só “meio” que me deu... – retrucou, sorrindo docemente, porque a vaca da primeira dama francesa não parava de olhar para ela. – Como foi que eu, por algum momento, fui capaz de achar que ele era uma boa pessoa?!


- Não seja dramática, Gina! Ele só ficou com medo que seu gênio pusesse tudo a perder... – Hermione defendeu Harry, sem saber que Gina, em um mal entendido, na verdade falava de Draco.


- Eu não vou ser dramática, vou ser exatamente o que vocês esperam de mim e do meu gênio.


Estava muito revoltada e enojada. Olhou de soslaio para Malfoy, que, distraído, pegava com um dedo uma gota que escorrera da sua taça, que suava por causa do seu conteúdo gelado. Ele parecia estar diferente da época de Hogwarts, menos fútil e menos imbecil, mas as aparências quase nunca correspondem com a realidade, afinal.


Foi então que seus olhos castanhos, por vontade própria, deslizaram para os lábios de Draco e sentiu uma dormência na nuca muito estranha. Pelo jeito, seu corpo se lembrava bem do que sua mente esquecera.


Balançou a cabeça, veementemente, e tomou um gole de hidromel.


- Um momento da atenção de vocês, por favor – pediu o Ministro da Magia Sueco, um homem baixinho e gorducho, com um bigode loiro e os olhos muito azuis. – Quero agradecer a presença de todos vocês, principalmente porque são todos homens e mulheres muito ocupados.


- Quando esta reunião foi marcada, há três meses, confesso que a minha única pretensão era desfrutar um momento de descontração com os senhores, que, melhor que a maioria, entendem as frustrações e dificuldades que nosso cargo traz...


- E para estreitar laços comerciais – cochichou Hermione, esperta, mas só Gina ouviu.


- No entanto – o homem continuou – uma causa nobre e importante aconteceu de lá pra cá e pode trazer a normalidade de volta para a Inglaterra, uma parceira tão importante para todos nós, que, pelas mãos de monstros, tem praticado atos que abominamos. Um brinde para o Rei, Draco Philip, e sua futura e bela esposa, Guinevere Weasley – o pequeno homem levantou sua taça, o que foi seguido pelos demais presentes. Gina sorriu, cordialmente, para todos da mesa, fingindo estar encantada com o título de “futura e bela esposa” de Draco – Acredito que digo por todos quando afirmo que depositamos nossa fé nos senhores.


 


_______________________


N.A.: Desculpem pela demora, pessoal! As coisas estão complicadas na faculdade ._.


Obrigada pela compreensão e apoio de todos vocês (:


;*


[Desculpem não poder agradecer a cada um de vocês de forma específica, mas estou com muuita pressa x_x
Sei que este capítulo não tá empolgante, mas é necessário pra trama ._.
Prometo mais emoções no próximo]

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