Cara certo

- Agora fala sério, Potter – disse Ron enquanto acompanhava Harry até o salão comunal.

- Harry.

- Hã?

- Me chame de Harry.

- Não obrigado – disse Rony estranhando – Isso pareceria que somos amigos ou algo do tipo. Não quero parecer muito íntimo de você.

- Você é direto.

- O caso é que, por que você queria que eu fosse fazer o teste de hoje?

- Sinceramente?

- Sim.

- Eu sabia que você tinha potencial e não queria McLaggen no time, achei que iria dar um goleiro muito melhor, o que se comprovou! Você jogou muito bem!


- Joguei, né? – disse Rony parecendo orgulhoso de si mesmo – Há! Aquela Granger teve o que queria! Aquela sangue-ruim ainda deve estar espantada com o fato que eu consegui ser o goleiro! “Seria a mesma coisa que um macaco lutar contra um gorila!" – ele fez a imitação de uma garotinha de cinco anos falando, provavelmente querendo imitar Hermione – Bem! Parece que o macaco ganhou no final!

- Bolacha de abóbora – disse Harry assim que chegou na frente do quadro da Mulher Gorda.


Os dois atravessaram a passagem, e viram duas garotas sentadas em volta de uma mesa conversando alegremente.
Lilá cutucou Hermione ao ver que os garotos chegaram, assim que Hermione viu Harry, Lilá deu uma risadinha e assim que Lavender olhou para Rony, a loira deu um sorrisinho, que Harry notou Hermione mandar para ele quase que uma centena de vezes.


- Ele é tão charmoso – Harry escutou Lilá dizer para Hermione em um tom baixo.

- Você tem um péssimo gosto - sentenciou Hermione se levantando para se aproximar de Harry e ignorando o fato de que Ron estava ao seu lado.

- Oi Harry! Você foi incrível! Bem, eu não vi o teste dos batedores, mas me disseram que você desviou de quase todos! Meu Merlin, que agilidade você tem! Você fez ótimas escolhas para os jogadores! Dino é um ótimo artilheiro e Bary com certeza é um ótimo batedor!

- Pois é, Granger, parece que temos ótimos jogadores no time, não é? Pelo jeito você deve um pedido de desculpas para um certo alguém, não? – disse Ron dando um sorriso triunfante.


Hermione abriu a boca por um momento, mas depois a fechou e fuzilou Ron com seus olhos.


- Só se você se desculpar para mim! – ela retrucou.

- Pelo o quê? – ele perguntou indignado.

- Você me chamou de sangue-ruim!

- E daí? Essa não é a primeira vez ou é?

- Não, não é! – ela disse começando a tremer um pouco por raiva – Mas se você espera um pedido de desculpas vindo de mim, é melhor se desculpar primeiro!


Eles ficaram ali parados, se encarando furiosamente.


- Muito bem – disse Ron.


Hermione sorriu satisfeita, esperando Ron se desculpar.


- Se você precisa de um pedido de desculpas vindo de mim para se desculpar, então acho que posso viver sem escutar nada vindo de você, Granger! Nunca me desculparei por você ser uma suja nascida trouxa. – foi a última que ele disse antes de caminhar para o dormitório.


Hermione o olhou indo embora com a boca aberta, ela estava chegando a um nível de indignação enorme.


- Aquele... Aquele completo... – ela nem conseguiu terminar a frase, em vez disso, voltou a sentar-se à mesa junto com Lavender.


Lilá começou a contar sobre como Rony havia sido incrível nos testes, enquanto Hermione a fuzilava com os olhos, totalmente com raiva, mas Lilá não parecia se incomodar com o fato de Hermione não querer escutar nada que tenha haver com Ron.


- Gina! – exclamou Harry ao ver a ruiva entrar no salão comunal.

- Ah, oi... Ahm...

- Harry! – ele disse fazendo-a se lembrar.

- Ah sim! O maluco do trem, me lembrei!



Harry achou melhor nem comentar nada por ela achar que ele fosse um maluco.


- Sabe, por que você não fez os testes para arti...

- Ah! Você acha que ele sairia comigo? – ele escutou Lilá exclamar em alto som pela emoção no outro extremo do local.

- Eu não sei, ok? Por que é que você quer sair com um completo trasgo? – gritou Hermione enquanto escrevia frenéticamente em um pergaminho.

- Ele não é tão ruim assim... – disse Lilá pensativa, sem perceber o fato de Hermione estar com raiva – Aposto que por debaixo daquela máscara arrogante, está um belo garoto sensível a procura da pessoa certa...


Hermione deu uma risada irônica.


- O que você está escrevendo, afinal de contas? – perguntou Lilá tentando ler o que Hermione escrevia, mas a garota colocou o braço na frente do pergaminho tentando impedir que alguém conseguisse ler o que escrevia.

- Só uns lembretes – respondeu Hermione.


- Certo... Bem vou para o quarto, Parvati está entusiasmada por causa de seu encontro com McLaggen amanhã. – disse Lilá pegando suas coisas. – Se quiser, eu já levo sua mochila para cima! – disse Lavender querendo pegar a mala de Hermione.

- Não! – disse Hermione impedindo que Lilá sequer tocasse em suas coisas – Eu... Eu levo pra cima assim que terminar meu pergaminho...


Lavender somente deu de ombros e foi embora.


- Hum... – disse Harry pensativo observando a cena.

- Hum o quê? – perguntou Gina que também estava observando Lilá e Hermione desde o momento que elas começaram a falar extremamente alto.

- Bem, nada... É só que se eu estiver certo, Hermione... Ela... Gina, você pode me fazer um favor?

- Depende de qual for...

- Você conhece Luna Lovegood? Da Corvinal? – perguntou Harry esperançoso de que pelo menos isso não tivesse mudado.

- Luna? Ela é uma amiga minha.

- Será que você e ela poderiam...


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Harry se sentou no sofá, olhando Hermione que estava escrevendo tranquilamente.
Não demorou muito para que o quadro se abrisse e que Gina aparecesse com uma outra garota loira, que olhava o local com muita curiosidade.


- Bolacha de abóbora... Grifinória tem um jeito muito estranho para entrar pro salão comunal – disse Luna calmamente.

Harry se levantou do sofá e sentou-se à mesa junto com Hermione.


- Oh, Harry! – ela exclamou sorrindo no momento que ele se sentou.

- Fazendo lição de casa? – perguntou olhando para o pergaminho, ele sabia que não era isso, pois a Hermione que ele conhecia, teria terminado qualquer dever em questão de poucos minutos, e se ele estivesse certo, ele estava pra descobrir se aquela velha Hermione ainda existia.

- Ahm, sim, sim é isso – ela mentiu.


- Oh, Harry! – exclamou Gina se sentando na mesma mesa dos dois com Luna.

- Hermione, essa é Gina e Luna.


Hermione observou as duas de cima pra baixo antes de dizer:


- Prazer.

- Eu teria mais cuidado se fosse você... – disse Luna observando Hermione com curiosidade.

- Por quê?

- Zonzóbulos! Espera um instante. – ela pegou de seus bolsos um óculos extravagante – Nossa, você está cheio deles.


Hermione revirou os olhos e estava prestes a continuar a escrever quando Gina disse:


- Você soube, Harry? Houve uma entrevista com Bamilda Balmot no Profeta Diário, você sabe, aquela historiadora famosa, se não me engano ela escreveu aquele livro chato sobre Hogwarts.


Hermione fechou os olhos por um momento, inspirando e expirando, como se estivesse pedindo paciência.


- Ah, vocês têm jujolos aqui! – disse Luna observando alguma coisa perto do sofá – São criaturas invisíveis e muito amigáveis, Grifinória tem realmente muita sorte...

- Ei, ontem mesmo, eu estava na biblioteca e vi um livro daquele escritor famoso... Gilder Luckmart. Meu Deus! Ele escreveu muitos livros, não acha? Como se alguém realmente fosse perder seu tempo lendo tal coisa.


Hermione que ainda estava de olhos fechados, franziu o cenho.


- Ah, narguleses! – exclamou Luna olhando para o lustre – Eles gostam do calor, sabem?

- Ah, alguns dias atrás, eu estava lendo " Frente ao Conhecido" de Quitimo Trimme! Meu Merlin, que coisa...

- Calem essa boca! – gritou Hermione finalmente não aguentando mais – Zonzóbulos, jujolos, nargules? Isso são criaturas inventadas que nem mesmo existem!

- Está comprovado que os zonzóbulos existem, olha, é só você por esses ócu...


- E você! - exclamou Hermione olhando para Gina ignorando Luna - Primeiro, é Batilda Bagshot, Gilderoy Lockhart e Quintino Trimble e não essas pessoas que você disse! E "Frente ao Conhecido"? É "Frente ao Irreconhecível"! Que por acaso é um dos livros que pedem pra você comprar! E perdoe-me, mas "Hogwarts: Uma História" chato? E se você perdesse realmente seu tempo lendo os livros de Lockhart, perceberia o quão incríveis eles são! – Hermione disse isso em um fôlego só e em uma velocidade incrível.

Por um momento Gina só ficou olhando para Hermione com os olhos regalados, enquanto Luna olhava para o teto.


- Nossa, aqui realmente está cheio de zonzóbulos.


Demorou uns segundos, até que a Hermione pelo jeito percebera tudo que acabava de dizer.


- Obrigado, Gina. – disse Harry sorrindo.

- Certo, bem – ela dizia pasma – Vamos Luna, eu te acompanho até o salão da Corvinal.

- Hum? Oh, claro... – respondeu distraída enquanto procurava por mais criaturas fascinantes ao redor da sala.

Assim que as duas saíram, Harry olhou para a Hermione que estava respirando com dificuldade.


- Vejo que é uma fã de livros?


Ela não respondeu, estava pasma pelo jeito que havia reagido.

- Não aguentou alguém que falava sobre coisas inexistentes e incomprovadas?

- Olha...

- E alguém falar errado os nomes dos escritores de livros que você adora deve ter sido uma tortura não?

- Como você sabe que eu ado...

- E isso aí não é dever de casa, ou sim? – perguntou Harry pegando o pergaminho da mesa.

- Ei, me devolva! - ela pediu tentando pegar o pergaminho das mãos de Harry, mas ele foi mais rápido ao se levantar.


Hermione o seguiu, mas ele simplesmente andava ao redor da mesa, impedindo que a garota pegasse o pergaminho.


- Extremamente importante: NIEM's de Transfiguração, mudar cor de besouros com um feitiço não-verbal. – disse Harry lendo o papel – No teste prático, alunos recebem mais pontos se somente usarem feitiços não-verbais. Ao tentar transfigurar si mesmo, lembrar de se concentrar somente em si, se não imaginar exatamente sua própria imagem de como você quer ficar, pode levar a resultados catastróficos.


- Devolva! – pediu Hermione mais uma vez.


Harry rolou o pergaminho e entregou a ela, não precisava ler o resto, ele já havia comprovado o que queria.
Hermione andou até o sofá e se jogou nele, segurando o pergaminho com toda a força.
Harry se sentou ao lado dela, enquanto a garota observava as chamas do fogo da lareira se movendo.


- Desde quando você esconde esse tipo de coisa?


Ela não respondeu.


- Por que você faz isso?


Ela ainda continuava quieta.


- Você é inteligente, Hermione, por que tem vergonha disso?

- Posso... Posso te contar? – ela perguntou cautelosamente.

- Sim, somos amigos.


Ela sorriu.


- Promete que fica entre a gente?

- Claro.


Hermione se virou para encarar Harry.

- Você por acaso se lembra como eu era no primeiro ano?


Harry pensou um pouco, ele não sabia se deveria mentir e dizer "não", ou se devêsse contar o jeito que ele se lembrava antes de ter feito aquele desejo.
Ele resolveu dizer a verdade.


- Sim, uma garotinha dentuçinha, cabelos volumosos e embaraçados, inteligente demais da conta, de fato, uma sabe-tudo.


Hermione arregalou os olhos de boca semi-aberta.


- Você é o único que se lembra...

- Por que mudou? – ele tentou não parecer surpreso por ter estado certo.


Hermione suspirou.


- O que adianta ser inteligente? Quero dizer, tenho orgulho disso, sério! Mas... Todo mundo te odeia por isso...


Harry não pode negar, pois quando ele a conheceu, seu jeito sabe-tudo e mandão realmente o incomodava, mas isso tinha sido antes de terem virado amigos.


- Uma vez não aguentei mais! Lembro-me muito bem daquele dia... Estávamos aprendendo "Vingardium Leviosa" e o professor havia me obrigado a fazer dupla com o Weasley.


Harry se lembrava muito bem daquele dia, Rony havia chamado de pesadelo depois da aula, por Hermione tê-lo irritado por mostrar seu lado de sabichona.


- Weasley estava falando o feitiço totalmente errado, ele era um desastre – continuou Hermione – Quando eu mostrei a ele o jeito correto, ele havia ficado irritado, me chamou de "nascida-trouxa nojenta e sabichona".


Harry suspirou, pelo jeito Rony já havia mudado seu jeito antes mesmo de Hermione ter parado de dar uma de inteligente.


- Aquilo me incomodou, sabe? Eu chorei por um tempo no banheiro, até que decidi parar de dar uma de sabe-tudo. Queria ser como os outros! É chato ficar sempre sozinha! Livros são ótimos, mas eles não são pessoas... Eles não são realmente "amigos".

- Então você decidiu usar maquiagem, pintar as unhas e virar o que você se transformou? – perguntou incrédulo.


Hermione deu um sorriso fraco.


- Não. Primeiro, eu decidi parar de ler, tentar ser mais sociável... Comecei com minhas colegas de quarto, foi assim que virei amiga de Lilá e Parvati.

- Decidiu parar de ler?

- Decidi, mas óbvio que não consegui... Livros são minha paixão! Eu leio sempre, mas não na frente dos outros. Não quero que eles pensem que sou sabichona, já tive que aturar risadas e zombarias suficientes no primeiro ano. O caso é que, com o tempo, as pessoas se acostumaram com meu novo eu e bem, se esqueceram que aquela garotinha irritando e inteligente era eu. Acho que nem mesmo Weasley se lembra que eu era a "nascida-trouxa nojenta e sabichona". A maquiagem e unhas pintadas, vieram com o tempo, quando você tem amigas como Lilá e Parvati, você começa a usar esse tipo de coisa e bem, funciona, tive mais amigos depois disso...

- Mas você prefere ser a Hermione sabichona, não?

- Bem, sim, admito, mas quem é que gostaria de mim sendo sabichona?

- Eu.


Hermione sorriu.


- Harry, você é incrível, sabia? Você me conhece muito bem...

- Acho que te conheço mais do que você imagina. - ele disse imaginando seu tempo com Rony e Hermione.

- Talvez eu não devesse te dizer isso agora, mas...


Ela olhou o Harry nos olhos e mordeu o lábio inferior.


- Acho que você é o cara certo.

- Cara certo? - perguntou Harry assustado.

- É. Você, você aceita do jeito que eu sou... Você sabe, debaixo de toda essa produção – ela disse se referindo aos seus cabelos perfeitos e maquiagem.

- Mas, eu não sou o cara certo!

- Você é gentil, incrível, sensível... Você É o cara certo!

- Hermione... Olha, acho que seu cara certo é uma outra pessoa, sabe...


Mas Hermione ignorou, ela somente fechou seus olhos lentamente e aproximou seu rosto.


- Ok, Hermione! Vamos fazer o seguinte.


Hermione abriu os olhos e olhou Harry com o interesse.
Harry sabia que o que iria fazer era loucura, mas ele a conhecia.


- Você realmente acha que eu sou aquele que você gosta?


Ela assentiu.


- Muito bem, pode fazer, mas faça isso devagar, certo?

- Mas o quê você...


- Acredite Hermione, acho que quando você fizer, vai perceber.


Harry fechou os olhos.
Hermione franziu o cenho confusa por um momento, mas achou melhor ignorar.
Ela aproximou seu rosto do Harry, mas quando faltava alguns centímetros, ela começou a rir um pouco.
Ela se separou dele rapidamente e assim que se acalmou, ela tentou outra vez, mas quando estava como uns três centímetros de distância de seus lábios, seu estômago revirou e ela deu uma outra risada se separando outra vez dele.


- Eu, eu não consigo – ela disse – Simplesmente não consigo.


Harry abriu os olhos aliviado.


- Por que, por que eu não consigo? – ela perguntou séria para si mesma.

- Porque eu não sou o "cara certo".

- Mas, mas você é esportivo, inteligente, me entende, sensível... Você é o perfeito...

- Amigo – ele disse antes que Hermione pudesse terminar a frase com a palavra "garoto" ou "namorado".


Hermione o encarou, pareceu pensar um pouco antes de sorrir e dizer:


- Tem razão, o perfeito amigo...


Harry retribuiu o sorriso, aquela era a Hermione que ele sentia a falta, estava cansado de somente ver a patricinha e flertadora que ele tinha que aguentar ultimamente.


- Ah, quando encontrei o "cara certo", percebo que é somente um amigo. Bem, pelo menos finalmente encontrei o "amigo certo".

- Não sei não, Hermione, acho que seu cara certo ainda está por aí. – ele disse se levantando e indo para o dormitório, onde encontrou um Rony dormindo de boca aberta e roncando. – Pois é, só falta você perceber quem é, Hermione – ele disse para si mesmo antes de ir dormir.

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