O Berrador

Capitulo 21. O Berrador.

 

*~*~*~*~*~*~*

   Quando acordou na manhã de quinta feira, uma coruja a observava. Curiosa, deu um doce a coruja e pegou a carta.

   Charlotte, sei que você deve estar com raiva de mim. Entendo você. Mas por favor, me encontre na cede da ordem hoje à noite, às sete horas. Até lá,

                                                                                              Harry.

   Espumava de raiva. Como ele tinha a coragem de mandar uma carta para ela?Como ele tinha a ousadia de pedir para encontrá-lo? “Pois ele que espere. Por que ir lá, eu não vou. Nunca!” ela pensou. Jogou a carta no chão e foi tomar banho.

...

   Estava no departamento de mistérios, explorando a sala do tempo. Era a primeira vez que pisava lá. De todas as salas secretas do departamento, essa era a mais interessante que fora descoberta. Suspirou, enquanto olhava estantes e mais estantes com vira-tempos e outros objetos fascinantes. Era o seu sonho secreto encontrar uma nova sala no departamento. Sabia-se que poderia haver milhares delas naquele lugar, mas ninguém até aqueles dias descobrira alguma nova. Ela queria ser a primeira.

   Sabia que tinha poucas chances, mas conseguiria. Por seu pai. Seus pensamentos foram interrompidos por um pio. Uma coruja preta planou até ela, com uma carta no bico. Ela pegou a carta, temerosa. No envelope havia um lacre de cera púrpura com um brasão. Um leão, uma águia, um texugo  e uma cobra em volta de um grande H. Seu coração acelerou. Hogwarts...O que a Profa. Mcgonagall queria com ela?

*~*~*~*~*~*~*

 

   Harry estava sentado no sofá, olhando diretamente para o relógio. Sabia que havia muitas chances de Charlotte não ligar para o seu “convite”. Se ela não aparecesse até as sete em ponto, ele a faria escultá-lo, mesmo que precisasse invadir a casa dela. Não entendia o por que de ela querer evitá-lo. Sabia que ela estava com raiva dele. Sabia que não agira certo quando esquecera ela, a deixando de lado. Simplesmente queria fazer as pazes com ela. Queria que os dois fossem amigos, ou pelo menos, que ela o perdoasse. Mas ela estava dificultando muito os seus planos.

   -Ainda esperando ela, Harry?-Sirius perguntou, havia acabado de chegar à sala, com um sorriso zombeteiro no rosto. Lupin vinha logo atrás dele.

   -Sim – respondeu Harry, com um suspiro. Ele sabia que o padrinho iria brincar com a situação. Ele e Remo eram assim – Charlotte não vai vir mesmo, mas se ela acha que eu vou desistir, está muito enganada.

   -Eu se fosse você, Harry, a deixaria em paz – disse Sirius, se sentando em uma poltrona.

   -E eu, se fosse você, iria ouvir Almofadinhas, Harry. Ele tem muita experiência nisso – completou Remo, se sentando ao lado de Harry.

   -Não dá. Não quero que acabe assim. Eu simplesmente não entendo o porque disso – falou Harry, olhando de um para o outro.

   -Mulheres são malucas, Harry. Tenho que admitir que elas são superiores a nós, homens, mas elas são malucas. Numa hora, te amam. Na outra, te odeiam. Nenhum homem conseguiu entendê-las. Você não vai ser o primeiro – ele falou, carrancudo. Lupin tomou a palavra.

   -O que o velho Almofadinhas quer falar na verdade, Harry, é que as mulheres existem para que as amemos, e não para que as compreendamos – disse ele, sabiamente.

   -Queria que alguém tivesse escrito um livro sobre como a mente delas funcionam. Seria o fim dos meus problemas – disse Harry, olhando para o teto.

   -Eu daria tudo para ter um exemplar – falou Sirius, rindo.

   -Quer dizer, então, que você vai atrás de Charlotte, mesmo assim?-perguntou Remo, perspicaz.

   -Sim – afirmou Harry, não entendendo nada.

   -Mesmo que ela possa te atacar, bater ou até mesmo maltratar?Isso tudo só para ter seu perdão?-continou Sirius, parecendo alarmado com a idéia.

   -Sim, é claro – respondeu Harry, ainda confuso. Remo e Sirius se olharam, olhares idênticos. Harry ficou ainda mais confuso, e ia perguntar o que eles estavam tramando quando sua coruja voltou, parecendo assustada e nervosa.

   -O que foi, Apolo?-perguntou, desconfiado. Mas sua pergunta foi respondida prontamente, quando uma carta caiu em seu colo. Apolo voou para o andar de cima, parecendo aliviado. E Harry viu:não era uma simples carta, mas sim um berrador. Gelou. Sirius e Remo o olhavam, fazendo força para não rir, Harry notou.

   -Abra logo, não quero que minha casa pegue fogo – disse Sirius. Harry suspirou. Pegou o envelope, e tomando força, o abriu. Uma voz que parecia gritar, ampliada milhões de vezes, começou a berrar.

   -HARRY POTTER, COMO VOCE TEVE A OUZADIA DE ME MANDAR UMA CORUJA?COMO VOCE É IDIOTA!SAIBA QUE EU NUNCA PISAREI MAIS NESSA CASA. QUERO FICAR O MAIS LONGE POSSIVEL DE VOCE!POR QUE, AO INVEZ DE ME MANDAR CARTAS PARA PEDIR PARA NOS ENCONTRARMOS, VOCE NÃO VAI PASSAR O SEU PRECIOSO TEMPO COM SUA NAMORADINHA, GINA? AQUELA...AQUELA PIRANHA!DA PROXIMA VEZ QUE VOCE ME MANDAR QUALQUER COISA, EU VOU BERRAR A PLENOS PULMÕES NO MEIO DO SAGUÃO DO MINISTERIO. VOCE SABE O QUE EU VOU FALAR?POIS VAI SABER SE ME RESPONDER!ENTÃO FIQUE QUIETO NO SEU CANTO, OU ENTÃO VAI SE ARREPENDER. E NEM PENSE EM MANDAR SUA NAMORADA PARA VIR ME PEDIR SATISFAÇÕES. SE EU VIR ELA, EU JURO QUE NÃO SOU RESPONSAVEL POR MEUS ATOS. ENTÃO, VOCES DOIS, FIQUEM BEM LONGE DE MIM!JA BASTA SABER QUE VOCE EXISTE, VIADINHO!MANDE UM OLÁ PARA GINA. A, E SE REMO ESTIVER AI, MANDE UM ABRAÇO. ESPERO QUE ELE E A FAMILIA ESTEJA BEM. ATÉ NUNCA, POTTER!

   E a carta se rasgou inteirinha. Remo e Sirius riam tanto, que quase choravam. Harry olhou para eles, com raiva. Charlotte tinha passado dos limites. Harry iria falar com ela, mesmo que precisasse invadir o departamento de mistérios.

   -Você ainda irá procurá-la, “veadinho”?-Sirius perguntou, arrancando mais risadas de Remo, que tinha caído do sofá.

   -Vou sim. E ela vai se arrepender de ter mandado esse berrador – disse Harry, olhando feio para os pedaços de pergaminho rasgados.

   -Sinceramente, tenho que lhe fazer uma pergunta:Você quer se matar?-perguntou Remo, depois de se recompor e se sentar novamente no sofá.

   -Não. Só quero que Charlotte me perdoe, e agora quero também dar o troco – falou Harry, ainda olhando para os restos do berrador.

   -Bem, então encomende o seu caixão e escreva seu testamento, por que, pelo que ela falou, você está na lista negra dela, Harry – disse Sirius, ainda risonho. Harry teve que concordar com o padrinho.

   -E é melhor não contar a Gina, ela é capaz de entrar numa briga com Charlotte. Sinceramente, não sei quem ganharia. Mas temos que contar para Jorge...-disse Remo, rindo. Harry lhe lançou um olhar penetrante, que deveria ser muito ruim, pois ele imediatamente ficou sério.

   -Vou dormir – disse Harry, secamente – amanhã vai ser um longo dia.

   -Vai procurar Charlotte no ministério, não é?-perguntou Sirius, interessado.

   -Vou. Talvez eu encontre o departamento de mistérios vazio – disse Harry.

   -Essa eu não perco. Vou sair das minhas férias e voltar ao trabalho – disseram Lupin e Sirius ao mesmo tempo. Os dois estavam de férias, trabalhavam como aurores, como Harry.

   -Ótimo. Já tenho uma platéia e também testemunhas. Se eu não sobreviver, me enterrem no mesmo cemitério dos meus pais. E você pode ficar com a minha Firebolt, Sirius – brincou Harry. Sirius e Remo riram.

   -Obrigada, Harry. Ela será de grande ajuda para mim – disse Sirius, sorrindo.

   -Prometemos que vamos arranjar flores muito bonitas para o seu enterro – disse Remo, com um sorriso sério – prefere rosas ou podemos arrumar algumas que combine com os seus olhos?

   Todos riram. Harry saiu da sala e foi para o quarto. Pensava em Charlotte enquanto se deitava. Uma coisa ele tinha que admitir:A garota tinha merecido entrar para a Grifinória. Ela era muito corajosa, audaciosa e Harry tinha a impressão que ela também seria muito boa em duelos. E isso não era nada bom para ele.

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.