HARRY OU O ELEITO?



CAPITULO DOZE


HARRY OU O ELEITO?


 


TAL COMO HERMIONE PREVIRA, OS períodos livres do sexto ano não eram as horas de abençoada descontração imaginadas por Ron, mas aquelas em que se tentava dar conta da vasta quantidade de deveres que eram passados. Não somente eles estavam estudando como se tivessem exames diariamente, mas as aulas em si estavam exigindo mais do que nunca. Harry mal entendia metade do que a professora McGonagall dizia ultimamente, até Hermione precisava lhe pedir para repetir as instruções uma ou duas vezes. Por incrível que pudesse parecer, e para a raiva crescente de Hermione, de repente Poções se tornara a matéria em que Harry se saía melhor, graças ao Príncipe Mestiço.


Agora esperavam que os alunos realizassem feitiços não-verbais, não apenas em Defesa contra as Artes das Trevas, mas em Feitiços e Transfiguração também. Era frequente Harry olhar para os colegas na sala comunal, ou à hora das refeições, e constatar que o esforço os deixava púrpura, como se tivessem exagerado em O-aperto-você-sabe-onde, embora ele soubesse que, na realidade, estavam tentando realizar feitiços sem pronunciar os encantamentos em voz alta. Era um alívio ir para as estufas; em Herbologia estavam lidando com plantas mais perigosas que nunca, mas pelo menos tinham permissão de xingar em voz alta se um dos Tentáculos Venenosos os agarrasse inesperadamente pelas costas.


 


Um dos resultados da enorme carga de trabalho e das horas frenéticas em que praticavam feitiços não-verbais foi que Harry, Rony e Hermione não tinham arranjado tempo para visitar Hagrid até aquele momento. O meio-gigante parara de fazer refeições à mesa dos professores, sempre um mau sinal.


 


— Devíamos visitar o Hagrid, nas aulas mal podemos falar com ele. — disse Hermione, olhando para a enorme cadeira vazia de Hagrid, à mesa dos professores, ao café da manha do sábado seguinte.


 


— Hoje de manhã temos os testes de quadribol! — lembrou Rony. — E devíamos estar praticando o Feitiço Aguamenti para o Flitwick!


 


— Iremos até lá depois dos testes de quadribol — Harry tranquilizou-a. — Mas, pelo número de pessoas que se inscreveram, os testes podem levar a manhã toda. — Sentia-se ligeiramente nervoso com a ideia de enfrentar sua primeira tarefa como capitão. — Não sei por que de repente a equipe ficou tão popular.


 


— Ah, fala sério, Harry — impacientou-se Hermione. — Não foi o Quadribol que ficou popular, foi você! Você nunca foi tão interessante e, para ser sincera, nunca foi tão desejável.


 


Rony engasgou com um pedaço grande demais de peixe salgado. Hermione lançou-lhe um olhar de desprezo e retomou a conversa com Harry.


 


— Agora todo o mundo sabe que você esteve dizendo a verdade, não é? O mundo bruxo teve de admitir que você estava certo sobre o retorno de Voldemort e que realmente o enfrentou duas vezes nos últimos dois anos, e sobreviveu às duas. E agora estão chamando você de "o Eleito": bem, fala sério, você não entende por que as pessoas estão fascinadas por você?


 


De repente Harry começou a achar o Salão Principal muito quente, embora o teto ainda se apresentasse frio e chuvoso.


 


— E sofreu toda aquela perseguição do Ministério que tentou passar a imagem de que você era instável e mentiroso. Ainda dá para ver as marcas das detenções em que aquela mulher maligna fez você escrever com o próprio sangue, mas você sustentou sua história...


 


— Ainda dá para ver as marcas deixadas pelos miolos que me agarraram no Ministério, olhe — disse Rony, sacudindo as mangas para cima.


 


— E … bem, pelo que ouço de garotas aqui e ali, não apenas da Grifinória, você se quer precisaria ser Harry Potter para estar entre os mais populares. — concluiu Hermione, meio sem jeito e sem dar atenção a Rony.


 


Harry ficara vermelho e, antes que Rony fizesse qualquer comentário, o correio-coruja chegou, as aves mergulharam pelas janelas salpicadas de chuva, espalhando pingos de água em todo o mundo. A maioria dos alunos estava recebendo mais correspondência que o normal, pais ansiosos queriam saber notícias dos filhos e, por sua vez, tranquilizá-los de que tudo corria bem em casa. Harry não recebera nada desde o início do trimestre, seu único correspondente habitual agora estava morto e, embora ele tivesse alimentado esperanças de que Lupin fosse lhe escrever ocasionalmente, até ali tinha se desapontado. Ficou, portanto, muito surpreso, ao ver a alvíssima Edwiges circular entre as corujas castanhas e cinzentas. A ave pousou diante dele trazendo um embrulho grande e quadrado. Um instante depois, um embrulho idêntico foi deixado à frente de Rony, esmagando sob o seu peso sua coruja minúscula e exausta, Pichitinho.


 


— Ah! — exclamou Harry abrindo o embrulho e encontrando um exemplar novo de Estudos avançados no preparo de poções enviado pela Floreios e Borrões.


 


— Que bom — disse Hermione, satisfeita. — Agora você pode devolver aquele exemplar rabiscado.


 


— Ficou maluca? Não vou devolver nada! Olhe, estive pensando... - Harry tirou o exemplar velho de dentro da mochila e deu um toque de varinha na capa, murmurando: "Diffindo!".


 


A capa se soltou. Ele fez o mesmo com o exemplar novo (Hermione ficou escandalizada). Trocou então as capas, deu um toque de varinha em cada uma e disse: "Reparo!".


 


Ali estava o exemplar do Príncipe, disfarçado de livro novo, e o exemplar novo da Floreios e Borrões, parecendo de segunda mão.


 


— Vou devolver o novo a Slughorn. Ele não pode se queixar, custou nove galeões.


 


Hermione comprimiu os lábios, expressando sua raiva e desaprovação, mas foi distraída por uma terceira coruja que pousou à sua frente trazendo o exemplar do Profeta Diário. Abriu-o depressa e correu os olhos pela primeira página.


 


— Morreu alguém conhecido? — perguntou Rony num tom deliberadamente displicente, fazia a mesma pergunta toda vez que a amiga abria o jornal.


 


— Não, mas houve novos ataques de dementadores. E uma prisão.


 


— Excelente, de quem? — perguntou Harry, pensando em Bellatrix Lestrange.


 


— Stan Shunpike — informou Hermione.


 


— Quê? — exclamou Harry pasmo.


 


— "Stan Shunpike, condutor do popular transporte bruxo Nôitibus, foi preso sob suspeita de atividades ligadas aos Comensais da Morte. O Sr. Shunpike, 21 anos, foi detido ontem à noite após uma blitz na casa dos Clapham..."


 


— O Lalau, Comensal da Morte? — admirou-se Harry lembrando o rapaz espinhento que conhecera três anos antes. — Nem pensar!


 


— Ele podia estar dominado por uma Maldição Imperius — argumentou Rony.


 


— Nunca se sabe.


 


— Parece que não — replicou Hermione, que continuava lendo. — Diz aqui que ele foi preso depois que o ouviram conversar sobre os planos secretos dos Comensais da Morte em um bar. — Ela ergueu a cabeça com uma expressão perturbada no rosto. — Se estivesse mesmo dominado por uma Maldição Imperius, ele jamais ficaria por aí fofocando sobre os planos deles, não é?


 


— Pelo jeito, ele estava tentando fingir que sabia mais do que realmente sabia — falou Rony. — Não foi ele que disse que ia ser ministro da Magia quando estava paquerando aquelas veelas?


 


— É, foi — respondeu Harry. — Não sei que brincadeira é essa de levarem o Stan a sério.


 


— Provavelmente o Ministério quer mostrar serviço — comentou Hermione franzindo a testa. — As pessoas estão aterrorizadas: você soube que os pais das gêmeas Patil querem que elas voltem para casa? E já tiraram Heloísa Midgeon da escola. O pai a levou ontem à noite.


 


— Quê! — exclamou Rony arregalando os olhos para Hermione. — Mas Hogwarts é mais segura do que a casa dos alunos, tem de ser! Temos aurores e todos aqueles feitiços de proteção a mais e temos Dumbledore!


 


— Acho que não temos Dumbledore o tempo todo — replicou Hermione muito baixinho, olhando para a mesa dos professores por cima do Profeta. — Você ainda não reparou? Na semana passada a cadeira dele esteve vazia tantas vezes quanto a de Hagrid.


 


Harry e Rony olharam para a mesa dos professores. A cadeira do diretor estava de fato desocupada. Agora que parava para pensar, Harry não via Dumbledore desde a aula particular da semana anterior.


 


— Acho que ele saiu para resolver algum assunto na Ordem — arriscou Hermione em voz baixa. — Quero dizer... As coisas parecem bem sérias, não é?


 


Harry e Rony não responderam, mas Harry sabia que estavam pensando a mesma coisa.


 


Acontecera um incidente horrível na véspera: tinham chamado Ana Abbot na aula de Herbologia para lhe informar que a mãe fora encontrada morta. Desde então, não tinham mais visto a colega.


 


O enorme hipogrifo cinzento, Runner, estava amarrado à frente da cabana de Hagrid. Bateu o afiadíssimo bico quando os garotos se aproximaram virando a cabeçorra para eles.


 


— Nossa! — exclamou Hermione nervosa. — Ele ainda dá medo, não acham?


 


— Fala sério, você já montou nele! — disse Rony.


 


Harry se adiantou e fez uma profunda reverência para o hipogrifo, mantendo o contato visual com o animal, sem piscar. Segundos depois, Runner se curvou também.


 


— Como vai indo? — perguntou Harry em voz baixa, aproximando-se para acariciar as penas de sua cabeça. — Sente falta dele? Mas você está bem aqui com o Hagrid, não é verdade?


 


— Oi! — gritou uma voz.


 


Hagrid saíra de um canto da cabana usando um grande avental florido e trazendo um saco de batatas na mão. Seu enorme cão, Canino, que o acompanhava de perto, deu um tremendo latido e avançou para os garotos.


 


— Para trás! Ele vai comer seus dedos... Ah, são vocês.


 


Canino cumprimentava Hermione e Rony aos pulos, tentando lamber suas orelhas. Hagrid parou, olhou-os por uma fração de segundo, e depois seguiu para a cabana convidando-os a entrar com um gesto.


 


— Entrem, entrem... — falou Hagrid, cabisbaixo.


 


Hermione entrou depressa atrás de Harry, preocupada.


 


— Queríamos ver você. – Ron comentou simplesmente


 


— Estamos preocupados — completou Hermione, com a testa franzida. – Por que você anda tão ausente?


 


Houve um estranho ruído de sucção e todos se viraram para olhar: Hermione deixou escapar um gritinho, e Rony saltou da cadeira, deu a volta à mesa e foi examinar uma barrica a um canto, em que tinham acabado de reparar. Estava cheia de bichos que se contorciam e lembravam larvas de trinta centímetros de comprimento, brancas e viscosas.


 


— Que é isso, Hagrid? — perguntou Harry, tentando parecer interessado em vez de enojado.


 


— Vermes gigantes — respondeu ele.


 


— E quando eles crescem viram...? — indagou Rony, apreensivo.


 


— Não viram nada, comprei esses para alimentar Aragogue. - E, inesperadamente, ele caiu no choro.


 


— Hagrid! — exclamou Hermione, levantando-se e contornando a mesa para evitar a barrica e abraçar o amigo pelos ombros trêmulos. — Que aconteceu?


 


— Ele... — Hagrid engoliu em seco, seus olhos de besouro vertendo lágrimas ao mesmo tempo em que enxugava o rosto com o avental. —... Aragogue... Acho que está morrendo... Ficou doente no verão e não melhorou... Não sei o que vou fazer se ele... Se ele... Estamos juntos há tanto tempo...


 


Hermione deu palmadinhas carinhosas no ombro de Hagrid, parecendo completamente perdida, sem saber o que dizer. Harry sabia como ela estava se sentindo. Já tinha visto Hagrid presentear um dragão-bebê feroz com um ursinho de pelúcia, já o tinha visto ninar enormes escorpiões com sugadores e ferrões, tentar argumentar com o brutamontes estúpido que era seu irmão, mas esta agora talvez fosse a sua fantasia com monstros mais incompreensível: Aragogue, a gigantesca aranha falante que morava no âmago da Floresta Proibida e da qual ele e Rony tinham escapado por um triz fazia quatro anos.


 


— Tem alguma... Tem alguma coisa que a gente possa fazer? — perguntou Hermione, desconsiderando os frenéticos acenos de cabeça e caretas de Rony.


 


— Acho que não, Hermione — respondeu Hagrid com a voz sufocada, tentando conter o dilúvio de lágrimas. — Sabe, o resto da tribo... Da família de Aragogue... Está ficando meio esquisita, agora que ele está doente... Meio intratável...


 


— Sei, acho que conhecemos um pouco esse lado deles — insinuou Rony.


 


—... Acho que não seria seguro para ninguém, a não ser eu, se aproximar da colônia neste momento — concluiu Hagrid, assoando o nariz com força no avental e levantando a cabeça. — Mas obrigado pelo oferecimento, Hermione... Significa muito...


 


Depois disso a atmosfera ficou bem mais leve, porque ainda que Harry e Rony não tivessem manifestado a menor disposição de levar os gigantescos vermes para a aranha assassina e esfomeada, Hagrid pareceu acreditar que teriam gostado de fazê-lo.


 


- Então Hagrid... É por causa do Aragogue que você anda tão ausente?- Questionou Ron, que ainda esperava a resposta da pergunta feita anteriormente por Hermione.


 


- Ah não, isso é por causa de assuntos da Ordem, sabem como é... - Hagrid pareceu se dar conta do que estava dizendo e rapidamente tapou a boca com as duas mãos - eu não deveria ter dito isso...


 


- Hagrid... O que você está escondendo?  O que a Ordem anda fazendo? Qual o "trabalho misterioso" da vez?- Harry foi forçando o meio gigante até o mesmo confessar que andava tentando cercar Fenrir enquanto Lupin tentava se infiltrar entre os lobisomens, já que essas eram a principal força de Voldemort no momento.


 


Logo após revelar essas informações, Hagrid botou-os para fora com a desculpa de que iria dar as larvas à Aragogue, dizendo que se não fossem ajudar era melhor voltarem ao castelo.


 


Ao saírem da casa de Hagrid, logo se depararam com uma cena inusitada. Parados relativamente perto dali, em um grupo bastante heterogêneo, estavam todos os integrantes da extinta AD remanescentes em Hogwarts.


 


- O que será que eles estão querendo? Ainda mais aqui? - perguntou Rony sem entender nada.


 


- Será que não é óbvio, Rony? Eles querem reativar a Armada. - simplificou Hermione.


 


- Reunião da AD? Aqui? - Rony diz espantado, piscando como se não acreditasse naquela "blitz" no meio dos jardins, onde todos poderiam vê-los.


 


- Acho melhor a gente ir falar com eles, ao invés de ficarmos aqui tentando adivinhar. - Harry mal falou e começou a andar em direção as pessoas, sendo seguido por Rony e Hermione. O grande grupo, ao perceber a presença do trio, rapidamente se dirige a eles.


 


Porém ao se aproximarem o volume das vozes e a confusão das mesmas foi tanta, que o trio não conseguiu entender nada do que falavam.


 


- O que vocês querem? - perguntou Harry após Gina conseguir fazer com que todos ficassem em silêncio.


- Bem, queríamos saber se vamos voltar a nos reunir nesse ano, na AD, sabe? - Neville começou titubeante, porém com a aprovação do grupo, ganhou confiança para falar - Muitos de nós estão com medo com tudo que tem acontecido ultimamente, principalmente depois do que houve no Ministério.


 


- Queremos aprender com aquele que sabe da realidade, não com um professor de DCAT que não entende de uma guerra real! - manifestou-se Ernesto MacMilan, causando um trocar de olhares entre Harry, Rony e Hermione com o seu argumento. Se eles soubessem sobre a função de Snape fora da escola, certamente não diriam isso.


 


Houve uma comoção com a fala de McMilan, em que seus companheiros lufa-lufas, Justino Finch-Fletchley e Susana Bones apoiaram-no sem ressalvas. Os irmãos Creevey, Colin e Denis, estamparam sorrisos em seus rostos, certamente ansiosos para aprenderem mais com o Eleito.


 


- Bom, eu acho que apesar do Snape ser um professor realmente detestável, sua aula de DCAT é muito instrutiva. E ele certamente sabe da realidade de uma guerra. - argumentou Hermione, tentando defender o professor.


 


- Que seja, mas nunca aprenderemos com ele como conseguimos aprender com Harry na AD. O Snape não nos motiva... - falou Dino, numa tentativa de continuar reclamando do diretor da Sonserina.


 


- Não poderia então ser ao menos um clube de duelos? Para continuarmos "afiados" caso precisemos? - buscou argumentar uma das gêmeas Patil, só sendo possível identificá-la como sendo Padma por suas vestes pertencerem à Corvinal.


 


- E se pudermos dizer que é uma prática de duelos, quem sabe nossos pais não pensem melhor sobre a decisão de tirarem alguém da escola? - falou Lilá, comovida com a delicada situação da amiga, Parvati.


 


- Ora, mas que palhaçada é essa... Não estão vendo que ele não está muito confiante? - zombou Zacarias Smith - O caso do ministério deve ter afetado o Eleito - a última palavra fora certamente dita em um tom pejorativo, algo percebido por muitos, causando revolta.


 


- Ei, Smith, se não quiser ficar aqui, pode dar o fora. Ninguém está lhe obrigando. - sentenciou Ron, fazendo com que o integrante menos simpático da AD fechasse a cara.


 


- Calma, Ronald, deve ser um zonzóbulo que o fez falar isso. - declarou Luna levianamente, sendo ignorada pela maioria das pessoas, a não ser por Terêncio Boot que lhe lançou um olhar de não muita aprovação, envergonhado por pertencer a mesma casa que ela.


 


-Guerra não é passeio em casa assombrada! –Diz Harry firme, o semblante duro. -Errei ao não ouvir Hermione e ir ao ministério, mas erro maior foi ter deixado que me seguissem. Maldições da morte passaram sussurrando em nossos ouvidos, todos se feriram e poderia ter sido muito pior se bruxos adultos não houvessem chegado naquela hora.


 


-Sabemos dos riscos e queremos corrê-los! Fora os que não têm opção e se encontram em batalha quer queiram ou não. -Goldstein diz firme. Era ventilado que estivera no meio de uma grande batalha quando fora comprar seus materiais escolares.


 


-Além disso, muitos de nós perderam familiares, pessoas que amávamos e que nos fazem falta todos os dias. É nosso direito querer vingança ou não pensa em vingar seus pais? -Susana diz em tom indisfarçavelmente amargurado, a dor nos seus olhos era palpável e vinha acompanhada do ardor do desejo de vingança. -Porque eu quero pegar o assino de minha tia e fazê-lo implorar por Azkaban!


 


-Acalmem-se, ok! -Hermione exige sabendo que o amigo balançara com aquela declaração, haviam justamente falado sobre isso boa parte do verão. -Toda essa balbúrdia está chamando atenção, então voltem as suas rotinas e mantenham a moeda em seus bolsos. Na hora oportuna serão chamados.


 


Harry agradecia mentalmente a amiga, sentindo-se aliviado em ver que, mesmo relutantes, todos se afastavam. Entretanto sabia que era apenas o adiamento de uma decisão muito maior e que mudaria ainda mais sua posição naquela guerra. Um breve olhar para os irmãos Creevey e pôde entender, por um momento, o que Dumbledore sentira após o incidente com a Pedra Filosofal.


 


Depois dessa, como que para aliviar o clima, Ron diz estar faminto e não querer perder o jantar.


 


 


O cheiro do rosbife fez o estômago de Harry doer de fome, mas não tinham chegado a dar três passos em direção à mesa da Grifinória quando o professor Slughorn apareceu, bloqueando o seu caminho.


 


— Harry, Harry, exatamente a pessoa que eu queria ver — cumprimentou o professor cordialmente com o seu vozeirão, enrolando as pontas dos bigodes de leão-marinho e empinando a enorme barriga. — Eu estava na esperança de encontrá-lo antes do jantar! Que é que você me diz de fazer uma pequena ceia nos meus aposentos? Vamos dar uma festinha com meia dúzia de astros e estrelas em ascensão. Estarão lá o McLaggen, o Zabini e a encantadora Melinda Bobbin, não sei se você a conhece. A família é proprietária de uma grande cadeia de farmácias; e, naturalmente, gostaria muito que a Srta. Granger me desse o prazer de comparecer também.


 


Slughorn fez uma breve reverência para Hermione ao concluir. Era como se Rony não estivesse presente; o professor nem olhou para ele.


 


— Não posso ir — apressou-se a dizer Harry. — Tenho que cumprir uma detenção com o professor Snape.


 


— Ai, ai, ai! — exclamou Slughorn com uma cômica expressão de desapontamento. — Que pena, eu estava contando com você! Bom, então vou dar uma palavrinha com Snape explicando a situação, tenho certeza de que conseguirei convencê-lo a adiar a detenção. É, vejo vocês dois mais tarde!


E saiu rápido do salão.


 


— Ele não tem a menor chance de convencer Snape — comentou Harry, assim que o professor se afastou o suficiente para não ouvir. —Essa detenção já foi adiada uma vez; Snape fez um favor a Dumbledore, mas não fará a mais ninguém.


 


— Ah, eu gostaria que você fosse. Não quero ir sozinha! — disse Hermione ansiosa.


 


— Duvido que você fique sozinha. Gina provavelmente será convidada — retorquiu Rony, que não aceitou de boa vontade o fato de ter sido ignorado por Slughorn.


 


Depois do jantar, os três voltaram à Torre da Grifinória. A sala comunal estava apinhada, porque a maioria dos alunos já terminara o jantar, mas os garotos conseguiram arranjar uma mesa desocupada e se sentaram; Rony, que ficara mal-humorado desde o encontro com Slughorn, cruzou os braços e ficou olhando para o teto de testa franzida. Hermione apanhou um exemplar do Profeta Vespertino que alguém largara em uma cadeira.


 


— Alguma notícia nova? — perguntou Harry.


 


— Nova mesmo, não... — Hermione abriu o jornal e passou os olhos pelas páginas internas.


 


— Ah, olhe, o seu pai está aqui, Rony, mas não é nada de ruim! — acrescentou depressa, porque o garoto olhara assustado. — Só diz que ele foi visitar a casa dos Malfoy. "A segunda busca na residência dos Comensais da Morte aparentemente não produziu resultados. Arthur Weasley, da Seção para Detecção e Confisco de Feitiços Defensivos e Objetos de Proteção Forjados diz que sua equipe agiu em função de uma informação confidencial."


 


— Foi minha! — disse Harry. — Contei a ele na estação de King's Cross sobre o Malfoy e aquela coisa que ele estava tentando fazer o Borgin consertar! Bom, se não está na casa deles, então o Malfoy deve ter trazido o tal objeto para Hogwarts...


 


— Mas como poderia ter feito isso, Harry? — perguntou Hermione, baixando o jornal, surpresa. — Todos fomos revistados quando chegamos, não é?


 


— Você foi? — admirou-se Harry. — Eu não!


 


— Claro que você não foi, esqueci que chegou mais tarde... Bem, Filch fez uma varredura em todos nós com sensores de segredos quando pisamos no Saguão de Entrada. Qualquer objeto das Trevas teria sido encontrado, sei que ele confiscou uma cabeça mumificada do Crabbe. Então, Malfoy não pode ter trazido nada perigoso!


 


Momentaneamente desarmado, Harry ficou apreciando Gina brincar com Arnaldo, o Mini-Pufe, até poder contornar aquela objeção.


 


— Então alguém mandou o objeto por correio-coruja. A mãe ou outra pessoa qualquer.


 


— Todas as corujas estão sendo verificadas também — replicou Hermione. — Foi o que Filch nos disse quando estava enfiando aqueles sensores em todo lugar ao seu alcance.


 


Realmente atordoado, Harry não encontrou o que dizer. Parecia não haver meios de Malfoy ter trazido um objeto perigoso ou das Trevas para a escola. Ele olhou esperançoso para Rony, que estava sentado de braços cruzados, olhando para Lilá Brown.


 


— Você consegue pensar em algum meio de Malfoy...?


 


— Ah, esquece, Harry — disse Rony.


 


— Escute aqui, não é minha culpa que Slughorn só tenha convidado nós dois para essa festinha idiota, nem queríamos ir, sabe! — exclamou Harry se irritando.


 


— Bom, como não sou convidado para festa nenhuma — retrucou Rony se levantando —, acho que vou dormir.


 


E saiu mal-humorado em direção à porta do dormitório dos garotos, deixando Harry e Hermione de olhos arregalados.


 


— Harry? — chamou a nova artilheira, Demelza Robins, aparecendo de repente ao seu lado.


 


— Tenho um recado para você.


 


— Do professor Slughorn? — perguntou Harry, esticando-se esperançoso.


 


— Não. Do professor Snape. — Harry desapontou-se. — Ele manda dizer para você ir ao escritório dele às oito e meia para cumprir sua detenção... Ah... Não interessa quantos convites para festas você tenha recebido. E ele quer que você saiba que vai separar vermes bons dos podres para serem usados na aula de Poções, e... E diz também que não precisa levar luvas de proteção.


 


— Certo — disse Harry chateado. — Muito obrigado, Demelza.


 


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N/A: Estou gostando de ver mais comentários por aqui, agora sim dá pra ficar empolgada pra escrever, acredito que para os outros funcionou de igual forma. Sobre o próximo capítulo: Ele é totalmente novo, assim como o da visita aos Lovegood.


 


rosana franco: Também gosto do livro, a antipatia da Hermione não será tão burra quanto no livro, assim como Harry terá uma maior compreensão e apoio dos amigos com Malfoy. O teste mudou sim, na verdade já havia mudado antes com o Harry dizendo que só testaria as posições carentes, portanto não havia porque colocar um teste que a JK fez sem motivo algum, só pra forçar algo de RHr, porque vamos combinar que nenhum capitão, seja lá de que esporte for, vai simplesmente jogar todo o trabalho dos anos anteriores fora e recomeçar, sendo que isso só serviria para gerar insatisfação nos jogadores antigos, seria uma grande injustiça e falta de espírito esportivo. Tão cedo não rola post nas minhas fics, to muito enrolada com mestrado!


 


Mah.Potter: Por enquanto só climinha, afinal não há espaço na linha da JK para climão sem que haja um empurrãozinho. Quem sabe não sobra pra Mione, vamos ver!


 


smamed: Concordo com você, até o 5 foram ótimos livros, alguns excelentes, mas do 6 em diante um pior que o outro, uma grande decepção. Mas não precisa reler o 7 porque ele quase não será seguido a risca, acho que vamos manter mesmo só uma espinha dorsal. Pois é, as coisas no 6 não são nem um pouco fluídas, situações como um teste de quadribol maluco são forçadíssimas, não precisa ser um expert em esportes para saber que isso não se faz, totalmente antidesportivo. Talvez possa ter razão, no próximo cap de SC eu faço uma propaganda daqui de novo rsrsrs. Todos os Malfoy foram equivocadamente aproveitados e muito mal, então vamos aprofundar isso, até vou propor um capítulo sob o PoV do Draco pro pessoal.


 


Márcio Black: Desculpo porque sei que você não vai sumir tanto de novo rsrs. Parabéns pelo titulo paulista e agora que venha a Libertadores!


Por enquanto o clima entre eles irá evoluir de modo bem sutil por um tempinho. Você nem sabe como o Harry estará na cola do Malfoy, haverá muito mais que no livro, pode apostar! Snape é um cara que muitos não suportam e muitos adoram, mas também tem aqueles que odeiam em um momento e amam em outro, isso define um personagem muito bem montado, um dos melhores trabalhos da JK possivelmente.


 


Monaquezi: Não é bem ajeitadinha ainda, mas aos poucos vamos aproximando os dois de um modo natural, como tem que ser. O próximo capítulo é totalmente novo e dali pra frente tem muitas modificações em vários caps, a exceção daqueles que são aula com Dumbledore porque são quase iguais.


 


Punkeeslaw Potter: Sim, eu senti sua falta, mas ainda não sei a opinião dos outros e espero que eles se manifestem por aqui rsrsrs, de toda forma seja muito bem vinda de volta. Sabe o quanto eu amo a Hermione e, portanto, óbvio que a inteligência dela será explorada como der. As aulas são bem diferentes sim, mas acho que o Slugh ainda foi mal aproveitado, poderia ter feito mais coisas. Também acho Rony um pavão e ele não tenta chamar a atenção só da Hermione, como também de outras garotas como Fleur, Rosmerta e a Lilá com quem ele namora nesse ano e não será mudado. De fato as teorias do Harry as vezes são loucas, mas ele tem uma baita intuição então sempre chega perto da verdade e, apesar do Rony e da Hermione estarem relutantes, não estão tão bitolados quanto no livro, você pode reparar as sutis diferenças. Acharam melhor usar os nomes em inglês, mas se você tiver alguma dúvida, pode consultar a wikipedia ou a um de nós. Também acho que trato é essencial para um auror e creio que justamente no próximo cap já rola uma aulinha com o Hagrid. As aulas do Snape não são ruins não, mas ele intimida muito os alunos. De toda forma a AD deu as caras e no próximo cap teremos uma resposta, aliás, você acerta em cheio volta e meia não? Adoro a McG e acho que o Neville tem sim muito potencial, só não precisa ser repentino, pode ser gradual dando continuidade ao processo iniciado no livro 5. Aquilo foi mais que um corte no comentário e sim um indício de que Harry não será um babaca querendo agradar todo mundo como a JK fez, fala sério, baita atitude antidesportiva a do livro. A história do Snape deve continuar sim, eu sou contra, mas os outros gostam. O time continua o mesmo do livro, sem mudanças. Hermione tem uns horários livres e ainda há os fins de semana, então relaxa. Não sei se terá mais sobre Amortentia, só esperando pra ver. Hermione é inteligente pra umas coisas e meio tapada em outras, mas eu também gosto de cheiro de grama recém cortada, é legal. Os melhores elogios são os espontâneos, aqueles que nós realmente não esperamos. Quando inalada é só esses cheiros característicos mesmo. Harry não trapaceou tanto assim, tentou dar a pista pra ela que foi teimosa e não deu ouvidos. Concordo que deveriam participar mais e fazer mais pedidos, ajuda a melhorar a fic.


 


 

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Comentários (3)

  • Jair Jr

    A VOLTA DA AD ALEGRA MEU CORAÇÃO   de fato ainda esperando um momento H/H heheheh

    2011-09-03
  • Angeline G. McFellou

    finalmente cheguei até aqui!!!rsrsrs cara ouvir os elogios da hermione é sempre tão legal...ta ai a AD voltar é uma boa! Imagina o Harry dando a aula do Snape, por escolha dos alunos claro.rsrs Não quero nem ver o rolo que vai dar!!! (mentira eu quero sim)...amei..Beijos...

    2011-05-30
  • rosana franco

    Espero que a AD volte acho muito legal principalmente o envolvimento entre todos eles,adoro a cene da Hermione explicando para o Harry o pq do seu sussesso.É uma pena Lillian mas continuo esperando né só espero que vc não desista delas.

    2011-05-22
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