O TRIUNFO DE SNAPE
CAPITULO NOVE
O TRIUNFO DE SNAPE
ELE NÃO CONSEGUIA MOVER UM MÚSCULO. Ficou ali no chão, coberto pela Capa da Invisibilidade, sentindo o sangue, quente e líquido, escorrer do nariz para o rosto, ouvindo as vozes e os passos no corredor. Seu primeiro pensamento foi que alguém, com certeza, verificaria os compartimentos antes do trem tornar a partir. Mas logo lembrou desanimado que, mesmo que alguém desse uma espiada no compartimento, ele não seria visto nem ouvido. O máximo que poderia esperar era que alguém entrasse e pisasse nele.
Harry nunca detestara tanto Malfoy quanto naquele momento, deitado ali como uma ridícula tartaruga de pernas para o ar, o sangue nauseante pingando em sua boca aberta. Em que situação estúpida ele se metera... e agora ouvia os últimos passos se distanciarem; todos estavam se arrastando pela plataforma escura; ouvia os malões raspando o chão e o vozerio das conversas.
Rony e Hermione pensariam que desembarcara do trem sem esperar por eles. Uma vez que chegassem a Hogwarts e ocupassem seus lugares no Salão Principal, olhassem algumas vezes para um lado e outro da mesa da Grifinória e finalmente percebessem que Harry não estava ali, ele, sem dúvida, estaria a meio caminho de Londres.
Harry tentou fazer algum ruído, mesmo que fosse um grunhido, mas era impossível. Então lembrou que alguns bruxos, como Dumbledore, conseguiam realizar feitiços sem falar, e tentou convocar a varinha, que lhe caíra da mão, dizendo mentalmente: Accio varinha!, várias vezes, mas nada aconteceu. Imaginou ouvir a agitação das árvores que rodeavam o lago, e o pio distante de uma coruja, mas nem sinal de que estivessem fazendo uma busca, e nem mesmo (e se desprezou por sentir tal esperança) vozes muito assustadas, indagando aonde fora Harry Potter. Invadiu-o um sentimento de desesperança ao fantasiar o comboio de carruagens puxadas por testrálios subindo lenta e pesadamente em direção à escola, e os gritos e risadas abafadas que saíam daquela em que ia Malfoy, narrando para os colegas da Sonserina o seu ataque a Harry.
O trem deu um solavanco, fazendo Harry rolar para um lado. Agora, em vez do teto, via a parte de baixo dos bancos, cheia de poeira. O chão começou a vibrar e a máquina, com um ronco, entrou em funcionamento. O Expresso estava partindo, e ninguém sabia que ele continuava a bordo... Sentiu, então, que lhe arrancavam a capa e ouviu uma voz exclamar:
— E aí, Harry, beleza?
Uma luz vermelha brilhou um instante e seu corpo descongelou; conseguiu sentar-se em uma posição mais digna, limpar depressa o sangue no rosto pisado com as costas da mão e erguer a cabeça para ver Tonks, segurando a Capa da Invisibilidade que acabara de puxar.
— É melhor sairmos rápido daqui — disse, ao ver a fumaça escurecer as janelas e o trem começar a abandonar a estação. — Anda, vamos pular.
Harry seguiu-a correndo para fora do compartimento. Tonks abriu a porta do trem e saltou para a plataforma, que parecia estar deslizando embaixo deles à medida que o trem ganhava impulso. Harry imitou-a, cambaleou ligeiramente ao aterrissar e recuperou-se em tempo de ver a reluzente maria-fumaça acelerar, fazer a curva e desaparecer de vista. O ar frio da noite aliviou o latejamento no nariz. Tonks parara observando-o; ele se sentia furioso e constrangido por ter sido encontrado em posição tão ridícula. Em silêncio, ela lhe devolveu a Capa da Invisibilidade.
— Quem fez isso?
— Draco Malfoy — respondeu Harry amargurado. — Obrigado por... bem...
— Tudo bem — disse Tonks, séria. Pelo que conseguia enxergar no escuro, a bruxa continuava com os cabelos sem vida e a fisionomia infeliz da última vez em que tinham se encontrado n'A Toca. — Posso endireitar o seu nariz, se você ficar parado.
Harry não gostou muito da ideia; pretendia fazer uma visita a Madame Pomfrey, a enfermeira-chefe, em quem tinha mais confiança em termos de feitiços curativos, mas pareceu-lhe grosseiro dizer isso, então ficou imóvel e fechou os olhos.
— Episkey — ordenou Tonks.
O nariz de Harry ficou muito quente e, em seguida, muito frio. Ele ergueu a mão e apalpou-o desajeitado. Parecia inteiro.
— Muito obrigado!
— É melhor usar a Capa da Invisibilidade para podermos andar até a escola — disse Tonks ainda séria. Quando Harry se cobriu com a capa, ela agitou a varinha fazendo surgir um enorme quadrúpede, que voou célere pela escuridão.
— Aquilo era um Patrono? — perguntou Harry, que já vira Dumbledore enviar mensagens assim.
— Era, mandei avisar no castelo que você está comigo, para não se preocuparem. Anda, é melhor não perdermos tempo.
Eles saíram em direção à estrada que levava à escola.
— Como foi que você me encontrou?
— Notei que você não tinha desembarcado do trem e sabia que levava a Capa da Invisibilidade. Achei que podia estar se escondendo por alguma razão. Quando vi a cortina baixada naquele compartimento, resolvi investigar.
— Mas que você está fazendo aqui? — perguntou Harry.
— Estou baseada em Hogsmeade, para reforçar a proteção à escola.
— É só você que está lá ou...?
— Não, Proudfoot, Savage e Dawlish também.
— Dawlish, aquele auror que Dumbledore atacou no ano passado?
— Esse mesmo.
Eles caminharam pesadamente pela estrada deserta, seguindo os sulcos frescos deixados pelas carruagens. De baixo da capa, Harry olhava de esguelha para Tonks. No ano anterior, ela demonstrava muita curiosidade (a ponto de ser, às vezes, inconveniente), ria sem esforço e fazia brincadeiras. Agora, parecia mais velha e muito mais séria e decidida. Será que tudo isso era consequência do que acontecera no Ministério? Refletiu, constrangido, que Hermione iria sugerir
que dissesse uma palavrinha de consolo sobre Sirius, que não fora sua culpa, mas Harry não conseguiu fazer isso. Em hipótese alguma responsabilizava a auror pela morte do seu padrinho; não tinha sido culpa de Tonks nem de qualquer outro (e muito menos dele), mas, podendo evitar, não gostava de falar de Sirius. E assim continuaram a avançar pela noite fria em silêncio, a longa capa de Tonks farfalhando no chão, a cada passo.
Como sempre fizera esse percurso de carruagem, Harry nunca avaliara como Hogwarts era longe da estação de Hogsmeade. Com grande alívio, avistou finalmente os dois altos pilares que ladeavam os portões da escola, encimados por javalis alados. Sentia frio, sentia fome, e bem gostaria de abandonar essa nova Tonks tristonha. Mas, quando esticou a mão para abrir os portões, viu que estavam fechados com uma corrente.
— Alohomora! — ordenou confiante, apontando a varinha para o cadeado, mas nada aconteceu.
— Não faz efeito nesses portões — disse Tonks. — Dumbledore enfeitiçou-os
pessoalmente.
Harry olhou para os lados.
— Eu poderia pular o muro — sugeriu.
— Não, não poderia — respondeu a bruxa, categoricamente. — Feitiços antiintrusos em todos os muros. A segurança está cem vezes mais rigorosa este verão.
— Bem, então — concluiu Harry, começando a se sentir incomodado com a má vontade de Tonks —, suponho que eu vá ter de dormir aqui fora e esperar amanhecer.
— Está vindo alguém buscar você. Olhe.
Um lampião balançava à entrada do distante castelo. Harry ficou tão feliz ao vê-lo que sentiu que seria capaz até de suportar os comentários asmáticos de Filch sobre o seu atraso e as reclamações sobre a sua falta de pontualidade, que melhoraria bastante com o uso de anéis de ferro para apertar os seus polegares. Somente quando a luz amarela estava a três metros deles, e Harry despira a Capa da Invisibilidade para ser visto, foi que reconheceu, com uma onda de pura aversão, o nariz curvo e comprido e os cabelos pretos e oleosos de Severo Snape.
— Ora, ora, ora — debochou o professor, e, puxando a varinha, deu um toque no cadeado, fazendo as correntes soltarem e os portões abrirem, rangendo. — Que prazer você ter aparecido, Potter, embora seja evidente que, em sua opinião, o uso do uniforme da escola desmerece a sua aparência.
— Não pude me trocar, não tinha o meu... — começou Harry, mas Snape interrompeu-o.
— Não precisa esperar, Ninfadora, Potter está bem... ah... seguro em minhas mãos.
— Enviei minha mensagem a Hagrid — replicou Tonks, enrugando a testa.
— Hagrid se atrasou para o banquete inaugural, como o Potter aqui, então eu a recebi. E a propósito — disse Snape, afastando-se para deixar Harry passar —, achei interessante conhecer o seu novo Patrono.
Ele bateu os portões com estrépito na cara de Tonks e deu um novo toque de varinha nas correntes, que deslizaram, retinindo, à posição inicial.
— Acho que você estava mais bem servida com o antigo — comentou Snape, com inconfundível malícia na voz. — O novo parece fraco.
Quando Snape se virou com o lampião, Harry viu, por um breve instante, uma expressão de choque e raiva no rosto de Tonks. Depois, a escuridão tornou a envolvê-la.
— Boa-noite — gritou Harry, por cima do ombro, quando começou a andar com Snape em direção à escola. — Obrigado por... tudo.
— A gente se vê, Harry.
Snape ficou calado por um momento. Harry sentiu que seu corpo estava gerando ondas de ódio tão poderosas que parecia inacreditável que o professor não as sentisse queimando-o. Sentira aversão a Snape desde a primeira vez em que se encontraram, mas o professor inviabilizara para sempre a possibilidade de ser perdoado por sua atitude com relação a Sirius. Apesar da conversa com Dumbledore, Harry tivera tempo de refletir durante o verão, e concluíra que os comentários ferinos de Snape, de que Sirius ficava escondido e seguro enquanto os outros membros da Ordem da Fênix lutavam contra Voldemort, provavelmente tinham contribuído de modo decisivo para o padrinho correr para o Ministério na noite em que morrera. Harry se aferrava a essa ideia, porque lhe permitia culpar Snape, o que lhe dava satisfação e também a consciência de que se havia alguém que não lamentava a morte de Sirius era o homem que agora caminhava a seu lado na escuridão.
— Cinquenta pontos a menos para a Grifinória pelo atraso — disse o professor. — E, vejamos, mais vinte por sua roupa de trouxa. Sabe, creio que nunca houve uma Casa com pontos negativos no início do trimestre, e ainda nem chegamos à sobremesa. Você talvez tenha estabelecido um recorde, Potter.
A fúria e o ódio dentro de Harry chamejavam intensamente, mas ele preferia ter continuado hirto até Londres a contar ao professor por que se atrasara.
— Imagino que quisesse causar sensação, certo? — continuou Snape. — E, não dispondo de um carro voador, decidiu que adentrar o Salão Principal no meio do banquete teria um impacto dramático.
Ainda assim, Harry permanecia em silêncio, embora achasse que seu peito ia explodir. Sabia que Snape fora buscá-lo para isso, para ter uns poucos minutos em que alfinetar e atormentar Harry sem ninguém ouvir. Por fim, chegaram à entrada do castelo e, quando as grandes portas de carvalho se abriram para o amplo saguão lajeado, foram saudados pela zoada de conversas e risos, e tinidos de pratos e copos que ecoavam através das portas abertas do Salão Principal. Harry se perguntou se poderia usar a Capa da Invisibilidade e, assim, chegar à comprida mesa da Grifinória (que, para seu azar, era a mais distante do saguão) sem ser notado. Como se tivesse lido os pensamentos de Harry, Snape o advertiu:
— Nada de capa. Pode entrar à vista de todos que, tenho certeza, era o que você queria.
Harry virou-se e, sem hesitar, cruzou o portal do salão: qualquer coisa para se ver livre de Snape. O Salão Principal, com as quatro longas mesas das Casas e a dos professores ao fundo, estava decorado, como sempre, com velas no ar que faziam os pratos refletir e faiscar. Harry, porém, enxergou apenas um borrão tremeluzente. Caminhava tão depressa que passou pela mesa da Lufa-Lufa antes que as pessoas tivessem tempo de olhá-lo, e, quando por fim elas se
levantaram para satisfazer sua curiosidade, Harry já localizara Rony e Hermione, e, seguindo em sua direção, passou rápido pelos bancos e se apertou entre os dois.
— Onde é que você... caramba, que foi que fez no rosto? — indagou Rony, arregalando os olhos, como todos que estavam por perto.
— Por que, tem alguma coisa errada? — admirou-se Harry, apanhando uma colher e espiando sua imagem distorcida.
— Você está coberto de sangue! — disse Hermione. — Vem cá... Ela ergueu a varinha e ordenou:
— Tergeo! — E a varinha aspirou todo o sangue seco.
— Obrigado — agradeceu ele, apalpando o rosto agora limpo. — Como é que está o meu nariz?
— Normal — respondeu Hermione ansiosa. — Por que não estaria? Que aconteceu, Harry, ficamos apavorados!
— Conto depois — respondeu Harry, lacônico. Sabia que Ginny, Neville, Dino e Simas estavam prestando atenção; até Nick Quase Sem Cabeça, o fantasma da Grifinória, se aproximara flutuando ao longo dos bancos para escutar.
— Mas... — protestou Hermione.
— Agora, não, Hermione — replicou, em um tom sombrio cheio de subentendidos.
Desejava muito que todos imaginassem que participara de algum feito heróico, de preferência envolvendo Comensais da Morte e um dementador. Naturalmente Malfoy espalharia a história aos quatro ventos, mas havia sempre uma chance de que não chegasse aos ouvidos de muitos colegas da Grifinória.
Ele se esticou por cima de Rony para apanhar umas coxas de galinha e um punhado de batatas fritas, mas, antes que pudesse comê-las, elas desapareceram e foram substituídas pelas sobremesas.
— Pelo menos você perdeu a seleção — comentou Hermione, enquanto Rony mergulhava para se servir de uma torta de chocolate.
— O Chapéu disse alguma coisa interessante? — perguntou Harry, servindo-se de um pedaço de torta de caramelo.
— Nada que ainda não tenha dito... aconselhou a nos unirmos frente aos nossos inimigos, você sabe.
— Dumbledore mencionou Voldemort?
— Ainda não, mas ele sempre guarda o discurso sério para depois do banquete, não é? Não deve demorar muito agora.
— Snape disse que Hagrid se atrasou para o banquete...
— Você viu Snape? Como assim? — perguntou Rony entre garfadas frenéticas de torta.
— Topei com ele — respondeu Harry evasivamente.
— Hagrid só se atrasou uns minutinhos — comentou Hermione. — Olhe, ele está acenando para você.
Harry olhou para a mesa dos professores e sorriu para Hagrid que de fato acenava. O amigo jamais conseguira se comportar com a mesma dignidade da professora McGonagall, diretora da Casa da Grifinória, cuja cabeça batia mais ou menos entre o cotovelo e o ombro de Hagrid — estavam sentados lado a lado —, e que manifestava desaprovação a esse cumprimento entusiástico. Harry se surpreendeu ao ver a professora de Adivinhação, Trelawney, sentada do outro lado de Hagrid; ela raramente saía de sua torre, e Harry nunca a vira em um banquete inaugural. Tinha a aparência esquisita de sempre, faiscando com seus colares e longos xales, os olhos ampliados pelos enormes óculos. Harry, que sempre a considerara uma charlatã, ficara chocado ao descobrir, no fim do trimestre anterior, que ela fora a autora da profecia que fizera Lord Voldemort matar os seus pais e atacá-lo. Saber disso deixou-o ainda menos desejoso de ficar em sua companhia, mas, por sorte, este ano ele não estudaria Adivinhação. Os enormes olhos da professora, que lembravam faróis, viraram em sua direção; ele desviou os seus depressa para a mesa da Sonserina. Draco Malfoy estava encenando como partir um nariz provocando risos e aplausos estridentes. Harry baixou os olhos para a torta, sentindo outra vez suas entranhas escaldarem. O que não daria para enfrentar Malfoy de homem para homem...
— Então, que é que o professor Slughorn queria? — perguntou Hermione.
— Saber o que realmente aconteceu no Ministério.
— Ele e o mundo inteiro — fungou Hermione. — O pessoal não parou de interrogar a gente no trem, não foi, Rony?
— Foi. Todos queriam saber se você é realmente o Eleito...
— Tem havido muita discussão sobre o assunto até entre os fantasmas — interrompeu-os Nick Quase Sem Cabeça, inclinando para Harry a cabeça mal presa, fazendo-a balançar perigosamente, sobre a gola de tufos engomados. — Sou considerado uma espécie de autoridade em Potter; todos sabem que somos amigos. Mas afirmei à comunidade dos espíritos que não o incomodaria com perguntas. "Harry Potter sabe que pode confiar inteiramente em mim", falei. "Prefiro morrer a trair sua confiança."
— O que não me parece grande coisa, porque você já morreu — observou Rony.
— Mais uma vez, você demonstra ter a agudeza de um machado cego — retrucou Nick Quase Sem Cabeça em tom ofendido e, deixando o chão, retornou voando à extremidade oposta da mesa da Grifinória, no momento exato em que Dumbledore se levantava à mesa dos professores. As conversas e risos que ecoavam pelo salão cessaram quase imediatamente.
— Uma grande noite para todos! — começou ele sorridente, abrindo os braços como se quisesse abarcar o salão.
— Que aconteceu à mão dele? — ofegou Hermione. Ela não foi a única a notar. A mão direita de Dumbledore continuava escura e sem vida como na noite em que ele fora apanhar Harry na casa dos Dursley. Os sussurros percorreram a sala; Dumbledore, interpretando-os corretamente, apenas sorriu e ocultou a lesão, sacudindo a manga roxa e dourada.
— Não há motivo para preocupação — disse em tom suave. — Agora... as boas-vindas aos alunos novos; bom retorno aos alunos antigos! Mais um ano de muita educação mágica aguarda a todos...
— A mão dele já estava assim quando o vi no verão — cochichou Harry para Hermione. — Mas pensei que por esta altura ele já a tivesse curado... ele ou Madame Pomfrey.
— Parece morta — comentou Hermione, com uma expressão de repugnância no rosto. — Mas há lesões que não têm cura... feitiços antigos... e há venenos sem antídotos...
— ... e o Sr. Filch, nosso zelador, me pediu para avisar que estão banidos todos os artigos de logros e brincadeiras comprados na loja chamada Gemialidades Weasley.
"Os que quiserem jogar nas equipes de quadribol das Casas devem se inscrever com os diretores das Casas, como sempre. Estamos também procurando novos locutores de quadribol, que são convidados a fazer a mesma coisa."
"Este ano temos o prazer de dar as boas-vindas a um novo membro do corpo docente. O professor Slughorn", o bruxo ficou em pé, a careca brilhando à luz das velas, a grande pança sob o colete sombreando a mesa, "é um antigo colega meu que aceitou retomar o cargo de mestre das Poções."
— Poções?
— Poções?
A palavra ressoou por todo o salão enquanto as pessoas se perguntavam se teriam ouvido direito.
— Poções? — repetiram juntos Rony e Hermione, virando-se para Harry. — Mas você disse...
— Por sua vez, o professor Snape — continuou Dumbledore, alteando a voz para abafar os murmúrios — assumirá o cargo de professor de Defesa contra as Artes das Trevas.
— Não! — exclamou Harry tão alto que muitas cabeças se viraram em sua direção. Ele não se importou; olhava fixamente para a mesa dos professores, indignado. Como é que Snape podia ser nomeado professor de Defesa contra as Artes das Trevas depois de tanto tempo? Será que todos não sabiam que Dumbledore não confiava nele para assumir essa função?
— Mas, Harry, você disse que Slughorn ia ensinar Defesa contra as Artes das Trevas! — questionou Hermione.
— Pensei que fosse! — respondeu Harry, vasculhando o cérebro para lembrar quando Dumbledore dissera isso, mas, agora que voltava a pensar no assunto, não conseguia recordar que Dumbledore tivesse mencionado o que Slughorn iria ensinar. Snape, que estava sentado à direita de Dumbledore, não se ergueu ao ouvir seu nome, apenas elevou a mão displicentemente para agradecer os aplausos da mesa da Sonserina; Harry, contudo, teve certeza de identificar uma expressão de triunfo nas feições que tanto detestava.
— Bem, tem uma coisa boa — disse com selvageria. — Snape irá embora até o fim do ano.
— Como assim? — perguntou Rony.
— O cargo é azarado. Ninguém aguentou mais de um ano... Quirrell até morreu.
Pessoalmente, vou torcer para que haja outra morte...
— Harry! — exclamou Hermione, demonstrando surpresa e desaprovação.
— Mas talvez ele simplesmente volte a ensinar Poções no fim do ano — argumentou Rony.
— O tal Slughorn pode não querer ficar muito tempo. O Moody não quis.
Dumbledore pigarreou. Harry, Rony e Hermione não eram os únicos que conversavam; o salão todo explodira em murmúrios à notícia de que Snape, enfim, realizara o seu mais acalentado desejo. Dumbledore, parecendo indiferente à natureza sensacional da notícia que acabara de dar, nada falou sobre outras designações e esperou alguns segundos até obter absoluto silêncio antes de prosseguir.
— Nem todos os presentes neste salão sabem que Lord Voldemort e seus seguidores estão mais uma vez em liberdade e cada vez mais fortes.
O silêncio pareceu se expandir e retrair enquanto Dumbledore discursava. Harry olhou para Malfoy. Mas o rapaz, em vez de olhar para o diretor, fazia o seu garfo pairar no ar com a varinha, como se achasse as palavras de Dumbledore indignas de atenção.
— Não posso enfatizar suficientemente o perigo da presente situação, e o cuidado que cada um de nós, em Hogwarts, precisa tomar para garantir que continuemos seguros. As fortificações mágicas do castelo foram reforçadas durante o verão, estamos protegidos de maneiras novas e mais poderosas, mas ainda assim precisamos nos defender escrupulosamente dos descuidos de estudantes e funcionários. Peço, portanto, que respeitem as restrições de segurança que os professores possam impor a vocês, por mais incômodas que lhes pareçam, particularmente a norma de não sair da cama depois do toque de recolher. Imploro que, ao notarem alguma coisa estranha ou suspeita dentro ou fora do castelo, comuniquem imediatamente a um funcionário. Confio que agirão sempre com o maior respeito pela segurança dos outros e pela sua própria. Os olhos azuis de Dumbledore percorreram os rostos dos estudantes e, por fim, ele tornou a sorrir.
— Mas no momento suas camas estão à sua espera, quentes e confortáveis como poderiam desejar, e sei que a sua maior prioridade é descansar para as aulas de amanhã. Vamos, portanto, dizer boa-noite. Pip pip!
Com o atrito ensurdecedor habitual, os bancos foram afastados e centenas de estudantes começaram a sair do Salão Principal em direção aos dormitórios. Harry, que não estava com a menor pressa de acompanhar a multidão curiosa nem de se aproximar de Malfoy para lhe dar a chance de repetir a história da pisada no nariz, retardou sua saída, fingindo amarrar o cordão do tênis, deixando a maioria dos colegas da Grifinória seguirem à frente. Hermione saíra correndo um pouco antes para, cumprindo a tarefa de monitora, arrebanhar os alunos do primeiro ano, mas Rony ficou com Harry.
— Que aconteceu realmente com o seu nariz? — perguntou, quando chegaram ao final do ajuntamento que procurava sair do salão, e ninguém mais podia ouvi-los. Harry contou-lhe. Rony não riu, demonstrando a força de sua amizade.
— Vi Malfoy imitando alguma coisa com relação a nariz — comentou sombriamente.
— É, bem, deixa isso para lá — disse Harry amargurado. — Escuta só o que ele estava dizendo antes de me descobrir lá...
Harry calculara que Rony ficasse chocado com as bravatas de Malfoy. Mas, com o que Harry considerava uma demonstração de puro cabeçadurismo, o amigo não se deixou impressionar.
— Ora, Harry, ele estava só se exibindo para a Parkinson... que tipo de missão Você-Sabe-Quem daria a ele?
— Como é que você sabe que Voldemort não precisa de uma pessoa em Hogwarts? Não seria a primeira...
— Eu gostaria que você parasse de falar esse nome, Harry — repreendeu-o uma voz às suas costas. Ele espiou por cima do ombro e viu Hagrid balançando a cabeça.
— É o nome que Dumbledore usa — insistiu Harry.
— É, mas isso é o Dumbledore! — disse Hagrid com ar misterioso. — Então, por que foi que se atrasou, Harry? Fiquei preocupado.
— Tive um imprevisto no trem. E por que você se atrasou?
— Estive com o Grope — respondeu Hagrid satisfeito. — Não vi o tempo passar. Ele agora tem uma casa nas montanhas, foi Dumbledore que arranjou, uma bela caverna. Ele está muito mais feliz do que na Floresta. Estivemos batendo um bom papo.
— Sério? — exclamou Harry, tomando o cuidado de não olhar para Rony; a última vez que encontrara o meio-irmão de Hagrid, um gigante selvagem com talento para arrancar árvores pela raiz, seu vocabulário tinha apenas cinco palavras, duas das quais ele não conseguia pronunciar direito.
— Ah, ele melhorou muito — explicou Hagrid orgulhoso. — Você ficaria espantado. Estou pensando em treinar Grope para ser meu assistente.
Rony abafou uma gargalhada pelo nariz, fazendo parecer que era um violento espirro. Os três estavam agora diante das portas do castelo.
— Então, vejo você amanhã, a primeira aula logo depois do almoço. — Se chegar mais cedo, vai poder dar um alô ao Bic... quero dizer ao Runner!
E, erguendo o braço em alegre despedida, o gigante saiu em direção à escuridão.
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rosana franco: Slughorn é um personagem que chegou causando suspeita e no final não era nada! Enfim, tentaremos aproveitá-lo melhor.
noops: As coisas vão mudar mais a partir do capitulo 12 acho, acredito que irá dar mais ação a estória. E a Gina será um personagem legal.
Márcio Black: Não os vejo tanto assim como inimigos, acho que estão mais para rivais, no entanto isso será melhor explorado depois. O clube do Slugue será melhor explorado sim, deve haver cenas maiores dele.
Comentários (3)
capítulo muito bem escrito. Parabéns!
2011-09-04só queria ver mais H/H
2011-09-02Muita gente acha que no final o Seboso foi um grande herói ta certo que ele foi fiel ao diretor e foi muito corajoso mas mesmo assim continua achando ele um sadico pomposo.
2011-04-25