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Pilot
The one where the trouble begins
"- Well, damn, if you ain't so sweet!
You make sugar taste just like salt."
Kurt Russel em "Death Proof".
Todo mundo que era alguém na Inglaterra se encontrava na pequena cidade de Harrogate no verão. Conhecida como “Hamptons dos londrinos”, o balneário se tornara ponto turístico ao longo dos séculos, mas ainda reunia algumas das famílias mais ricas da elite londrina na ensolarada estação.
No café mais famoso da cidade, o Taylors of Harrogate, Scorpius Malfoy e Albus Potter já tinham seu local separado para fumar, beber moccas e flertar inocentemente com garotas bonitas. Bem, não inocentemente. A mesa de centro era perfeita para Al observar o lugar como um gavião em busca de sua presa, enquanto Corps podia tediosamente saborear seu capuccino embebido de licor Godiva.
A “tática” de Al era fazer com que o amigo fosse até a garota de sua escolha e a enchesse de piadas sujas e cantadas de mau gosto, para que o bom samaritano, no caso ele, a acudisse. Seu plano raramente falhava, já que ele garantia que as garotas não notassem que eles estavam juntos ou que tivessem um namorado grandalhão que os pegasse na porta do café, analisando as conversas das garotas e suas atitudes, escolhendo as mais fáceis, distraídas e desacompanhadas.
Ao ver uma bela loira de olhos negros entrar furiosamente no café sem olhar para os lados, Al já sabia que ela seria sua “presa” do dia. Olhou para Scorpius e fez menção ao lugar onde a garota sentara, com um sorriso divertido no rosto.
- Não acredito que ainda fazemos isso.
- Vamos lá, Corps, você se diverte e sabe disso.
- Eu me divirto? Você leva as garotas pra cama e eu me divirto? – Ele soltou uma gargalhada sarcástica.
- Bom, você leva a Elle todo dia pra cama, não tem do que reclamar. Vamos, o que está esperando? – Al exclamou batendo as mãos, como se expulsasse o amigo da mesa.
- Você sabe que não tem mais espinhas e nem usa óculos, certo? Poderia ficar com qualquer garota que quisesse daqui sem precisar disso. Você é Albus Potter, pelo amor de Deus!
- O que posso fazer se sou um convencionalista? Eu mantenho as tradições, só isso.
- Que seja. Seu leal e cansado amigo vai só fumar um cigarro. Prometo que volto pra sua pequena missão. Se eu demorar muito, você poderia tentar fazer isso sozinho pra variar. – Albus revirou os olhos, já esperando ouvir o que viria a seguir. - Funciona em Eton, afinal lá você é um grande garanhão, certo? – Scorpius completou, rindo, enquanto saía do lugar.
Al podia ser bonito, rico e popular, mas não tinha sorte no amor. Sempre se metia com as garotas erradas e por isso levara uma terrível sequência de pés na bunda. Desde seu primeiro ano em Eton, não tem tido muita sorte em relacionamentos. Tudo bem que aos onze anos ele não era nenhuma criança de tirar o fôlego, mas esperava que ao crescer sua sorte mudasse.
Bem, é o que dizem: garotas gostam de bad boys, e quando sua fama é de menino bonzinho, você não ganha “sobremesa”, se é que me entende. O que quero dizer, sem parecer rude, é que ele levava as garotas pra jantar, dava-lhes presentes, enfim, era um perfeito namorado, mas quase sempre era chifrado ou diziam-lhe que faltava ímpeto, paixão, no relacionamento. Harrogate era seu refugio, onde ele podia ser um grande destruidor de corações, sem acabar com sua imagem de bom moço – sim, ele acreditava que um dia encontraria a garota que se apaixonaria por ele por causa disso.
Enquanto Al devaneava sobre sua triste sina amorosa, Scorpius respirava a brisa refrescante da cidade do lado de fora do café e tateava os bolsos em busca de cigarros. Não conseguia acreditar que acabara tão rápido com sua última carteira. Felizmente olhou para o lado e a encontrou: com sapatos de salto Oxford, meias ¾ , uma saia acinturada, uma blusa de botões. Pardonne moi pela analogia deselegante, mas ela era quase uma boneca soltando fumaça. Sorrindo enquanto se aproximava da garota, ele pensou como Al pularia nela – ele sempre gostara do estilo preppy.
- Como você adivinhou? – A garota lhe olhava surpresa e ele reparou o quanto ela era bonita, mesmo que tivesse os olhos esbugalhados. – Os cigarros. Marlboro, são meus favoritos. – Ela soltou uma exclamação de compreensão e estendeu-lhe a carteira, fazendo menção para que ele pegasse um. – Obrigado. A propósito, me chamo Scorpius.
- Rose. – Ela pegou a mão do garoto e a apertou desajeitadamente. – E você me deve um cigarro. – Rindo, ela tirou o isqueiro do bolso e acendeu o cigarro do garoto.
- Você não parece o tipo de pessoa que irá me cobrar no futuro.
- Você não me conhece...
- Realmente, não te conheço. Você não é daqui, é?
- Uau, conhece todo mundo que freqüenta Harrogate?
- Não, falei pelo seu sotaque. – Ele riu, notando que ela ficara sem graça por ter tentado parecer arrogante.
- Ah, claro. Eu vim de Nova York. Meu pai acha que precisamos nos reconectar. – Ele mantinha uma cara de paisagem, olhando vazio para o nada, o que Rose interpretou como um “Prossiga.”. Ela sempre fora boa com expressões. – Na verdade é só um pretexto da minha mãe para que eu viesse antes pra cá e ela pudesse ter sua lua de mel em paz. Er, ela se casou de novo, enfim. Eu só viria pra cá na época das aulas, mas minha viagem foi antecipada.
- Hm, sinto muito. – Ela arqueou a sobrancelha. – Você não parece feliz em estar aqui.
- Só impressão sua.
- Ironia, é? Mais um sinal do seu desapreço pela terra da Rainha. – Ela sorriu, mesmo que estivesse lutando para não fazê-lo. – E vai estudar aonde?
- Meu pai quer que eu estude no colégio que ele e mamãe estudaram, acham que será melhor para abrir minhas possibilidades para o futuro. Claro que é um internato, então se verão livres de mim. Eton College, acho que se chama.
- Bem, pelo menos não se sentirá totalmente estranha lá, afinal já me conhece. – Ela suspirou aliviada, o que ele interpretou como escárnio novamente, mas resolveu ignorar. – Vai para que série?
- Junior year.
- Eu também. – Ela sacudiu os braços, como quem dissesse “Vitória!”, o que o fez rir.
- Eu não vou conhecer só você. Papai vai dar uma festa no sábado para que eu conheça o resto da família que estuda lá. Bem, meus avós paternos eram coelhos e tiveram 7 filhos. Tenho primos para não acabar mais e a maioria freqüenta Eton.
- Talvez eu os conheça. Diga-me os nomes.
- Hm, James, Albus e Lily Potter, Louis, Molly e Lucy Weasley… Quem mais? Ah, Roxanne e Fred Weasley... Mas não me peça para descrevê-los, pois não os vejo há anos, e não me recordo de quase nenhum. – Ela parou ao ver a expressão de choque do garoto. – O que foi?
- O mundo acaba de ficar deste tamanho. - Ele juntou o indicador e o polegar, de modo que ficassem quase unidos, para demonstrar o quanto minúsculo ele descobrira ser seu planeta. Ela fez a mesma cara que ele fizera momentos atrás, quando quis que ela continuasse com a história. Felizmente, ele também era bom com expressões. – Albus é meu melhor amigo e, bom, conheço provavelmente todas as pessoas que você acabou de listar. Na verdade, Al está tomando um mocca lá dentro e me aguardando ansiosamente.
- Sério? – Ela parecia interessada de verdade na coincidência que acabara de se revelar, fazendo-o sentir-se realizado. Se ela debochasse novamente de mais uma de suas descobertas “maravilhosas”, ele ia começar a achá-la chata.
Ela jogou fora sua pituca de cigarro e sorriu, o que iluminou seu rosto e o fez perceber que não seria capaz de achar qualquer defeito nela.
- Vou lá dentro no banheiro e vou pedir um mocca pra mim, dizem que é o melhor da cidade. Depois você pode me reapresentar meu primo, certo? - Ele fez que sim, dando de ombros e soltando fumaça.
Albus esperava impacientemente, os pés batendo como uma forma de tique nervoso. Ao ouvir o tilintar do sino preso à porta, virou-se, torcendo para que fosse seu amigo. A loira já havia pago a bebida e terminava o jornal que pegara para ler. Sua surpresa foi maior quando vira a garota que passara pela porta.
Os cliques dos seus saltos no chão fizeram Al sorrir e pensar que nunca vira alvo melhor. Ela entrou rapidamente no banheiro e dois minutos depois já estava no balcão, enquanto Scorpius entrava e retomava seu lugar de inicio.
- Escolhi outra garota, Corps. Que bom que você demorou, afinal eu poderia ter perdido ela de vista. – Ele olhava abobalhado a morena que tamborilava os dedos ansiosamente no balcão vermelho.
- Bem, ela não dá, Al. – Ele franziu a testa, como que segurasse pra não falar um palavrão. Tsc tsc, Albus ainda era uma criança mimada que não aceitava um "não" como resposta. – Ela é sua prima, a Rose. – Agora os olhos deles se esbugalhavam e as rugas na testa haviam ido pro espaço.
- Como... Você deve ta de brincadeira comigo! Você nem a conhece, como saberia isso? Ela nem mora aqui.
- Ela que me ofereceu um cigarro.
- A Rose não fuma, ela...
- Tem sete anos?
- É, mais ou menos por ai, pelo menos da ultima vez que a vi. – Ele riu, lembrando que a mãe tinha falado algo sobre o tio Ron reapresentar a filha à família. – Como o mundo é...
- Pequeno, eu sei.
- Mas já que ela é da família... Talvez eu não precise de você. Vou passar um tempo nas férias com ela, né? Quem sabe ela não seja diferente das outras idiotas com as quais namorei?
- Você não ta pensando em investir na sua prima, né? – Ele deu de ombros, como quem não via problema. – Olha, Al, isso não vai dar certo.
- Oh, quer dizer que o bonitão do Scorpius resolveu que eu e minha prima não vamos dar certo? Tudo bem, desisto dela, já que é sua ordem. Olha, você já tem a Elle, não pode querer...
- Não é nada disso, Al. Sabe porque as pessoas pararam de ter casamentos consangüíneos? Seus filhos nasciam com problemas, sérios problemas!
- Sua família é aristocrática, então você devia saber disso, Corps, mas seus tataravós eram provavelmente primos, ou talvez até irmãos. E não me diga que tem gente na sua família com seis dedos! – Scorpius soltou um muxoxo cansado. – E não, eu não pretendo casar ou ter filhos com ela, só a achei...
- Achou o que? Você nem a conhece!
- Nem você!
- Que seja. Olha, Al, você sabe como você é. Você não consegue ir aos poucos, você se apaixona perdidamente! Já ta até encarando ela como um estúpido flechado pelo cupido. Não sei quando você vai perceber que isso que faz as mulheres correrem de você, mas enfim...
- Me deixa, Corps. Prometo pegar leve dessa vez, ir com calma.
- BEBÊS COM SEIS DEDOS! – Scorpius falou alto entre dentes, o que fez Rose, que se aproximara discretamente da mesa, dar um passo pra trás.
- Atrapalho? – Os dois a olharam e soltaram risos nervosos.
- Não! Senta. – Repetiram ao mesmo tempo, o que fez Corps revirar os olhos e Al continuar sorrindo, como um trouxa.
- Rose, quase não te reconheci. Você não carrega mais um urso a todo lugar que vai.
- É, dez anos podem fazer isso com uma pessoa. – Ela soltou, enquanto bebericava fatigadamente o mocca. Scorpius segurou uma risada, gostava de não ser o alvo do sarcasmo da garota. – Mas e ai, Al, como você ta? Parece diferente também, deixou os óculos de lado.
- Lentes são as maravilhas da tecnologia. – Ele tentava parecer galanteador, mas só parecia idiota, o que fez Scorpius rir levemente e Rose olhar para os lados, como se não tivesse realmente ouvido o que o garoto havia falado. Ela parecia tão alheia...
- Desculpe, não estava prestando atenção. Enfim, vai pra festa do papai no sábado?
- Sim, nós dois iremos. É, a família do Scorpius também foi convidada.
- Que bom, já conheço vocês dois desde hoje, será mais fácil fingir pro meu pai que estou sendo bem recebida aqui.
- O que quer dizer com isso? Não está ansiosa pra estudar no Eton? É um bom colégio, você vai gostar de lá. – Scorpius continuava calado, não queria parecer ingrato, já que levava uma vida maravilhosa lá, mas sabia que o colégio não era água com açúcar para os novatos. As pessoas podiam ser bem, er, difíceis de lidar.
- O que aguardo intrigada é minha diversão ao me embebedar e simular para o meu pai que foi uma grande idéia a sua festinha e que já fiz grandes amigos, apesar de conhecê-los apenas por uma noite.
- São sua família, Rose, deve lembrar-se disso. – Scorpius falou, chocando Al, que absorto na visão em sua frente, esquecera que o amigo estava presente na mesa. Rose se sentira um pouco ofendida com o comentário. Afinal, quem era ele pra insinuar que ela não ligava para a família? Ele a conhecia há tipo 10 minutos! Irritá-la não era o que Corps pretendia, sua família era só muito importante pra ele.
- Que seja. – Ela levantou, deixando uma nota de 5 libras na mesa. – Pelo café e um trocado pra você, Scorpius. Não sou o tipo de pessoa que cobra cigarros, e sim a que ajuda um passante a comprar um. – Ele riu, o que Al não deixou passar por despercebido.
Ela piscou e deu um sorriso torto, retirando-se do lugar, que pareceu ficar mais enfadonho.
- Tira o olho, Corps.
- Você que é o depravado, Al “Seis Dedos” Potter.
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PS: fim do prólogo. Relativamente curto, mas é só uma prévia do que vai rolar aqui na fic. Pra esclarecer, é uma UA sim, e acho que ficou claro no cap, já que são todos trouxas, principalmente o Al, hahaha. Brincadeiras à parte, Harrogate existe mesmo, eu pesquisei :) Eton College também e apesar de ser só para meninos, eu fiz essa mudança pra fic, porque é o único colégio do velho continente que eu já ouvi falar. É isso, espero que gostem! xoxo
Comentários (2)
Por um momento pensei em desistir da leitura, porque seriamente não imagino o Albus e a Rose em qualquer coisa mais "caliente", me parece incesto o.O Mas desisti de desistir quando vi quando vi que era UA e que os personagens me cativaram. Gostei da ideia e da tua narração... Muito legal mesmo! Ah, adorei a descrição dos personagens e de ter a foto do Garrett Hedlund lá no meio; aposto que o Louis vai ser meu personagem preferido... hahaha Tá nas minhas fics marcadas e eu vou acompanhar, com certeza!
2011-05-15demorei para ler tudo porque a vida de faculdade anda corrida, mas amei! começando porque você adora a audrey e o humphrey (eu eu amo os dois também, sabrina é lindo <3) e porque eu ri muito com "BEBÊS COM SEIS DEDOS!" HAHAHAHAHA, sério, muito bom! já vou favoritar a fic e aguardo o próximo capítulo! xoxo
2011-04-10