Aquele beijo que te dei...



                                                      Capitulo Dois: Aquele beijo que te dei...

                                     

                                        - As mulheres inteligentes sabem que -

                                      Um pouco de indiferença age como um imã.



                  " As mulheres que enlouquecem os homens normalmente são as que dão impressão de não se importar muito”.





― VOCÊ O QUE?



Eu agradeço a Merlin por ter uma audição muito boa e aqueles gritos não afetarem meus tímpanos, agradeço mais ainda por ter tido a sabedoria de contar a Emme e a Lilian o que eu fiz no nosso seguro dormitório, onde não chamaria a atenção de ninguém os gritos escandalosos das duas.

Elas obviamente não me deram paz a aula inteira de Herbologia depois que eu cheguei arfante e com as bochechas vermelhas, talvez pelo frio ou... Bom, mas eu consegui resistir a pressão, isso que importa.

― Eu beijei ele. – Eu disse novamente, eu sabia muito bem que elas tinham entendido da primeira vez, mas quis repetir para ver se eu mesma acreditava naquilo.

Eu ainda estava tentando acreditar, porque para mim parecia um sonho, ou talvez um pesadelo, bom, um pesadelo mais para o final do sonho perfeito, quando eu afastei meus lábios dos dele, que eram incrivelmente macios e o encarei com os olhos arregalados, antes de sair correndo que nem louca e não deixar nem mesmo ele ter uma reação que me fizesse saber o que ele estava pensando daquilo tudo. Sim, eu corri, como uma criancinha idiota que faz alguma coisa errada e corre com medo da bronca que vai levar da mãe. E o pior nem foi isso, o pior foi passar a aula inteira de Herbologia sabendo que ele estava tentando manter um contato visual comigo, enquanto eu mantinha meus olhos fixos naquelas plantas estranhas que eu não fazia a menor idéia de como se chamavam ou para que serviam, eu só não queria encarar os olhos dele, porque eu sabia que estragaria ainda mais as coisas.

Como se isso fosse possível.

― Eu não acredito que você fez isso. – Me disse uma Lilian totalmente incrédula. Ela me olhava com os olhos meio arregalados como se eu estivesse dizendo que beijei a murta que geme. G_G / A Lilly é mesmo dramática, já estou acostumada com isso.

― E ele? – Emme me olhou curiosíssima e mais uma vez eu senti vontade de sair correndo, mas sem escolha, eu peguei o travesseiro e antes de afundar a cara nele eu falei rapidamente.

― Eu sai correndo, não sei o que ele achou disso.

Eu já sabia a reação delas, por isso rapidamente eu afundei a cara no travesseiro me sentindo mais idiota ainda.

― Saiu correndo?

― Lene, você é louca?

― Você não devia ter saído correndo, Merlin como ela consegue ser tão lerda assim?

Eu afastei o rosto do travesseiro e olhei para elas com a minha melhor cara fechada. Às vezes eu me ofendo quando me chamam de lerda, ta, não me ofendo, mas é cansativo ouvir tanto isso, eu nem sou tão lerda assim.

― Eu entrei em pânico, fiquei com medo dele me rejeitar ou sei lá. – Eu disse em minha defesa e as duas reviraram os olhos e afundaram na cama a minha frente, a qual pertencia a Lilly.

― Ele retribuiu o beijo?

Eu encarei Emme, me lembrando do beijo.

Bom, ele tinha retribuído né, ou eu não teria sentido a língua maravilhosa dele na minha, nem as mãos dele grudando em minha cintura e me puxando mais para ele, nem os lábios dele se encaixando nos meus e me deixando sem fôlego, nem os dedos dele se enroscando em meus cabelos e me fazendo suspirar.

Voltei a mim quando ouvi a risada das duas e os passos de Alice no quarto. E percebi que eu sorria idiotamente, como sempre, quando o assunto era Sirius Black.

Tenho a sensação que eu fico a cada dia mais idiota por ele, e espero que isso não seja tão ruim assim, ou pior, não seja permanente.

― E então, qual a novidade? – Indagou Alice se juntando as duas e sentando na cama de Lilly para também me encarar. Qual é, estava estampado na minha cara que eu tinha aprontado alguma coisa? G_G

― A Lene beijou o Six. – Disse Emme e eu dei um pulo na cama.

― Hey! Só eu chamo ele assim!

E as três riram. Eu tenho a impressão que elas estavam rindo é da minha cara.

― Meu Merlin, vai chover um mês seguido. – Disse Alice e eu ri forçadamente. Adoro o senso de humor da Alice.

― Muito engraçadinhas vocês. Agora podem parar de rir e me ajudarem. O que eu faço agora? Ele vai achar que eu sou que nem aquelas fadas mordentes oferecidas.

As três riram e eu me afundei na cama, eu estava perdida e sabia disso e o pior de tudo, é que era minha culpa, eu tinha estragado o plano todo e talvez até a pouca amizade que havia entre eu e ele.

O que será que ele ta pensando de mim agora? Eu pensei desesperadamente.

― Relaxa amiga, o negocio é você agir normalmente no outro dia e fingir que não rolou nada. – Disse Emme.

Eu sabia que Emme tinha os melhores conselhos quando realmente os queria dar e eu sabia que aquele era um conselho que eu deveria levar a sério, mas agir normalmente como se nada tivesse acontecido me pareceu tão forçado. E ele ia saber, ele não era tão obtuso assim.

Afundei ainda mais na cama.

― Lene, não fica assim, talvez as coisas não sejam tão ruins. – Tentou me animar, Lilly. Adoro a Lilly, eu já disse isso? Ok, estou começando a ficar emotiva demais, sinal de que o desespero é mesmo fatal.

Me sentei normalmente na cama encarando as três sentadas a minha frente e respirei fundo.

― Ok, eu não devia ter beijado ele, mas foi irresistível, e agora eu tenho que fazer alguma coisa.

Encarei elas esperando a solução. Eu sabia que elas me dariam uma solução. Elas tinham que dar.

Lilly olhou pra Emme e Emme olhou pra Alice.

Ótimo, elas não tinham a solução e eu afundei na cama novamente.

― Eu to perdida. – Falei com a voz abafada contra o travesseiro.

― Perai, você disse pra ele que tinha se arrumado assim por causa de outro? – Indagou-me Emme e eu ergui o rosto da cama para assentir levemente.

― Então é isso. – Ela disse animadamente. – Amanha você vai até o Sirius e diz para ele esquecer o beijo, que você nem sabe por que fez aquilo, mas ninguém pode saber senão o tal menino vai descobrir.

― Que tal menino? – Sentei na cama e encarei Emme erguendo a sobrancelha.

Ótimo, agora eu teria que inventar um namorado? Tudo bem, tudo para o Sirius não me achar uma louca desesperadamente apaixonada por ele, por mais que eu seja uma.

― Ele não precisa saber ué, ele não é seu confidente. – Adoro a Emme!

― É, e daí você o trata meio que com indiferença. – Me disse Alice. Adoro a Alice!

Realmente tratar com indiferença é melhor do que fingir que nada aconteceu, até porque eu acho que sou melhor nisso. Mas peraí, isso significa... oh Merlin, estou perdida.

― Eu vou ter que ignorar ele? – Eu disse desesperada e as três assentiram.

Agora eu tenho certeza que choveria um mês consecutivo se eu conseguisse ignorar Sirius Black.Será que valia tudo mesmo para conquistar um cara? Até mesmo morrer por dentro só para ignorar ele?







Eu sabia que meu desespero era grande demais para fazer aquilo, mas eu não tinha outra saída, era aquilo ou ele me achar uma desesperada por ele, e por mais que eu fosse, eu jamais poderia deixar que ele pensasse isso de mim.

Por isso eu estava tremendo enquanto esperava ele na porta da sala de poções com toda a pesquisa para o trabalho dele nas mãos.

Quando eu avistei James, senti meu corpo todo tremer mais ainda, afinal de contas, onde estava James, estava Sirius.

Respirei fundo tentando controlar a tremedeira que tomava conta do meu corpo.

Merlin me ajude, Merlin me ajude, pelo amor, me ajude, Merlin.

Eu sorri e ergui a mão acenando para ele, quando o vi, e ele veio na minha direção com aquele sorriso perfeito nos lábios.

― Oi Kinnon. – Disseram quase em uníssono James e Remus e eu sorri aos dois, vendo-os passando por mim e entrando na sala de poções enquanto Sirius parava a minha frente ainda sorrindo lindamente.

― Oi Lene. Estava mesmo querendo falar com você.

Eu senti meu estomago afundando e a tremedeira se tornando mais intensa, mas concentrei toda a minha força em manter-me normal, e sem conseguir dizer nada de imediato, ergui a mão que segurava o pergaminho e sorri.

Melhor fazer ele esquecer o que queria dizer, fosse o que quer que fosse.

― Pro trabalho de poções. – Eu disse tentando me manter firme e ele sorriu largamente.

― Ah cara, você é demais! – Ele pegou o pergaminho da minha mão e eu sorri, respirando fundo e tentando criar coragem.

― Eu queria te falar uma coisa. – Eu olhei para ele assustada quando percebi que nós havíamos falado praticamente juntos, e mais uma vez me senti mergulhando no lago negro congelado, ou pior, eu estava tomando gelo puro, porque tudo dentro de mim foi congelando de repente.

Ele sorriu e eu sorri sem jeito. Aquilo estava ficando estranho.

Eu queria muito, muito mesmo saber o que ele queria me dizer, mas eu estava desesperada demais para esperar ele dizer, e se fosse alguma coisa que eu preferiria não ouvir? Meu medo era maior ainda do que o desespero, por isso me apressei em dizer.

― Sobre ontem... – Respirei fundo. – Eu não sei o que deu em mim... – Respirei fundo mais uma vez, eu precisava fazer aquilo. – Ninguém pode saber, é que... Se ele souber... - Pronto, não conseguia mais dizer nada e Sirius sorriu de um jeito muito estranho, assentindo levemente a cabeça.

― Ah, Claro, relaxa, ninguém vai saber.

Eu sorri e respirei fundo, como se estivesse aliviada, na verdade eu estava desesperada para sair correndo de novo.

Ajeitando a mochila nas costas e empinando o nariz como Emme me dissera para fazer eu sorri e disse “Valeu” e me virei e sai, deixando ele parado a porta da sala de poções enquanto eu entrava e ia direto para o meu novo lugar, quase colada a mesa do professor.

Quando sentei, me senti aliviada por estar sentando, porque percebi que minhas pernas estavam tremendo, meu corpo inteiro estava tremendo, eu havia deixado Sirius Black falando sozinho, praticamente, e aquilo era apavorante.

Respirei fundo e olhei para o lado, vendo as meninas me encarando e assenti de leve com a cabeça, e nenhuma delas disseram nada.

Agora eu tinha certeza absoluta que aquele lance de plano para conquistar o Sirius estava me deixando louca, mas eu já tinha entrado nele e não podia sair, não agora. Não quando eu realmente estava começando a levar a serio tudo aquilo.

Eu sabia que homem nenhum merecia tanto desespero, sempre ouvira aquilo e sempre concordara com aquilo, só uma louca faria qualquer coisa para conquistar um cara, e aquilo era coisa de mulher desesperada, e lá estava eu, louca e desesperada fazendo tudo para conquistar Sirius Black.

Tem coisas que aprendemos com a vida e aquela era uma coisa que eu estava aprendendo na marra, quando você julga as pessoas sem saberem, você passa pela mesma coisa só para saber que não deveria julgar.



 



Foi um alivio quando o horário do almoço chegou, pois eu estava faminta e todo aquele lance de me mostrar nada interessada no Sirius e supostamente ter que o ignorar, o que eu nem sabia se eu seria capaz de fazer, estava gastando muita energia do meu corpo e me deixando com mais fome do que o normal, se é que isso era possível, eu já comia bem todo o tempo, se é que você me entende.

O salão principal estava bastante cheio quando eu, Emme e Lilly chegamos, Alice, que estava sentada com Frank, ergueu a mão sinalizando e nos encaminhamos até ela, nos espremendo entre os alunos da Grifinória que já mantinham uma conversa bem animada.

Eu estava tão faminta que demorei aproximadamente uns trinta segundos para perceber que Sirius estava sentado ao lado de James, que estava sentado ao lado de Frank e que eu própria estava sentada ao lado de Remus, com Lilly ao meu lado e Emme ao lado dela. Eu já estava com uma batata na boca e enchendo um copo com suco de abóbora quando ouvi a risada rouca dele acompanhada da risada do James e do Frank, e ergui os olhos com a cara de quem estava pegando uma coxa de frango e de repente o Nick quase sem cabeça surgiu no meio do meu frango, o que é uma coisa bem nojenta, diga-se de passagem, mesmo o Nick não sendo um morto realmente físico entre minha comida.

Enfim, eu ergui os olhos meio assustada, ainda mastigando a batata, agora meio lentamente quase parando, e com o copo parado no ar com o liquido despejando dentro dele para me deparar com aquele olhar risonho do Sirius, que me deu uma piscadinha e disse, naquele jeitinho todo doce dele de dizer meu nome:

— Oi Lene.

Eu não sei dizer se fiquei vermelha, roxa, amarela, azul ou abóbora, eu só sei que de repente eu vi ele se sobrepor um pouco sobre a mesa para segurar a jarra de suco que eu ainda estava segurando ligeiramente inclinada, e afastou-a do meu copo que já começava a transbordar.

— Cuidado! – Ele exclamou e gargalhou em seguida enquanto eu, no susto, quase derramava mais liquido sobre a mesa e sobre toda a minha roupa minimamente sedutora de ser.

— Ai, droga! – Praguejei, no que James que estava a minha frente riu e lançou um olhar engraçado para Sirius que eu não soube identificar o que queria dizer.

Garotos... eles podem estar dizendo entre si “Olha só, acho que ela ficou nervosa com você aqui”, como também podem estar querendo dizer “Hey, me passa essa batata suculenta que está aí do seu lado”, são tipo, bem difíceis mesmo de interpretar, às vezes.

— Está distraída hoje, Kinnon? – James riu e eu fiz mais uma careta do que um sorriso, agora era certeza que eu já estava da cor dos cabelos da Lilly, pelo menos ninguém ia pensar que era por causa do Sirius, né?

—Lene, olha só! – Emme virou o rosto na minha direção, erguendo as sobrancelhas e sorriu daquele jeito de quem diz, “olha só, ele está olhando para você! ”, como se ela estivesse se referindo ao Sirius para mim, mas acontece que ela não estava se referindo a Sirius, por isso quando segui seu olhar, pude notar que tinha um garoto me olhando, mas naquele momento ele acabava de desviar os olhos e já se sentava junto com Gideão e algum outro garoto que não me lembrava o nome.

Talvez tivesse tido a impressão de que fosse Wood, o goleiro da Grifinória, mas como eu estava bem mais preocupada com outra coisa, minha atenção total foi de que Sirius e James viraram a cabeça para trás, para olhar quem quer que fosse que Emme estivesse falando para em seguida se virarem e se entreolharem de maneira meio esquisita, que eu, mais uma vez, não consegui decifrar.

Tentando causar um Tchan a mais na coisa toda, já que parecia que Emme queria dizer que tinha alguém olhando para mim, quem sabe o tal menino que eu queria impressionar, néeee? Aproveitei e falei, de um jeito toda envergonhada.

— Aii Emme! – E dei um sorrisinho meio idiota, como eu sabia que fazia quando ficava falando demais no Sirius, o que causou risos entre Emme, Lilly e Alice e feições estranhas dos garotos.

Acho que aquilo poderia dar certo para o nosso plano do estágio um de conquistando SB. Se bem que naquela altura eu acho que já estávamos indo para outro estágio, não é não? Vai saber, sou meio lerda com essas coisas.

— Agora entendi porque a Kinnon está tão distraída. – James riu, brincando e eu mostrei a língua para ele, de maneira brincalhona, arrancando mais risos.

— Eu não sei bem porque toda a mudança, mas acho que a Marlene ficou muito bem assim, com esse novo visual. – Frank com aquele jeito dele todo sério e gentil sorriu para mim e em seguida pra Alice, que concordou com a cabeça, e eu senti que ficava vermelha com as atenções voltadas para mim.

— Obrigado Frank. – Eu disse toda tímida e vi o sorriso de Sirius que olhava para mim antes de dizer.

— Realmente, ficou muito linda!

Tentei não lembrar da última vez que ele dissera que eu estava linda porque, pensar naquilo já me deixava extremamente quente, com calor e vermelha como a cor da Grifinória, mas era quase impossível esquecer aquele sorriso sem jeito e aqueles olhos e aquela boca tão próximos de mim... Ai Merlin!

Pigarreei e virei um grande gole de suco, desviando os olhos dos dele para afastar aqueles pensamentos, não podia correr nenhum risco pelos próximos sei lá quantos dias.

Eu tinha que me manter firme!

— Bom, eu acho que ela é bonita de qualquer jeito, a produção só realça os seus pontos fortes, Lene. – James sorriu, daquele jeito doce dele e eu sorri de volta, agradecida, pelo menos não queria dizer que eu era feia e só ficava bonita produzida, né? O que me deixava bem aliviada, por sinal.

— Vocês estão me deixando sem graça. – Eu disse, causando risos em todos. – E então, meninos, como estão os preparativos para o próximo jogo?

Mudar o foco e o assunto era a melhor estratégia para todos pararem de me olharem e eu poder respirar tranquilamente, afinal, estar ali sentada quase em frente ao Sirius e ainda ter toda a atenção voltada para mim era demais para meu pobre coração.

Vamos acabar com a Corvinal, não vai ter pra ninguém. – James, como um bom capitão do time, ficou empolgado com o assunto e disparou a falar sobre as novas táticas, como o time da Corvinal estava caindo no rendimento e como seria uma final alucinante entre Sonserina e Grifinória. Mas, eu comecei a aproveitar as conversas para ficar na minha por um tempo, saborear minha comida sem passar vergonha e poder, ora ou outra, disfarçadamente, observar o Sirius quando ele estava olhando para os amigos ou almoçando; fazer aquilo sem chamar a atenção era uma das minhas táticas que poucos conheciam, inclusive as meninas, e era bom demais.

Eu podia gravar na memória pequenos sorrisos e gestos para depois poder ver e rever por horas seguidas, sonhando acordada e as vezes até dormindo.

Ele era, definitivamente, a inspiração dos meus dias.

Suspirei e ri, sem saber porque, mas ninguém pareceu notar porque todos estavam rindo da conversa de James e Frank, por isso resolvi me atrever para erguer os olhos e olhar na direção dele mais uma vez, antes que aquele almoço acabasse, para que eu pudesse ter mais algumas imagens boas para replay a noite, quando me deparei com os olhos dele, meio erguidos, me encarando de volta.

Fiquei sem reação por aproximadamente uns trinta segundos, ou foram trinta horas? Eu não tinha certeza absoluta sobre o tempo porque aquilo, naquele momento, parecia tão sem sentido, e me perdi naqueles olhos azuis acinzentados, e ficamos nos encarando, sem dizer nada, enquanto a mesa toda ria, conversava, gargalhava, comia, bebia, totalmente a parte de nós, enquanto nos olhávamos como se nunca tivéssemos nos vistos antes.

Foi uma sensação indescritível e eu poderia ficar daquele jeito por mais umas duzentas horas, se não tivesse me lembrado do beijo, e consequentemente do plano, do tal menino que eu supostamente estava afim, da insinuação da Emme na mesa a pouco e da ideia de que eu deveria ignora-lo, e então desviei os olhos propositalmente para James e gargalhei, voltando o mundo ao normal e nem olhando novamente  para Sirius, pegando meu copo de suco, virando alguns goles e voltando a comer, normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Eu não sei bem o que ele achou disso porque não me atrevi a olhar para os olhos dele novamente, pelos próximos minutos, mas senti como se ele continuasse olhando para mim como quem pergunta “O que eu não vi antes? ”

Eu adoraria que ele realmente perguntasse isso porque eu teria muito a responder.





Depois do almoço tivemos um horário vago que, depois de muita insistência da Lilly resolvemos que deveríamos estudar para os NIEMS, mas para que fazer isso trancados na biblioteca se podemos fazer na beira do lago?

Apesar do inverno estar se aproximando cautelosamente e o tempo estar meio louco, como todos os alunos naquela escola eram, piadinha, é claro; o tempo estava num vai e vem doido, ora calor, ora frio, ora pequenos bloquitos de neve a tarde, ora raios de sol incandescentes nos aquecendo maravilhosamente. Naquela tarde de novembro o sol estava gostoso e quentinho, por isso sentamos na beira do lago, sobre um lençol roubado da cama da Emme, com certeza ela vai perceber mais tarde se nenhum elfo a ajudar antes, jogamos os livros a nossa frente e passamos a estudar, conversar, estudar, rir, estudar, nos distrair, estudar, observar os meninos bonitos passando, estudar, observar os sereianos nadando naquele lago que devia estar um gelo, estudar, papearmos e fofocarmos, e assim foi por um bom tempo, passamos uma tarde agradável e nada monótona estudando, o que me agradava muito mais do que aquela masmorra enfurnada de alunos que a biblioteca poderia ser.

— Eu não consigo acreditar que esse é nosso último ano em Hogwarts. – Disse Emme observando alguns alunos que desciam para a aula de trato das criaturas mágicas que, ás vezes, aconteciam nos limites do castelo, sempre com o guarda-caças Hagrid por perto para ajudar a professora, caso alguém se perdesse, ou sei lá o que esses alunos são capazes de fazer.

— Que nunca mais vamos sentar nos jardins, vermos Hagrid na sua cabana, Canino correndo a volta, os alunos do primeiro ano sendo atazanados pelos mais velhos, a Lula Gigante tomando banho de sol... – Disse Lilly, sonhadoramente enquanto observava a sua volta e eu suspirei, meio feliz com tudo o que tínhamos naquele momento e triste porque aquilo tudo acabaria.

Porque eu não teria mais nada daquilo para ser feliz, e nem Sirius, meu Merlin, o que eu faria sem poder ver o Sirius no café da manhã, nas aulas, no salão comunal, no jantar?



Senti um aperto no peito e desviei os olhos do lago negro onde sereianos ora ou outra apareciam para nos dar tchauzinhos e mergulhavam novamente.



O que seria da minha pobre alma?



— Vou sentir tanta saudade disso tudo que, pensando bem, acho que vou reprovar nesses NIEMS só para poder fazer o sétimo ano novamente. – Brincou Emme e eu gargalhei.



— Hogwarts pode ser maravilhoso, mas Hogwarts sem vocês, sem a nossa turma, sem Sirius... – Suspirei tristemente, e Lilly gargalhou.



— E eu pensando por um momento que ela diria algo lindo sobre como seria triste viver aqui sem nós, mas ela só está triste por causa do Sirius.



— Ahh não fique assim Lillyzinha, você sabe que eu também te amo né? – Abracei Lilly pelos ombros enquanto ela gargalhava e tentava fazer uma careta de reprovação ao mesmo tempo, o que a deixou mais engraçada fazendo eu e Emme gargalharmos juntas.



— Eu sei que “ele” vem em primeiro lugar. – Desvencilhei os braços de Lilly e a olhei, franzindo o cenho. Como assim?



— Você ta louca, Lilly? – Emme também ficou me olhando meio de lado, mas não disse nada, no que Lilly, como uma boa amiga e daquelas que realmente te dizem o que tem que dizer, virou o corpo de lado e me encarou de frente, suspirando antes de dizer, dessa vez com a voz mais carinhosa e compreensiva.



— Tudo bem, Lene, a gente não vai deixar de ser amiga de você por isso, mas sabemos que “você sabe quem”, tem todo o seu coração. – Ela riu, mas eu não estava mais rindo, caminhando atrás dela, numa distância bem considerável vinha James e Sirius, olhei para ele por segundos e então voltei os olhos pra Lilly.



— Eu posso ser apaixonada por ele, Lilly, mas é claro que VOCÊS vêm em primeiro lugar, vocês são minhas melhores amigas, estão comigo desde o primeiro ano, sete anos juntas...



— Sete anos te aturando! – Brincou Emme e eu fiz uma careta enquanto continuava meu discurso decorado, brincadeira.



— Estivemos juntas na alegria e na tristeza, juntas todas as vezes que eu chorei por ele, que a Emme teve suas crises por causa do Remus – Emme fez uma leve careta dessa vez. – Juntas quando você se decepcionou com sua amizade com o Severus, juntas quando eu cai da vassoura e quebrei o braço e passei a noite toda na ala hospitalar com vocês duas escondidas lá só para comerem chocolate no meu lugar. – Dessa vez Lilly gargalhou. – Juntas quando quase fomos pegas por Filch quando estávamos vagando pelos corredores fora do horário. Quando você ajudou a Emme na poção do morto vivo sem que Slugohrn visse, e ela ainda saiu da sala como a vitoriosa pela melhor poção. – Fiz uma careta porque me lembrava que tinha ficado em segundo lugar, graças a Lilly. – Juntas, lembra? Ele jamais teve tudo isso comigo, como poderia vir em primeiro lugar?



Depois dessa declaração de amor, Lilly e Emme fizeram um altíssimo “Ownnnn” e me abraçaram no que eu gargalhei e todas nós gargalhamos, abraçadas, quase chorando. Aquele último ano estava mesmo deixando todo mundo meloso demais.



— Se você disse isso tudo só pra deixar a gente feliz, Srta. Mckinnon... – Lilly tentou fazer um tom de ameaça, o que só causou gargalhadas em mim e em Emme.



— Falando no morto vivo, olha só quem está ali. – Disse Emme, fazendo eu desviar os olhos das meninas para ver que Sirius agora estava mais próximo de nós, mas ainda numa distância razoável, sem que eles pudessem ouvir nossas conversas e nós as deles, mas que podíamos muito bem ver eles e eles a nós.



Desviei os olhos dele e revirei os olhos, começando a primeira piadinha do dia.



— Vou desistir dele de vez.



De início Emme arregalou os olhos e Lilly me olhou como se eu tivesse sido picada por algum bicho e ele de repente estivesse controlando minha mente, e então as duas gargalharam de uma maneira tão intensa que eu me senti até meio ofendida, qual é? Será que isso parecia mesmo uma coisa tão absurda de eu dizer?



— Essa foi ótima, Lene. Eu quaaase acreditei. – Disse Emme escandalosamente, ainda gargalhando e eu revirei os olhos, fazendo uma careta.



— Engraçadinhas, nem teve tanta graça assim. – Dei um falso tapa em Emme para que ela diminuísse a histeria e ele soltou outra gargalhada, fazendo Lilly rir junto.



— Você falou tão seria que eu também “quase” acreditei, mas vindo de você, Lene, só pode mesmo ser uma piada.



— Não sei por quê? – Eu disse tentando ficar séria enquanto Lilly erguia as sobrancelhas e tentava parar de rir. – Eu poderia muito bem desistir dele, não é? Afinal de contas, já faz quanto tempo que eu tô nessa e nada?



Voltando a atenção para o caderno a frente, sem rir, dessa vez, Emme pareceu não achar sentido na minha, bem elaborada, frase.



Essas meninas também nem para me ajudarem, né.



— Desistir agora que ele finalmente te notou seria a maior burrice que você faria.



— Quem garante que ele realmente me notou? Ele só disse que eu estava linda, o que todo mundo disse também, e só me beijou porque eu beijei ele primeiro.



— Por que eu conheço os sinais, Lene, e vai por mim, ele realmente te notou, talvez o beijo até tenha ajudado mais do que a superprodução.



Gargalhei, meio histérica e Emme revirou os olhos.



— Vocês não acham estranho aqueles dois sentados ali, tão quietos? – Disse Lilly, desviando o assunto, mas não desviando o foco do assunto. Grande Lilly!



Dei uma risadinha, afinal, ver Sirius Black e James Potter quietos era realmente algo que a gente não via todo dia.



— Vai ver eles finalmente decidiram que precisavam estudar, não é? Todo mundo tá mesmo parecendo louco com esses NIEMS, nunca vi. – Eu disse fazendo uma careta, odiava estudar tanto, meu cérebro chegava a doer.



Devia ser proibido aquele tipo de tortura.



— Você devia seguir o exemplo então, Srta. Eu quero ser auror, mas não quero estudar. – Fiz uma careta e dei uma risadinha forçada para Emme, que riu junto com Lilly.



— Dói minha cabeça estudar demais, além do mais, eu já sou inteligente, não preciso estudar.



Emme gargalhou. Aquela história de gargalhadas por tudo que eu dizia estava começando a ficar chato, já.



Ri dos meus próprios pensamentos ranzinzas e vi Emme dando uma risadinha e olhando na direção de James e Sirius.



— Se ele não te notou, porque será então que ele não para de olhar pra cá, heim? – Ela disse fazendo meu coração pulsar loucamente dentro do peito e no instante em que eu ia me virar para olhar pra ele, ela segurou minha mão e disse firmemente “NÃO”, me assustando e fazendo eu erguer as sobrancelhas, encarando-a.



Como assim, não?



Emme riu, pelo que percebi era para disfarçar e eu fiquei olhando para cara dela com a maior cara de taxo.



— Se você olhar vai ficar muito na cara, deixa ele te observar enquanto você é linda e engraçada com suas melhores amigas que, aliás, vem em primeiro lugar. – Ela piscou e riu e eu fiz uma careta, não deixando de rir de tanta loucura.



Como alguém conseguia levar aqueles planos adiante realmente? Sozinha, eu te garanto, você não consegue, JAMAIS.



— Linda e engraçada, realmente foi uma boa piada. – Eu disse fazendo Lilly rir e dessa vez, ela me abraçar pelos ombros e dizer.



— Ownn você sabe que nós amamos você do jeitinho que você é, né sua velha rabugenta. – Fiz uma careta e todas nós gargalhamos.



Depois de tanta distração e tantas risadas, Lilly insistiu que dessa vez tínhamos mesmo que estudar, pegou o livro de Defesa contra as Artes das Trevas e começou a ler em voz alta o que eu já tinha decorado há milidécadas de tanto que ela lia e relia aquilo.



Consegui realmente me distrair de Sirius e do resto de Hogwarts enquanto estudava e ria de Lilly e Emme, aquelas duas estudando as vezes, nem sempre, acabavam realmente estudando, Emme adorava fazer observações como “Quem realmente vai ser o louco de ir atrás de uma acromântula para tentar matá-la? Se eu ver uma, é obvio, que vou sair correndo”



“Gritando que nem uma louca desvairada, é claro”, eu completei, no que todas riram, obviamente, eu tinha pavor de aranhinhas minúsculas, quem dirá uma acromântula, aliás, vamos mudar de assunto, por favor.



Talvez tivesse passado uns vinte ou trinta minutos quando, distraídas, levamos um susto quando uma voz marota e doce nos disse, ou melhor dizendo, disse para a Lilly né.



Que fique só entre nós, eu tenho quase certeza que a mesma obsessão que eu tenho por Sirius, o James tem pela Lilly, só ela mesma que não percebe isso. Para você ver como existem pessoas tapadas nesse mundo né, ela e o Black, com certeza.



— Oi, Lilly!



Lilly, assustada e surpresa, disse um oi quase imperceptível e ficou vermelha como os cabelos, enquanto nós, eu e Emme, riamos, também assustadas com a presença tão inesperada dele e de Sirius.



— Que susto vocês nos deram.



Os meninos riram.



— Vocês estudando? Que milagre é esse? – Brincou Sirius e Emme fez uma careta no que eu revidei em seu lugar.



— Para o seu governo, nós somos super estudiosas, viu?! – Ele riu, como se achasse graça e eu mostrei a língua para ele em resposta, causando mais risos.



— Na verdade, milagre é vocês dois quietinhos por aí, o que estão aprontando, heim? – Ah como eu adoro essa Emme, ela não poupa palavras.



Os dois riram, se entreolhando, Sirius com aquela risada igual um latido e James com aquela risada gostosa de quem realmente estava aprontando, ou se preparando para tal.



— Que isso, não podemos ficar sossegados nem um pouquinho? – James deu seu melhor sorriso inocente e eu quase que cai, viu? Não sei como a Lilly desprezava tanto ele, ele é realmente lindo, além de parecer ser um cara super doce e gentil, se quisesse, claro que esses adjetivos não eram destinados nunca a Snape. Coitado.



Ri comigo mesma e vi o olhar de Sirius em cima de mim, no que eu fiz uma caretinha para ele de quem diz “Que foi? Só estou te imaginando nu. ”



— Poder, podem, mas isso os torna bastante suspeitos. – Disse Lilly, recuperada da vermelhidão, causando risos nos meninos, um riso talvez mais do que exagerado em James. Ah, ele com certeza é obcecado pela Lilly, dá para ver nos olhos dele, o jeito como brilham.



Ah o amor!



— Que isso, ruivinha, somos anjos em pessoa. – Dessa vez não foi só Lilly que riu, mas eu e Emme que acabamos gargalhando, aquela piada tinha sido melhor do que eu dizendo que iria desistir do Sirius.



— Essa piada foi ótima, melhor do que a da Lene. – EMME! Olhei para ela, desesperada e Sirius olhou curioso de Emme para mim.



— Que piada, Lene?



— De que eu sou apaixonada por você. – Eu disse, gargalhando, justamente para disfarçar e querer dizer tipo “olha como isso seria um absurdo! ”, gente, que absurdo mesmo né?



— Imagina só. – Disse Emme, gargalhando, e eu, ela e Lilly de repente riamos demais com nossa piada interna que os meninos não estavam entendendo nada, tipo, será que era mesmo tão absurdo assim eu ser apaixonada pelo Sirius? Hahaha.



— Imagine só. – Eu disse, com a risada controlada e respirando fundo para me recuperar daquele acesso de risos.



— Vocês são muito engraçados. – Disse Emme, também claramente se recuperando do acesso de risos.



— Vocês são bem doidas, sabia? – Disse Sirius, meio risonho e meio sério, acho que ele não curtiu muito a piada.



— Imagina. – Disse Lilly, com um sorriso no rosto e vermelha de tanto rir.



— Então, o que os anjinhos vieram fazer aqui? Admirar nossa beleza? – Emme riu e James piscou para ela antes de dizer.



— Na verdade, vocês ficaram sabendo que vai ter visita a Hogsmead fim de semana que vem?



Lá vem ele. Hahaha.



Okay, se você não sabe, faz provavelmente uns dois anos que James convida Lilly para ir a Hogsmead. Isso começou mais ou menos no quinto ano, se eu bem me lembro, e desde então Lilly sempre recusa o pedido.



No começo porque ela odiava o James, ele vivia azarando o Snape, que por um tempo foi amigo de Lilly, mas depois começou a andar com umas pessoas meio esquisitas e a tratar Lilly de maneira ofensiva, daí ela parou de falar com ele. Mas a raiva por James continuou, depois porque ele era muito arrogante, metido, exibido, idiota... ah, a lista é bem grande, viu?



Mas, como eu já disse, eu acho que ele é muito apaixonado pela Lilly porque ele nunca desiste, olha, eu tiro o chapéu para o James, eu nunca tive a coragem que ele tem, mesmo com tantos foras, aqui está ele novamente.



Isso que é amor!



— Jura? – Emme já conhecia aquela história tanto quanto eu, e ela, junto comigo, nos últimos tempos tentávamos convencer Lilly a dar uma chance para James, mas ela parecia bastante relutante. – Aí, adoro Hogsmead. Tomara que alguém bem legal me convide para ir.



— Tipo eu? – Disse com meu melhor sorriso amarelo e Emme riu, dando um tapinha na minha perna e dizendo obviamente ‘nãoooooo, sua boba’.



Essas amigas são mesmo uns amores.



— Bom, talvez possamos encontrar uns pares bem legais para vocês, o que acham? – James sorriu, e eu, Emme e Lilly nos entreolhamos.



Ele estava melhorando naquela tática, ah estava. Se prepara, Lilly, ai vem!



Senti vontade de rir diante dos meus pensamentos, mas tentei me controlar e apenas sorri, voltando os olhos para James e Sirius.



— Essa eu quero ver!



— Bom... Na verdade... – Começou James, meio vermelho, e eu ri, ele sempre ficava daquele jeito quando ia convidar a Lilly. Mas Sirius continuou para ele.



— Temos um amigo que gostaria de sair com uma amiga de vocês, mas achamos que ele não tem muita coragem de dizer isso. – Disse Sirius entre risos, e dessa vez eu franzi a testa e olhei pra Emme e Lilly.



Ué? Que esquisito.



— Seja mais direto, Six, não estou entendendo nada. Não é o James que quer sair com a Lilly?



Dessa vez Lilly ficou vermelha igual um pimentão e James teve um acesso de tossi, enquanto eu, Sirius e Emme gargalhávamos em plenos pulmões.



— Essa foi boa, Lene! – Disse Sirius enquanto James fazia uma careta. – Mas isso vem por último, primeiro temos que ajudar o nosso amigo.



Sirius deu uma risadinha e eu franzi a testa.



— Que amigo? Por favor, não me digam que o Pettigrew está querendo sair comigo. – Eu disse com ar meio de apavorada, o que causou muitos risos em todos, inclusive em James que agora parecia já recuperado do acesso de tosse.



— Coitado do Pedro, Lene. Dá uma chance pra ele. – Disse Sirius, brincalhão e eu mostrei a língua para ele.



Ele deu uma piscadinha sexy para mim e pronto, minhas células começaram a se derreterem dentro do meu corpo.



Que calor, né?



— Na verdade... – Começou James. – É o Remus.



Silencio total.



Emme ficou meio vermelha e branca ao mesmo tempo, se isso for possível, e mesmo de longe eu podia ouvir o coração dela acelerando no peito. Acho que ela entraria em colapso nos próximos trinta segundos.



Okay, eu nunca disse isso, mas Emme já teve uma paixão bem intensa por Remus, mas ao contrário do que ela fica insistindo para eu fazer, lutar pelo amor do Sirius e coisa e tal, ela não fez nada e ele nunca sequer desconfiou que ela perde o ar quando ele está por perto.



Coisas do amor.



Agora, se Sirius e James dissesse que Remus queria sair comigo, o que, claro que não poderia ser com a Lilly porque senão eu tenho certeza que o próprio James acabaria com a raça do Remus, Emme morreria absurdamente.



É claro que eu não sairia com Remus, ele é um cara adorável, de verdade, gentil, bonito, estudioso, engraçado, bem menos baderneiro do que Sirius e James, mesmo tem seu lado maroto, como eles dizem, mas como vocês já estão cansadas de saber, eu sou incondicionalmente e irrevogavelmente apaixonada por Sirius, e minha amiga é apaixonada pelo Remus, então sem chance.



Eu entendia perfeitamente o que Emme estava passando naqueles breves e longos segundos.



— O Remus? – Eu perguntei no lugar de Emme que estava incapaz de proferir uma palavra sem entrar em colapso nervoso. – Como assim?



James pigarreou e olhou a volta como que para se certificar de que Remus não estivesse por ali.



— Na verdade, estamos meio cansados de perceber que o Remus está meio que...



— Já faz um bom tempinho – Emendou Sirius.



— É, talvez afim ou gostando, ou...



— Sei lá, apaixonado? – Sirius deu uma risadinha, ficando vermelho.



UAU! Eu jamais, em sete anos de Hogwarts, vi Sirius vermelho! Como também nunca vi ele falar a palavra apaixonado, por isso talvez ele tenha ficado assim. Ai meu Merlin, minhas células estão virando gelatina liquida e escorrendo pelas veias.



James riu e continuou.



— Então resolvemos ajudar ele e... Ver se a Emme toparia sair com ele, fim de semana, em Hogsmead?!



Pude sentir de longe o alivio da Emme enquanto ela soltava o ar e tentava voltar a cor normal.



Olha o que o amor faz com as pessoas, gente! Incrível.



— E.. Eu? – Emme gaguejou e eu achei lindo aquilo.



Dei risada e abraçando ela pelos ombros, disse.



— Eu que não sou, né sua boba. – Eu e Lilly rimos, enquanto James olhava pra Sirius para em seguida dizer.



— Isso é um sim?



— Eu não sabia que você era tão obtuso assim, Potter? – Disse Lilly, “delicadamente”, no que ele fez uma careta e todos nós rimos.



— Ele nasceu obtuso, Lilly. – Brincou Sirius e James fez uma careta, causando mais risos.



— Tua mãe! – Sirius gargalhou e James desviou os olhos para Lilly, charmosamente.



Lá vem.



— Podíamos aproveitar e irmos juntos também, né Lilly?



Dessa vez foi a vez de Lilly de ficar vermelha, e antes que ela pudesse dar uma patada no pobre coitado do James, eu não podia deixar a chance passar para ele, e claro, para ela.



— É claro que ela vai! – Eu abracei os ombros de Lilly e dei um enorme sorriso para James, que ergueu as sobrancelhas olhando para mim e depois pra Lilly que me olhava, vermelha, com cara de assustada, como quem diz “O que você está fazendo? ”



— No outro sábado de manhã, você e o Remus esperem por elas em frente a lareira do salão comunal. – Dei uma piscadinha para James que de repente parecia que tinha perdido o ar. HAHAHA, adoro quando eu faço essas coisas.



— Bom, mas você não pode ir sozinha, né, Lene? – Desviei os olhos de James para Emme enquanto meu sorriso triunfal se desfazia e eu adquiria a mesma cor e expressão de Lilly.



“O que você está fazendo, Emelline Vance? ”



— O Sirius podia ir com você, né Six? – Fechei a cara por segundos.



Só eu chamava ele assim, SÓ eu. x.x



De repente o ar ficou todo esquisito e constrangedor. Merlin, ela não devia estar fazendo isso.



Vi, na minha mente, Sirius fazendo uma careta, uma cara de assustado e dizendo de maneira super sem graça “Ahn... é, claro...”



Mas o que ele fez não era bem o que eu imaginara.



— Claro, vai ser excelente, precisamos mesmo conversar, né, Lene? – Ele deu uma piscadinha sexy e eu o encarei, erguendo a sobrancelha.



Merlin, e o tal menino? Pensei de repente do nada como se ele realmente existisse.



— Ahn... Não sei se é uma boa ideia, e se o... – O quem? Quem me veria com o Sirius?



Emme gargalhou e piscou para mim e depois pra Sirius.



— Relaxa, Emme! O Sirius não vai te roubar de ninguém, né, Six?



Ela piscou para ele e sorriu triunfante para mim.



Pronto, tínhamos conseguido mais um ponto para o tal plano Conquistando SB, se É que isso tudo estava mesmo surtindo algum efeito?



Sirius sorriu, sem jeito dessa vez e James, ainda com um sorriso estupendo nos lábios, deu uma piscada para nós.



— Então vocês vão torcer para a gente no sábado, certo?



Pena que ainda faltava mais de uma semana para a visita a Hogsmead, porque eu mal podia esperar para chegar logo.



Eu, Emme e Lilly, com certeza!



— É claaaaro! – Eu disse, causando risos nos meninos, enquanto eles falavam um “beleza, a gente se vê, meninas”, e partiam para o castelo, enquanto deixava uma Emme exultante de felicidade e uma desesperada Lilly que não conseguia acreditar que eu enfiara ela naquilo.



— Depois que você provar aqueles lábios de mel e descobrir o que você perdeu esse tempo todo, você me agradece, Lilly!



Dei uma piscadinha para ela e ela ficou roxa igual uma cebola.



É para isso que servem as amigas, afinal de contas ;)



 



 



 



*N/A:



Humm será que o Sirius realmente percebeu que a Lene vale a pena?



Meio difícil mesmo de desvendar esses meninos



Mas vamos ver o que eles vão aprontar né



 



Ps. Depois de dois séculos e meio eu finalmente começo a escrever os capítulos hahaha



Acontece né, na vida acontece tanta coisa, e eu acabei parando todas as minhas fanfics de vez, mas agora sinto muita falta de escrever e resolvi voltar, talvez volte aos poucos, demoradamente, uma coisa de cada, uma fic aqui, outra ali



Porque estou fazendo faculdade e também escrevendo outras coisas, então as fics vem mais como uma válvula de escape, para me distrair, me ajudar na escrita, imaginação, inspiração e tudo mais



Nem todo dia estamos inspirados para certas histórias, por isso é sempre bom escrever outras coisas junto.



Comentem o que acharam dos capítulos postados, se tiver comentários eu escrevo mais ;x



 



 



Beijos



Lanah Black


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