Um tiro pela culatra

Um tiro pela culatra



 


Faltando poucos meses para o fim do ano, haveria a final do campeonato de quadribol, entre Grifinória e Lufa-Lufa. Como capitão (e em seu último campeonato em Hogwarts), Tiago estava tão nervoso que voltara com sua antiga mania de despentear os cabelos o tempo todo. Se Lílian não estivesse sempre com ele, controlando-o, ele provavelmente teria ficado careca antes mesmo dos 20 anos.


Marlene lidava com seu nervosismo de um jeito completamente diferente. Se limitava a sorrir toda vez que via alguma alusão a partida, qualquer um pensaria que ela não estava nem um pouco preocupada com coisas que nuuuuncaaaa aconteceriam, como derrubar o bastão, cair da vassoura, deixar um balaço atingir Tiago antes dele capturar o pomo, ou acertar um balaço em um dos jogadores da Grifinória. Imagine, isso nem passava pela cabeça dela...


Sirius conhecia sua namorada, ele sabia decifrar cada pensamento escondido em todos os sorrisos dela.


- Não se preocupe, Marly, você vai ser genial, como sempre. - Disse ele afagando o cabelo negro da namorada.


- E quem disse que eu estou preocupada? Nosso time não perdeu uma única vez essa temporada, e desde que Tiago virou apanhador, a Grifinória venceu todos os campeonatos de quadribol. Por que eu teria alguma razão para ficar preocupada?


- Não tem nenhuma razão. Você vai se sair bem, mas está se corroendo por dentro. - Afirmou Sirius, Marlene o fitou irritada.


- Não estou não! Estou... horível! - Ela escondeu o rosto no peito dele. - E se eu derrubar alguém do meu time da vassoura? E se eu deixar alguém acertar o Tiago? E se perdermos feio e for tudo culpa minha?!


- Vai ser tenebroso, certas pessoas nunca mais vão falar com você.


- Uau! Estou me sentindo bem melhor agora. - Comentou Marlene, sarcástica.


- Mas eu falarei. Não gosto de você pelo quadribol ou por qualquer coisa que possa mudar nessa partida. Eu amo você, Marlene. E vou amar quer vocês ganhem a partida ou não. Independente do resultado eu estarei ali. Você sempre pode contar comigo.


Marlene não achou palavras que demonstrassem sua gratidão, e então esqueceu que eles estavam conversando aos sussurros numa aula de Poções e que o professor Slughorn estava muito perto instruindo Lílian e Pontas no preparo da Veritaserum, Marlene o beijou. Sirius, parecendo assustado no início não demorou a colocar a mão na cintura dela e corresponder o beijo com ardor.


- Oho! - Exclamou o Prof. Slughorn. - Lamento, garotos, lamento, mas sem beijos dentro da sala de aula!


Qualquer outro casal teria corado intensamente, mas não aquele.


- É, Almofadinhas, não foi essa educação que eu te dei. - Brincou Pontas. Marlene revirou os olhos e depois perguntou , quando o professor se afastou:


- Me responda, Pontas, qual é a diferença entre um veado e um cervo mesmo? - Ela pestanejou inocentemente, como se não houvesse nenhuma maldade escondida na pergunta.


- Seu namorado sabe a diferença entre os dois. - Rebateu o rapaz ajeitando os óculos.


- Não tem diferença nenhuma, amor, são dois jeitos diferentes de dizer a mesma coisa. - Respondeu Sirius. Tiago franziu o cenho e então assumiu:


- Tudo bem, perdi. - Os três riram levemente, e Tiago virou-se para Lílian novamente.


- Você é melhor namorada que eu poderia ter, sabe disso, não é? - Disse Sirius tocando a ponta do nariz de Marlene com o dedo. 


- Eu sei. Com certeza, sei.






Finalmente chegou o dia da partida de quadribol. Marlene e Tiago faziam a revista do campo de quadribol para avaliar o tempo, gramado, solo, qualquer coisa que lhes desse uma pequena vantagem no jogo.


- Falou com Sirius antes de descer? - Perguntou ela a ele. Tiago sacudiu a cabeça.


- Tentei. Eu disse: "Ei, estou descendo para fazer uma revista no campo de quadribol." ele gemeu alguma coisa, daí eu respondi: "Com Agridocicada." ele ainda não deu sinais de vida então eu ataquei: "Só nós dois, sozinhos, sob um sol quente, ela fragilizada porque não te viu hoje...", aí ele atirou o travesseiro em mim. Mas foi só.


- Vocês são tão idiotas às vezes, Pontas. - Ele riu.


- Eu sei.


- Você sempre sabe. - Comentou ela revirando os olhos.


- Não. - A resposta pareceu estranhamente séria. - Tem uma coisa que eu realmente queria perguntar para você. É que, bem, não tente me azarar ou rir da minha cara, mas...


- Pontas, eu não estou fragilizada porque não vi o Sirius hoje! - Brincou ela. Tiago riu e olhou para frente, mas não disse mais nada. - Ah, meu Deus! Era isso?


- Ah, cale a boca, Agridocicada! Claro que não!


- Tudo bem. Me ofendeu agora.


- Não se onfenda, você é uma graça. Mas, o que eu realmente tenho para falar é que... Droga! Onde estão os outros?! Falta menos de uma hora para o início do jogo...


- Eu os vejo saindo do castelo agora, Pontas, relaxe. Isso era tão importante?


- Não. Eu explico depois, se der tempo.


E não deu, Tiago exagerou tanto no discurso pré-jogo, que quando terminaram a reunião já estavam quase atrasados. O time da Grifinória saiu apressado do vestiário e encontrou o da Lufa-Lufa já pronto para voar, todos sorridentes como se a partida não os preocupasse nenhum pouco. E talvez não preocupasse mesmo.


Tiago apertou a mão do capitão da Lufa-Lufa, que não dava a mínima para isso. Seus olhos eram só para Marlene. Estava tão desconcentrado que perdeu o apito da Madame Hooch, levantando voo só quando percebeu que todos os outros estavam já tinham levantado.


- Boa, Agridocicada! E ele é o goleiro, fique no campo de visão dele e ganhamos o jogo! - Gritou Tiago.


- Se eu fizer isso, quem vai proteger você, Pontas? - Ela girtou de volta e pensou ter escutado Tiago rir.


O jogo procedia com calma, mas o vento estava tão forte que era complicado ouvir intruções, os gritos da torcida e até o narrador. Marlene não tinha deixado nenhum balaço bater em ninguém de seu time. Ela dividia com o outro batedor, ela cuidava de Tiago e de um artilheiro e ele dos outros dois. Caso algum balaço fosse para o goleiro, agiria o batedor que estivesse mais perto. O goleiro e capitão da Lufa-Lufa estava tão terrivelmente distraído que não defendeu um único lance.


Ela olhou a direita e viu, não um, mas dois balaços vindo em sua direção. Golpeou um deles para que atingisse o artilheiro da Lufa-Lufa que tinha a posse da goles. Ela o acertou diretamente na cabeça, fazendo com que caísse da vassoura e derrubasse a goles, um jogador da Grifinória a pegou. Mas, com o outro balaço ela não foi tão genial. Ele estava perto demais para que ela pudesse fazer qualquer coisa, por isso, o desviou para a esquerda.


- Essa foi por pouco! - Murmurou consigo mesma.


- Jogue um deles na arquibancada, perto do Black! O outro vou jogar no Potter! - Marlene escutou um batedor da Lufa-Lufa gritar ao outro. Marlene gemeu.


O outro batedor tinha mais força do que técnica, e Marlene não sabia qual das duas atividades ele poderia executar com mais facilidade, e seu tempo era curto. Os balaços já estavam perigosamente perto dos batedores agora.


- Já sei! - Ela guiou a vassoura para a direita, até localizar Sirius nas arquibancadas. Ele estava olhando para cima, impressionado, mas Marlene não tinha tempo para descobrir o que ele estava vendo. Mergulhou com velocidade e freou pouco antes de bater.


- Marly! - Exclamou Sirius.


- Agora não, Sirius, estou aqui a trabalho. - Brincou. Mas por dentro ela tremia de nervosismo. Seu lance seria arriscado e ela não poderia tentar novamente se errasse.


O primeiro balaço já descia em linha reta para Sirius, Marlene se preparou e esperou o máximo que pode. O segundo ainda estava sendo atingido pelo taco e então estava se dirigindo para Tiago, o primeiro a meio metro dela agora. Ela bateu com todas as suas forças embaixo do balaço.


- Uau, Agridocicada! - Exclamou Remo quando o balaço de Marlene acertou em cheio o que estava quase pegando em Tiago, que por sua vez, estava entretido numa subida para pegar o pomo. Meia batida de coração depois ele gritou:


- PEGUEI! - Houve um urro geral da torcida da Grifinória. Até a professora Minerva, sempre severa e alinhada se permitiu aplausos e vivas de aprovação.


Houve tantos abraços, gritos, parabéns e tapinhas nas costas que Marlene perdeu a conta. Depois a entrega do troféu de Quadribol, tão completamente emocionante...


Mas quando Sirius finalmente a alcançou, tomou nos braços e beijou, Marlene finalmente sentiu que estava sendo premiada.






- Eu sou um covarde! - Disse Tiago no vestiário da Grifinória, quando restavam apenas ele e Marlene ali.


- Não é, não! É uma das pessoas mais corajosas que eu conheço. Não entendo por que você está se martirizando, Pontas. Nós ganhamos!


- Eu sei. Mas, lembra daquilo que eu queria falar?


- Ah, sim. Fale agora.


- Eu quero... quero pedir a Lílian em casamento.


- Quê?! - Perguntou Marlene, chocada.


- E devia ter feito isso, hoje. Depois de ganhar o jogo, tinha tudo planejado! Era por isso que eu queria tanto ganhar! Mas, na hora H, eu me acovardei!


- Você pode fazer isso ainda. Temos a comemoração...


- Não, não sei o que falar.


- Eu ajudo você! - Disse Marlene. - Vamos fingir que eu sou a Lílian, me peça em casamento.


- Obrigado, Agridocicada. Você é a melhor garota que o Almofadinhas poderia conseguir.


- Oh, eu sei. Todos dizem isso. - Brincou Marlene jogando a cabeleira para trás. - Mas,vamos com isso! Estou morrendo de fome.


- Certo. - Tiago ajeitou os óculos e fez uma genuflexão perfeita e segurou a mão de Marlene. - Lílian Evans, eu queria achar um jeito mais fantástico ou impressionante de dizer isso, queria que fosse uma ocasião mais apropriada, mas quem disse que as coisas são como a gente quer? O seu querer é mais importante que meu, principalmente agora, quando eu pergunto: Lílian Evans, quer casar comigo?


- Ei! Cara! O que você está fazendo? - Gritou Sirius abrindo a porta num rompante.


- Sirius, relaxe! Não é nada que você está pensando! Eu posso explicar!


- Tiago, Marlene? Ainda vão...? - Disse Lílian aparecendo. - O que está acontecendo?


- Tiago está cantando a Marlene! A minha Marlene! - Disse Sirius olhando para Tiago, ainda de joelhos.


- Tiago! - Disse Lílian.


- Não! Não é isso! - Gritava Marlene a beira das lágrimas. - Fale alguma coisa, Tiago! Faça o que você quer fazer! Agora!


- Mas e se...?


- O CARAMBA! PEÇA AGORA!


Tiago andou até Lílian e disse:


- Por favor, me perdoe! Isso saiu completamente errado. Eu tinha planejado fogos de artifício, palmas, emoção. Quer dizer, uma emoção melhor que essa. Eu queria que tudo fosse perfeito, para daqui muitos anos você possa contar para seus filhos ou netos. Para que você possa lembrar desse dia com orgulho. Mas, nada deu certo, eu esperei demais e olhe no que deu! Então, lá vai. - Ele se ajoelhou, mas dessa vez em um desespero maior e com lágrimas nos olhos. A expressão de raiva no rosto de Sirius se desfez e foi substituida por uma de incredulidade.


"Lílian Evans, eu prometo que sempre estarei ao seu lado quando você precisar, e que ninguém, nem mesmo Voldemort, vai nos separar enquanto você ainda quiser minha companhia. Você quer se casar comigo?"


Os olhos verdes de Lílian ficaram ainda mais brilhantes, seu lindo rostinho tremeu e ela abriu um sorriso cheio de lágrimas que aqueceu o coração de Tiago. Então, num sussuro delicado ela respondeu:


- Sim.


 

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH *-* \o/ Ele pediu ela em casamento... E a Lene quase surtou ali quando o Sirius entrou no vestiario kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk velho que onda. Amei esse capitulo Lene genia *------------------------* muiiito bom flrbjoos!

    2013-02-06
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