O prólogo
- Como podem perceber o feitiço para transfigurar objetos sólidos em líquidos, mas sem alterar a aparência é muito útil para disfarces e... - Dizia a professora Minerva sacudindo a varinha uma ou duas vezes enquanto falava. Mas, para Tiago e Sirius, uma pequena caixa de cerejeira no colo de Tiago era mais interessante. Ela era de mogno e o garoto gravava com a varinha os seguintes dizeres: "Para a mais gata de Hogwarts".
- Quem será a vítima? - Sussurrou Sirius para o melhor amigo. - Que tal aquela ali? - Apontou para um garota de cabelos pretos-safira e pele pálida.
- Marlene McKinnon? Aquela que azarou o Rabicho na semana passada? - Respondeu calmamente Tiago no mesmo tom.
- Isso. Para ela aprender a nunca mexer com um maroto! - Tiago sorriu para Sirius antes de murmurar um feitiço de teletransporte que aprenderam havia pouco tempo. A delicada caixinha desapareceu do colo de Tiago e reapareceu na mesa de Marlene, ela ergueu as sobrancelhas. Sirius e Tiago seguravam as gargalhadas.
- Lembrem-se! Nunca use o feitiço para seres viventes! Fará com que a pessoa seja reduzida a uma espécie de geleia... - dizia a professora, a jovem Marlene, enquanto isso, deslizava os dedos pálidos pela caixa para abri-la.
- CONVENCIDA!!! - Urrou uma voz saindo de dentro da caixa, ao mesmo tempo que uma chuva de confetes caía em Marlene.
- Senhorita Mckinnon! - Bradou a profª. Minerva. - Fora da minha sala!
- Professora, eu quero mesmo aprender o feitiço liquidificador! - Respondeu Marlene deseperada. Tiago e Sirius riam profundamente as suas costas.
- Se estivesse mesmo interessada, não estaria fazendo joguinhos durante a explicação! Agora, - ela acenou com a varinha e a porta da sala abriu - retire-se, por favor.
Com os lábios tremendo, ela jogou o material na mala e saiu da sala correndo e soluçando, o que só fez com que as gargalhadas de Sirius e Tiago aumentassem.
Poucos minutos depois, olhando pela janela, Sirius Black percebeu uma garota despindo-se, perto do lago. Era Marlene Mckinnon. Ela despira as vestes e estava usando apenas as roupas de baixo que, com um aceno de varinha, ela converteu em um maiô. Sirius se ajeitou na cadeira para ver melhor. "O que essa maluqinha está fazendo?". Então, quando ela conjurou do nada uma corda e um enorme baú, Sirius entendeu o que ela estava fazendo.
Ele se levantou da cedeira e começou a caminhar em direção da porta.
- Sr. Black! Aonde pensa que está indo? - Repreendeu a professora.
- Salvar uma vida! - Disse por sobre o ombro enquanto abria a porta. Ele se lançou por ela e correu.
Sirius correu o mais rápido que podia em forma humana, até que, quando os pulmões já doíam, ele finalmente chegou.
- Marlene! - Gritou. A garota escrevia, ainda derrubando lágrimas, em um pergaminho. Seria sua carta de despedida? - Fui eu! Ei! eu assumo para a professora, não precisa se matar por isso!
A bruxa olhou para ele. O pouco ar de Sirius pareceu fugir. Ele nunca tinha reparado como ela era bonita. A cabeleira lisa descia até a cintura, a pele tinha mais ou menos a cor das pétalas de uma margarida, e parecia tem a mesma suavidade. E como descrever aqueles olhos? Eram negros com um toque prateado, como uma noite de lua nova. Ele se distraiu de tal modo que esqueceu o que tinha dito.
- O quê? - Perguntou Marlene. Sua voz era parecida com um travesseiro de penas, macia e reconfortante. - Me matar? Black, por que eu faria isso?
- Hum, eh, você nunca tinha sido expulsa da sala antes e você se importa com... - A voz de Sirius foi morrendo ao ver a expressão confusa da jovem. - Se não ia se matar para que a carta? A corda e esse baú pesado?
Marlene Mckinnon sorriu, seu sorriso virou uma risada.
- Isso - ela indicou o pergaminho - é o meu trabalho de História da Magia, sobre as capturas de bruxas. E essas coisas são para o trabalho, vou me amarrar ao baú e pular no lago...
- Ahá! Então você quer se matar!
- ... para poder me sentir como as bruxas de verdade se sentiam quando eram capturadas na idade média, posso usar vários feitiços para voltar, Black. Eu também tenho uma varinha.
Essa foi a vez de Sirius rir.
- Desculpe. Eu raramente fico preocupado com o que acontece com quem eu e Tiago aprontamos...
- Raramente? - Ela ergueu as sobrancelhas.
- Nunca. Nunca me importo com o que acontece com essas pessoas, mas quando vi você se preparando para pular, eu... achei que deveria fazer alguma coisa. Queria que você pagasse pelo que fez com Rabicho, mas ele foi parar na ala hospitalar, você iria direto para o cemitério. Isso não seria justo.
- Com certeza, não. - Os dois olharam para o lago, o trabalho de Marlene parecia ter sido esquecido. Havia um certo entendimento no ar, como se estivessem discutindo algum assunto importante em que os dois concordavam plenamente.
- Marlene? Por que eu nunca conheci você? Quero dizer, até você azarar Pedro eu nem sabia que você estava no meu ano!
- Nunca fiz questão de idolatrar você, Black, como as outras garotas. Ou a Tiago. Vocês nunca fizeram nada que parecesse realmente heroico aos meus olhos para que merecessem toda esses mimos que recebem.
Sirius ergueu as sobrancelhas, visivelmente irritado. Ninguém falava assim com ele.
- Escute aqui, você pode ser a garota mais gata dessa escola, mas... - Sério? Você acha isso mesmo? - Interrompeu. - Sem dúvida, mas mesmo... - Você é muito bonito também, Black. Mas parece que não percebe o quanto você pode magoar uma garota... - Eu sei. Elas me dizem isso o tempo todo. - Black? - Disse Marlene hesitante depois de um longo silêncio. - Sim? - Quer competir comigo? Ver quem consegue chegar a outra margem do lago primeiro? - Você vai continuar vestida com esse maiô elegante? - E você vai continuar com seu ego gigante? - Garota esperta. - Murmurou Sirius. - Mas, eu aceito. Sirius Black nunca foge de uma garota bonita. - Os seus elogios não vão fazer com que eu facilite para você, Black. Desista. - Marlene esticou os braços num rápido alongamento e prendeu a varina numa dobra do maiô. - Mas vamos com isso, quero ganhar de você logo. A cada segundo, Sirius ficava mais impressionado com a garota. Se ela fosse um garoto, com certeza faria parte da turma dele. Sirius, enquanto transfigurava as próprias roupas em roupas de banho, imaginava qual seria o apelido enigmático dela. Talvez algo como Agridoce, porque ela surpreendia e ofendia ao mesmo tempo... - Pronto, Black? - Nasci pronto, Agridocicada. - Essa palavra não existe, Black. - Agora existe. - Respondeu Sirius antes de mergulhar no lago frio. Ele escutou Marlene gritar: "Tapaceiro!" e então um suave splash quando ela pulou na água. Foi uma competição acirrada, Marlene era mais veloz que Sirius, porém este era mais forte, cada braçada dele valiam duas ou três de Marlene. O resultado não foi outro, um impate incrivelmente perfeito. - Ganhei! - Disserem um uníssono, mas ao verem que chegaram empatados, franziram o cenho. - Droga. - Disse Marlene, e sem mais nada dizer, deu meia-volta e nadou até a outra margem. Sirius a seguiu, mas quando chegou a borda, ela já estava vestida com as vestes de Hogwarts e completamente seca. Agora ocupava-se em fazer desaparecer o baú, a corda e o trabalho de História da Magia. - O que eu ganho por conseguir empatar com você? - Perguntou se secando com a varinha. Depois disso, fez o traje de banho voltar a ser o que era antes, seu uniforme. Marlene sorriu, seu rosto de boneca estava corado agora. Como se ela estivesse tendo pensamentos agradáveis. - O que você quer fazer desde que pôs os olhos em mim. - Sussurrou dando um passo para se aproximar de Sirius. - O quê? - Perguntou, ele não podia ter sido tão evidente assim. - Beije-me. - Eu não quero beijá-la! - Mentiu Black, atroz. - Então, por que você não tira os olhos de mim? - Aí estava, Agridocicada. Isso resumia a srta. Mckinnon. Dócil e sarcástica. - Porque estou morrendo de vontade de beijá-la. - Assumiu. Marlene sorriu. - Mas, infelizmente, fica para próxima. A aula de Transfiguração acabou e eu não quero que alguém me veja com você. - Ela se afastou, pegou a mochila e andou com uma graça incrível para longe de Sirius. Pessoas saíam do castelo agora e um grupo de garotas corria para Marlene. Lílian Evans entre elas. Sirius estava com a mão esticada, como se esperasse que alguém apertasse sua mão, a boca do maroto estava ligeiramente aberta. Ninguém, ninguém o dispensava. Mas, Marlene era uma exceção. Gritou: - Ei! Agridocicada! - Marlene, que já estava a uns dez metros de distância agora e ao meio de um grupo de amigas, olhou para trás. - Ele tem um apelido para você? - Disse uma das garotas alto demais. - Cale a boca! - Pareceu dizer Marlene, e então, mais alto, para Sirius: - Que é, Black? - O que preciso fazer para que você saia comigo? - Gritou ele. As cabeças de todos os que estavam por perto se voltaram para olhar. Sirius pode ver um sorriso estampar os lábios de Marlene. - Peça. - Disse, então virou para frente e ignorou Sirius o resto do dia.
Comentários (1)
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Marlene está mostrando quem manda ai. Bem, ela conquistou o Sirius de alguma forma... Eu ri aqui quando vi que ela não ia se matar e que ele foi pra lá em vão... Achei o capitulo engraçado e muito legal a Lene ser a primeira a dar um fora nele *-*Bjoos!
2013-02-06