Granada Loira
Estava quente, até mesmo para junho. O sol já apontava no céu, colorindo as nuvens com um tom estranho entre o verde e o azul. Não choveria, o que queria dizer que faria mais um daqueles inacreditáveis dias que mais se assemelhavam ao inferno. Isso se ela acreditasse no inferno. A garota escorou-se no chafariz enorme da praça principal do vilarejo bruxo enquanto cerrava os olhos e respirava fundo. O enjôo ainda vinha forte e a tontura lhe fazia andar de um modo estranho. Um modo que resultava nas pessoas a evitando.
Carregava os tênis nas mãos, simplesmente porque aproveitara o final de mais uma festa com os pés no chão; pisando sobre as cervejas derramadas e as pontas apagadas de cigarro. A repetição de poucos acordes não fazia diferença, porque ela apenas escutava a batida grave do baixo e o arranhar da guitarra atingirem imediatamente seu coração. Os cabelos, agora loiros, balançaram durante toda a noite. Naquele momento, jaziam presos no alto da cabeça em um rabo de cavalo. Não queria ter de se preocupar com eles caso vomitasse até a alma. Ela nunca sabia o que aconteceria.
Não sabia por que, simplesmente, não se importava nem um pouco. O que ela queria era sentir a vodka misturada a refrigerantes descer rasgando por sua garganta. Apenas com o que ela se importava era sentir que estava viva e que ainda poderia ser capaz de sentir mil e uma sensações sem culpa. Ela abriu os olhos, largando as nádegas na calçada que sustentava a fonte. Foi colocando os tênis que ela sentiu a voz grave lhe chegando como a buzina de um caminhão.
- Agora você é loira? – a voz de Hermione Granger lhe fez acordar. Argg, ela suspirou, trincando os dentes e erguendo apenas os olhos para a figura certinha. Hermione carregava dois livros nos braços, os dois com títulos em francês. Estaria ela estudando nas férias?
- Agora você é estudante de francês? – devolveu a pergunta com menos ironia na voz, mas com o mesmo tom de irritação da outra. Só podia ser o efeito do álcool e dos cigarros, pois ela nunca perdera de Hermione em uma discussão. Muito menos em uso de ironia e escárnio.
- É – Hermione respondeu, olhando para os livros e passando ligeiramente a mão sobre os cabelos armados. Eram armados e irritantemente castanhos, mas tinham aquele quê de selvageria que os cabelos de Pansy Parkinson nunca adquiririam. – Está tudo bem com você?
- Porque não estaria?
Pansy não precisaria de resposta alguma, pois os tênis a caminho dos pés, a camiseta intencionalmente puída e o rosto com maquiagem escorrida já lhe davam uma idéia. Ela parecia ter sido atropelada por um caminhão, Hermione pensara analisando a fundo o rosto anguloso. Estava cansada e, com certeza, abusara de coisas ilegais, mas ainda mantinha aquela altivez e o sarcasmo típico estampado no rosto. Os olhos azuis cobalto ainda olhavam para Hermione.
- Tem certeza? – perguntou Hermione novamente. Não sabia por que estava querendo ajudar a sonserina. Desde sua mudança para a pequena vila bruxa, as duas estavam sempre em pé de guerra. Pansy era uma de suas maiores inimigas na escola e agora ela parava para oferecer ajuda? Não deveria ser uma massagem em seu próprio ego, mas Hermione gostou de vê-la ao chão, com a pior expressão de todos os tempos. – Quer ajuda?
- Você me oferecendo ajuda? – Pansy ergueu uma sobrancelha, jogando a cabeça para trás num ato claro de descrença. – Você não vai se atrasar para a exibição de aluna perfeita? – ironizou, sorrindo de canto. – Afinal, que diabo você está fazendo freqüentando aulas durante as férias? Que coisa mais maluca, até mesmo para você!
- Como assim, até mesmo para mim? – Hermione conseguiu imitar perfeitamente o tom que a outra usara, além de se mostrar altamente ofendida.
- A aluna perfeita – Pansy foi categórica, conseguindo se erguer do chão. Esticando as pernas ela sentiu que o jeans azul justo se esticava com ela, enquanto a camiseta subia, deixando a mostra sua barriga lisa. O piercing brilhava a luz do sol. – Mas estudar durante o verão é loucura! – ela puxou um chiclete de dentro do bolso traseiro da calça. Um chiclete amassado que jogou dentro da boca com selvageria e mastigou com força até conseguir fazer uma bolha. – Você é cafona e eu aposto que você não sabe se divertir.
Hermione apertou as sobrancelhas e olhou para si mesma por um instante. Realmente, se comparasse o modo com que as duas se vestiam ela perderia de longe. Pansy era quase satânica com sua roupa justa e a pose sexy, enquanto ela vestia camiseta branca combinada com uma saia de pregas cáqui. Nos pés usava uma sapatilha também cáqui. Era sem graça, com certeza. Mas não era Hermione Granger quem admitiria uma coisa assim.
- Isso é ridículo!
- Não é ridículo, você sabe que eu tenho razão – Pansy insistiu, chegando tão perto de Hermione que os pés das duas se chocaram. A, agora, loira tinha a fama de ser uma menina briguenta e de adorar confusão, então Hermione deu um passo para trás, claramente com medo. Pansy não se deu por satisfeita e deu um passo em frente, voltando a ficar tão perto que bastou apenas alguns centímetros para ela alcançar a orelha de Hermione. O nariz dela roçou pela bochecha da Grifinória.
- Eu disse que duvido que você saiba o que é diversão – Pansy repetiu – E, muito obrigada, não preciso de ajuda, você pelo contrário... Quem sabe um dia eu me ofereça para ajudá-la? – Pansy afastou o rosto com um sorriso estampado nos lábios.
Comentários (1)
cade a continuação/ paro ai? por favor diz que nao paro \0/ ta muito legal, parabens msm continuaaaaaa
2013-03-23