O plano B
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O Plano B
-Medo de me encontrar sozinha Weasley? – Resmungou Malfoy tão logo nos viu entrar – Olha, trouxe até o namorado novo – Completou ao ver que estávamos de braços dados.
Neville rapidamente me soltou, o rosto queimando, vermelho. E eu tive que revirar os olhos, por que todos os meninos tinham que agir de uma forma tão infantil?
-Para com o ciúmes Malfoy, você sabe que é meu único amor – Sorri irônica fazendo ele ficar completamente corado e furioso – E vejo que está melhor, até se lembrou de como ser terrivelmente insuportável – Sorri amavelmente.
-Weasley – Ele rosnou simplesmente, cheio de desprezo.
-Então... – Neville pigarreou parecendo completamente desconfortável.
-Então – Balancei a cabeça tentando me lembrar de porque estávamos ali – Ah é, temos que te perguntar uma coisa séria.
-Muito séria – Reforçou Neville.
-E eu te imploro Malfoy – Pedi – Só dessa vez, fale a verdade.
-Não, não fui eu que fez o que quer que tenha sido com o seu preciosinho – Ele revirou os olhos – Eu não estou muito em condições ok? – Ele rosnou.
-Não é sobre isso – Eu esclareci – O Harry está ótimo. É sobre seu passado.
-Como comensal... – Falou Neville sem jeito.
Os olhos de Malfoy cresceram e se encheram de fúria e eu achei que ele começaria a berrar ou algo assim, mas ele apenas respirou algumas vezes, muito irritado, antes de se acalmar e começar a encarar a porta da Ala Hospitalar.
-Uma pergunta – Ele disse por fim, ríspido – Apenas uma.
-E você jura ser sincero? – Neville insistiu.
Malfoy rosnou baixo e olhou para Neville com um olhar que poderia muito bem estar lançando “Crucio”s.
-Juro, quer que eu assine com meu sangue? Garanto que uma promessa com sangue puro vale muito mais do que qualquer outra – Ele sorriu largamente, sem humor nenhum.
-Eu posso voltar quando você for um pouco mais maduro se quiser – Disse fria – Daqui a uns 20 anos talvez?
-Faça. Logo. A. Maldita. Pergunta – Ele ordenou me fuzilando com os olhos.
Olhei para Neville e ele olhou de volta para mim, nenhum de nós dois sabendo ao certo como fazê-la.
-Hum... – Neville começou parecendo um tanto quanto assustado – A questão é... Ainda existe algum tipo de movimento por parte dos comensais? – Ele fez uma careta de desagrado com a pergunta que por fim conseguiu formular.
Malfoy arregalou os olhos e se recostou nos travesseiros, sentado, refletindo sobre aquilo por algum tempo. A pergunta definitivamente o havia surpreendido.
-Por que perguntam isso? – Os olhos dele foram rápidos de mim para Neville e voltaram para mim.
-É que eu e a Gina vimos uma menina outro dia... – Ele começou a explicar.
-Que menina?! – Malfoy se ergueu, o rosto desfigurado de uma emoção que eu não sabia definir. Susto e medo talvez.
-A Sarah, minha colega de quarto – Me apressei a esclarecer – Por quê? – Perguntei desconfiada.
-Vocês só têm direito a uma pergunta e já a fizeram – Malfoy respondeu entre as arfadas de alívio – E continuem.
-Ela estava desenhando a marca negra no braço... – Neville explicou – E não achamos isso normal.
-Não é nada com que vocês tenham que se preocupar – Ele abanou o ar em desdém – Deve ser apenas alguma gracinha para chamar a atenção ou fazer piada. O número de pessoas que fazem isso poderia surpreendê-los – Ele falou erguendo as sobrancelhas – E agora, se não se incomodam, eu vou tirar a soneca dos feridos.
Neville rapidamente se retirou, mas eu continuei ali, estudando-o com meus olhos.
-Você não respondeu a pergunta – Eu apontei.
-Gina, os comensais estão se fazendo de bonzinhos ou em azkaban, ninguém tem tempo de ficar fazendo planos malignos enquanto tenta salvar a própria pele – Ele falou com um amargor repentino.
-Como vai seu pai Malfoy? – Perguntei preocupada com a reação dele.
-Ah... A pergunta que eu odeio – Ele sorriu sem humor nenhum – Depois de ter se rendido para que não fossemos para azkaban, ele pegou o que conseguiu de dinheiro e sumiu – Ele deu de ombros, falando de forma desinteressada – Disse que está “esperando as coisas se acalmarem” ou sei lá. Ele poderia muito bem ter morrido.
Subitamente ele se virou e percebeu que eu estava ali, realmente ouvindo e me importando com ele e ficou muito desconfortável.
-Enfim, tanto faz, o mundo é um lugar seguro graças ao senhor Potter, vá comemorar com os outros – Ele fez um aceno de cabeça indicando a porta.
-Você ainda não respondeu a pergunta – Acusei, na verdade querendo mais poder fazer algo por ele do que realmente uma resposta.
-Não há nenhum movimento de comensais – Ele respondeu entediado antes de hesitar – Existe, contudo, um plano, caso tudo o mais falhasse, mas você não tem que se preocupar com isso – Ele me assegurou – É falho e improvável de ser colocado em prática.
-Como você pode ter tanta certeza? – Estreitei meus olhos.
-Porque ele depende inteiramente da minha mãe – A voz dele saiu inflexível – E desde a guerra ela mal sabe o próprio nome ou o ano em que estamos.
Assenti com um aperto o peito. Eu não deveria estar fazendo ele falar sobre tudo aquilo. E agora eu queria ouvir mais, queria consolá-lo, não sei, queria fazer alguma coisa a respeito.
-Só vai embora Weasley – Ele resmungou, evitando meus olhos – Eu realmente quero dormir.
E como eu não sabia o que mais fazer, me levantei e sai.
Continua...
Comentários (1)
Eita! Que senhor cliffhanger pra deixar os fãs sedentos por mais de sete anos... Muito boa a pressionada da Gina no Malfoy, aaaaaah! E zero romântica a pegada, ela veio aqui tratar da segurança mundial e não vai tolerar palhaçada! Adorei esse mergulho na cabeça da Gina, na realidade dela, o outro olhar sobre o trio poderoso, as amigas maluquinhas dela e esse ano extra em Hogwarts depois da guerra. Tocante a forma como a questão do luto é abordada, e as lembranças sobre a época da guerra e o que a Gina teve que aguentar na escola... Sensacional! Cinco estrelas! Obrigado por ter escrito essa história!
2021-03-03