FAJ ou JAF (segundo Angelina)
N/a: Sim, eu ainda estou viva, e desculpem ter sumido por tanto tempo, mas a essa altura vocês já devem até estar acostumadas.
Muito obrigada pelos comentários e para vocês que queriam saber mais sobre o filho da Angelina, aqui vai a versão dela...
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FAJ ou JAF (segundo Angelina)
Eu estava olhando entediada pela janela de mais uma longa e cansativa aula de Historia da Magia. Como se todas as outras matérias não fossem igualmente sem graça. Eu simplesmente estava farta de ficar ali sentada ouvindo sobre assuntos que eu já havia aprendido, em parte pelo menos, e todo mundo agindo como se tudo estivesse igual a dois anos atrás.
Eu deveria estar feliz, já que agora estava tudo certo e já se fazia quase uma semana desde a ultima vez que havia chorado por Fred, após aquele longo e cansativo dia...
Eu dormi mais de 12 horas naquela noite e acordei renovada, passei o dia sem saber como agir quando visse Harry, mas bastou um sorriso dele, e um meu em resposta para sabermos que estava tudo bem.
Quanto ao Malfoy, eu só o vi bem mais tarde naquele dia, quando ia para a aula de adivinhação e subitamente fui puxada para uma sala vazia. Antes que eu me desse conta do que acontecia, um braço havia passado pelo meu pescoço e me enforcava, impedindo-me de virar-me e lançando minha varinha longe.
-Se você contar a alguém sobre ontem, eu juro destruir cada membro da sua ridiculamente enorme família – Ele quase cuspiu ao meu ouvido, enquanto me apertava com mais força.
-Não... Consigo respirar! – Eu sussurrei desesperada, Malfoy então afrouxou o aperto permitindo-me falar com mais clareza – E você acha que eu gostaria de sair por ai falando dos meus encontros com Malfoys imundos e resmungões em banheiros? Agora me deixa em paz, porque do contrario, eu juro que você vai se arrepender.
Ele então me soltou, me empurrando para fora da sala antes de bater a porta.
-Tenha um bom dia! – Cantarolei alegremente para a porta fechada.
Aquilo já havia acontecido a quatro, talvez cinco dias e desde então eu havia assistido ele sofrer nas mãos, ou deveria dizer varinhas, das mais variadas pessoas, mas eu não tinha mais interesse nenhum em me preocupar com ele, simplesmente não valia a pena.
Agora eu mal ouvia o professor Binns discorrer sobre a revolução dos tragos que supostamente teria sido liderada por uma bruxa de apenas 12 anos, perdida em meus pensamentos e divagações.
Foi quando, com o canto do olho, senti algo mover-se e virei-me a ponto de ver um vulto passar pela porta da sala.
“Isso é só uma ilusão Gina” – Eu repetia a mim mesma – “Só mais uma piada da sua imaginação, apenas ignore isso”
Entretanto tais pensamentos foram inúteis, pois antes que me desse conta já estava no meio do corredor, procurando freneticamente a cabeça ruiva que havia visto passar. O professor Binns me chamava severo as minhas costas, mas meu cérebro simplesmente não registrou nada daquilo, toda a minha atenção estava voltada para a busca.
Sai correndo pelos corredores tentando descobrir para onde ele poderia ter ido quando Hermione surgiu em meu caminho, me barrando.
-Gina, o que houve? Você está pálida!
-Fred! – Eu exclamei aturdida e ansiosa – Eu vi o Fred! – Disse já olhando para os lados freneticamente de novo – Eu tenho que achá-lo!
-Gina... Calma... – Ela pediu desorientada – Tem certeza de que você não viu o Rony passando com os cartazes que ele está me ajudando a pendurar?
-Ah... – Eu me calei, com meu coração afundando de novo – Que cartazes? – Perguntei tentando desviar a atenção da minha decepção.
-Esses! – Ela me mostrou animada – Olha!
-Grupo de estudos e tutoria da Hermione? – Perguntei em duvida.
-Aham! – Ela sorriu orgulhosa – Espero conseguir o suficiente.
-Ah? – Perguntei confusa enquanto terminava de ler o cartaz – Vocês está cobrando?! Isso não parece nada com você Hermione.
-Eu sei ,mas esse dinheiro não é para mim Gina! É para a arrecadação.
-Arrecadação? – Perguntei confusa.
-É, para o próximo domingo... – Ela disse como se fosse obvio.
Minha cara deve ter expressado minha confusão, pois foi com um suspiro que ela começou a explicar.
-Como McGonagall já explicou, no jantar há uns dias atrás, o colégio inteiro está juntando dinheiro para o evento no domingo, que é uma homenagem a todos que morreram aqui em Hogwarts durante a guerra – Ela disse com cuidado.
-Ah, eu tenho que ir – Murmurei e sai rapidamente, entrando no primeiro corredor que vi.
Ainda estava andando a procura de uma janela, pois repentinamente eu me vi necessitada de ar, quando freei bruscamente. No final do corredor, há alguns metros de mim, de costas, olhando pela janela, com as mãos nos bolsos e vestes escuras, estava a figura que eu havia visto passar pela minha sala.
Aquele não era Rony, eu reconheceria a diferença de longe, o corte de cabelo era diferente, assim como o tom de ruivo. Eles não tinham a mesma altura, nem peso, nem porte. A figura a minha frente era inconfundível.
-Fred... – Eu balbuciei em choque – FRED! – Eu berrei desesperadamente já correndo em direção a figura, que se virou a tempo de ser esmagada pelo meu abraço. Eu comecei a solução em sua camisa e ele começou a afagar meus cabelos, como que tentando me consolar quando eu percebi.
-Olá Jorge – Murmurei já apática, soltando-o.
-Bom te ver também querida irmã – Ele resmungou voltando a olhar pela janela.
-Que que você está fazendo aqui?
-Pediram um retrato do Fred, para a homenagem e eu trouxe meu rosto – Ele disse quase me fazendo rir - Todo mundo nos confunde mesmo...
-Eu sei a diferença entre os seus abraços pelo menos! – Tentei me defender.
-Só você... – Ele murmurou amargo, voltando a olhar para o longe.
-E... Está tudo bem com você? – Perguntei cautelosa.
-Sai de casa... Pela primeira vez desde... Enfim – Ele suspirou – Não estou tentando me matar nem nada, então devo estar bem – Ele se deixou cair sentado, com as costas apoiadas na janela.
Fiquei parada por um minuto, sem saber o que fazer, até que me sentei ao seu lado.
-Eu... – Comecei com dificuldade depois de um tempo – Por um instante eu achei...
-Que era o Fred? – Ele perguntou seco, eu assenti nervosa – Acontece... – Ele disse num tom em que parecia divertido consigo mesmo – Sinto muito ter te decepcionado...
-Não decepcionou... – Murmurei de volta constrangida – Isso... Isso tem alguma coisa haver com a Angelina? – Perguntei tentando quebrar o silêncio desconfortável que havia se seguido com algo que estava me matando de curiosidade.
-Imagino que sim... – Ele se perdeu em pensamentos por um instante – E Gina, eu queria falar com você sobre isso.
-Ah... Não. Obrigada mesmo assim – Respondi tentando levantar-me.
-Me ouve! – Ele pediu me puxando pelo pulso (ultimamente todos andavam fazendo isso mesmo) – Eu só quero que você entenda – Ele pediu implorante.
-Tá – Eu tive que concordar – Me conta logo.
-Não... Não foi de propósito – Ele disse cansado, passando a mão pelo cabelo – Não estávamos tendo um caso pelas costas de Fred ou algo assim, nunca quisemos machucá-lo...
-Ele sabe? – Perguntei cuidadosamente.
-Imagino que sim – Ele deu de ombros.
-Mas... Ele não consentiu com nada disso né? – Perguntei desesperada por uma confirmação.
-Claro que não Gina! – Ele protestou – Isso não era um relacionamento a três o que quer que você esteja imaginando, nunca foi nada assim!
-Só aconteceu... – Completou uma voz calma e delicada atrás de mim.
Me virei e vi Angelina parada no meio do corredor com um vestido branco e solto que procurava esconder o ventre que crescia.
-Oi Angelina... O que faz aqui? – Tentei soar simpática, agora que eu sabia que ela não era a vagabunda que eu havia imaginado.
-Olá Gina... – Ela sorriu calorosamente – Quem você acha que fez o Jorge sair de casa?
Ela parecia tão serena e feliz que acho que no contraste Jorge parecia ainda mais triste e infeliz.
-Você está explicando a história a ela Jorge?
-Só comecei... – Ele disse já divagando novamente.
-Bem, eu posso contar entao... McGonagall quer falar com você um instante.
-Tanto faz... – Ele se levantou e saiu irritado.
Eu me assustei com a reação dele, mas Angelina pareceu não notar, com os olhos brilhantes e as mão distraidamente pousadas sobre sua barriga.
-Quer dar uma volta enquanto eu te explico tudo isso? – Ela ofereceu.
Levantei-me e comecei a seguir ao seu lado pelos inúmeros corredores, sentindo-me pequena e frágil perto de sua figura, que além de mais alta, era imponente e brilhante.
-Bem... Isso é complicado – Ela começou séria – E sendo você irmã dos dois é ainda mais difícil, mas eu posso explicar. Eu estava namorando o Fred, como estava há três anos, entre indas e vindas. Eu e o Jorge sempre fomos amigos, desde antes de eu começar a falar com o Fred, mas eu quero que você compreenda que NUNCA sentimos nada um pelo outro e nunca tivemos nada, bem, exceto por aquela noite, mas... Bem eu amava... Amo – Ela se corrigiu – Amo o Fred e nunca seria infiel e ele!
-Eu sei...
-Sabe? – Ela perguntou desconfiada.
-Agora eu sei – Disse honestamente.
-É justo – Ela concordou – Mas acontece que alguns dias antes da luta principal, aqui em Hogwarts, quando estávamos reunidos, fizemos uma espécie de festa.
Ela deve ter notado meu olhar reprovador, pois se apressou a explicar.
-Entenda que éramos jovens e estávamos tentando não levar a guerra muito a sério, a encarávamos quase que como uma brincadeira, algo sme importância. Pelo menos seus irmãos garantiam que nós nos sentíssemos assim, sem medos e inseguranças pelo futuro.
-É a cara deles – Concordei sorrindo de leve.
-E aconteceu que tínhamos bebidas... E como estava tensa pela luta iminente, Fred me incentivou a beber um pouco mais do que eu deveria. E eu acabei me excedendo, assim como todos ali, na manha seguinte achamos Drew no alto de uma arvore, do outro lado do lago! Mas entao, eu estava um tanto “animada” e vi o Fred parado a distancia, parecendo triste e preocupado, eu me aproximei e cutuquei-o, quando ele se virou, passei meus braços por ele e comecei a beijá-lo de surpresa. Ele retribuiu após um instante e, bem, foi apenas na ressaca da manhã seguinte que eu percebi que havia confundido os irmãos...
-E, e o Jorge? – Não consegui evitar perguntar.
-Bem, como ele me explicou confuso, sonolento e com uma ressaca pior ainda, ele só estava incrivelmente bêbado, e quando alguém começou a beijá-lo, ele nem ao menos reconheceu a pessoa e então... Ele não fazia idéia do mal que poderia causar.
Eu fiquei quieta me sentindo imensamente enjoada e tonta com tudo aquilo, eu só queria voltar para dois anos atrás, quando minha vida era tão incrivelmente mais simples.
-Mas não se preocupe com isso Gina – Angelina disse suavemente colocando uma mão no meu ombro –Eu tenho certeza de que é do Fred... Quais as chances? – O rosto dela se iluminou – Já pensou? Uma parte dele ainda está viva... – Ela olhava sonhadora para algo que eu não conseguia ver.
Eu não consigo me lembrar do que eu respondi, que resposta eu dei para fugir dali, porque o que mais me atormentava, o que mais fazia minha cabeça girar, não era a duvida sobre a paternidade do bebê, ou a evidente felicidade e esperança tola de Angelina no meio de tudo aquilo, era o fato de que Jorge, nunca, em toda sua vida, havia ficado bêbado... Ele não bebia.
Continua...
Comentários (1)
Nuuuuuuuu! Eita! Aff! (emoji de fogo)! Impactado sim com Gininha Sherlock Holmes juntando os pontos dessa história e descobrindo segredos pelas histórias dos outros.
2021-02-23