what's my age again?
Mais uma sexta-feira. Mamãe estava de plantão durante todo o final de semana e eu estava entregue a minha coleção de dvds. Eu havia acabado de assistir “Guerra e Paz” e chorado litros quando alguém tocou a minha campainha. Eu achei estranho alguém tocar a campainha aquela hora e, devido a minha overdose de Hitchcock, imaginei que fosse algum assassino. Mas quando olhei pelo olho-mágico, vi que eram apenas Sirius e o Potter.
Abri a porta e os dois logo entraram na minha casa sem pedir licença.
- Vai trocar de roupa, nós temos que ir para um show. – Sirius disse.
- Você tem refri? – James perguntou.
- Pijama legal. – Sirius disse com uma cara safada.
Eu estava usando uma camiseta velha e bem curta para mim e um short, que seguia o mesmo padrão da camiseta.
- Eu vou trocar de roupa. – Falei subindo as escadas.
- Por quê? Eu gostei dessa... – Ele disse. – E fica melhor conforme você sobe a escada...
- Cale a boca! – Eu gritei já do andar de cima.
Eu coloquei um short jeans não muito maior que o que eu estava antes, uma camiseta preta justa, com um detalhe de renda na barra. Calcei meu oxford vermelho, passei pelo banheiro para passar um pouco de maquiagem, já que eu estava com a minha cara de “em casa, com preguiça e desprezo pelo mundo real” e eu precisava melhorar isso antes de sair de casa. Peguei minha bolsa preta, passei perfume e desci as escadas.
James e Sirius estavam sentados no meu sofá, me esperando.
- Finalmente! – James disse quando me viu. – Vamos.
- Como nós vamos?- Perguntei.
- James está de carro. – Sirius falou.
- Vamos! – James disse. – Ainda temos que buscar a Lily.
Tranquei a casa e entrei no carro de James. James tinha um conversível vermelho que estava sempre impecável. Ele e o pai dele haviam reformado ele durante um verão e ás vezes o pai dele o deixava pegar o carro. Buscamos Lily, que acabou se sentando na frente, como o esperado. Ela estava no telefone com Dorcas, que disse que não podia ir porque tinha um jantar de família.
- Até agora vocês não falaram onde vocês estão me levando. – Eu falei.
- Um amigo de um amigo do James está dando uma festa em uma casa de campo. – Sirius explicou.
- E lá vai ter uma banda que você e o Sirius vão colocar no jornal e eu vou fotografar. – Lily explicou.
- James? Você escreve para o caderno de esportes, o que você vai fazer lá? – Perguntei.
- Eu estou indo pela festa. – James disse sorrindo.
No carro mandei uma mensagem para minha mãe dizendo que iria para a casa de Lily. Ela me respondeu com um “ok”, o que me fez ter certeza que ela não me ligaria tão cedo.
Demorou cerca de 20 minutos para chegarmos à festa. A casa era enorme e parecia familiar. Descemos do carro e caminhamos para dentro da festa. A casa estava cheia de pessoas desconhecidas. Sirius e James provavelmente estavam procurando garotas para jogarem seu charme, Lily estava nervosa por James estar fazendo isso e eu, bem, eu estava perdida.
- Você veio. – Uma voz me disse.
Assim que virei contemplei o sorriso de Luke.
- Eu vim. – Respondi. – Mas por pura coincidência... Uns amigos me arrastaram para uma festa aleatória e aconteceu de ser a sua festa aleatória.
- Mas você pelo menos reconheceu a casa? – Ele me perguntou.
- Um pouco... Tem muito tempo que eu não venho aqui. – Falei.
- E Maggie? Ela veio? – Luke me perguntou.
- Maggie não está mais morando aqui. – Falei. – Ela preferiu ir para uma escola praticamente interna na cidade dos meus avós.
- Oh, que pena. – Ele disse. – Mas eu estou feliz que você veio. Venha, vamos pegar algo para você beber.
- Tudo bem. - Disse.
Fui me virar para dizer a Lily que já voltava, mas Luke segurou na minha mão e isso me deixou muda. Lily apenas sorriu para mim. Já Sirius e James me olharam assustados.
Enquanto Luke me puxava até a cozinha, ele falava como eu estava diferente.
- Eu quase não te reconheci. Se não fosse a Sarah, provavelmente eu não teria certeza se era ou não você. – Ele me disse.
- Eu vou levar isso como um elogio. – Falei rindo.
- Por quê? – Ele perguntou me entregando um copo.
- Significa que eu não uso mais aparelho, estou com lentes de contato... Todo aquele horror que eu era quando vocês ainda eram meus vizinhos. – Eu disse e Luke riu.
- Você não era tão feia assim. – Luke disse.
- Eu não era a Mags. – Logo que disse isso, me arrependi.
- Isso você devia levar como um elogio, Marlene. – Luke disse. – Vodca ou cerveja?
- Suco? – Perguntei.
Luke riu novamente.
- Se você fosse a Maggie você teria dito “Os dois!”. – Luke falou.
- Não, não teria. – Falei.
- Existem muitas coisas da Maggie que ela escondia de você. – Luke me disse abrindo a geladeira e colocando três sucos na bancada. – Morango, laranja ou uva?
- Morango. – Falei e ele foi logo enchendo meu copo. – Você não está falando do que Emmeline Vance andou inventando né? Porque aquilo é mentira.
- O que Emmeline Vance andou espalhando? – Ele me perguntou.
- Nada, esquece isso. – Falei.
- Eu aconselharia você a colocar um pouco de vodca. – Luke me disse. – A banda é péssima. – Ele sussurrou para mim, me fazendo sorrir.
- Quem sabe mais tarde? – Falei.
Luke me respondeu com um sorriso e eu já havia me lembrado todos os motivos da minha quedinha por ele. Assim que percebi que nós dois estávamos nos olhando como dois idiotas eu saí do transe e resolvi falar algo.
- Melhor eu voltar para a Lily. Ela não conhece ninguém e eu vou acabar levando uma bronca dela... – Falei.
- Certo, vai lá. – Ele me disse. – Se precisar de alguma coisa me procure.
Eu sorri em resposta e caminhei até onde havia abandonado Lily. Por um milagre Lily estava conversando com alguém que não era James Potter.
- Onde estão os meninos? – Perguntei.
- Não sei e não dou à mínima. – Ela me disse. – O que é isso que você está bebendo?
- Suco. – Falei.
- Com vodca? – Lily perguntou.
- Não. – Falei. – Só suco.
- Eu preciso ensinar algumas coisas importantes da vida para ela. – Lily disse para o garoto. – Eu já volto.
Ela me arrastou até a cozinha. Enquanto ela colocava vodca no meu suco, nós duas começamos a conversar.
- Quem era o cara que você estava conversando? – Eu perguntei.
- Um cada da banda. – Ela me respondeu. – E você cheia do romance com aquele menino...
- Não é romance. – Falei. – Ele era meu vizinho, essa é a casa dele... Nós estávamos conversando, nada de diferente.
- Ele é gracinha. – Lily disse me provocando.
- Ele é só um amigo. – Falei séria.
- Beba. – Ela mandou.
Eu bebi. Não havia muito gosto de vodca, mas eu sabia que ela estava lá. Lily então me forçou a voltar para onde estávamos antes. Assim que chegamos lá, avistamos Emmeline na entrada.
- Porque ela está aqui? – Perguntei.
- Acho que James ligou para ela. – Lily me disse.
- O que? – Perguntei. – E você não pensou em me avisar?
- Você tem que superar isso. – Lily me disse.
Eu observei calmamente a cabeleira loura de Emmeline caminhar até Luke, que ligava os instrumentos da banda. O vestido branco colado no corpo chamava a atenção de todas as pessoas que estavam na sala. Menos de Luke.
- Fique na minha frente. – Falei posicionando Lily de tal forma que eu poderia ver o que Emmeline e Luke iriam conversar, sem parecer que eu estava olhando para eles.
- O que você está fazendo? – Lily perguntou confusa.
- Leitura labial. – Falei.
Pude observar claramente o “oi” arrastado e charmoso de Emmeline e a resposta de Luke com seu “oi” educado e simpático. Logo em seguida ela disse “quanto tempo não te vejo” e Luke respondeu que andava muito ocupado com a escola e com a banda.
- Banda? – Falei.
- O que? – Lily perguntou.
- Shh... Não me atrapalhe. – Falei brava.
Havia perdido o que eles haviam conversado nesses segundos que Lily havia falado comigo, mas olhei bem na hora que ouvi Luke dizendo “Preston está aqui”, deixando Emmeline vermelha de raiva. Ela respondeu “Mais alguém interessante?” e Luke olhou para a minha direção. Desviei o olhar.
- Diga algo. – Falei sorrindo antes de beber um gole da bebida que Lily havia preparado para mim.
- Você é maluca. – Ela disse.
- Eu prefiro “curiosa”. – Falei. – Curiosos dão ótimos jornalistas.
Assim que voltei meus olhos para onde Luke e Emmeline estavam, só avistei ele.
- Conseguiu descobrir algo? – Lily perguntou.
- Só a nojenta da Vance em cima do Luke como ela vai fazer com metade da festa. – Falei bebendo o último gole. – Quer um refil?
- Claro. – Lily respondeu.
Nós fomos buscar mais bebida na cozinha. Enquanto Lily misturava as coisas eu observava como as outras pessoas se comportavam.
- Aqui. – Lily me entregou meu copo.
Peguei meu copo, nós brindamos e eu bebi um gole.
- Está mais forte. – Falei.
- Com a Vance aqui você vai precisar de álcool! – Lily disse.
Eu ri dela. Eu ainda não havia conseguido entender muito a Lily, mas ela me fazia rir e, considerando que eu estava rindo em uma festa em que Emmeline Vance também estava, isso era uma grande vantagem.
A banda começou a tocar e Lily me arrastou para lá. Qual foi a minha surpresa ao ver que Luke estava na bateria.
- Pode me chamar do que for, mas eu acho que um cara fica até 50% mais interessante se ele tem uma banda. – Lily cochichou para mim.
- Estou contigo, irmã! – Falei.
- Do que vocês estão falando? – James apareceu do nosso lado.
- Dos caras gatos da banda. – Falei, sem pudor.
- E eu achando que você era frígida. – Sirius falou.
- Depende. Se você fosse o último homem na face da terra, eu provavelmente seria. – Falei para Sirius.
- Boa! – Lily disse para mim.
- Porque o guitarrista está de olhando, Lily? – James perguntou.
- Ah, aquele? Aquele é o Preston. – Lily disse manhosa. – Ele é muito gato.
- Você não está pensando em ficar com ele não, né? – James perguntou abraçando Lily. – Eu não vou deixar.
- James, pare de me abraçar, se ele achar que a gente está junto eu corto esse brinquedinho que você carrega entre as pernas. – Lily disse fazendo com que eu e Sirius ríssemos muito.
- Brinquedão. – James contestou.
- Muita informação, James. – Falei.
- Você só pode estar brincando que você daria uma chance para ele, Lils. – James falou, demonstrando um pouco de ciúme.
- Não comece. Eu tenho tantas palavras quantas tem na bíblia para descrever seu novo objeto de desejo e nenhuma delas é bonita. – Lily disse saindo novamente do abraço de James.
- Eu não consigo acreditar nisso. – James disse.
- Cara, aquela não é a sua garota? – Sirius disse apontando para Emmeline, que está dando gargalhadas altas, sempre olhando para o rumo de Luke.
- Ela está me irritando cada dia mais. – Falei para Lily.
- Eu acho que ela sente algum tipo de atração por ele. – Lily disse, sendo óbvia.
- É isso que eu acho estranho. – Falei. – Ele é só um cara normal. Ele não é um jogador igual o James ou... Sei lá, Brad Pitt.
- Mas ele é gracinha. – Lily disse.
- Exatamente. Luke é gracinha, legal, bonitinho e provavelmente ainda lê as revistinhas do Batman. – Falei.
- É, não faz o estilo dela. – Lily disse. – Acho que você vai ter que usar mais truques da CIA para descobrir.
- Não é CIA. – Falei. – É apenas analisar o comportamento das pessoas. E nesse caso eu tenho uma vantagem incrível, eu a conheço.
Lily sorriu para mim e logo voltou a atenção para a banda. Eu fiz o mesmo. Certo, confesso que voltei minha atenção para o baterista.
Não demorou muito para a banda fazer um intervalo e Lily e eu aproveitamos para enchermos nossos copos. Novamente.
Eu já estava ficando alegrinha. Alegre o suficiente para me sentar na bancada da cozinha de Luke como se isso fosse normal.
Eu estava esperando Lily colocar o suco nos nossos copos quando Emmeline entrou na cozinha.
- Eu sei o que você está tentando fazer. – Emmeline disse caminhando na minha direção. – E eu se fosse você iria embora daqui antes que eu acabe com você.
Desci da bancada e olhei para ela.
- Tente. – Falei desafiadora.
Eu mal havia terminado de falar, Emmeline jogou um copo cheio de cerveja na minha cara. Na verdade minha cara, cabelo, blusa.
- Fique longe do Luke. – Ela disse triunfante, virou as costas e me deixou molhada e estática.
Lily, que também havia ficado paralisada, caminhou até mim me entregando a garrafa de vodca.
- Se você quiser correr atrás dela e quebrar essa garrafa na cabeça daquela vadia eu vou ser sua fã. – Lily disse.
- Vamos embora. Eu me sinto humilhada. – Falei.
- Eu vou chamar os garotos. – Lily disse me entregando meu copo de vodca.
Eu bebi um gole e respirei.
- Eu vou esperar vocês lá fora. – Falei.
Assim que eu coloquei meu pé para fora da cozinha, Luke me viu. Eu desesperei e tentei desviar o olhar e caminhar olhando unicamente para a porta.
- Marlene! – Ele me gritou e eu continuei andando.
Ele conseguiu me alcançar. Droga. Sorte a minha que eu não ficava vermelha.
- O que aconteceu? – Ele perguntou.
- Emmeline aconteceu. – Falei. – Eu preciso ir.
- Onde você está indo?
- Embora, Luke. – Falei.
- Por quê? – Ele perguntou.
- Eu tenho mais cerveja no meu sutiã do que você nesse copo. – Falei. – Por esse motivo.
Luke riu.
- Não vá. – Ele me pediu.
- Eu estou molhada. – Falei.
Luke instantaneamente tirou sua camiseta e começou a secar meu rosto.
- Sorte a sua que eu uso rímel a prova d’água. – Disse começando a rir.
- Que o que? – Ele me perguntou rindo também.
- Nada. – Falei. – Obrigada pela “secagem” Lucas, mas eu acho melhor eu ir.
- Não mesmo. – Ele pegou minha mão. – Vamos buscar uma camiseta para você.
Enquanto ele me puxava pela multidão, avistei Lily conversando com Sirius. Assim que ela avistou Luke me puxando, sorriu em resposta e nem convocou os meninos para irmos embora.
Luke então me levou para seu quarto e abriu seu closet.
- Você acha normal você ter um armário que é o dobro do meu? – Perguntei séria.
Ele riu.
- Minha mãe e minha irmã são consumidoras compulsivas e isso inclui compras para mim. Além do mais, eu não jogo nada fora. – Ele me disse. – Pode escolher qualquer uma.
- Não acredito. – Disse incrédula. Peguei uma camiseta que eu lembrava bem. – Você tem isso até hoje?
- Primeiro show do Blink 182 que eu fui. Você acha que eu ia jogar fora? – Ele me respondeu.
- Aquele foi um bom dia. – Disse.
- Aquele foi o melhor dia. – Ele falou sorrindo.
Eu me lembrava daquele dia como se fosse hoje. Nós dois éramos extremamente fãs de Blink e o pai de Lucas concordou em nos levar. Detalhe que, na época, eu tinha 13 anos e ele 14 e nós ficamos morrendo de vergonha de alguém ter nos acompanhado ao show.
- Pode vestir ela. – Ele disse. – Você é a única pessoa que eu confio com ela.
Eu sorri e caminhei até o banheiro para trocar minha camiseta. Eu tentei me limpar o máximo possível, retoquei o que era possível retocar da maquiagem que eu tinha na minha bolsa, prendi meu cabelo em um rabo e coloquei a camiseta. Embora ela fosse de quando Lucas era do meu tamanho, ela ficou um pouco grande para mim. Assim que saí do banheiro, Lucas, que estava sentado na cama me olhou e sorriu.
- Essa camiseta fica melhor em você. – Ele disse. – Como está seu sutiã?
- Ainda molhado. – Falei estendendo a mão para ele se levantar. – Vamos! Você tem fãs a sua espera, Rock Star.
- Ah, quem me dera! – Lucas falou.
Descemos a escada e logo senti o olhar de Emmeline sobre mim. Ignorei.
Lucas me deixou com Lily, dizendo para ela “Proteja-a” e logo foi encontrar seus colegas de banda. Lily estava com um olhar triste e perdido.
- Alguma coisa aconteceu? – Perguntei.
- Eu fico feliz de você ter feito a Emmeline ficar muito nervosa. Eu só gostaria que ela não tivesse curando a raiva no James. – Lily respondeu. – Ela está enfiando aquela língua venenosa dela pela garganta dele agora.
- Não fique assim. – Eu a abracei. – As pessoas ficam idiotas quando se apaixonam.
- E você fala isso para mim? – Ela disse rindo.
- Lily, vamos nos divertir e esquecer tudo de ruim que aquela idiota fez. – Falei.
Avistei Lucas e Parker, o garoto que Lily estava conversando antes, caminhando até nós.
- Então você foi a garota que tomou um banho de cerveja da Emmeline? - Parker me perguntou.
- Em carne e osso. – Falei.
- E sutiã cheio de cerveja. – Luke completou e todos riram.
- É, isso também. – Falei.
Lily avistou da janela a imensa piscina da casa de Luke.
- Essa é a maior piscina que eu já vi na minha vida. – Lily disse espontaneamente.
- Você quer nadar? – Luke perguntou.
Lily o olhou com os olhos brilhando.
- Posso? – Ela pediu com uma voz infantil.
- Claro. – Luke disse.
Lily me puxou pelo braço para fora da casa e em direção à piscina. Eu por minha vez puxei Luke. Parker foi por vontade própria.
Assim que chegamos lá, Lily sorriu.
- Você vai entrar comigo? – Ela me perguntou.
- Claro que não. – Falei.
- Qual é, até seu sutiã tá molhado de cerveja, qual a diferença? – Parker disse tirando a camiseta e pulando na piscina.
Lily apenas tirou os sapatos e pulou na piscina. Eu cruzei meus braços e ri da felicidade dela.
Assim que resolvi ver o que Lucas estava fazendo, ele me pegou no colo.
- Não! Não me joga! Meu sapato vai estragar e ele foi caro! – Eu comecei a gritar e espernear.
- Eu vou te colocar no chão, você tira eles e entra por vontade própria? – Ele me pergutou.
- Sim. – Prometi.
Assim que Lucas me colocou no chão, eu disparei a correr.
- Não vale! – Ele disse, e começou a correr atrás de mim.
Eu corri muito, mas Lucas me alcançou. Ele conseguiu me segurar e nós dois começamos a rolar pela grama, rindo muito.
- Você trapaceou! – Ele disse.
Quando dei por mim, estava em cima de Lucas. Resolvi me levantar e Luke me segurou, prendendo-me contra seu corpo. Ele foi aproximando seu rosto do meu delicadamente.
- Marlene, eu estava procurando você! – Ouvi a voz de Sirius e saí de cima de Lucas rapidamente.
- Aconteceu algo? – Eu me levantei e limpei a grama da minha roupa.
- Aconteceu James. – Ele disse. – Ele está bêbado demais para parar em pé. Além disso vomitou em todo o jardim. O dono da casa vai ficar muito bravo, vamos embora antes que ele descubra. Cadê a Lily?
Sirius já havia se virado para ir atrás de Lily quando Lucas começou a rir.
- Sirius? – Chamei.
- O que? – Ele falou.
- Ele é o dono da casa. – Falei apontando para o Lucas, que já estava em pé.
- Eu vou chamar a Lily. – Lucas disse. – Pode ir ajudar seu amigo.
- Obrigada. – Sorri para ele.
Caminhei acompanhando Sirius, que reclamava de James não saber beber. Eu olhei para trás e vi Luke me olhando. Nós dois trocamos sorrisos e eu, graças a minha grande habilidade motora, tropecei em uma pedra e iria tomar um tombo fenomenal se Sirius não tivesse me segurado.
- Eu não mereço dois bêbados. – Sirius resmungou.
- Achei que o James estava com a Emmeline. – Falei.
- Ela me encontrou para me entregar ele. – Ele me disse.
- E onde você estava? – Perguntei, mas fiquei sem resposta.
Avistei James e seu estado lastimável. Eu tinha certeza que aquilo tudo era culpa da Emmeline.
- Vamos colocar ele no carro. – Sirius me pediu ajuda.
Eu e Sirius levantamos James e o carregamos até o carro. Durante o caminho ele tentou dizer algo que eu não dei muita atenção. Eu e Sirius já estávamos dentro do carro quando Lily chegou correndo, vestindo um roupão.
- Que roupa é essa? – Sirius perguntou.
- Eu estava nadando. – Lily disse entrando no carro e se sentando no bando de trás. – O quão mal ele está?
- Muito. – Sirius disse antes de dar partida no carro.
Vi pelo retrovisor a cara que Lily fez. Eu não podia nem imaginar o que ela estava sentindo. Com a cabeça no colo dela, estava o cara que ela amava em segredo, bêbado e apaixonado por alguém que ambos sabiam que não merecia um segundo da atenção de ninguém. Ela passou a mão pelos cabelos bagunçados dele.
- Lils? – Ele perguntou.
- Sim, James. – Lily respondeu.
- Posso dormir na sua casa hoje? Eu não tô bem... – Ele continuou.
- Desculpa James, eu vou dormir na Marlene hoje. – Lily disse.
- Mas eu tô mal, Lils... A Emme me chamou de Luke... Eu nem sei quem é Luke... – James disse.
Eu e Lily trocamos olhares pelo retrovisor.
- Não Jay, hoje eu também não estou bem. – Lily disse. – E não vai ajudar nada você ficar choramingando sobre aquela vadia.
Essa foi a última frase que qualquer um de nós disse. Eu e Sirius nos calamos por respeito, James adormeceu e Lily, se falasse algo, provavelmente choraria.
Sirius parou na porta da minha casa e eu e Lily descemos e ele nos disse que deixaria James em casa e voltaria a pé.
- A casa do James é um pouco longe. – Lily disse.
- Eu preciso... Pensar sobre certas coisas.– Sirius disse. – E eu gosto de fazer isso caminhando.
- Boa noite então. – Eu disse.
- Boa noite. – Lily falou. – E obrigada.
Sirius acenou e foi embora. Eu e Lily entramos em casa e fomos direto para o quarto. Entreguei-lhe uma toalha e emprestei um pijama para ela e ela foi tomar banho. Pela demora e pelos olhos inchados que ela saiu do banheiro, imaginei que ela estava chorando.
Enquanto ela secava o cabelo, eu coloquei as roupas molhadas de Lily na secadora de roupas e arrumei a cama para nós duas deitarmos.
Nós já estávamos deitadas e com a luz apagada quando a luz do quarto de Sirius Black sendo acesa iniciou nossa conversa.
- No que será que ele foi “pensar”? – Perguntei.
- Nem idéia. Ele passou metade da festa sumido e o resto emburrado. – Lily disse.
- Ele é estranho. – Falei.
- Não diria estranho... Ele é misterioso. – Lily disse.
- Ele é o tipo de pessoa que eu não consigo ler. – Falei. – E eu sou boa nisso...
- E esse é o motivo da tensão sexual entre vocês dois. – Lily disse.
- Não há tensão sexual entre nós dois. – Falei.
- Claro que há. – Ela disse. – Você não consegue ler ele, ele não entende porque você não cede aos encantos dele. Daí vocês dois ficam irritados e intrigados um com o outro. Mas na verdade todo esse nervosismo de vocês dois pode ser resolvido com uma solução simples.
- E qual seria essa solução? – Perguntei curiosa.
- Sexo. – Lily disse rindo.
- Engraçadinha. – Falei.
Nós duas rimos e logo nos calamos.
- Lene? – Lily perguntou.
- O que?
- Você acha que James sabe? – Ela me perguntou.
- Que você gosta dele? – Perguntei.
- Uhum.
- Sim. Na verdade ele sabe que você o ama. – Respondi. – Ele só não sabe que você é apaixonada por ele.
- Isso é uma bosta. – Lily disse.
- Não se preocupe, Lils. Li em uma revista que uma paixão dura no máximo sete anos. – Falei.
- Quem sabe depois da minha formatura da faculdade eu o esqueça. – Ela disse.
- Quem sabe antes da sua formatura ele perceba que a Emmeline é uma vadia e que ele tem sorte de ter você? – Falei.
- Pouco provável. – Lily disse. – E ele realmente gosta dela, é isso que mais me deixa inconformada.
- Lily, dê tempo ao tempo. – Falei. – Ele vai perceber que a Emmeline não presta mais cedo ou mais tarde. Quem sabe até lá o que acontece.
- Você tem razão. – Ela disse.
Ficamos caladas novamente. Lily bocejou e eu declarei aquela conversa por finalizada.
- Lene? – Lily me chamou novamente.
- Diga, Lils.
- Não gosto de te chamar de “Lene”. Parece o apelido aquela tia avó que sempre aperta a sua bochecha e diz “Como você cresceu!”. Vou te chamar de Mac.
- A vontade. - Falei. – Agora me deixe dormir.
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Nota da autora: Demorei muito pra posta a fic? Perdão! Mas é que esse capítulo é muito especial... É aqui que surgem vários personagens importantes de várias formas para o desenrolar de vários problemas que vão aparecer... hahaha :x Espero que vocês gostem da fic e, com sorte, final de semana que vem tem mais!
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