Não é uma boa hora



Três semanas se passaram desde que eu e Lizzie viajamos para Romney Marsh. Ainda não acredito que o meu casamento está cada dia mais perto, estou ficando muito nervosa. E, para piorar, esse nervosismo resolveu atacar o meu estomago, faz uma semana que eu estou tendo enjôos matinais. Isso tudo, realmente não está me fazendo bem.


- Mione! – Harry me olhou preocupado assim que eu sai do banheiro – Você está legal?


- Mais ou menos! – me sentei no sofá e ele me entregou um copo de água – Esses enjôos estão acabando comigo.


- Quem sabe você está grávida de novo? – sugeriu com um sorriso bobo nos lábios – Essa é uma boa explicação para esses enjôos que você está sentindo.


- De maneira nenhuma! – disse um pouco alto demais – Isso é só estresse por causa do casamento.


- Você quem diz! – deu de ombros – Mas eu tenho que certeza que Harryzinho e Lilian iriam adorar ganhar um irmãozinho ou irmãzinha.


- Por falar neles! – achei uma boa desculpa para mudar de assunto – Está na hora de acordá-los.


- Tem razão! – concordou se levantando – Deixa que eu vou até lá.


Sorri enquanto o acompanhava com os olhos. Foi então que outro enjôo subiu pela minha garganta e eu corri para o banheiro. Quando cheguei à cozinha, Harry já tinha colocado os nossos filhos nas cadeirinhas.


- Mamãe! – Lilian esticou o bracinho na minha direção, eu, simplesmente passei a mão pela cabeça dela.


- Vou preparar o café da amanhã – eu meu noivo avisou – Que alguma coisa especial?


- Na verdade eu só quero uma xícara de café! – avisei – Nada está parando no meu estomago.


- Não acha melhor ligar para a revista e dizer que você não vai hoje? – sugeriu colocando a mão no meu ombro – É melhor você ficar em casa descansando.


- Isso não é motivo para faltar no trabalho – falei imediatamente – Tenho muito trabalho para fazer.


- Se você diz! – deu de ombros antes de voltar para o fogão.


Logo depois de tomar a minha xícara de café, fui até o quarto trocar de roupa. Queria chegar à revista o mais cedo possível.


- Eu já estou indo! – avisei para Harry ele estava com Harryzinho e Lilian no colo.


- O que acha de irmos almoçar juntos hoje? – sugeriu – Prometo que escolho um lugar com comida bem leve. O que acha de uma salada?


- Salada está perfeito para mim – concordei com a cabeça.


- Ótimo! – pareceu feliz – Passo lá na hora do almoço.


Saí de casa. Assim que estacionei o meu carro, vi que o Porche de Lizzie estava bem ao lado. Achei estranho, ela não costuma chegar tão cedo assim ao trabalho. Abri a porta da frente do edifício e minha melhor amiga vinha voando na outra direção, nós esbarramos e ela deixou os papeis que estavam na sua mão caírem.


- Desculpa Mione! – disse rapidamente enquanto começou a catar as coisas – Eu vinha com tanta pressa que nem te vi.


- Não se preocupe com isso! – abaixei e comecei a ajudá-la – Você sabe o quanto eu sou desastrada mesmo.


- Adoraria ficar aqui conversando! – continuou – Mas eu estou de saída.


- Aonde você vai? – quis saber curiosa;


- Para casa! – explicou – Estou terminando de organizar os últimos detalhes para o próximo desfile, que vai ser nas férias.


- Nas férias? – a olhei estranhando – Mas e o meu casamento. Você não vai estar lá?


- O Desfile vai ser duas semanas depois do casamento – explicou rindo – Vou deixar tudo adiantado para antes de viajar para Romney Marsh. Vou ter tempo de sobra para chegar aqui.


- Então está bem! – suspirei aliviada – Acho que eu estou nervosa demais com o casamento.


- Tente relaxar um pouco – colocou a mão no meu ombro – Eu já estou indo!


- Tchau! – acenei vendo Lizzie saindo do prédio.


Fui até o elevador e cheguei até o andar onde ficava a minha sala.


- Bom dia Mione! – Ronald passou com um monte de papeis na mão.


- Oi Rony! – sorri para ele – Como está a Julie?


- Doida para que o bebê nasça! – respondi, eu não pude deixar de rir – Disse que está parecendo uma baleia de tão gorda. Eu tentei falar que ela está linda assim, mas não adiantou nada.


- Sei como ela está se sentindo! – continuei – Passei pela mesma coisa. E como eu estava esperando gêmeos devia estar o dobro de chata, tenho pena do Harry que teve que me aturar.


- Eu tenho que distribuir esses papéis lá na redação – avisou – Depois eu passado aqui.


- Então está bem! – concordei com a cabeça antes de ele entrar no elevador.


Fui para a minha sala e comecei a fazer o meu trabalho. Consegui terminar tudo antes de a hora do almoço, isso deixaria a tarde para eu resolver outros assuntos que possa aparecer.


- Agora eu só preciso imprimir o texto! – falei enquanto apertava o botão do computador – Nem acredito que a revista do próximo mês já está pronta só para mandar para gráfica.


Peguei o papel já impresso e comecei a ler. Foi então que o cheiro de tinta subiu pelo meu nariz e me deixou enjoada. Deixei em cima da minha mesa e corri para o banheiro, até quando esses enjôos iriam passar.


Quando voltei para a minha sala Rony estava me esperando.


- Está tudo bem? – ele quis saber.


- Tudo bem sim! – sorri antes de sentar na minha cadeira – É só um mal estar.


- Já tem alguns dias que você está sentindo esse “mal estar” – me olhou desconfiado – Tem certeza de que é só isso?


- Desde pequena, quando eu ficava preocupada ou ansiosa com alguma coisa, isso passava para o meu estômago – expliquei calmamente – Isso vai passar logo,


- Sei! – riu levemente – Esse “logo”, é daqui a nove meses.


Olhei com raiva para meu cunhado e ele parou de rir.


- Já ia me esquecendo! – para minha alegria, ele decidiu mudar de assunto – Tem alguém lá fora querendo falar com você.


- Alguém querendo falar comigo? – quis saber, ninguém costumava me visitar no trabalho – Quem é?


- Não conheço! – deu de ombros – Mas disse que é um antigo amigo seu.


Pode mandar entrar então! – agora eu estava bastante curiosa.


Rony concordou com a cabeça antes de sair da sala. Menos de um minuto depois a porta se abriu novamente.


- Comárco? – me levantei totalmente surpresa por ver o meu ex-namorado – O que você veio fazer aqui?


- Será que eu não posso mais visitar uma velha amiga! – se aproximou e deu um rápido abraço.


- É claro que pode! – sorri levemente e senti meios olhos se enxerem de lágrimas. Eu e Comárco nunca fomos grandes amigos durante o tempo de colégio (conversamos mais sobre assuntos das aulas), mas depois que começamos a namorar eu me acostumei com a sua companhia e ainda não tinha percebido que o quanto eu sentia falta disso. Eu estava mesmo muito sensível nesses últimos dias.


- Tayler que me contou que você e o Harry vão se casar! – começou – Eu queria desejar os parabéns para vocês.


- Obrigada! – respondi – Que bom que você não ficou chateado.


- Sei que você nunca me amou de verdade, só aceitou o meu pedido de namoro por que eu insisti muito – dei um sorriso sem graça. Não podia admitir, mas isso era verdade – No fundo eu sempre soube que você e Harry iriam ficar juntos um dia.


- Já ouvi várias pessoas falando isso! – revirei os olhos – Será que só eu e o Harry que não percebíamos isso?


- Parece que sim! – deu de ombros – Mas pelo menos eu te tive por algum tempo.


- Esse algum tempo foram cinco anos! – lembrei rindo levemente.


- Foram os melhores cinco anos da minha vida! – passou a mão pelo meu cabelo – Isso você pode ter certeza.


Sorri levemente e o abracei. Nesse momento a porta do quarto se abriu eu olhei para essa direção e vi Harry com uma cara nem um pouco feliz.


- O que está acontecendo assim! – ele gritou um pouco alto demais fazendo com que eu e Comárco nos separássemos.


- Harry! – fui em direção a ele – O Comárco veio aqui falar comigo. Ele soube do casamento e quis nos dar os parabéns.


Ele não disse nada, apenas ficou encarando, fixamente o meu ex-namorado.


- Acho melhor deixar vocês conversarem a sós! – Comárco disse tirando alguma coisa de dentro do bolso – Aqui está o meu telefone. Se precisar de alguma coisa, liga.


Concordei com a cabeça e o observei sair. Depois voltei para o Harry.


- Agora eu entendi todo o seu estresse “por causa do casamento” – voltou a falar, agora em um tom normal – Você estava era preocupada que eu descobrisse o seu caso com o Comárco.


- Caso? – olhei estranha para ele – O que faz você pensar que eu estou tendo um caso com o Comárco.


- Você andou muito ocupada durante os últimos meses – lembrou – E sempre me arranjava uma desculpa diferente para isso. Mas agora eu sei que você estava se encontrando com o seu ex-namorado, e que agora é amante.


- Tudo bem, eu admito que estive bastante ocupada – continuei – Mas tivemos os nossos momentos a só. Ótimos momentos, por sinal.


- Foram poucos momentos para todos esses meses – começou a gritar – O resto do tempo você passou inventando desculpas absurdas.


- Eu nunca disse nada absurdo – falei no mesmo tom de voz dele – Eu estava ocupada com o meu trabalho, com os nossos filhos e com o nosso casamento.


- Pelo menos com uma dessas coisas você não vai precisar se preocupar – virou-se de costas para mim – Já que não vai ter mais casamento.


- Você quer mesmo acabar com toda a nossa história juntos por causa de um mal entendido – olhei chocada. Não conseguia acreditar no absurdo que estava ouvindo.


- Pois eu já fiz isso! – concluiu – Eu passo no apartamento depois para buscar as minhas coisas e eu não vou deixar os nossos filhos na mão, não se preocupe. Eles não têm culpa pelos erros da mãe.


Ele não disse mais nada, apenas bateu com a porta com toda a força. Eu me sentei novamente e comecei a chorar. Foi quando Rony entrou no local.


- Mione! – ele se ajoelhou perto de mim – Eu ouvi gritos e o Harry saiu daqui com tanta pressa. O que foi que aconteceu?


- Acabou! – foi tudo que eu consegui dizer – Acabou tudo.


- Eu sinto muito Mione! – passou a mão pelo meu cabelo – Mas por quê?


- Não consegui dizer mais nada, tive que sai correndo em direção ao banheiro. Vomitei mais uma vez.


- Será que agora você pode me contar exatamente o que foi que aconteceu? – pediu enquanto me ajudava a sentar novamente.


- Sim! – balancei a cabeça afirmativamente, estava bem mais calma naquele momento.


Contei para ele, pela primeira vez, sobre o meu namoro com o Comárco, a forma como nós terminamos e que logo depois eu acabei passando a noite com Harry e engravidado. Depois contei que Comárco havia ido até lá somente para conversar e que Harry tinha interpretado errado essa visita.


- Eu sinto muito mesmo Mione! – respondeu depois que eu terminei a história – Mas eu tenho certeza de que depois que o Harry parar para pensar, vai ver que fez uma grande besteira.


- Espero que sim! – estava chorando novamente – Eu amo muito o Harry e não sei se consigo viver sem ele.


- Fica calma Mione! – ele me abraço deixando que eu chorasse no seu ombro – Não acha melhor ir para casa? Eu posso resolver qualquer coisa para você aqui.


- Obrigada Rony! – enxuguei as lágrimas no meu rosto – Acho que eu vou para casa mesmo.


- Eu não posso te deixar ir dirigindo sozinha! – segurou o meu braço – Vou ligar para a Julie e pedir para ela te buscar aqui.


- Não vou dar um trabalho desses para a minha irmã! – respondi – Pode deixar que eu posso ir muito bem sozinha.


No momento em que eu me levantei senti uma tontura. Se não fosse pelo Rony, eu tinha caído no chão.


- Tenho certeza de que você não está bem! – completou – Vou chamar um táxi para você. Vou pedir para a Julie ir buscar os gêmeos na creche e levá-los para a sua casa.


- Eu realmente não quero dar trabalho para vocês – comentei – Posso me virar sozinha, é sério.


- Não está dando trabalho – explicou – Você já fez tanto por nós Mione. É o mínimo que podemos retribuir.


Em menos de vinte minutos eu estava em um táxi a caminho de casa. Fui tomar um rápido banho de banheira e depois eu fui tentar comer alguma coisa que conseguisse parar no meu estômago.


De repente a campainha tocou e eu fui atender. Era a minha irmã trazendo Harryzinho e Lilian.


- Oi Mione! – ela me abraçou – Rony me contou tudo que aconteceu. Eu sinto muito minha irmã.


- Tudo bem! – peguei os meus filhos no colo e me sentei no sofá novamente – Espero que não tenha tido problemas para buscá-los.


- Não tive problema não! – explicou – Só acharam estranho eu ter ido lá no meio da tarde, mas não disseram nada.


- Ótimo! – sorri fraquinho.


- Vou passar a tarde inteira aqui com você – avisou – Rony vai passar aqui na hora que sair da revista.


Ficamos conversando durante um bom tempo. Até consegui me esquecer de tudo que tinha acontecido naquele dia. Foi então que a campainha tocou.


- Quem será? – perguntei indo em direção a porta – Lizzie! – fiquei parada olhando para a minha melhor amiga.


- Oi Mione! – ela sorriu sem graça – Harry me pediu para vir aqui buscar algumas coisas dele.


- Quer dizer que ele está lá na sua casa? – fiquei olhando para o chão.


- Sim! – concordou com a cabeça.


- Pode ir até o meu quarto então! – dei espaço para que ela entrasse – Tem uma mala no armário de cima.


Lizzie concordou com a cabeça e passou em direção ao corredor. Foi então que eu voltei a chorar e abracei a minha irmã.


- Acho que agora não tem mais jeito – disse – Ele até mandou a Lizzie vir buscar as coisas dele. Quer dizer que ele não quer nem olhar na minha cara.


- Mas ele só pediu para ela buscar algumas coisas – lembrou – Quer dizer que ele pode estar planejando voltar.


- Espero que se for isso, eu esteja incluída nisso – comentei.


- O Harry nunca deixaria você ou os filhos de vocês na mão – completou.


Resolvi ver o que Lizzie estava fazendo. Entrei no quarto e ela estava dobrando algumas coisas dentro da mala e sorri levemente e me sentei na beirada da cama.


- Não precisa ficar assim Mione! – ela colocou a mão no meu ombro – Tenho certeza de que logo o Harry vai perceber que é uma grande besteira o que ele está fazendo.


- Ele te contou tudo que aconteceu – minha amiga balançou a cabeça afirmativamente.


- Mas saiba que eu não acreditei em nada disso – continuou – Sei o quanto você ama o Harry e nunca seria capaz de traí-lo.


Novamente o enjôo subiu pela minha garganta, ainda bem que eu estava perto do banheiro. Vomitei tudo que eu tinha comido na hora do almoço.


- Mione! – Lizzie entrou no local preocupada.


- Eu não agüento mais esses enjôos – disse enquanto lavava o rosto – E o pior é que as preocupações nunca acabam.


- Tem certeza de que esses enjôos são só preocupação mesmo? - me olhou desconfiada – Será que você não está grávida de novo?


- Por que todo mundo hoje resolveu dizer que estou grávida! – comentei um pouco brava.


- Eu só estou dizendo que existe uma mínima possibilidade – deu de ombros – Se você conseguiu engravidar com uma noite e você e o Harry sendo somente amigos, imagina vocês morando juntos.


- Foi então que eu parei para pensar. Fiz algumas contas e cheguei a conclusão eu poderia mesmo estar grávida.


- Eu não acredito! – coloquei a mão na minha cabeça – Mas essa é a única explicação.


- Eu vou até a farmácia comprar um teste de gravidez para você – ela avisou – Assim você tira logo essa dúvida.


Lizzie não demorou muito para voltar com dois testes de gravidez. Eu fui imediatamente para o banheiro. Os dois deram positivo, eu estava mesmo grávida.


- E então Mione? – minha irmã quis saber – Você está ou não grávida?


Eu apenas balancei a cabeça afirmativamente. Acho que elas entenderam a minha resposta, pois foram me abraçar.


- Não sei se esse é um motivo para eu comemorar – comentei em seguida – Afinal, eu e Harry estamos brigados.


- Tenho certeza de que ele vai ficar muito feliz em saber desse bebê – Julie respondeu – Quem sabe assim ele não volta para casa.


- Isso se ele não pensar que esse filho é do Comárco – lembrei rindo levemente.


- Nunca vamos saber se não contarmos para ele – minha melhor amiga disse muito feliz – Estou indo para casa agora mesmo contar para ele.


- Espera Lizzie! – segurei o braço dela – Não fala nada para ele, por enquanto.


- Mas por que não? – achou estranho – Ele é o pai, tem o direito de saber. Não vai fazer a mesma coisa que com a gravidez dos gêmeos.


- Mas contando agora vi parecer que eu estou usando esse bebê para fazê-lo voltar para casa – expliquei – E eu não quero isso.


- Acho que você tem razão! – concordou por fim.


Ficamos conversando pelo resto da tarde. Lizzie parecia bastante empolga por ganhar um novo sobrinho ou sobrinha, queria que fossemos ao shopping o mais cedo possível para comprar as roupinhas, mas eu pedi para esperarmos algum tempo para fazer isso (afinal, não estava com vontade de comprar muitas coisas novas, o bebê poderia usar as roupas antigas do Harryzinho ou da Lilian). Minha irmã também estava bem feliz, disse que, como os nossos filhos terão poucos meses de diferença, seriam grandes amigas, quase irmãos.


No dia seguinte, Julie tinha a sua última consulta com obstetra e sugeriu que eu fosse junto com ela para fazer alguns exames simples, e foi o que eu fiz. Estava tudo bem com o meu bebê e isso me deixou bem aliviada.


Mais tarde, naquele mesmo dia, eu estava em casa assistindo televisão, enquanto os meus filhos estavam sentados no tapete brincando. Nesse momento, Lilian se levantou e foi andando na minha direção, eu a peguei no colo e a coloquei sentada em uma das minhas pernas.


- Minha pequenininha! – passei a mão por seu cabelo liso – Você está sentindo falta do seu pai.


- Papai! – ela bateu palminha rindo.


- Está sendo difícil para mim também! – suspirei pesadamente – Quem sabe um dia ele volte para casa.


Então, Harryzinho também se levantou e foi para a nossa direção. Eu o coloquei sentando na minha outra perna.


- Enquanto vocês forem dois eu poderei fazer, mas depois que o bebê nascer, vou ficar sem braço para pegar todos os meus filhos – ri levemente, foi então que eu me lembrei que seria mão novamente dentro de poucos meses – O que vocês acham de ganharem mais um irmãozinho ou irmãzinha? Tenho certeza que vocês três serão muito amigos, vão brigar, é claro, como todos os irmãos, mas vão se amar muito também.


Foi então que eu percebi que era isso que importava. Mesmo que Harry nunca voltasse para casa e não fossemos mais ser marido e mulher, o importante mesmo eram os meus três filhos. Eu viveria, a partir de hoje, somente para eles.


A campainha tocou.


- Vamos ver quem é? – me levantei, ainda com os meus filhos nos braços.


Abri a porta e encontrei a pessoa que eu menos esperava ver naquele momento: Comárco.


- O que você está fazendo aqui? – disse bastante brava – Não já me causou problemas o suficiente pelo resto da minha vida.


- Eu vim aqui conversar com você – avisou – Tentar reparar todo o erro que eu te fiz.


Dei de ombros e o deixei entrar. Depois coloquei Harryzinho e Lilian no chão.


- Então esses são os seus filhos? – sorri olhando para eles, que agora voltaram a brincar – Eles se parecem muito com você.


- Acho que eles se parecem mais com o Harry! – comentei – Embora, logo depois que eles nasceram, minha mãe tenha dito que eram muito parecidos comigo. Mas todo o bebê recém-nascido tem a mesma cara.


- É mesmo! – riu rapidamente – Então, quer dizer que o Harry foi mesmo embora?


- Como é que você sabe disso? – achei estranho – Você foi embora antes de eu e Harry começamos a discutir.


- Eu vi que ele não aprecia muito feliz quando me viu lá, então resolvi voltar à revista para saber o que aconteceu. Foi aquele seu assistente que me contou e ainda me deu o seu endereço – explicou – Eu me sinto culpado por vocês terem brigado por minha causa.


- Não foi exatamente por sua causa – respondi – Eu estava mesmo não dando muita atenção ao Harry nesses últimos meses e acho que ele acabou de cansando disso. Você ter aparecido foi somente uma desculpa para ele falar isso.


- Se você acha isso! – deu de ombros – Mas, se você quiser, eu posso ir até lá falar com ele. Ver se consigo ajeitar as coisas.


- Obrigada Comárco! – fiquei feliz por ele estar querendo me ajudar – Mas, realmente, não precisa. Vou deixar a poeira baixar e depois resolver isso tudo eu mesma.


- Se você prefere assim! – deu de ombros – Mas sabe que, se você precisar, eu estou aqui.


- Pode deixar que eu não vou esquecer disso – eu o abracei – Muito obrigada por estar aqui do meu lado.


- Nunca poderia deixar uma amiga na mão! – respondeu – Ainda mais você Mione. Nós nos conhecemos desde que éramos pequenos.


- Mas depois de tudo que aconteceu entre a gente! – lembrei – Não sei se merecia toda essa sua atenção.


- Você não teve culpa do que aconteceu! – colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.


Ficamos nos encarando por alguns minutos em profundo silêncio. Isso estava me deixando um pouco incomodada.


- Sabe Mione! – voltou a falar, pareceu nervoso nesse momento – Eu tenho uma coisa para te falar. Não sei se esse é o melhor momento, mas eu preciso falar isso logo.


- O que é? – fiquei bastante curiosa.


- Eu ainda te amo! – segurou a minha delicadamente – Durante todo esse tempo que estamos separados, eu tentei te esquecer, mas não consegui.


- Uau! – foi tudo que eu consegui dizer.


- Sabia que você estava feliz com o Harry e não podia dizer nada – continuou, suas mãos estavam suando – Tenho certeza de que vocês vão acabar voltando mais cedo ou mais tarde. Mas, eu ainda quero estar com você uma vez mais.


Não tive tempo de reagir, Comárco se aproximou e me beijou. Depois de alguns segundos em estado de choque, eu consegui empurra-lo.


- Eu sinto muito Comárco! – disse logo depois – Eu amo o Harry e mesmo a gente não estando “junto”, eu sinto como se estivesse traindo ele.


- Tudo bem! – pareceu chateado nesse momento – Mas eu não posso dizer que não tentei.


- Eu sinto muito Comárco! – respondi rapidamente – Eu tenho certeza de que você ainda vai encontrar alguém que vai te fazer muito feliz.


- E eu digo o mesmo para você e o Harry! – sorriu levemente – Torço muito para que o casamento de vocês dê certo.


Então ele foi embora e eu voltei a assistir televisão como se nada tivesse acontecido.


As duas semanas seguintes se passaram rapidamente. Não tive nenhuma noticia de Harry, Lizzie me disse que ele ainda estava bem pensativo.


Estava no meu quarto e me olhando no espelho. Ainda não dava para ver barriga, mas eu estava doida para que isso acontecesse. O telefone tocou e eu me assustei um pouco.


- Alô! – eu disse assim que retirei o aparelho do gancho.


- Mione! – ouvi a voz do meu cunhado, ele parecia bastante nervoso – Que bom que você está em casa.


- Aconteceu alguma coisa? – fiquei nervosa naquele momento – Foi com a Julie? O bebê? Fala alguma coisa Rony!


- A bolsa da Julie estourou! – gritou e eu tive que retirar o telefone do meu ouvido – O meu filho vai nascer.


- Eu não sou medica! – lembrei – Leva ela para o hospital. Vai dar tudo certo.


- Mas é que a Julie está nervosa. E eu também estou – continuou – Nós queríamos que você estivesse lá.


- Está bem! – concordei – Vou me arrumar e já estou indo para o hospital.


- A gente de encontra lá! – avisou antes de desligar.


Fui me arrumar e logo depois troquei a roupa dos gêmeos antes de sairmos de casa rapidamente. Ainda não conseguia acreditar que minha irmã teria o seu bebê.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • rosana franco

    Tomara que as coisas se resolvam logo é por isso q nunca devemos exigir demais do outro um dia a coisa esstoura.

    2011-06-12
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.