Diz que não me ama!
Draco deixou o apartamento, porém, passando a ser visita constante nos dias em que estava de folga e não precisava se matar de tanto estudar. Às vezes, levava consigo seus livros para que a morena o ajudasse e lhe tirasse as dúvidas. Porém, sabia que nada a mais existiria entre os dois. Sabia que ela e Fred se gostavam. E ele gostava disso, pois gostava de ver seus amigos bem. Mas não podia negar que, se Fred um dia largasse Hermione, Draco seria o primeiro da fila para consolá-la...
Já não era mais segredo que Fred e Hermione estavam juntos. A felicidade estampada em seus rostos deixava claro o quanto se gostavam...
Uma noite, porém, Hermione chegara em casa, animada. Acabara de sair com Gina e Luna. As três foram comer pizza e pôr o papo em dia.
Encontrou Draco deitado no sofá, o rabinho balançando. Brincou com o pequenino, indo direto para a cozinha, onde Fred se encontrava. O ruivo, porém, estava com a cara fechada, visivelmente preocupado.
- Que foi? – perguntou, apoiando a bolsa sobre a mesa, indo se encostar ao balcão da cozinha americana.
- Precisamos conversar. – ele disse, sério.
Hermione sentiu o corpo todo gelar. Aquilo não seria bom...
- O assunto é importante, então, vou direto a ele. – disse, deixando de lado a faca que usava para cortar o frango em tiras.
Hermione prendera, inconscientemente, a respiração, enquanto observava ele lavar as mãos e as secar. Tensa. Estava muito tensa...
- Jorge e eu conseguimos o contrato para abrir uma filial da loja na França. – disse, vendo-a sorrir. Sabia que ela estava feliz por eles – O problema é. Meu irmão e eu conversamos sobre isso e decidimos... – uma pausa, dificuldade em falar - ... Decidimos que seria melhor se eu... me mudasse para Paris. Até que a loja esteja pronta e nós encontremos uma pessoa de confiança para gerenciá-la.
Hermione segurou-se na bancada, tinha medo de cair. Sabia o quanto aquele projeto era importante para os gêmeos. Sabia bem o quanto eles haviam lutado para conseguir abrir uma filial no exterior. Porém, jamais pensara que Fred tivesse que se mudar para tomar conta dos negócios.
Um vazio no peito. Jamais pensara que Fred pudesse sair de sua vida...
- E... E quanto tempo... – sua voz falha denunciava o que seu coração sentia. Estava em pedaços – Quanto tempo você vai... ficar em Paris...?
Fred a fitou, seu peito doendo tanto quando o dela.
- Sexta-feira, viajamos para fechar o negócio em definitivo. – explicou, cabisbaixo – E... eu não volto mais. – sua voz saiu baixa, quase inaudível – Temos que preparar a loja, organizar a abertura, preparar estoques, todo o marketing... – falava, tentando convencer a si mesmo que aquilo era o certo a se fazer – Vamos ter muito trabalho pra organizar tudo. Jorge e eu acreditamos que levará cerca de... – sua voz falhara. Pigarreou para conseguir limpar a garganta - ... cerca de um ano, pelo menos,... até conseguirmos... até conseguirmos abrir a loja para o público. – um longo suspiro – Depois, temos de contratar alguém de confiança para assumir a filial, não sei mais quanto tempo isso irá nos tomar...
Hermione abaixou-se para tirar as sandálias, uma desculpa para poder limpar rapidamente uma lágrima que escorrera por sua face.
Um ano. Ou mais...
- Jorge e Kate vão casar. – Fred disse, tentando se explicar – Não seria justo... separá-los... – disse, com raiva, pois não achava justo ter que se separar de Hermione – mas eles precisam organizar tudo. O casamento. Preparar a casa para onde vão se mudar... essas coisas...
- Claro. – Hermione assentiu, sentindo suas mãos tremerem – Claro, não seria... justo... – repetiu, ainda zonza pela notícia.
Silêncio.
- Bom. Tudo bem, então. – a morena assentiu, completamente arrasada - Sexta-feira, então? Você precisa... precisa arrumar as malas. – disse, saindo da cozinha, seu corpo todo custando a se movimentar – Arrumar suas coisas, empacotar... Posso ajudar, se quiser. Ou pedir pro Jorge vir e ajudar também. – disse, indo até o quarto dele, meio perdida – Tenho umas caixas... Não são muitas, mas posso conseguir mais. – deu meia volta, passando por ele à porta – É só me dar o endereço depois que mando suas coisas pra lá. Ou o Jorge pode levar. Alguém, não sei...
- Hermione... – ele a chamou, mas a morena não o ouvia. Não conseguia ouvir mais nada...
Fred ouviu-a dizer o que tinha que fazer para levar suas coisas, vendo-a andar de um lado para o outro, visivelmente perdida. Aquilo partia seu coração. Pela primeira vez na vida, amaldiçoara seu irmã. Amaldiçoara Kate. Amaldiçoara o casamento dos dois.
Se Jorge não estivesse comprometido, ele poderia muito bem fazer essa viagem, mudando-se para a França. Mas não. Seu gêmeo estava apaixonado e iria se casar com a garota que amava. E ele, Fred, encontrava-se num relacionamento estranho com Hermione. Estava perdidamente ligado a ela. Apaixonado, teve de admitir. Mas os dois não tinham um compromisso como e de Jorge e Kate. Não iriam se casar. Sequer chegaram a conversar sobre se o que estavam tendo era um namoro ou não...
Jamais conversaram. Apenas viviam. E sentiam o sentimento um pelo outro. Carinho. Paixão. Atração. Amor...
Correu até ela e a puxou para o seu peito. Hermione não foi mais capaz de conter as lágrimas...
Fred olhara para o teto, sem realmente o ver. Seus olhos também estavam marejados...
Apoiou o queixo nos cabelos dela, fechou os olhos, deixou-a chorar tudo o que tinha para chorar, pois se sentia destruído igual a ela...
- Desculpa. – Hermione pediu, afastando-se, limpando o rosto com as palmas das mãos – Não deveria... Eu... É que...
Fred assentiu. Sabia que estava sendo difícil para ela, pois era difícil para ele também.
- Não quero ir. – disse, triste, passando uma mão pelos cabelos dela – Mas tenho.
A morena assentiu, sabendo que ele dizia a verdade.
- Não vou pedir pra você me esperar. – murmurou, a voz embargada – Não seria justo com você. Não sei quanto tempo vou ficar fora. E muita coisa pode acontecer em um ano.
Novamente, Hermione tornou a assentir.
Silêncio.
- Ah, merda! – ele retrucou, furioso – Eu não quero ir. Não posso ir! – disse, andando pela sala, as mãos à cabeça – Merda, merda, merda! – chutou a lateral do sofá – Jorge vai me matar, mas eu não posso ir. Não posso deixar você. Não quero deixar você!
Hermione respirou fundo, sentando-se no braço do sofá.
- Você tem que ir. – disse, sabendo o quanto aquilo lhe custava – Como você mesmo disse, Jorge e Kate vão se casar. E essa é uma grande chance pra loja. – um suspiro – Você tem que fazer o que tem que fazer. Vai pra França, cuida de tud...
- Não, Hermione, eu não posso! – disse, alto demais, sério demais – Não posso ir e deixar você aqui. Não dá! – exclamou – Eu não quero deixar você. Eu não posso fazer isso! Não dá. Simplesmente, não dá!
Um novo silêncio.
- Fred, seja razoável. – a morena disse, firme – Não leve o que vou dizer a mal, por favor, não me interprete mal, mas... – mordeu o lábio inferior com força – Nós dois... – como explicar? – Nós dois... É complicado! – definiu – Eu entendo sua posição, porque também não quero que você vá. – confessou, triste – Não quero. Por mim, você não sairia desse apartamento nunca mais. – disse, pesarosa – Mas entre você e Jorge... Jorge tem muito mais motivos para ficar do que você. Ele vai se casar. – definiu, sendo prática – Não estou dizendo pra você me pedir em casamento nem nada, mas, poxa. Ele tem uma relação muito mais estável do que a nossa. E está com Kate há muito mais tempo do que nós estamos juntos. Não seria justo com eles se você o mandasse para França. Pelo contrário, seria cruel! – explicou.
- Eu sei! – o ruivo assentiu – É claro que eu sei disso. Nunca fui egoísta, Hermione, mas hoje eu quero ser! – disse, sentindo-se de mãos atadas – Eu quero pensar em mim, em você, em nós! – exclamou – Eu quero ficar com você, Hermione. Eu te amo, droga!
Hermione sentiu como se sua alma tivesse sido retirada de seu corpo. Era a primeira vez que Fred dizia que a amava.
- Fred, não. – pediu, mais lágrimas deslizando por sua face – Isso só complica mais as coisas.
- Me diz então que você não me ama. – o ruivo disse, sério – Diz que você não sente a mesma coisa por mim. Diz e eu faço as malas agora mesmo pra viajar.
Ela não diria. Não podia. Pois seria a maior das mentiras...
- Você vai viajar. – disse, pausadamente, suas íris presas às dele – Ponto final.
- Diz que não me ama. – ele mandou, sério.
Silêncio.
- Fred. – disse, suspirando – Você não pode fazer isso com seu irmão.
- Eu não posso fazer isso com a gente! – corrigiu, sério.
Hermione respirou fundo, sem saber o que dizer. Queria que ele ficasse. Mas não podia concordar com a loucura dele.
- Preciso de um café. – declarou, levantando-se, indo até a cozinha – Penso melhor com cafeína no sangue...
Fred deitou no sofá, ainda inconformado. Draco pulou em seu colo para receber afagos.
Hermione mexia-se de um lado para o outro na cozinha. Tentava se acalmar. Tentava pensar...
- Aqui! – entregou uma xícara para ele dez minutos depois.
Ficaram quietos, ele no sofá, ela, na cadeira ao lado.
Hermione bebia o café sem parar. Fred, não conseguia fazer o líquido passar por sua garganta. Precisava achar uma solução que lhe permitisse ficar ao lado da morena.
Respirou fundo. Só havia um jeito.
- Vamos casar. – disse, seu olhar recaindo sobre ela, que se engasgara com o café – É o único jeito.
Hermione revirou os olhos, paciente.
- Eu sei tão bem quanto você que você detesta compromisso. – disse, ignorando os protestos dele – Casamento está fora de cogitação.
- Você não casaria comigo?! – ele perguntou, sentindo-se ofendido.
Hermione sorriu.
- Claro que sim. – sorriu, carinhosamente. O coração do ruivo encheu-se de alegria – Mas não sobre essas circunstâncias. – viu-o murchar – Se um dia você ainda quiser se casar comigo, eu aceito. Mas, hoje, não.
Fred ficou chateado.
- Não consigo pensar em outra saída. – disse, cruzando os braços junto ao peito, frustrado.
Hermione, porém, não desistiria tão facilmente.
- Vejamos. – ela disse, pensativa – Você vai se mudar pra França na sexta. – um novo suspiro, triste. Mas era preciso manter o foco. – Tem que arranjar um lugar pra ficar, organizar tudo para abrir a loja... Não dá pra ficar aparatando toda a hora... – começou a roer uma unha – Viagem de avião também sai muito caro se constante. Chave de portal, trabalhoso demais... Rede de flu? – olhou para ele, que negou com a cabeça.
- Vou passar grande parte do tempo na rua, trabalhando. – disse, cabisbaixo – Mesmo que eu consiga vir pra cá todas as noites, uma hora vou atrasar o trabalho. E Jorge e eu não podemos ter tantos gastos...
Silêncio...
- Ainda tem essa merda de ter que encontrar alguém de confiança pra gerenciar a loja. – Fred disse, irritado – Não conhecemos ninguém que tenha tempo disponível ou queira se mudar pra França. Pensei até me mandar o Draco, mas ele não pode abandonar os estudos agora e...
As íris azuis se encontraram com as castanhas. Um sorriso em ambos os lábios...
- Você é de confiança! – Fred exclamou, pondo-se de pé num pulo.
- Poderíamos continuar morando juntos. – Hermione assentiu – Na França!
- Só mudaríamos de país! – o ruivo assentiu – Como eu não pensei nisso antes?
- Será que seu irmão não vai ter problema com isso? – Hermione murmurou, mordendo o lábio.
Fred meneou a cabeça, andando até ela.
- Vamos descobrir isso agora! – disse, animado pela primeira vez desde que chegara em casa.
Segurou-a pela mão, aparatando na casa do irmão...
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Comentários (1)
Não é justo!!Eu choreeeeeeei :(
2011-12-29