Draco Malfoy
Hermione brincava com o pequenino guarda-sol de sua bebida. Acabara de dar o fora em mais um rapaz aquela noite.
Lilá e Parvati haviam se perdido no meio dos dançarinos. Luna dançava com Nina, que fora sem o namorado. Suzie pedira licença por quinze minutos e desaparecera com Alicia, sua namorada...
Respirou fundo, as pernas cruzadas, sentada ao balcão do bar. Detestava admitir, mas preferia estar mil vezes em casa, deitada no sofá assistindo a um filme com Fred, do que na balada com as meninas.
- Merda! – reclamou, atirando para longe o enfeite.
Olhou para o relógio na parede, 00:15. Ainda tinha cinco horas e quarenta e cinco minutos até a boate fechar. E ela chegaria de manhã cedo, só para que ele a visse chegar, enquanto ele estivesse acordando para ir trabalhar...
Pediu uma nova bebida, olhou em volta. Meneou a cabeça, suspirou.
- De todas as pessoas no mundo, jamais pensei que fosse encontrar você aqui. – a morena voltou-se para o lado e encontrou as íris cinzas de Draco.
Engoliu em seco, não conseguindo esconder a surpresa em seu rosto. Sequer conseguiu se conter e evitar de mirar o loiro de cima a baixo...
Prendeu a respiração. Sentiu as bochechas queimarem. Seu ventre se contorcer. Não fazia a menor idéia de que ele...
- Você... – pestanejando algumas vezes - ... trabalha aqui... – sua voz saiu um pouco mais fina que o habitual – Como... – pigarreou, limpando a garganta – Como isso é possível?
- Precisava de um emprego. – disse o loiro, sorrindo, vendo que Hermione não parava de encará-lo.
Também pudera. Como garçom, ele usava apenas uma cueca Box preta, uma gravata borboleta, também preta, além de carregar a bandeja de prata onde servia os drinks.
- É minha última noite aqui. – disse, entregando a bandeja ao barman, pedindo duas vodcas com tônica e um metropolitan – Semana que vem, começam as minhas aulas. Não vai dar mais pra conciliar.
- O que é uma verdadeira pena. – o barman disse, realmente sentido – O Draco aqui é um dos nossos melhores funcionários. Pontual, sabe todos os pedidos de cor. Não se envolve com as clientes... É uma pena...
O loiro riu ao receber o elogio.
Hermione virou metade de sua bebida num único gole.
- Já volto. – ele disse, indo servir as mesas, voltando cinco minutos depois. Entregou mais pedidos ao barman e continuou a conversar com a morena – Você não veio sozinha, veio? Juro que vi a Di-Lua por aí... Suzie também, tava com a namorada em algum lugar...
- Viemos todas juntas. – a morena explicou, dando de ombros – Nina também veio, tá na pista com a... Ops... com ele! – riu ao ver Nina dançando com um rapaz enquanto Luna beijava um dos dançarinos.
- Aquele eu conheço, é o Eric. – disse, displicentemente – É amigo da Nina. Vire e mexe os dois vêm aqui. Peter, o namorado dela, também já veio, mas ele é muito caseiro, então, a Nina vem mais com o Eric mesmo.
- Uhm... – a morena assentiu, aliviada por descobrir que não levara Nina a um lugar onde ela trairia o namorado.
- Trouxe o Fred com você? – Hermione foi pega de surpresa com a pergunta.
Balbuciou algumas coisas, sem conseguir responder diretamente. Viu Draco se afastar para servir as mesas, rindo. Quando ele voltou, com novos pedidos, disse:
- Isso é uma espécie de castigo pra ele. – disse, fazendo um bico torto com os lábios.
- Pelo ‘Sexy driver’, aposto. – o loiro murmurou, no que ela assentiu. Draco riu sem se conter – Sabia que rolava algo entre vocês! – disse, pegando a bandeja e saindo de perto bem na hora em que sua têmpora latejava de nervoso.
- Não tem nada entre nós. – Hermione disse assim que ele voltou – Não estamos casados, não namoramos. – afirmou, suspirando em seguida – Apenas dividimos um apartamento. Só isso.
- ‘Só isso’ mesmo? – ele perguntou, um braço apoiado no balcão, seu rosto próximo ao dela.
Hermione piscou algumas vezes, zonza. Draco riu mais ainda.
- Seu turno termina em dez. – o barman disse ao loiro, que assentiu, agradecendo.
- Vai continuar por aqui? – ele perguntou à grifinória, que assentiu.
- Só volto quando o dia clarear. – respondeu, no que Draco saiu rindo, impressionado pela determinação dela em se vingar. Afinal, estava evidente que Hermione não estava se divertindo como suas amigas.
Não estava. Até o turno dele terminar...
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- Vem! – o loiro disse, puxando-a pela mão, levando-a até um canto da boate.
- Pra onde? – Hermione quis saber, seguindo um Draco agora vestido.
Bem vestido. Calça cinza escuro justa. Blusa social branca com as mangas enroladas até os cotovelos. Um colete preto aberto. Uma gravata lisa, meio frouxa, dando um toque a mais...
- Já fumou narguilé? – ele perguntou, parando com ela em uma pequena fila, onde várias pessoas aguardavam para usar um dos três cachimbos de água que havia em cima de uma mesa.
- Não, nem vou. – Hermione disse, dando meia volta – Sabia que isso é pior que cigarro?
- Qual é, Granger... – ele disse, puxando-a de volta, havendo três pessoas apenas na sua frente – Uma vez na vida não mata. Além do mais, você não vai fumar a noite toda. Não deixamos. Não queremos que nossos clientes tenham um colapso nervoso ou câncer de pulmão ou algo do gênero...
Hermione riu do jeito dele de falar. Respirou fundo, olhou de soslaio para o aparato.
- Cadê sua coragem grifinória? – o sonserino debochou, no que recebeu uma careta da morena.
Mais ninguém na fila. Era sua vez...
- Ah, dane-se! – disse, pegando a mangueira do aparato e aspirando.
O processo todo era rápido. Hermione logo saiu, a cabeça um tanto nas nuvens. Apoiou uma das mãos na parede, respirou pausadamente. Todo o álcool que consumira subira como um foguete para sua cabeça...
- Excelente! – Draco disse, depois de fumar, puxando a morena pela mão – Agora, você está pronta para dançar!
- Quê? – ela teve tempo de murmurar, mas sem conseguir impedi-lo.
Tocava uma batida sensual. Lenta de início. Quente. Hermione sentiu-se pegando fogo quando o loiro a puxou para si, seu corpo colando ao dele...
Segurou-lhe o pescoço com uma das mãos, num instinto. Ainda estava um pouco zonza. Sentiu as pernas bambearem diante do sorriso branco. O hálito de menta inebriou seus sentidos...
- Draco. – disse, sua voz fraca, quando sentiu o braço dele rodear sua cintura.
- Relaxa... Hermione... – ouviu-o murmurar seu nome ao pé do ouvido. Um arrepio subiu por suas costas, borboletas formaram um tufão em seu ventre.
Começaram a se mover lentamente, de um lado para o outro. O quadril de Hermione perfeitamente encaixado ao de Draco.
- Não sabia que era dançarino também. Além de garçom... – alfinetou, sentindo-se... livre! Efeito do Narguilé.
O loiro riu, descendo sua mão alguns centímetros pelo corpo dela, parando um pouco acima do bumbum.
- Pacote completo. – brincou, roçando seu nariz pela curva do pescoço dela, atiçando-a...
Hermione segurou-lhe o braço com a mão livre. Fechou os olhos. Estava excitada...
Dançavam colados. Requebravam. Desciam juntos até o chão... Malfoy a empurrava de um lado para o outro, puxando-a com força, prendendo-a em seguida junto ao seu corpo...
Hermione sentia tudo girar ao seu redor. Sentiu as mãos do loiro descerem pela lateral de seu corpo, suas costas coladas ao peito dele... O quadril dele encaixado em sua bunda... Os dedos dele pressionando cada milímetro do seu corpo exposto pelo curto comprimento do vestido.
- Pára. – conseguiu dizer, voltando-se para ele, sua respiração irregular. As mãos espalmadas contra a camisa, seus músculos tensos.
- O quê? – ele murmurou, sugando o lóbulo da orelha dela, uma mão subindo e descendo pelas costas da morena – É justo você fazer isso comigo, mas não é justo que eu faça isso com você? – os olhos dela se arregalaram, e Draco riu, maroto – Deveria saber que quem brinca com fogo acaba se queimando...
Hermione respirou fundo. Ouviu o rir baixinho, os braços dele em sua cintura.
- Me deixa. – disse, quando tentou sair da pista, mas ele a impediu de se mover – Me solta, Malfoy. – tornou a dizer, séria.
O loiro a encarou, sério, seu sorriso tendo desaparecido.
Hermione devolveu o olhar, determinada.
- Você quem começou. – o sonserino explicou, pausadamente – No seu aniversário.
- Me desculpa. – ela pediu, revirando os olhos, impaciente – Mas eu queria ganhar. Não justifica o que fiz, já sei. Mas posso te garantir que já ouvi sermão suficiente por conta da minha brincadeira de mau gosto.
Draco continuava a fitá-la, fixamente.
- Sem problema. – disse, voltando a sorrir depois de um tempo, deixando-a confusa com sua mudança de atitude – Fred já falou comigo. – explicou, soltando-a, deixando o corpo dela livre – Só que eu estava curioso... Perdoe a minha... ‘grosseria’, ou seja lá como você queira chamar isso, Granger. – novamente voltou a usar o sobrenome dela, o sorriso brilhante nos lábios – Mas eu precisava descobrir uma coisa, então... Simplesmente, não pude deixar passar a oportunidade em branco. Me desculpa.
- Descobrir o quê? – ela quis saber, ainda sem entender.
- Queria saber... – uma pausa, um sorriso malicioso no canto dos lábios - ... se eu consigo ter o mesmo efeito em você que você teve em mim naquele dia... – uma risada gostosa – Pelo visto, consigo! – e riu mais ainda.
Os punhos da morena se fecharam, ela estava com raiva.
- Seu filho da... – parou, bufando. Saiu da pista de dança, furiosa...
Draco a viu caminhar, o leve rebolado causado pelas botas de salto fino empinando seu bumbum. Sentiu sua masculinidade pulsar. Hermione mexia com ele. E ele estava adorando isso...
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Hermione encontrava-se sentada, as costas apoiadas em uma parede, os saltos, na outra, no último degrau da escada que levava à cobertura da boate. O terraço, cuja vista panorâmica de Londres era simplesmente magnífica, encontrava-se ocupado por um casal, que trancara a porta pelo lado externo.
A morena segurava o copo de whisky de fogo sobre o colo, as pernas esticadas, os tornozelos cruzados um sobre o outro. Detestava ficar de vigia...
Olhou para baixo, para o pé da escada. Xingou baixinho. Voltou a encarar a parede, sem emoção.
Draco parou no degrau abaixo ao que ela estava. Não pôde deixar de notar o quão bonita ela ficava com aquele vestido verde colado ao seu corpo. As botas completavam elegantemente o traje. Um arrepio em sua espinha. Sempre tivera um certo fetiche por botas de couro e salto fino...
- Pra você. – disse, oferecendo uma garrafa de cerveja amanteigada, um sorriso tranqüilo nos lábios – Como um pedido de desculpas. A batata-frita chega daqui a pouco.
Hermione detestou a si mesma pelo fato de seu estômago ter respondido ao som da palavra ‘batata-frita’. Estava faminta, mas não precisava que o loiro soubesse disso.
- Não quero, obrigada. – disse, séria, virando metade de seu copo de whisky num único gole.
Draco assentiu com a cabeça, sabendo o quão cabeça-dura ela era. Sentou-se no degrau em que estava, apoiando as costas na parede oposta à que ela se encontrava, ficando de frente para a morena. Viu-a revirar os olhos e não conteve um sorriso.
- Por que aqui? – quis saber, indicando a escada onde estavam – Por que não foge de mim no terraço? A vista de lá é bem me...
- Está ocupado. – ela disse, firme, sem fitá-lo – E eu não estou fugindo de você. – completou, enfática.
- Sei... – o loiro murmurou, processando a informação de que havia um casal transando na cobertura da boate – Não sabia que gostava de bancar a guarda-costas. – alfinetou, no que ela o ignorou, sorvendo mais um gole de sua bebida.
Draco sorriu e bebericou da própria cerveja.
Olhou para o teto, ouviu um pouco da música que tocava na pista de dança.
- Pode admitir, Granger. – disse, seu tom de voz baixo e casual – Nós formamos um belo par lá embaixo.
A morena revirou os olhos, irritada.
- Se você se refere ao fato de ter bancado o papel do gigolô inveterado e eu, da adolescente idiota e babaca, sim, nós fizemos um belo par lá embaixo. – disse, sarcasmo impregnado em sua voz – Um belo par de idiotas!
Draco riu, sem se conter.
Ficaram sentados ali, quietos, por quase dez minutos. Um garçom, amigo do sonserino, o cumprimentou e lhe entregou uma travessa de batata-frita. O estômago da morena se remexeu. Poderia comer um boi inteiro, tamanha a fome que sentia.
Observou, de rabo de olho, o loiro colocar um, dois, três, sete pacotinhos de sal. Fechou os olhos, amaldiçoando-o. Sabia que a comida estava do jeito que ela gostava...
- Granger. – ouviu-o chamá-la, mas decidiu ignorar e permanecer de olhos fechados, a cabeça reclinada um pouco para trás – Por que você se faz de difícil?
A pergunta a pegou de surpresa e, quando deu por si, já o encarava, completamente confusa.
- Sério. – ele disse, espetando dois garfos de dois dentes cada na batata – Desde os tempos de Hogwarts. Você sempre foi tão séria, tão certinha... Por quê?
- Não há nada de errado em ser ‘séria’ e ‘certinha’... – respondeu, imitando a voz dele ao repetir as palavras escolhidas pelo loiro – Era apenas responsável, só isso.
- Ser responsável é uma coisa. – Draco a corrigiu, levando uma batata à boca, fazendo a boca da morena se encher de água – Viver estressada e mal humorada é outra completamente diferente. – definiu, bebericando sua cerveja – Foram raras as vezes que eu vi você se divertindo enquanto estávamos na escola. Realmente se divertindo, quero dizer. Teve o lance do baile, quando você pegou o Krum e...
- Eu não ‘peguei’ o Krum. – o corrigiu, arrependendo-se depois ao ver o sorriso de canto de boca dele – Ah, cala a boca! – disse, furiosa, arrancando o garfo com a batata e a comendo, irritada.
- Aham... – ele murmurou, um olhar maroto na face – Quer dizer que todo aquele lance do baile... Os dois sempre juntinhos na biblioteca... Nunca rolou nem um selinho?
Hermione revirou os olhos e bufou.
- Deprimente. – o rapaz sentenciou, voltando a comer mais uma batata – Mas enfim... Lembro de uma vez que você ficou bêbada em Hogsmeade e...
- Por Merlin, será que essa batata não enche a sua boca, não?! – resmungou, irritada por ele se lembrar daquele dia.
Draco riu, achando graça. Tinha uma resposta ferina e maldosa para aquela exclamação, mas preferiu deixar passar.
- Desculpe. – disse, sorvendo mais um gole – Mas é que... Eu nunca entendi direito! – exclamou, os braços abertos – Todo mundo aproveitou a época de Hogwarts. Todo mundo. – enfatizou – Éramos todos adolescentes confinados num castelo enorme. Diversos lugares. Várias passagens secretas... – dizia – Não consigo entender como você...
- Como eu não me agarrei com ninguém?! – completou, no que ele assentiu, rindo – Idiota! – murmurou, deixando de lado o copo de whisky vazio, e pegando a cerveja que ele lhe oferecera mais cedo – O que eu faço ou deixo de fazer, não é da conta de ninguém. – disse, sendo prática – Ou você preferia que eu ficasse me esfregando no corredor como o Rony e a Lilá, ou como você e a Parkinson faziam às vezes?!
O rapaz meneou a cabeça, sorrindo.
- Não esqueçamos a caçula Weasley. – Draco disse, no que Hermione revirou os olhos – Ela era mestre em matéria de pegação.
- Já se pegaram? – a morena perguntou, amaldiçoando sua língua ao final – Quer saber, não precisa responder! – disse, fingindo uma careta de enojada.
- Não tenho problemas quanto a isso. – o loiro respondeu, no que Hermione fechou os olhos, com medo da resposta – Eu e a Weasley nunca ficamos. Peguei muita gente em Hogwarts, mas não a Weasley. Na verdade, nunca peguei nenhuma das suas amiguinhas...
- Fico feliz em saber! – disse, sorrindo amarelo.
- Blaise já pegou. – o loiro continuou, calmamente – pegou a Weasley e a Di-lua. O Nott também, pegou a Patil. O Crabbe pegou a...
- Tá, tá. Chega, chega! – disse a garota, levando as mãos à cabeça – Droga, Merlin, vou ter pesadelos essa noite! – murmurou, no que ele riu com gosto.
- Quem você pegou? – Draco quis saber, sua curiosidade aguçada.
- Ha! – a grifinória riu, seca.
- Ah, qual é, Granger? – ele murmurou, cutucando a perna dela – Me conta, vai!
- Fofoqueiro! – ela respondeu, no que Draco a ignorou.
- Conta. – tornou a pedir.
Hermione mirou as íris azul-acinzentadas e, por um instante, perdeu o fôlego. Quando deu por si, já estava falando...
- Fiquei com o Córmaco, pra fazer ciúmes no Rony. – disse, comendo batata-frita – Depois, muito tempo depois, quando a guerra já estava acabando, foi que fiquei com o Rony.
- Mas e em Hogwarts? – ele queria saber – Quem você pegou quando ainda estávamos lá?
Um suspiro escapou pelos lábios da morena.
- Meu primeiro beijo em Hogwarts foi no terceiro ano. – disse, preferindo isso a dizer ‘o primeiro beijo da minha vida foi no terceiro ano de Hogwarts’. Sorriu ao se lembrar – Não ria, mas foi com o... Miguel Córner, da Corvinal. – disse, vendo o queixo do loiro cair, literalmente – Vivíamos nos esbarrando na biblioteca e um dia ele veio falar comigo. E ele sempre foi tão inteligente, tão gracinha... – comentou, bobamente, ignorando a careta do sonserino.
- Agora entendo sua paixão pela biblioteca. – zombou, no que ela riu, sem se conter.
- A maioria dos alunos passava o tempo nos jardins, no lago... – relembrou – A biblioteca era um excelente lugar para dar uns bons amassos. – riu, piscando um olho para o loiro.
Draco sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha com aquele simples gesto.
- Sei... – disse, sentindo uma pontada de ciúmes em sua barriga – E com quem mais você se ‘amassou’ na biblioteca?
- Não vou citar nomes. – disse, no que Draco trincou o maxilar ao ouvir o plural – mas, sem sombra de dúvida, o beijo mais gostoso que eu dei em Hogwarts foi no Cedrico.
- Diggory??? – Malfoy quase engasgou, fazendo Hermione rir sem parar.
- Foi no início do meu quarto ano. – disse, saudosista – Eu sempre tive uma quedinha por ele.
- Você e a ala feminina de Hogwarts inteira. – Draco debochou, a cara amarrada.
Hermione meneou a cabeça, negativamente.
- A maioria das garotas gostava do Cedrico por ele ser bom no quadribol. Por ser bonito, ter um corpo invejável... – murmurou, pensativa – Eu gostava dele pelo jeito dele. Carinhoso, prestativo... Educado... Inteligente...
- Blá blá blá... – o loiro murmurou, recebendo uma língua furiosa contra si.
- Enfim, foi isso. – disse, dando de ombros – Ficamos. Pena que não deu certo... – disse, soltando um muxoxo ao final.
- ‘Certo’? – ele repetiu, confuso.
- Por conta do torneio Tribruxo. – a morena explicou, paciente – Já estávamos ficando há pouco mais de um mês quando o Harry acabou sendo escolhido. Ele ficou furioso comigo naquela noite, achando que eu tinha dado um jeito pro Harry competir. Afinal, ele era menor de idade, né? – bebeu sua cerveja – Enfim, discutimos muito e eu virei as costas e fui-me embora. Tentamos conversar depois disso, quando ele finalmente compreendeu que eu não tive nada a ver com o fato do nome do Harry ter saído do cálice de fogo. Mas as coisas já haviam esfriado entre nós e ele queria que eu torcesse por ele, não pelo Harry... Foi um acúmulo de coisas. – suspirou – Acabou que terminamos, eu fiquei torcendo pelo Harry, ele se envolveu com a Chô... De pirraça, acabei aceitando o convite do Vitor para o baile... – sua voz ficou fraca – Me arrependo só de... só de não termos ficado amigos... quando ele... ele... – sua voz sumiu.
Draco entendeu que era difícil, principalmente pelo fato de Diggory ter morrido no final daquele ano...
- Enfim! – a morena disse, pondo-se de pé, enxugando uma lágrima que teimou em cair – Acho que preciso de mais uma cerveja. – riu, balançando sua garrafa vazia – Quer alguma coisa?
Ele negou com um aceno de cabeça e a viu descer, passando por suas pernas, voltando dez minutos depois, duas garrafas na mão, entregando-lhe uma.
- Quem está aí? – perguntou, vendo-a sentar no mesmo lugar que antes.
Hermione sorriu, marotamente.
- Luna. – disse, no que o olhar do loiro se arregalou – Ela e o carinha com quem estava dançando na pista.
- É... – ele murmurou, sorrindo – Espertinha essa menina...
Voltaram a conversar, temas mais agradáveis dessa vez. Perderam a noção do tempo, como acontecera no Duende Verde.
Por volta das 4:00, Luna saiu do terraço, as mãos dadas com ‘Alec’, o dançarino. O turno dele já havia acabado e ele iria levá-la para casa.
- Sei... – Draco e Hermione murmuraram em uníssono quando os dois acabaram de descer pelas escadas.
Hermione foi até o terraço e se sentou no chão, sem se importar se estava frio ou não. A vista da cidade que tinha dali valia toda e qualquer provação.
Draco sentou-se ao seu lado, admirando a paisagem e a morena ao seu lado.
Viram o sol surgir no horizonte. O alaranjado percorrer o topo dos edifícios. Os sons da manhã tomando forma ao seu redor...
O barman, que porventura era o dono do local, surgiu atrás deles, dizendo que iria fechar o local. Assustaram-se com o decorrer do tempo.
Draco despediu-se do agora antigo patrão e prometeu passar na segunda-feira para acertar suas contas. Desceu as escadas atrás de Hermione, uma mão amparando a morena nas costas.
Andaram pela calçada, as lojas ainda fechadas. Pararam em uma padaria onde a morena comprou um pão doce para levar para casa.
Chegaram à portaria do prédio, Hermione agradeceu a companhia. Descobriram que moravam a menos de duas quadras de distância. Draco prometeu que a visitaria mais vezes, para arrancar-lhe todos os nomes dos rapazes com quem ela ficara em Hogwarts. Hermione simplesmente sorriu e murmurou um ‘Quem sabe eu não lhe conte um dia.’.
Procurou a chave dentro da bolsa de mão. Draco estava parado bem à sua frente.
Sentiu os dedos dele empurrarem uma mecha de seus cabelos para trás, deixando livre a curva de seu pescoço. A morena olhou para cima, seus olhos encontrando os dele...
Sentiu-o segurar a curva de seu rosto, prendeu a respiração. Draco andou um passo para frente, Hermione ficou em dúvida.
Suas pernas estavam bambas, suas mãos suavam. Aquilo não era certo. Tão pouco parecia errado...
- Achei que o jogo tinha terminado. – disse, sua voz rouca, enquanto sentia a ponta do nariz do loiro acariciar seu rosto.
O riso baixo dele fez seu corpo todo ferver.
- Não estou jogando. – afirmou, seus lábios sugando lentamente a pele do pescoço da morena, sua mão segurando-a pela cintura, de maneira possessiva – Estou apenas sendo eu mesmo. Fazendo o que quis fazer a noite inteira. Finalmente... – tornou a sorrir, mordiscando o ombro da garota.
Hermione fechou os olhos, enlouquecida. Notou que o segurava pela camisa quando decidiu relaxar os dedos, espalmando as mãos no peito largo do loiro. Tentou manter a razão em seu ser, mas o que seu corpo mais pedia era para se entregar aquele momento...
- Draco. – disse, forçando-se a abrir os olhos – Não podemos. – andou um passo para trás, com extrema dificuldade. Como se se afastar dele fosse algo quase impossível. Insuportável... – Isso não... não é certo e...
Ele a segurou pelos punhos, impedindo-a de se afastar mais.
- Hermione. – disse, pela segunda vez, o nome dela aquela noite. Sua voz sexy apenas tornava aquilo tudo mais difícil.
- Draco. – ela pediu, vendo-o se aproximar mais uma vez, mais um passo.
Ele sorriu, um sorriso de canto de boca.
- Então me diz que você não quer. – disse, vendo-a se remexer, incomodada – Diz que você não me quer. – enfatizou, vendo-a soltar um longo suspiro.
Draco ampliou seu sorriso, trazendo as mãos dela para si e as apoiando junto ao seu peito.
- Você me quer. – disse, sua fronte encostada na dela – Tanto quanto eu quero você. Não sei porque você cisma em complicar as coisas.
- Não sou eu que ‘cismo’. – disse, uma careta na face, fazendo o loiro rir – As coisas são complicadas por natureza. Você e eu... somos... simplesmente complicados! – definiu, no que ele jogou a cabeça para trás, rindo alto.
- Você é maluca! – ele disse, no que ela fez uma careta – Sempre foi, sempre será!
- Ha ha! – ela debochou, mas foi pega de surpresa por um beijo dele.
Os lábios do loiro eram macios e quentes. Pressionavam os seus com delicadeza e firmeza ao mesmo tempo. Um gemido escapou por seus lábios. Um novo tufão formava-se em seu ventre...
Draco ergueu as mãos da morena, depositando-as em sua nuca. Desceu as mãos pelos braços dela, envolveu-a pela cintura. Insinuou sua língua, sentiu-a retesar o corpo.
- Não. – ouviu-a dizer, porém, sem um pingo de certeza na voz – Fred...
O loiro se afastou, andou em círculos. Levou as mãos à cabeça, bufou algumas vezes...
Hermione entendeu aquilo como a hora de subir. Pôs a chave na fechadura, girou a maçaneta. Abriu a porta.
Draco a puxou pelo cotovelo, prensou-a contra a parede. Capturou os lábios da morena, com uma urgência sem igual.
Hermione perdeu o fôlego, a razão. Sentiu-se erguida alguns centímetros no ar, as mãos do loiro segurando-a de maneira possessiva. Tudo o que conseguiu fazer foi segurar a face do loiro com ambas as mãos e retribuir o beijo, permitindo, desta vez, que a língua dele entrasse em contato com a sua.
Explosão de sentimentos. Jamais pensara que beijá-lo fosse ser assim... Um furacão de emoções diferentes...
Acima deles, bem acima, Fred observava tudo da pequena varanda do apartamento...
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Comentários (1)
Aff, Fred vai ter um treco pq eu já estou tendooooooVou olhar o que vai acontecer agorinhaaaaaaaaaaaaFantástica!!!Parabéns!
2011-12-29