Foi por Mim



 


 


FOI POR MIM


 


 


Fraca.

Foi a primeira palavra que me veio à mente quando te vi sentada me aguardando. Você me olhou como um Lufa-Lufa patético. Como se esperasse realmente que eu fosse dizer algo caloroso de boas-vindas.



Odeio Lufa-Lufas.


E odiei você por se parecer com um.



- Crucio!



Você caiu. Sua surpresa era ainda mais patética.



Se seria minha aluna, deveria se acostumar com a dor. Só assim você a dominaria.



- Sabe o que eu faria se alguém me atacasse com esse feitiço? – perguntei. Você ousou não responder. – Eu o mataria.



- Levante-se. – dei-te uma ordem. E você pareceu tão Lufa-Lufa novamente ao obedecer alguém que acabou de torturá-la.



- Você tem medo, Parkinson? – Perguntei.



- Todos têm medo. – você respondeu. E agora parecia tão Corvinal que comecei a me interessar.



- O que temes?



- Não sei. – Usei Oclumência: você me temia.



- Tens medo de morrer? – Realmente quis saber.



- Um pouco.


- Quantos anos você tem?


- 18.


- Com sua idade eu não temia mais nada. – menti. Mas você acreditou.


- Todos têm medo de algo.


Você havia me desafiado. Não te torturei em seguida por esse ato. E sim porque pareceu definitivamente uma Grifinória. E só há uma coisa que eu odeie mais que Lufa-Lufas e Corvinais.


- Eu não sou todos. – sussurrei. – Crucio!



* * *


- O que me diz de Parkinson?


- Patética.


- Seja mais especifica, Bella.


- Suas habilidades em duelos são leigas. Sua aptidão para Poções é aceitável. E sua capacidade de controlar seus sentimentos é deprimente.


- Snape diz que é uma boa peça.


- Snape fala demais, senhor.


- Snape quase sempre sabe o que diz.


- Se o senhor acha, mestre...


- Acaso questiona minha crença?


- De maneira alguma, mestre.


- Continue instruindo a menina Parkinson.


- Sim, senhor, mestre.




* * *



Patética. Essa foi a segunda palavra que usei para definir-te.



- Controle-seus-sentimentos!


- Eu estou tentando Bellatrix!


- Não. Você não está tentando. Você não está chegando nem perto de tentar.


* * *



Quando foi que percebi que você me amava?



- Levante-se!


Você sempre obedecia. Sempre.


- Legilimens!



Eu vi sua alma. Fui além de tuas lembranças. Além do teu descaso com teu namorado. Além dos teus problemas infantis. Fui mais longe do que qualquer outro.



“ – Você está diferente, Pan. – Era Draco.


- Impressão sua...


- Não. Não é. Você está estranha e não é de hoje.


- Então presumo que você saiba o que é?!


- Não faço idéia. Mas desde as aulas com a minha tia, você... nunca mais...


- Nunca mais o quê, Draco?


- Nuca mais foi a mesma comigo.”




- CHEGA! – você rompeu a conexão.



Eu não sorria.


Quando foi que comecei a te amar?



- Por quê? – perguntei em voz baixa.



Você permitiu que duas lágrimas caíssem antes de me dar às costas.


Você deveria saber que ninguém me dá as costas.




- Não dê as costas para mim, Parkinson!


- Por que não?! – ‘ora, sua grifinoriazinha! Como ousa?’ – Por que vai me torturar?! Ótimo! Vá em frente! Acabe logo com isso!


- Você deveria ter mais cuidado com o que pede.



Eu te avisei.



- Ora, Bellatrix Lestrange! Desça desse palco invisível de auto-suficiência uma vez na vida! Pare de querer parecer inatingível! Eu sei que até pessoas como você são capazes de sentir.



Quem era você pra me falar de sentimentos?



- O que você está sugerindo? – Eu perguntei. Estranhei que não tivesse te matado na mesma hora.


- Eu odeio essa sua mania de nunca perder essa maldita pose!



- E eu desprezo seu jeito de demonstrar exatamente o que sente!


- Você não sabe de tudo que sinto!


- Sim, eu sei, Parkinson! Está estampado na sua cara! Só queria entender o porquê de você ter sido estúpida o suficiente para ter se apaixonado por mim!


- Eu ainda sou capaz de sentir...



O que você sabe sobre sentimentos?



- Eu não misturo negócios com prazer.



Eu não quis dizer isso.



- Eu não sou... – Você começou a dizer e parou.



Por que desviei meu maldito olhar?



- Você também...


- Não seja ridícula!


- Você também, Bella...


- CALA A BOCA! – Eu nunca imaginei perder o controle.


- Até pessoas como você são capazes de amar...



O que você sabe sobre o amor?



- CALA A BOCA!


- Mate-me e eu calarei!


“Você deveria ter mais cuidado com o que pede.”




Não quis te matar. Eu quis que morresse.



- CRUCIO!



***


- Não posso mais, mestre.


- Isso não é uma opção, Bellatrix.


- Eu lhe imploro, lorde, nunca lhe pedi nada. Mas hoje rogo que não me permita manter contato com Parkinson.


- Por que, Bella?


- Eu não a suporto. Ela é intolerante, vil e indisciplinada.


- Você é intolerante, vil e indisciplinada.


- Perdoe-me, mestre.


- Acatarei seu pedido.


- Milorde, eu sou muito grata.


- Saia Bellatrix.



***



Sua festa de iniciação estava marcada. Eu não poderia deixar de ir, uma vez que todos os comensais deveriam estar presentes. No intimo eu queria te ver.


Lá estava você. Assim como um dia eu estive. E você nem estava tão Bela. Mas não posso negar que seu vestido favorecia intensamente os detalhes mais sórdidos de teu corpo. Era quase desleal.


Mentira. Você estava linda. Parecia mais sonserina do que nunca. Isso me excitava.


Você estava de pé ao lado de Draco. E não parava de me lançar olhares que eu fingia não ver. A cada cálice de vinho que eu tomava, meu disfarce impenetrável se fazia mais e mais ausente.



Nosso olhar se cruzou e eu me imaginei te possuindo  ali mesmo, na frente de todos. Sua expressão era obviamente patética.



- Atenção... todos os presentes... – Draco pedia. – por favor...



Desviei meu olhar para ele.


- Hoje é um dia muito especial... Não só para Pansy quanto pra mim...


Eu o fitei.


- Primeiramente eu quero evidenciar o quanto eu a amo.


Draco te olhava de um jeito que me despertou a vontade de torturá-lo.


- ... E vejo que esse é o momento propício para...


Ele procurou algo no bolso.


- ... Eu quero agora, na frente de todos os presentes... Oferecer-lhe todo meu amor.


Se eu o matar daqui, será que vão perceber? – me perguntei meio bêbada.


- Pansy... desejo que seja minha esposa. Quer casar-se comigo?


Palmas e murmurinhos ao redor. Silêncio. Olhei pra você. É claro que você diria não.


Não. Você não disse não.




Eu te encarava. Virei o cálice de vinho de uma só vez e desejei do fundo de minha alma te torturar até a morte.



- Ela não o ama. – pensei em voz alta.


- Desde quando isso importa, Bella? – Rodolfo comentou antes de dar um gole em sua taça.




*


Vi que você se desvencilhou dos convidados e andou até a varanda. Servi-me de mais vinho e fui atrás de você.


- Feliz? – perguntei.


Você estava de costas olhando para o nada. Pensando em mim. Eu sei.


- Muito.


Andei até ficar do teu lado e olhei para o mesmo nada que você admirava. Ofereci meu cálice de vinho antes de falar.


- Mente tão mal quanto se defende.


- Teria sido melhor se você tivesse continuado a me ensinar... então...


- Não pude... – O que eu estava dizendo?


- Por quê?


Aproximei-me de tua orelha e sussurrei.


- Porque eu te amo...


- Bellatrix Lestrange não ama ninguém.


Não respondi. Em seguida perguntei:


- Você o ama?


- Amo.



Mentirosa.


Fui até seu pescoço. Despejei beijos afobados ali.


- Meu noivo pode chegar...


Eu ignorei.


- Por favor...


Fui ate sua orelha novamente.


- Negar nossos impulsos é negar tudo que nos torna humanos...


- Me deixa sair, Bellatrix...


Você me empurrou. Você me amava, não amava?


- Por quê?!


- Porque você está bêbada!



Sim, eu estava.



Marquei teu rosto com minhas mãos. Seus lábios foram tomando a cor de um vermelho intenso. E sem explicação você veio até mim de forma violenta e me beijou. Você era mais sonserina do que imaginei.


Eu retribuía teus toques de igual maneira. Jamais nego meus desejos. Assim consigo uma sinceridade inexplicável. Diferentemente de tudo em mim.


Arranquei-lhe as roupas, ali, na varanda. Queria beijar-lhe inteira. Se me fosse permitido entrar em você eu entraria. Aquela situação era excitante, não tive medo. Pescoço, colo, seios... Eu já estive com mulheres antes, mas com você naquele instante era diferente. Era como se eu pudesse me sentir... eu não queria o prazer... queria dá-lo a você.


Você era inexperiente obviamente. Seus toques eram desesperados, sua respiração estava acelerada. Eu sei que você queria acabar logo com aquilo. E ao mesmo tempo queria que durasse para sempre. Não fiz com que durasse eternamente, mas não atendi a todos os seus desejos de imediato.




*


Matei três pessoas no dia em que você disse sim à outro.




*


- Eu não quero saber teus motivos Bellatrix.


- Mestre, eu...


- Não permita que Rodolfo ou Malfoy descubram teu adultério. Tu abandonaste teus propósitos.


- Não. Isso nunca.


- Estou cansado de tuas mentiras, Bellatrix. Eu não serei tão misericordioso se precisar falar sobre esse assunto novamente.


- Sim, milorde.


- Acabe com essa história.



***


Os momentos mais belos de minha vida me foram roubados.
... ou talvez... perdidos por mim.





- Pansy, eu... – Tentei começar a por um fim. Mas comecei do jeito errado. O teu silencio me encorajou a continuar. - ... Nós... Não podemos mais continuar nos encontrando.


Você não disse nada. Por que não disse nada?


- Eu só vim aqui dizer isso. – Eu quis logo sair dali. Mas eu sabia que não seria assim tão fácil.


- Por quê? – Você quis saber.


Silêncio.


Tentei pensar em algo que te machucasse.



- Eu não te amo mais.


- Eu fiz alguma coisa que...


- Não!



Como você era burra! Não era sua culpa!



- Então...


- Aquilo não passou de diversão, Parkinson... Não acredito que você tenha pensado que... – você estava chorando. – ahn... não... pensou?



Eu estava interpretando tão mal. Só uma tola como você acreditaria.



- Eu te amo, Bella. Se isso é algum tipo de brincadeira...


- Não seja estúpida, Parkinson! Você já não é mais nenhuma criança.


- DANE-SE SUA POSE, LESTRANGE! DANE-SE ESSA SUA MALDITA POSE!


Eu te olhei.


- É o Draco? – você perguntou. – Se você quiser eu me separo dele... se você quiser eu fujo com você... eu...



O problema não era com você.



- Não seja infantil! Não tenho culpa de você ser estúpida o suficiente para ter acreditado que eu realmente senti algo por você...


- Não foi uma mentira...



Não havia sido.



- Foi divertido. – eu disse. – Mas acabou.


Você andou até mim. Tocou meu rosto e olhou em meus olhos.


- Eu morreria por você, Bellatrix.


- Que comovente.



... e realmente era.



- Fui realmente feliz ao seu lado.


Silêncio.

Você estava próxima demais. Eu estava no limite de meu autocontrole.


- Diga-me que também me ama...



Tentou me beijar. Não permiti. Não poderia deixar que se ferisse. Chorei.


- POR QUE, DIABOS, VOCÊ ESTÁ CHORANDO?! – você havia mudado. – SE SEREI EU QUEM VAI SOFRER?! SE SEREI EU QUEM VAI TE PERDER?!


- Pansy, escute-me...



Tirei a máscara.



- É mais seguro para nós duas nos afastarmos. Não suportaria vê-la sofrer...


- EU JÁ ESTOU SOFRENDO!


- IDIOTA! CALA A BOCA! PRESTA ATENÇÃO! SABEM SOBRE NÓS!


- Vamos fugir!


- Será que você não entende? Não podemos...



Uma vez comensal... sempre comensal.



- Eu não vou suportar viver longe de você.



Você era egoísta.



- Olha, Parkinson, é mais seguro pra você não me procurar mais.





Deixei o quarto. Não conseguia conter minhas lágrimas. Será que aquilo era amor? Será que eu realmente te amava? Só percebemos o amor quando o perdemos? É assim? Não... Não? Então por que dói? Por que parece que vou morrer?


*

Saudade. Essa foi a ultima palavra que dediquei a você.



Então,
quando percebi que não saberia viver sem te ter ao meu lado...


quando me dei conta que te amei desde o momento em que te olhei...


quando eu quis realmente abandonar tudo por ti...



você não estava lá.



Você não estava em teu quarto. Você não estava na casa de seu marido. Você não estava em Londres. Você não estava na Inglaterra. Você não estava na Europa. Você não estava mais em parte alguma.


Você não estava mais em mim.


Fiquei doente. Ninguém sabia o porquê. Eu sabia. Você se foi e levou minha lucidez. Você se foi e levou meu ar. Levou meu sangue. Levou minha luz. Eu não saberia viver sem ar, sangue ou luz. Eu não pude te achar e acabei me perdendo. Não morri por você. Não atei a corda em meu pescoço por você. Não pulei da janela e quebrei meu pescoço por você.



Foi por mim.


 


 


 

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