A festa no salão.
A noite de vinte e quatro de dezembro estava agitada. Animada, cheia de paz e muita união.
O salão de festas do prédio estava lotado de pessoas, todas conversando, rindo e se distraindo. Molly era a organizadora da festa e todos ali foram convidados por ela, pois já sabiam que a festa sempre seria farta e positiva.
Ron continuava escorado na parede mais afastada da porta, olhando fixamente para a mesma, com a esperança de ver Hermione ali adentrar e vir na sua direção com o rosto corado. Mas a festa havia começado há meia hora e ela não surgira. Tampouco sua mãe.
...
- Mãe, isso não vai bater com meu tipo de personalidade – Hermione resmungava enquanto sua mãe lhe ajudava a pôr o vestido.
- Quê isso, esse vestido está lindo em você. Caiu como uma luva! Você está uma graça – sorriu ao terminar de ajudá-la a pôr as mangas.
- É, tenho que admitir. O vestido é realmente bonito... – sorriu ao se olhar no espelho. O vestido roxo com alguns detalhes em dourado realmente lhe caia bem. Seu cabelo estava preso em um coque elegante, com apenas uma mecha caindo sobre os olhos. A maquiagem estava leve e as sandálias pretas um tanto altas. Sua mãe trajava um elegante e longo vestido da cor marfim, os cabelos soltos em vários cachos, a maquiagem também leve, e o salto da sandália eram altos.
- Você também está bem linda, mãe – Hermione elogiou.
A matriarca corou um pouco e sorriu. Era sanguíneo: ambas recebem elogios e coram loucamente.
- Tudo bem, a Molly deve estar desesperada atrás de nós. Éramos para estarmos no salão há uns quarenta minutos – olhou seu elegante e fino relógio de pulso.
- Certo. Vamos, então – assentiu. As duas saíram do apartamento de Amélia, fecharam as luzes e portas, e desceram para o térreo, onde havia um salão, no qual recebia alegre festa.
...
- Gina? – Ron perguntou para a irmã que ali passava, sussurrando no telefone. A garota percebeu, disse mais algumas coisas para a pessoa do outro lado da linha, desligou e o olhou.
- O quê? – perguntou.
- Você viu a Hermione por aí? – teve medo de parecer interesseiro, então manteve a voz firme e desinteressada.
- Estava falando com a mãe dela no celular. Elas estão descendo – sorriu.
- Ah, certo... Só isso, valeu – sorriu aliviado. Respirou fundo e abanou-se com seu blazer, este seguro em uma de suas mãos. A outra mão encontrava-se enterrada em um dos bolsos. O par de sapatos sociais lhe dava um ar diferente, pois ele nunca fora de usar algo do tipo. Sua calça era jeans escura e sua camisa era social, com a manga longa enrolada até o cotovelo. Seus cabelos ruivos não tinham concerto, não fez questão de passar quilos de gel, deixou-os rebeldes, como sempre foram.
Ele notou sua irmã. Ela trajava um vestido vermelho (um tanto claro, quase sendo rosa), um pouco abaixo dos joelhos – para seu grande alivio –, o salto era preto e seus cabelos ruivos estavam presos em uma longa trança.
Estava adorável e elegante. E ele ainda lembrava-se de vê-la vestindo qualquer roupa quando mais nova. Lembrava de ela misturar sua fantasia de fada com a de bruxinha para ir à padaria com sua mãe. Pegou-se rindo sozinho. Ela agora estava virando uma mulher e teria que engolir isso. Por mais que as pedras lhe rasgassem a garganta.
-... Até que enfim! Achei que tinha desistido da gente! – a voz de Gina o fez despertar dos pensamentos alheios e fitar o portão de entrada. Como esperava, Hermione atravessou a passagem bastante corada. E ela estava linda, deslumbrante, maravilhosa. Nunca se lembrou de ter visto uma pessoa tão linda quanto ela. Sua namorada vagava por aí alegre, mas sua indecência em roupas não a deixava mais atraente. Hermione parecia simples, e tão importante ao mesmo tempo. Foi quando o corpo começou a agir.
Seu coração começou a bater fortemente contra suas costelas, lhe dando fortes arrepios. Sentiu como seu uma saca de gelo tivesse passado por sua garganta e caído bem em cima de seu estômago. Este quase rodopiando. Os pés paralisados e os olhos vidrados. Sua face deixava claro o seu cômico ar de espanto. Parou quando Gina pisou em um de seus pés, de propósito. Ele tomou um susto com a dor, tamanha esta, e mordeu o punho para evitar gritar e causar problemas maiores.
Hermione chegou até eles um tempo depois de Gina lhe causar este pequeno acidente proposital.
- Oi – sorriu tímida.
Ele não conseguira dizer nada, a não ser um belo sorriso de canto e um olhar brilhante.
- Viu só? Além da família, tem todos os moradores do prédio, você não está sozinha – Gina pronunciou-se.
- É, tudo bem, você e sua mãe me convenceram – ela revirou os olhos, divertida.
Ron continuava a fitando. Ver sua pequena boca, perfeitamente desenhada e coberta por uma pouca camada de brilho labial, mexendo-se lhe dava uma vontade insaciável de beijá-la. Ele teve que focar seu olhar em outro ponto, antes que não pudesse controlar. Avistou Lilá com seu vestido indecente: preto, um palmo acima do joelho, uma abertura nas costas e um decote exagerado na frente. A vontade parou, e ele sentiu nojo de si mesmo por ter beijado-a tantas e tantas vezes.
- Você vai? – a voz de Hermione o fez a fitar novamente. Assustado com sua falta de educação.
- Ir... Para onde? – pronunciou as palavras cuidadosamente.
- Sua namorada está te chamando ali tem um tempão – ela respondeu muito séria.
- Está? – procurou Lilá com o olhar novamente e ela de fato estava acenando para ele. Fingiu não ter percebido e voltou sua atenção a Hermione. – Não estou vendo.
- Não? – arqueou a sobrancelha. – Ela está bem ali... – virou-se para apontar para ela.
- Tudo bem, que tal um refrigerante? – ele interrompeu-a, envolveu seu pescoço com um dos braços, para evitar que ela apontasse para a loira exaltada e a carregou consigo, juntamente com Gina, para a mesa de aperitivos e bebidas.
- O quê que você tem? – Hermione indagou depois que Gina se serviu e fora receber Harry, que acabara de chegar.
- Como assim? – perguntou virando seu quinto copo de refrigerante, sem ligar para o gás que machucava sua garganta.
- Você está pensando em se embriagar com isso? – ironizou. – Olha, lamento lhe informar, mas esse refrigerante não possui álcool.
- Não sei do que está falando – ia pondo o sexto copo em sua boca quando ela pôs a mão sobre o dito cujo. O contato dos lábios gelados de Ron em sua mão a fez sentir um choque elétrico por todo o corpo e ele percebera que sua mão era realmente macia. A garota, para evitar constrangimentos maiores, afastou a bebida dele e virou-se para comer alguma coisa que a fizesse não falar mais nada, além disso.
- Valeu. Eu realmente fiquei meio agitado com esse negócio do refrigerante – ele pediu desculpas com o olhar e ela assentiu.
- Tudo bem, se essa é sua forma de esquecer a Lilá, meio que deu certo – deu de ombros.
- Deu? – arregalou os olhos.
- Ela me viu aqui com você... Agora – corou fortemente. – E resolveu se atracar com um cara logo ali – apontou para o lugar mais fundo do salão.
- Perfeito! – Hermione achou que ele fosse pirar por causa da quantidade exagerada de água gaseificada com sabor de guaraná. Mas a voz dele continha gosto e alegria. Ela o fitou e ele sorria. – Vou acabar com isso agora mesmo... – tentou se afastar, mas ela segurou em seu pulso, assustada.
- O que quer dizer? – ela perguntou.
- Vai ser minha chance de ganhar um motivo para terminar com ela. Quando menciono terminar do nada, ela se apega ainda mais a mim. Mas agora ela está me traindo, eu tenho meus motivos! Obrigado mesmo, Hermione – e saiu em direção à loira.
Hermione bufou alto e pegou o copo que Ron iria beber e o engoliu de uma vez. Não sabia dizer o que sentia: se o frio na sua barriga era por conta da entrada exaltada do guaraná em seu estômago ou era por que estava sentindo borboletas lutarem por um espaço adequado.
Resolveu encontrar Gina. Esta lhe apresentou o famoso Harry.
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