A simpática Molly weasley.



O dia seguinte amanheceu bem frio. Como vira no canal da previsão do tempo. Essas coisas mais modernas ainda assustavam um pouco. Levantou-se rapidamente, tomou seu banho e desceu para o apartamento de sua mãe.


Bateu de leve na porta e esperou a resposta. Fitou os pés.


O som de porta sendo aberta fora ouvido e ela ergueu o rosto, esperando que fosse sua resposta. Mas era no apartamento vizinho. Para seu azar, era o tal garoto que lhe enchera a paciência no dia anterior.


- Bom dia – sorriu.


 


- Bom dia – respondeu simpática. Ela recebera uma ótima educação, e nenhum garoto podia lhe impedir de botá-la em prática.


 


- Nossa... Acordou com o pé direito, hoje – comentou, fechando a porta do apartamento de sua mãe, escorando-se na parede, olhando-a.


 


- Eu sempre acordo bem humorada, para sua informação – sorriu. Fez o possível para não reparar em seu tipo físico. Mas era inevitável. Ele era, realmente, alto. Seus cabelos eram ruivos e sem comporte. Sua camiseta era verde, com o logo do jogo ‘Guitar Hero’. Sua calça era jeans azul clara e seu all-star tinha como estampa a bandeira da Inglaterra. – Você costuma ir cedo para festas? – arqueou a sobrancelha, olhando-o indiscretamente dos pés à cabeça.


 


- Não – riu pelo nariz. – Gosto de me vestir assim. Me deixa preparado para ir aonde eu quiser, na hora em que eu mais desejar.


 


- Interessante - disse, batendo novamente na porta do apartamento de sua mãe.


 


- Ah, esqueci de dizer. Sua mãe foi comprar algumas coisas para o aniversário da minha irmã hoje à noite. Ela mandou dizer que deixou tudo pronto aí para você e que a chave está debaixo do tapete – apontou para o chão.


 


- Obrigada – sorriu agradecida, abaixando-se para pegar a chave. Ao achá-la, abriu a porta.


 


- Você pode vir, se quiser... – sugeriu, dando de ombros.


 


- Ah, sua mãe me convidou. Pode ser que eu vá.


 


- Tem algo mais interessante para fazer de noite? – cruzou os braços, divertido.


 


- Não – sorriu tímida.


 


- Ótimo. Então não tem desculpas. Venha, Gina vai adorar conhecê-la – sorriu.


Antes de entrar, perguntou-lhe:


- Como você é de verdade?


 


- Como assim? – riu pelo nariz. – Não entendi.


 


- Você não era assim ontem – arqueou as sobrancelhas, pondo as mãos na cintura. Sua expressão mandona o fez lembrar sua mãe.


 


- Eu não estava com um ótimo dia ontem. Desculpa. Tenho esses problemas. E na maior parte das vezes eu...


 


- Desconta nos novos residentes, fazendo com que sua mãe receba reclamações duas vezes por semana. É, eu sei – sorriu divertida, vendo a expressão assustada dele.


 


- Minha mãe te contou isso, é? – suas orelhas queimaram. Hermione notou e sorriu de canto.


- A gente se vê de noite, Ronald – abriu a porta, ainda sorridente, e entrou no apartamento. Trancou a porta e foi para a cozinha.


Comeu tudo o que estava posto na mesa, e meia hora depois sua mãe apareceu com Molly. As três começaram a conversar, e foram arrumando as sobremesas e as pipocas. Animadas, ficaram assim até as duas horas da tarde. Depois disso saíram para comprar uma roupa bonita para Hermione, que apenas observava as matriarcas lhe pedindo opinião. Ela nunca foi de dar muito opinião. Sempre no meio a meio. Nada era muito feio ou muito bonito para ela.


Mas conseguiram achar a roupa certa e voltaram para casa, depois de darem voltas inacabáveis em shoppings. Hermione ainda achava tudo aquilo muito estranho, mas estava gostando.


Quando o relógio marcou cinco da tarde, elas decidiram voltar. Ronald esperava a mãe na porta do apartamento, sentado no chão, escorado na parede, olhando a própria mão. As três saíram do elevador rindo e se assustaram ao ver o garoto ali.


- Ron, meu filho, o que está fazendo aí? – Molly perguntou. Ao ouvir seu nome, o garoto ergueu o rosto e fitou as mulheres. Levantou-se de imediato.


 


- Estava esperando a senhora – respondeu.


 


- E a Gina, como é que está? – perguntou, entrando no apartamento de Amélia, juntamente com Hermione, a dona e o filho. Molly ajudou a amiga a guardar as coisas compradas, atenta nele.


 


- Bom, foi esse um dos motivos para eu ter saído de lá. Eu não quero estar perto quando a Gina der chiliques – sentou-se no sofá, após pedir licença à Amélia.


 


- Ela está muito agitada – comentou Molly com Hermione, que sentou em uma poltrona. – A festa está fazendo-a ficar muito nervosa.


 


- Ela parece que vai fazer quinze anos – disse Rony, revirando os olhos, cansado. Hermione riu discretamente. Nunca soubera como seria uma festa de quinze anos, mas sua mãe sempre lhe dizia que na cidade muitas garotas se descabelavam com os preparativos.


 


- Ela vai fazer dezoito anos. Isso para ela se chama cartões de crédito e liberdade juvenil – Molly disse simplesmente.


 


- Cartões de crédito? – Hermione arqueou a sobrancelha.


 


- É o doce mais desejado pela maioria das mulheres – Ronald respondeu rindo.


 


- Cartões de créditos são doces? Como assim? – ficou mais confusa ainda. Ronald parou de rir no ato. Seu sorriso desaparecido deu lugar a um rosto indignado. Nunca vira em toda sua vida uma garota que não soubesse o que é cartão de crédito.


 


- Você está brincando comigo, certo? – riu-se, nervoso.


 


- Ronald, esqueceu que eu havia lhe dito que ela fora criada em campos abertos? Onde não havia internet, ou qualquer outro meio eletrônico moderno? – Molly o interrompeu.


 


- Ah, é mesmo – sorriu. Dirigiu-se a Hermione. – Agradeça por não saber o que é cartão de crédito. Isso é obsessivo. Você é uma garota única, sabia? – riu.


 


- Obrigada – ela corou fortemente. – Bom, mãe, vou levar a roupa lá pra cima. Vou começar a me arrumar.


 


- Você precisa de duas horas? – Ronald pôs-se outra vez indignado.


 


- Ronald, Hermione não é nenhuma caipira, Ok? Ela precisa estar bonita – Molly o olhou severamente.


 


- Mas para quê tanto tempo? Ela já é! Duas horas é exagero! – indignou-se. Hermione corou mais ainda, pegou a sacola de sua roupa nova e foi para o elevador.


 


- Que ótimo, Ronald! Ela deve ter se ofendido – Molly bateu no ombro do garoto.


 


- Ela não se ofendeu.  Só não está acostumada com tudo ainda – Amélia interrompeu.


 


- Tudo bem. Vou para meu apartamento arrumar a janta. Já que a festa é só para jovens – sorriu. – Vá para o seu, querido – dirigiu-se a Ronald.


 


- Tudo bem – sorriu, despediu-se das mulheres e pegou o elevador.


Hermione chegou ao seu apartamento e correu para seu quarto ver a roupa. Nunca vira algo tão bonito. Suas roupas sempre foram tão simples. Em geral, nas suas festas, ia de camisa social estampada em xadrez, calça jeans e botas. Mas esta era... Diferente de todas as outras. E caia muito bem nela.


Umas batidas na sua porta a impediu de começar a se trocar. Foi para o hall e abriu-a.


Era Ronald.


- Ah, eu atrapalhei alguma coisa? – perguntou desconcertado.


 


- Não. Eu ia começar a me vestir – arrumou uma mecha teimosa de seu cabelo atrás da orelha. – O que deseja?


 


- Eu ia para o meu apartamento agora... Bom, decidi passar aqui. Você não se ofendeu com o que eu disse, não é?


 


- Claro que não. É que é estranho estar no meio de tanta gente... Atual, diga-se – sorriu sincera. – A linguagem às vezes me é esquisita.


 


- Ah, que bom – sorriu aliviado. – Era só. A gente se vê na festa?


 


- Com certeza – sorriu mais uma vez. Ronald entrou no seu apartamento. Ela entrou no seu e foi para o quarto, para se vestir.


 


XXX

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