Por onde começar
Capítulo 4: Por onde começar
Demorou muito para que alguém falasse, por alguns minutos nenhum som fora produzido. Os objetos em toda a sua simplicidade não diriam mais a todos se fossem pessoas, afinal, sua presença trazia de volta aquele tão amável casal, a situação poderia ser descrita como se a Thiago e Lílian tivessem voltado do mundo dos mortos.
Alex, que tinha se levantado, sentiu uma repentina fraqueza nas pernas e viu-se forçada a sentar-se novamente em sua cadeira com uma expressão chocada e perturbada. Não havia o que dizer... na verdade havia, havia muito o que falar sobre a possibilidade de seu mais querido primo (único por sinal) estar vivo, esperando que alguém venha para tirá-los de onde quer que estejam e dizer-lhes que tudo estava bem e que sua vida poderia continuar como sempre. A jovem fitou as duas varinhas por mais um instante enquanto revia suas motivações, depois se levantou e, sem levantar os olhos, disse dirigindo-se a Dumbledore usando um tom baixo e triste, como que se estivesse a fazer uma sentença:
-Ele sabe?
Dumbledore olhou-a incerto, fechou os olhos e se pôs a refletir sobre o que dizer, após alguns poucos minutos que mais pareciam uma eternidade soltou um longo suspiro e disse:
-Não, acho que ainda é muito cedo para dizer a ele, dar-lhe falsas esperanças não fará bem algum - a ruiva concordou com a cabeça - Sem falar que seria prematuro afirmar que Lílian e Thiago estão vivos. A carta foi escrita há muito tempo, a letra, já me foi confirmado pertence a Thiago, mas eles podem ter sido mortos nesse meio tempo.
-Não! - a voz saiu com um tom de mágoa - Thiago era muito forte, Lily também. Eles não morreriam facilmente, nunca! - a mulher finalmente levantou a cabeça, agora com lágrimas nos olhos - Eu vou procurá-los, farei tudo o que for preciso... e vou encontrá-los!
O silêncio reinou na sala enquanto todos comtemplavam Alex, absortos em seus próprios pensamentos. Diferentemente, Dumbledore abriu-lhe um largo sorriso:
-Eu sei disso, Alex. Todos aqui sabem - respondeu num tom sereno - e todos estaram a sua disposição para tudo o que necessitar. Eu acredito que você é a pessoa certa para um caso tão delicado como esse, está livre para agir como bem lhe aprouver, mas há uma única condição, não revele nada o que descobrir para o Ministério - uma rápida pausa se fez a essa exigência - Ele tem usado o Profeta Diário como escudo para que a população não se vire contra ele, passa todos os fatos como algo favorável e dá a impressão de que está de acordo com tudo o que ajudaria na grande missão de proteger a todos da catástrofe. Entre os vários escudos que tem usado, o que se mostrou mais efetivo foi, sem a menor sombra de dúvida Harry, eles tem feito comentários mostrando sua aprovação e total apoio ao garoto que um dia derrotou o Lord das Trevas e que poderá fazê-lo novamente. Mesmo que inconscientemente, Harry se tornou um símbolo de esperança para todo o mundo, e o Ministério tem se aproveitado disso, tratando-o como um garotinho que deve ser protegido enquanto se prepara para derrotar o pior de todos os inimigos, sendo o Ministério esse protetor. Se é que me entende, uma história dessas acabaria por fortalecer a imagem de Harry como o herói trágico de uma história épica e isso é a última coisa da qual ele está precisando no momento.
Todos o olharam com respeito e admiração, enquanto confirmavam que a notícia seria mantida em segredo até segunda ordem. Sendo assim, se deu por encerrada a reunião.
---------------------------------MAIS TARDE NAQUELA MESMA NOITE--------------------------
A busca começaria no dia seguinte, uma vez que podiam estar numa luta contra o tempo, não havia motivo para se demorarem. Alex tinha esses pensamentos em mente quando alcançou a porta de seu quarto, mau tivera tempo de arrumá-lo, ainda haviam roupas para pendurar no armário e muitos dos seus objetos pessoais estavam atirados de qualquer jeito no chão. É, ela nunca foi o que se chamaria de organizada!
Com um suspiro fez seu caminho para dentro do aposento, já estava recolhendo os diversos ítens espalhados desordenadamente por todo o cômodo quando ouviu uma batida na porta, lá fora a sempre gentil voz de Lupin pedia permissão para entrar. Permissão que Alex não tardou em oferecer.
Ao entrar, o bruxo riu-se da bagunça na qual o quarto se encontrava. É, ela não mudara em absolutamente nada. Ele logo se juntou a ela na organização do quarto deixando finalmente o aposento em condições de uso. Com um sorriso de agradecimento Alex perguntou:
-O que acha de uma xícara de chá antes de dormir?
-Seria uma excelente idéia.
Os dois se dirigiram até a cozinha, o chá de Alex sempre foi delicioso, enquanto bebiam, Lupin teve a oportunidade para discutir o assunto o qual merecia uma grande urgência.
-Então, como pretende começar nossa busca?
A mulher olhou-o de forma fazia, pelo jeito ainda não tinha pensado nisso. Ficou a refletir por alguns minutos, tirou o papel que Dumbledore lhe entregara contendo a mensagem de Thiago, passou seus olhos sobre ele e disse para Remus:
-Talvez pelas pessoas que foram citadas por Thiago, aqui diz que eles conquistaram a simpatia de um elfo doméstico e que seu carcereiro chamava-se Éster. Talvez devessemos procurar por eles.
-Isso não vai ser fácil. Não esqueça que a carta tem uns dez anos, não há garantias que qualquer um dos dois tenha permanecido sob as ordens de Lúcio por todo esse tempo.
-Para que você acha que serve o Ministério? Se alguém chamado Éster algum dia já trabalhou para Malfoy com toda certeza eles teram isso tudo documentado e arquivado.
-Eu não estou tão seguro disso. Malfoy sempre teve muitos serviçais clandestinos, isso já foi provado na reviravolta que deram na casa dele, sem falar que não temos certeza de que usa o mesmo nome ou se ainda está na Inglaterra.
-O elfo doméstico então, eles também devem ser registrados e não há nenhum motivo que obrigasse Malfoy a não fazê-lo.
-Nisso você tem toda a razão mas Malfoy tinha dezenas de elfos domésticos, não sabemos por quem procurar, além disso o Ministério vai pedir explicações para qualquer pesquisa que fomos fazer em seus arquivos. Não se esqueça que prometemos a Dumbledore de que manteríamos segredo absoluto sobre o “resgate” dos Potter.
Alex olhou-o com uma expressão vazia, esses pequenos “imprevistos” ainda não tinham lhe ocorrido. Mas isso não poderia servir de obstáculo, se Thiago e Lily estivessem vivos iria encontrá-los, não importa o quão difícil isso seria. Pensou nos dois sozinhos em uma cela imunda e escura, podendo ter sua vida tomada a qualquer momento por Lúcio Malfoy. Não! Eles tinham que estar vivos, já não sabia o que fazer, perdera seu querido primo e sua melhor amiga na mesma noite, sem falar que Dumbledore disse que seria melhor que aqueles malditos Dursleys cuidassem de Harry. Ora, ele era seu sobrinho também, tinha todo o direito de assumir essa responsabilidade.
Depois de pensar em tudo isso, enterrou o rosto nas mãos e deixou que lágrimas lhe escapassem. Lupin não pode se conter ao vê-la desse jeito, se aproximou e tocou em seu ombro gentilmente. Ofereceu a jovem um sorriso doce e disse em tom de consolo:
-Sabe, se existe alguém que conhecia muito bem Thiago, esse alguém sou eu, e posso lhe garantir que nem ele nem Lily morreriam facilmente. Eles eram fortes, muito mais do que qualquer um sonharia em ser e tinham um ao outro, eu sei que eles estão vivos Alex, eles tem que estar.
Alex enxugou as lágrimas e sussurou:
-Obrigada, Remus. Você é mesmo a pessoa mais gentil do mundo.
Lupin não pode impedir a si mesmo de corar ao ouvir isso. Qualquer lugar que fosse todos pensavam isso, ele sempre era a pessoa gentil e bondosa pronto para ajudar a qualquer um. Talvez fosse parte de sua natureza, não sabia ao certo o que fazia com que os que estavam a sua volta o considerassem um protetor que está sempre ao lado, de qualquer forma, já estava acostumado com isso, mas era a primeira vez que Alex o chamava de gentil, nunca pensara que ela o visse dessa forma também.
Pensando nisso não pode evitar um sorriso, entregou-lhe um lenço para enxugar o rosto, o qual ela aceitou com prazer. Depois levantou-se e estava devolvendo-o.
-Pode ficar - disse Remus.
Ela acenou afirmativamente com a cabeça e saía da sala.
-Obrigada, Remus.
Lupin baixou seus olhos para a mesa enquanto tentava não ouvir os passos rápidos indo em direção oposta. Isso lhe permitiu comtemplar o pergaminho que Alex esquecera ali a pouco, teria que devolvê-lo mais tarde. Relia a mensagem várias e várias vezes como se tentasse encontrar alguma coisa que ninguém vira antes, olhava-o como se no pergaminho fosse aparecer escrito do nada onde Lílian e Thiago estavam, como se uma mão invisível fosse escrever a informação logo ali. De repente sua mente se iluminou, a resposta para tudo estava bem ali!
Se levantou de um salto e pô-se a correr com o pedaço de pergaminho na mão. Interceptou Alex no meio da escada e lhe disse em poucas palavras o seu plano. Sem se conter abraçou Remus, este se assustou com a reação mas se reconpos e retribuiu o abraço, enquanto ela dizia entre lágrimas:
-Obrigada, Remus... muito obrigada.
---------------------------------------------NO DIA SEGUINTE-------------------------------------------
Alex acordou muito cedo, na verdade, não se pode considerar que ela realmente tenha dormido. Acordou depois de algumas míseras horas de sono pronta para por em prática a idéia que Lupin tivera noite passada, realmente, não sabia o que faria sem ele.
Chegou ao hall esquecendo-se do retrato da mãe de Sirius que estava ali pregado, segundos depois toda a casa misteriosamente despertou. Logo pode ouvir Sirius descendo as escadas correndo enquanto amaldiçoava toda a sua família, ao chegar, forçou as cortinas para poder abafar os gritos estridentes da senhora Black. Quando finalmente conseguiu silenciá-la suspirou aliviado e voltou-se para Alex:
-É, até depois de morta ela dá trabalho! O que faz aqui tão cedo?
-Pensei que Lupin já tivesse dito. Ah! Que cabeça a minha já era muito tarde, você provavelmente já estava dormindo.
-Dito o que? - perguntou um curioso Sirius.
-Sobre a carta, Remus e eu estávamos revisando-a ontem à noite para tentar encontrar alguma pista sobre o paradeiro de Thiago e Lily - Sirius abriu um largo sorriso, a felicidade com que falava tornava evidente que eles haviam descoberto alguma coisa - Depois de analisar todas as possibilidades Remus se lembrou de um elfo doméstico chamado Dobby que, ao que parece, serviu Malfoy por um longo tempo e, por isso, conheceu muito bem a velha mansão. Nesse caso é bem provável que saiba de alguma coisa, ele pode até mesmo ser o elfo doméstico da carta!
O sorriso de Sirius ficou ainda maior. Dobby, é claro! Por que não pensaram nele antes? Era tão óbvio, talvez fosse justamente isso que os impedira de raciocinar, estava fácil e óbvio demais para seu gosto. Refletiu por uns momentos para terminar dizendo:
-Certo, vamos falar com Dumbledore, Dobby trabalha para Hogwarts agora, não vai ser problema falar com ele, especialmente depois do que ele tem sofrido nas mãos dos Malfoys! Alex, eu vou até a lareira da sala de jantar procurar por Dumbledore, enquanto isso chame Remus, tenho certeza de que ele já deve ter acordado depois de toda essa gritaria.
A garota corou, afinal “ela” era o motivo de toda gritaria, mas confirmou com um aceno de cabeça e correu para o quarto de Remus. Ao que tudo parecia Sirius concordava com a idéia de procurar Dobby, era a sua melhor chance de descobrir o paradeiro de Thiago e Lílian.
Chegou ao quarto de Lupin rapidamente, bateu na porta mas não recebeu resposta, tentou de novo, e de novo não se ouviu ruído. Um tanto relutante, resolveu entrar, ele provavelmente estava dormindo e teria que acordá-lo. Abriu a porta devagar, podia ouvir o rangido alto que ela fazia, deu uma boa olhada dentro do aposento, mas não havia ninguém à vista. A porta do banheiro estava fechada, Alex podia ouvir o som de água caindo, pelo visto Lupin resolvera tomar um banho, nesse caso só restava esperar, mas não sabia se poderia encontrá-lo de novo, considerando que ele poderia sair da casa dos Black a qualquer momento sem o conhecimento dela ou de Sirius.
Bem, era só bater a porta, avisar que era ela e que eles estariam esperando por ele na sala de jantar, sem problemas. Alex estava de frente para a porta quando esta se abriu repentinamente, havendo um Lupin apenas de toalha do outro lado. Ambos sentiram o rosto corar, ela queria desviar os olhos mas não conseguia sentir o corpo, nenhum dos dois era capaz de falar.
Minutos depois, Alex acordou de seu transe e caiu no chão enquanto tentava recuar. O susto fez Lupin voltar a si e rapidamente fechar a porta do banheiro. A garota jogada no chão se levantou lentamente ainda atordoada, isso definitivamente não estava em seus planos, ela se aproximou da porta e recostou-se nela, sem saber ao certo o que fazer para consertar a situação.
-Me desculpe - ela disse quase que num sussurro mas alto o bastante para que Remus ouvisse - não pensei que você estivesse saindo do banho, eu só vim para avisar que Sirius e eu estaremos seperando você na sala de jantar para falar com Dumbledore sobre Dobby.
-Está certo - disse um constrangido Lupin enquanto pegava suas roupas e entrava no banheiro para se trocar.
Alex achou melhor esperar, enquanto isso deu uma boa olhada no quarto. O fato de estar muito bem arrumado não impressionou a garota, afinal, visitara os marotos muitas vezes durante os sete anos que esteve em Hogwarts e, considerando o senso de organização dos outros, a cama de Lupin era muito fácil de identificar sendo a única que estava sempre arrumada mesmo quando os elfos domésticos não estavam. Era engraçado a forma lembrava daquele dormitório, o canto de cada um tinha as características de seu dono, as camas de Thiago e Sirius eram iguais, a não ser por um pomo de ouro que Thiago guardava cuidadosamente, ou então, quando um dos dois estava doente e passava a noite na enfermaria o lugar ficava estranhamente limpo e arrumado; o canto de Pedro era o mais sem graça, não era organizado como o de Lupin nem tinha a vida dos de Thiago e Sirius, se resumia em um amontoado de travesseiros e cobertores, nada mais.
-Alex, tudo bem?!?! - disse Lupin que se preocupara ao vê-la daquele jeito logo que saiu do banheiro. A frase fez a garota acordar de seus devaneios
-Sim, claro - disse constrangida depois de ter percebido quanto tempo havia ficado parada olhando o nada - Remus, desculpe novamente a intromissão, só tinha vindo para avisar você, não esperava que fosse - ela corou novamente.
Dado o recado, Alex se virou para sair mas acabou por esbarrar num criado-mudo e derrubou um porta-retrato, fazendo com que o vidro se estilhaça-se no chão, ela automaticamente empunhou a varinha e disse um suave Reparo, imediatamente o porta-retrato se reistruturou. Alex apanhou-o do chão e virou-o para ver a foto; nesse instante ela pareceu entrar em choque, quando viu uma imagem dos marotos juntos de Lily, dela e de uma garota de cabelos loiros e olhos azuis, todos sorrindo e acenando alegremente. Com exceção de Thiago que se ocupava em abraçar Lílian e Remus que fazia o mesmo com a garota loira.
Em seu transe, Alex não percebeu o que o retrato escorregava de suas mãos e atingia novamente o chão. O barulho de vidro se quebrando fez ela acordar e olhar a bagunça que tinha feito duas vezes.
-Reparo! - disse Remus, em seguida pegou o retrato já inteiro e colocou-o em seu devido lugar. Em seguida dirigiu-se para Alex ainda estática, agachada no chão.
-Está tudo bem - disse preocupado.
-Sim, tudo bem. Me desculpe, não foi de propósito.
-Eu sei que não - respondeu em um tom ameno e abriu mais um de seus sorrisos doces - eu estarei pronto em um minuto, avise Sirius que já vou descer.
Ela fez um aceno de cabeça positivo e saiu do quarto logo depois.
Ao ouvir o barulho da porta se fechando Lupin se dirigiu ao seu guarda-roupa e começou a se trocar. Não esperava que Alex o surpreendesse desse jeito, seria melhor tomar o cuidado de trocar aquela bendita foto de uma vez. Não que Alex tenha feito tudo intencionalmente, isso não era coisa dela mas ela tinha o péssimo hábito de cometer o mesmo erro mais de uma vez. Ainda se lembrava do tempo em que estudavam em Hogwarts.
-----------------------------------------------FLASHBACK-------------------------------------------------
-Pela milésima vez, não é assim - repetiu o Pr.º Flitwick por aquilo que poderia ser realmente a milésima vez - Vou mostrar de novo, desta vez preste atenção! Accio almofada!
No momento seguinte uma das almofadas voava na direção do professor e caía aos seus pés.
-Viu como é simples? Agora tente você.
A garota de cabelos cor de fogo olhou para o amontoado de almofadas que se encontrava do outro lado da sala, então empunhou a varinha, mirou em uma delas que se encontrava no centro de toda a bagunça e falou incerta:
-A - A - Accio almo -fa - d - das!
No momento seguinte todas as almofadas que estavam na classe voaram em sua direção, ao perceber o choque inevitável, se protegeu embaixo da mesa (lembrando que a “mesa” se trata de um balcão comprido onde os alunos se posicionam em intervalos regulares) que agora lhe servia de trincheira, impedindo que ela fosse esmagada.
Depois de algum tempo não se ouviu mais o barulho das almofadas assassinas se espatifando para todos os lados, ela então se levantou e qual não foi sua surpresa ao preceber todos na classe aderiram a sua idéia de se entrincheirar atrás da mesa, ou melhor, quase todos, no chão podiam ser vistos o Pr. Flitwick e Rabicho estatelados com um turbilhão de almofadas a sua volta.
Alex sentiu o rosto quente, olhou para os lados procurando o apoio dos seus amigos, mas Sirius e Thiago estavam muito ocupados se matando de rir, atividade a qual a sala inteira realizou poucos segundos depois, até mesmo Lupin foi tomado por um repentino ataque de tosse para esconder o riso por de trás das mãos, Lily estava tão abalada quanto ela própria.
Dois alunos ajudaram o professor se levantar, uma vez de pé ele fez as dezenas de almofadas espalhadas pelo chão se reorganizarem em pilhas a um canto da sala, depois pronunciou:
-Bom, pelo menos foi um progresso - a classe foi tomada por novo ataque de risos - Sr.ª Potter receio que deva usar o feitiço com um pouco mais de calma, afinal ele foi realizado corretamente o que saiu errado e o objeto que deveria ser convocado, mas foi perfeito de qualquer maneira - Alex respirou aliviada, poderia ter levado uma bronca ou sermão ou pior, poderia perder pontos para a Grifinória, isso sim seria um desastre - Acho que por hoje é só, classe dispensada!
O professor mal terminara de proferir as tão esperadas palavras e Thiago já estava indo em direção da prima rindo-se.
-Muito boa, Alex! Nem mesmo eu teria pensado em algo do gênero, podemos usar uma tática assim contra o Ranhoso durante o jantar, só que com pratos. O que acha?
-Muito engaçado - disse fazendo uma careta - eu quase morri e você vem tirar sarro?!?!?!
-Eu nunca faria isso de você! - disse fingindo uma voz inocente.
-E o que está fazendo nesse exato momento?
-Ei! A idéia dos pratos durante o jantar é séria!
-Aaah - respondeu a garota tentando não parecer surpresa, considerando que se tratava de Thiago tudo era possível - Onde estão Sirius e Remus? - disse tentando mudar o assunto do diálogo na esperança de que ele esquecesse a idéia, se bem que o Ranhoso merecia algo do gênero.
-Tentando reanimar o Pedro - respondeu um Thiago não muito preocupado.
-Não deveríamos nos juntar a eles?
-Tem toda a razão, temos que planejar o mais novo plano - disse com um sorrisinho sarcástico.
Alex apenas se aproximou deles enquanto se esforçava para ter pena de Rabicho, se existia alguém dentre os marotos de quem ela não gostava, era ele. O disfarce de preocupação durou até que pode ouvir o garoto gemer baixinho:
-Eu quero a minha mãe!
Essa tinha sido a gota, até que tentou resistir mas não pode evitar o ataque de risos que se seguiu. Ainda não entendia como alguém tão patético entrara na Grifinória, asvezes até pensava de que o Chapéu Seletor se enganara na hora de sorteá-lo. Sirius e Thiago a acompanharam na gozação, pela segunda vez aquele dia Lupin foi tomado por um misterioso ataque de tosse.
Na saída da aula se encontraram com Lily que estava relativamente preocupada com o “incidente” na aula de feitiços, apesar de tentar esconder isso muito bem de Thiago.
-Ei! Está tudo bem com você?
-Estava indo de mal a pior antes de você aparecer - disse Thiago enquanto fingia uma voz meiga.
-Para sua informação, eu estava me referindo à Alex! - respondeu Lily com uma careta.
-Ora Lily, não precisa ser tímida, eu sei que não consegue parar de pensar em mim - replicou um Thiago choroso com os olhos brilhando.
Sabendo que aquela conversa não chegaria a lugar nenhum, resolveu por simplesmente ignorá-lo e falar apenas com Alex.
-Então, está tudo bem com VOCÊ, Alex?
-Ah, eu estou ótima, o Pedro é quem teve problemas com as almofadas voadoras.
-Que bom! Quero dizer, que ninguém se machucou seriamente - disse Lily embaraçada quando percebeu a cara de indignação que Petegrew lhe mandava.
Thiago riu-se da situação e discretamente abraçou a garota por trás, de forma que ela não pudesse reagir.
-Lily... não precisa ficar se explicando para todo mundo. Não tem ninguém em toda a escola que não saiba que a nossa bondosa Lily nunca faria mal a ninguém. Sem falar que Pedro precisaria mesmo de muito talento para se machucar com uma almofada.
Lily podia sentir o rosto quente, não conseguia pensar em nada que pudesse fazer Thiago a soltar, se bem que não tinha certeza de que queria isso, mas nunca ia admitir uma coisa dessas. Aos poucos conseguiu se controlar e se livrou dos braços de Thiago, deixando o garoto um tanto desapontado.
-Ei, o baile de primavera é hoje a noite, não é?
-Preciso responder? - disse Remus a Thiago.
-Deixe-me ver - Thiago forçava uma expressão pensativa - acho que não - foi a resposta simples mas boba o bastante para tirar Remus do sério, quando queria Thiago realmente conseguia irritar os outros.
Lupin já começara a fazer um discurso sobre o significado da palavra crescer quando uma visita inesperada (para não dizer indesejada) surgiu. Snape apareceu na fim do corredor e avançava devagar na direção do grupo mais adiante, ver as pessoas que mais odiava ali, sem que o tenham percebido era uma oportunidade de ouro, empunhou a varinha e pronunciou bem baixinho:
-Serppentiales!
Imediatamente uma cobra surgiu e avançou rapidamente para o grupo. A primeira pessoa a perceber o invasor foi Lílian, que com o susto deu um salto se jogando nos braços do apanhador da Grifinória, este deu um sorriso de orelha a orelha enquanto Lupin se encarregava de dar um sumiço na cobra com uma maldição redutora, o que fez da cobra não mais do que uma minhoca.
-Ora! Mas quem foi o desalmado que faz uma coisa dessas com pessoas inocentes e desavisadas - implicou Thiago em tom indignado ao mesmo tempo que apertava seus braços em torno de Lily.
-Preciso responder? - indagou Sirius apontando para a outra extremidade do corredor onde Snape assustado se apressava em dar meia volta e sair correndo.
-Ora, mas eu pego! - disse um raivoso Thiago que com muito esforço deixou Lily e saiu em disparada atrás de Snape. Os outros, concientes do que Thiago era capaz de fazer, decidiram juntar-se a perseguição a Snape e evitar uma possível ida à ala hospitalar.
Ambos, Thiago e Snape, estavam no saguão de entrada quando os alcançaram. O primeiro estava prestes a dar o golpe final com a varinha em punho quando uma força mais poderosa, pelo menos para Thiago, interviu:
-Pare! - a voz doce de Lily era realmente capaz de fazer milagres - Isso já foi longe demais!
-Mas, Lily... - disse um Thiago desapontado, as palavras de Lílian eram verdadeiras ordens para seus ouvidos.
-Sem mas, se vingar de Snape não vai mudar as coisas, e não me chame de Lily! - disse ela acentuando a última sentença.
-Mas você tem que entender que o Ranhoso... - Thiago já tinha abaixado a varinha e dado meia volta para falar com a garota de cabelos acaju.
Tão distraído estava na sua pequena discussão com Lílian que não notou Snape se levantando e muito menos o viu empunhar a varinha, cujo alvo era o próprio Thiago. Estava prestes a dar o golpe quando outra voz se fez soar mais rápido atrás dele:
-Accio Armadura!
No instante seguinte uma das armaduras na parede disparou contra a direção de Snape, este acabou caído no chão com um elmo preso a cabeça. O estardalhaço deu fim a calorosa discussão, todos olharam para Snape e, logo atrás dele, uma Alex com a varinha empunhada. Todos se entreolharam por alguns instantes, até que o inconfundível som de passos acordou-os do transe.
-Corram! - Gritaram todos em uníssono, ao mesmo tempo que se dirigiam a uma passagem secreta atrás do retrato de um velho barão que estava sempre resmungando, depois fizeram seu caminho até a Torre da Grifinória, lá se jogaram sobre as poltronas e tomaram fôlego.
-Essa foi por pouco - disse um Sirius acabado.
- E quem disse que já acabou, ainda não passou por essas cabeças que ele pode nos denunciar!? - comentou um Remus inquisitivo.
-Eu acho essa probabilidade muito pequena, considerando que ele terá que dar uma explicação muito convincente para a cobra que ele mandou contra nós - respondeu Thiago com segurança, conhecia Snape muito bem e sabia que ele não se atreveria a ser o causador da confusão na versão que daria aos professores.
-Bem, pelo menos teremos alguma lembrança de Snape com a cara razoavelmente apresentável - até mesmo Lily riu desse comentário de Sirius e, logo depois, deixaram o ocorrido de lado e conversaram sobre um assunto qualquer.
------------------------------------------FIM DO FLASHBACK-------------------------------------------
Lupin sorriu perante aquela memória, era mais uma dentre tantas lembranças que se tornavam preciosas à medida que o tempo passava. Era uma época maravilhosa, sem preocupações, não tinha que pensar no amanhã, apenas curtir o momento.
Remus sentiu uma tontura ao pensar no assunto. Curtir o momento sem pensar no amanhã, sim, aquele fora o grande erro deles, se tivesse ao menos percebido naquela época a máscara por detrás de Rabicho. Thiago e Lily estariam ali, conversando com ele sobre qualquer assunto, se não tivesse sido tão fechado para o acontecia a sua volta... Por quê!?!?!? Por que deixavam Pedro andar com eles, nem ao menos eram amigos de verdade, sabiam que ele fazia isso só para aparecer para os outros alunos, para mostrar que não era um João Ninguém no meio de tantos alunos talentosos. Afinal, é exatamente esse o maior medo da maioria dos alunos que estudam na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, a melhor escola de bruxos do mundo seleciona os melhores dentre todos para ocuparem uma de suas limitadas vagas, em outras palavras, o requisito mínimo para se estudar em Hogwarts era ser especial, algo que tornava um tanto difícil a vida daqueles que eram simplesmente normais.
Remus deu um rápido suspiro e se vestiu, não queria fazer os outros esperarem muito, desceu apressado e encontrou os dois no local combinado. Alex corou a sua chegada antes de dar um tímido bom dia, Sirius fitou-os com olhar pensativo, como que procurando alguma coisa suspeita nos dois. Mas depois desistiu e começou a falar:
-Bom, se já estamos todos aqui, creio que não será mal algum pedirmos para falar com Dobby, não é?
Sirius pôs a cabeça dentro da lareira depois de ter jogado pó de flú nela e ter dito escritório de Dumbledore. Em seguida, resumiu em poucas palavras a idéia de Remus e começou a discutir com Dumbledore sobre como iriam encontrá-lo, afinal para esse assunto era melhor que falassem pessoalmente.
Enquanto Sirius resolvia o assunto que era bem simples por sinal, o único risco era serem pegos por alguém do Ministério que fosse para Hogwarts resolver algum assunto qualquer, fato que tem ocorrido muito frequentemente nos últimos dias.
Ambos ficaram em sentados nas imensas cadeiras feitas da mais nobre madeira que compunham um conjunto de 32 assentos circulando a grande mesa. Observaram Sirius por longos minutos, ouvindo-o murmurar, fazendo vez ou outra algum movimento brusco, riram-se quando ele bateu a cabeça na borda superior da lareira ao mesmo tempo que ilustrava uma interjeição de espanto.
-Pelo jeito nem tudo está saindo como o planejado - disse Alex puxando conversa.
-Nem tanto, se conheço Sirius bem, creio que é do seu feitio fazer tempestade em copo d’água.
-Eu sei, depois de tantos anos de convivência você acaba se familiarizando com os escândalos de Sirius.
-É, velhos hábitos custam a passar. É engraçado como as pessoas podem mudar e mesmo assim continuarem iguais.
-Nem tanto, você sabe, as pessoas mudam devagar e apenas um pouco. Nós é que percebemos isso muito tarde.
Os dois continuaram a conversa com um assunto qualquer até que um fatigado e sujo Sirius se ergueu da lareira com os cabelos desalinhados. Alex e Lupin fitaram-no esperando por uma resposta. Sirius olhou para os dois com a mesma intensidade, sua boca se abriu para falar mas nenhum som foi produzido por um longo tempo, quando finalmente pareceu se recompor, disse simplemente:
-Não.
Tanto Alex quanto Remus ficaram estáticos com o que acabavam de ouvir. Como assim não!? Será que alguma coisa acontecera com Dobby nesse meio tempo? Ou será que simplesmente Dumbledore estava sendo demasiadamente “marcado” pelo Ministério a ponto de não permitir que membros da Ordem entre em contato direto com Hogwarts para atividades não relacionadas a escola a fim de evitar suspeitas? Não, esse não parecia o ousado Alvo Dumbledore que eles conheciam, especialmente se tratando da vida de Thiago e Lílian Potter.
-Mas por que não? - disseram em uníssono os dois.
Sirius olhou para o chão e com um olhar perdido disse em voz baixa:
-Eu perguntei a ele se podíamos falar com Dobby, ele me disse que teríamos que fazê-lo em algum lugar que nenhum membro do Ministério pensaria em ir e que Dobby geralmente freqüente para não levantar suspeitas - ele fez uma pausa, depois prosseguiu com um longo suspiro - Eu disse que não haveria problemas e que tanto eu quanto Remus já conhecíamos o caminho para a cozinha, então Dumbledore disse que nós deveríamos usar o pó-de-flú para ir até a lareira do escritório dele o quanto antes.
-Mas então não há nenhum problema!
-Claro que há!
-E qual é?
-Quando eu perguntei ele disse que os elfos domésticos não servem mais torta de mostarda doce.
Sirius mal acabara de falar e Alex e Remus caíram para trás não podendo acreditar no amigo. Todo aquele suspense para nada, fazer o que? Uma vez Sirius, sempre Sirius.
-Meu caro amigo, o dia em que ouvir alguma coisa sensata vinda de você, vou ficar extremamente preocupado - disse Remus em tom de deboche enquanto Sirius encarava-o abobalhado.
-Bem, vamos indo.
Alex pegou um pouco do pó-de-flú que se encontrava guardado em um pote sobre a lareira, jogou-o ao fogo e disse com a voz clara assim que adentrou as chamas:
-Escritório de Dumbledore!
No intante seguinte ela se viu girando e acabou por cair, sendo acolhida por um homem de barbas muito brancas.
-Fez boa viagem?
-Pode-se dizer que sim.
A mulher de cabelos ruivos se levantou cambaleante com a ajuda do diretor. Sirius e Remus já estavam de pé.
-Boa tarde a todos, então vocês acham que Dobby pode revelar alguma coisa sobre o paradeiro dos Potter?
-Sim, senhor. Dobby estava sempre perto do senhor Malfoy por ser um excelente criado apesar de que não era tão confiável aos olhos dele. De qualquer forma, há uma grande probabilidade de ele saber de algo.
-Sei... - disse Dumbledore pensativo enquanto alisava as longas barbas brancas - mas devo dizer que quando li aquele pergaminho a mesma idéia me veio à cabeça, mas então eu me perguntei, se Dobby sabe de alguma coisa, porque não nos contou até agora?
Fazia sentido, Dobby teria contado prontamente tudo o que estivesse relacionado com os Potter se isso pudesse ajudar, não fazia sentido ocultar tudo.
-Prº Dumbledore, posso arriscar que Dobby até hoje sofre um terrível trauma por parte dos dias em que viveu sobre a ditadura dos Malfoys, seria natural se ele tentasse afastar tudo relacionado aos seu passado.
-Veremos - respondeu Dumbledore inseguro - Sirius, eu creio que você saiba o caminho para a cozinha, fiquem a vontade para perguntar tudo o que quiserem a Dobby, mas tomem cuidade com as palavras que usarem.
Os três saíram em seguida sendo conduzidos por Sirius até um quadro com uma pera peculiar.
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