A idéia de 1 milhão de galeões
A família Weasley tomava café da manha na cozinha; Hermione servia o filho uma montanha de panquecas. Rony lia a coluna de Gina sobre quadribol na página de esportes do Profeta Diário.
– E você? – perguntou Hermione quando viu que Rony não tocara as panquecas que ela tinha servido em seu prato.
– Sem fome...
– Já estão frias!
– Tudo bem. São deliciosas de qualquer jeito.
Jorge bateu na porta da cozinha carregado de caixas.
– Dia! – disse alegremente puxando uma cadeira. – Vocês leram a seção de entretenimento do Profeta Diário hoje?
– Não cheguei nessa parte ainda. – respondeu Rony.
– Hermione?
– Ainda não. Que comer alguma coisa Jorge?
– Não! Obrigado Hermione, mas acabei de tomar café... – respondeu Jorge tirando o jornal da mão do irmão. – Tem uma reportagem sobre um cantor: Wilde, o lobisomem. Ele fará um show hoje na cidade com lotação esgotada.
– Wilde, o lobisomem? – perguntou Rony.
– É legal! – disse Hugo mastigando sua panqueca.
– A garotada conhece esse cara! Ele era um cantor de segunda categoria que ninguém dava a mínima; até tomar um porre e cantar num beco qualquer. Era lua cheia e ele se transformou no meio do palco!
– O que é um porre? – perguntou Hugo.
– Nada! – respondeu Rony. – E o que aconteceu depois?
– O cara fez o maior sucesso! Agora ele só canta transformado e ganha uma fortuna!
– Como ele consegue cantar melhor como lobisomem do que na forma humana? – perguntou Hermione.
– Eu sei lá! O fato é que ele está milionário e só faz shows na lua cheia! Enfim, tive uma idéia: vamos descobrir novos talentos; encontrar bruxos sem oportunidade e vamos explor... Vamos ajudá-los a mostrar seus dons musicais para o mundo!
– Vamos? – perguntou Rony.
– Promove-los se assim soa melhor. É... bem melhor – disse Jorge com um sorriso.
Ouviram alguém sair da lareira.
– Dia Harry! – cumprimentou Jorge.
– Oi tio Harry.
– Olá Hugo.
– Panquecas Harry?
Rony e Jorge olharam para Harry.
– Claro! – respondeu sorrindo para Hermione
– Trabalho – perguntou Rony olhando um envelope na mão do amigo.
Harry mostrou a Rony a carta oficial dirigida aos Aurores.
– Sem trabalho na mesa. – disse Hermione de costas fazendo mais uma pilha de panquecas.
– O que é isso? – perguntou Harry puxando o Profeta Diário com a foto de Wilde, o lobisomem. – Não me digam que são fãs desse cara!
– Até cinco minutos atrás nem sabíamos que ele existia. – disse Rony.
– Lily comprou um disco; na maioria das musicas ele uiva! Ele está milionário!
Jorge contou sua idéia e Harry achou interessante.
– As audições serão na loja.
– Rose disse que conheceu fantasmas que sabem cantar. Vou escrever para ela! – disse Hugo.
– Fantasmas cantores, lobisomens... – comentou Harry achando graça.
– Hermione e Gina podem ajudar Angelina com os cartazes; eu trouxe o material. Vou colocar o anuncio do no Profeta Diário. Então? Querem ser meus sócios?
– Claro. – disse Harry mastigando a panqueca com dificuldade.
– Ótimo! Tem muita gente por ai esperando para ficar milionário e famoso.
– Você Jorge? – perguntou Hermione.
– Eu já sou famoso.
Na sala antes de saírem Rony disse a Harry que ia passar no Beco Diagonal para tomar café.
– Por que não comeu? A panqueca não estava tão ruim.
– Amo Hermione, mas ela não sabe cozinhar.
Hermione pediu que esperasse e entregou a Rony um embrulho.
– Se sentir fome mais tarde.
– Obrigado. – disse Rony a beijando.
– É sério! Não estão tão ruins assim. – cochichou Harry entrando na lareira.
No final da tarde de sexta feira Gina tomava chá na varanda na casa de Hermione.
– As crianças estão animadas; Jorge contratou o vocalista das Esquisitonas. Vai ser um evento legal. – disse Gina.
– Wilde, o lobisomem estava ocupado?
– Agenda lotada.
– Falando em agenda – começou Hermione – Harry e Rony estão acertando os detalhes para viajarmos. Provavelmente o aniversário das crianças vai ser fora esse ano; estive pensando que talvez eles tenham convidado amigos de Hogwarts.
– Em último caso mamãe ficará com eles Hermione.
– Eu sei, mas, eu queria estar com Rose nesse aniversário; ela vai fazer doze anos...
– Está ansiosa?
– Não sei... Ela não parece ter pressa de crescer.
– Não ela! Você! Ser mãe de uma adolescente não é muito fácil; estou começando a ter problemas com Tiago! Ele tem uma lista de garotas pra impressionar! Quer mandar presentes a todas! Fleur teve problemas com Victorie e elas eram as melhores amigas.
– Obrigada por me animar!
– Desculpe... – disse Gina rindo.
– Você se preocupa com Lily?
– Harry vai deixá-la fazer o que bem quiser. Seremos as vilãs da historia você verá.
Hugo e Lily entraram no quintal.
– Terminamos de colocar os cartazes. Tio Jorge disse que nos pagaria pelo serviço. – disse Lily.
– Tiveram mais sorte que nós! – disse Gina. – Trabalhamos de graça para ele há anos.
– Chegou alguma carta de Rose?
– Ainda não Hugo. Sua irmã deve estar ocupada.
Hugo e Lily foram para os fundos da casa; pararam no meio do jardim e Hugo fez um ruído parecido com um grilo.
– Lá estão eles! – apontou Lily.
Dois gnomos colocaram a cabeça para fora da toca.
– Oi Gloop! Oi Gleep! Nossas mães estão conversando lá na frente; querem brincar?
Os gnomos fizeram um som parecido com bolhas estourando.
Hugo e Lily tentaram fazer um castelo de lama e folhas; os gnomos pareciam se divertir tentando impedi-los.
– Lily! – chamou Gina. – Vamos. Seu pai já deve estar pra chegar.
– Até amanha na loja. – disse Lily levantando e saindo correndo até a mãe.
– Hugo venha se lavar para o jantar!
– Tenho que ir.
Os gnomos fizeram alguns sons.
– Eu diria, mas mamãe não pode saber.
– Hugo!
– Já vou mãe!
Os sábados sempre foram agitados na Gemialidades Weasley, mas o movimento estava três vezes maior desde as primeiras horas da manha. Jorge montou uma mesa e com a ajuda de elfos recebia as fichas de inscrições. Hermione e Gina ajudaram na organização da fila. Harry e Rony chegaram e quase não conseguiram atravessar a multidão; alguns bruxos carregavam alaúdes, órgãos, mas outros seguraram chifres, serrotes e um bruxo arrastava uma pequena árvore.
– Tem certeza que essas coisas não são perigosas? – perguntou Harry.
– Bruxos tiram som de qualquer coisa. – respondeu Rony rindo. – Oi meninas! Grande movimento! Jorge não resolver cobrar pela inscrição?
– Ele tentou, mas nem todo mundo tem vinte galeões no bolso e começou um certo tumulto... – respondeu Gina.
Não só a variedade de instrumentos chamava atenção, mas também os tipos de pessoas. Homens, mulheres de todas as idades; grupos com roupas idênticas. Uma bruxa com roupas exóticas piscou para Rony enquanto preenchia a ficha. Um garoto gordinho e loiro arrastando um carrinho com quatro pesados caixões empilhados tentava inscrever as tias para o teste.
– Suas tias são vampiras? – perguntou o elfo.
– Certo.
– Elas têm que fazer a inscrição de próprio punho.
– Só depois do sol se por.
Harry acabou intercedendo.
– Colocamos os caixões lá dentro! – disse ao garoto.
– Obrigado senhor. – respondeu o gordinho.
– Vamos entrar; queremos dar uma olhada nas crianças. – disse Gina.
Os quatro sentaram atrás de Jorge, Angelina e das crianças.
– Papai, vi uma mulher que consegue colocar a mão inteira dentro da boca e cantar. – disse Lily impressionada.
– Não deu pra entender nada do que ela cantava. – disse Jorge nervoso. – Pensei que ia conseguir achar pessoas talentosas, mas até agora só conseguir montar o elenco de um circo! E dos ruins!
– Onde está Myron? – perguntou Harry.
– Saiu para tomar um ar e, talvez, uma dose de uísque de fogo... eu devia fazer o mesmo.
– Myron está ficando impaciente. – disse Angelina.
– Pelo o que cobrou para estar aqui ele tem que arrumar muita paciência!
– Em um mundo em que um lobisomem cantor é a nova sensação do momento o que você esperava? Ele está voltando! Fique quieto, você que inventou tudo isso!
Myron voltou a se sentar com eles.
– Próximo! – gritou Jorge.
Uma mulher bem gorda entrou acompanhada de um coelho e disse que iria cantar com o marido.
– Onde está seu marido Célia? – perguntou Jorge impaciente. – Não me diga que...
– Ele tem fobia de multidão então se apresenta em sua forma animaga.
– Como ele canta se está transformado num coelho?
– Bem, ele me assiste cantando.
Jorge afundou as mãos no rosto e balbuciou qualquer coisa.
– Acho que ele disse pra senhora começar! – disse Angelina dando um beliscão em Jorge.
Para surpresa geral Célia se saiu muito bem cantando uma opereta e depois uma musica mais animada.
– Legal Célia! – disse Myron aplaudindo. – Parabéns você passou.
– E meu marido?
– Claro! Ele também se saiu muito bem sendo... um coelho no palco. – disse Jorge mais animado.
Um casal bem jovem entrou.
– Eu sou Wanda e esse é meu noivo Bayne.
A voz do rapaz era horrível. Jorge pediu que ele parasse e saísse do palco.
– Não espere!
– Tudo bem Wanda... – gaguejou Bayne.
– O problema Sr. Weasley é que Bayne só canta no chuveiro. É o único lugar que ele canta bem.
– No chuveiro? Sem ninguém olhando?
– Se puder dar mais uma chance sei que podemos surpreendê-lo.
– Tudo bem então.
Bayne começou a tirar a roupa.
– Tem crianças aqui rapaz! – disse Rony.
Wanda fez aparecer um biombo e água sair de sua varinha. Apenas a sombra do rapaz podia ser vista; o casal fez um belo dueto.
O grupo de fantasmas amigos de Rose, Alvo e Escórpio também apareceram.
– Essa musica – começou “mama” Cass – é dedicada para crianças muito especiais.
– É Rose papai! Mamãe ela está falando de Rose!
– É isso aí! E esses são meus amigos companheiros em morte: Keith, Mick e Brian! E vamos fazer os mortos levantarem!
O grupo cantou muito bem e até os elfos gostaram da musica.
– Nossa sorte começou a mudar! – disse Jorge mais animado.
Os elfos colocaram os quatros caixões no palco. Quatro mulheres muito pálidas com roupas coladas e justas saíram deles.
– Acho melhor levarmos as crianças para tomar um ar. – disse Hermione.
– Quero ver! Pai eu quero ver!
– O papai também não vai ficar! Rony! Vamos!
– Mãe olhe o vestido delas!
– Estou vendo Lily... Harry... – disse Gina franzindo a testa.
– O que?
– Lá fora! Agora!
– Eu vou ficar! – disse Angelina cutucando Jorge que parecia em transe.
– Vocês são vampiras, certo? – ele perguntou.
– Sim. – responderam em coro.
As vozes eram aveludadas e tão atraentes quando o grupo. Uma delas tirou uma harpa de dentro do caixão.
– O que fazem além de cantar? – perguntou Myron.
– Dormimos a maior parte do tempo... E nos unimos para manter nosso poder sobre outros seres.
– Não podem fazer isso aqui... está bem? – disse Angelina.
– Hoje vamos cantar uma musica de nossa autoria chamada Lábios de Rubi.
A canção de pouco mais de um minuto deixou Jorge e Myron encantados. Angelina ficou na duvida, mas acabou fazendo sinal positivo.
– Só uma coisa – disse Jorge – meu irmão e meu cunhado são Aurores e acho melhor vocês pularem essa parte de manter seus poderes a base de outras pessoas quando forem se apresentar. Digam apenas que passam o tempo dormindo ou lendo.
As vampiras concordaram e se transformaram em morcegos; voaram em círculos sobre as cabeças de todos e pararam de ponta cabeça no teto.
– Acho que elas estão se exercitando... – disse Jorge.
Já passava das oito da noite e o grupo de aprovados não tinha aumentado.
– Acho que já deu – disse Jorge – mande entrar só mais um e vamos encerrar.
O último grupo chamado Krofts era exatamente o que Jorge procurava: jovens, bonitos, excêntricos e muito talentosos. O líder do grupo e vocalista chamado Jack Kaptain, sua namorada Superchick e os outros integrantes Kiki Dee e Flatbush tocaram duas musicas e as crianças vibraram. Jorge os aplaudiu de pé.
– Recolha suas tias está bem? – disse Jorge para o garoto loiro e gordinho.
Quando todos estavam reunidos Jorge ampliou a voz.
– Agradeço a todos por virem até aqui. Formamos um grupo de artistas incríveis! Agora vou reservar um estúdio para gravarmos e levaremos o resultado para a RRB.
– Legal! – disse Kaptain abraçando Célia com o marido no colo.
– Cada um de vocês com seu estilo com certeza fará muito sucesso. Minha cunhada Hermione Weasley cuidará da parte legal.
– Não sabemos se fantasmas ou vampiros podem assinar contratos. – disse Hermione. – Mas prometo a vocês que darei um jeito.
Enquanto todos conversavam um elfo veio avisar Jorge que faltava um candidato.
– Diga que estamos fechando.
– Eu disse, mas ele insiste em falar com alguém.
– Diga a ele...
– Acho melhor o senhor pelo mesmo falar com ele... – disse o elfo nervoso.
Jorge saiu na calçada.
– Estamos fechando amigo – disse a um homem baixinho de vestes azuis com olhar de sono.
– Meu mestre fez a inscrição – disse mostrando a folha preenchida em garranchos.
– Seu mestre?
– Ele quer cantar.
– Onde ele está?
– Atrás do senhor.
Jorge se virou e deu dois passos para trás.
O homem muito alto e pálido de vestes a rigor cheirando mofo; as pernas eram arqueadas como se não agüentassem o peso do corpo. Tinha apenas alguns fios de cabelo na cabeça pontuda e a expressão fechada.
– Caramba!
Hugo e Lily saíram e se assustaram com o tamanho do último candidato; Lily segurou a mão do tio.
– Meu nome é Francis e esse é meu assistente Seymor.
– Escute Francis já encerramos...
– O panfleto dizia sábado; ainda é sábado.
– Por que não vieram mais cedo então?
– Não costumamos sair durante o dia. Olá! – disse Seymor às crianças.
– Bom, se quiser pegar alguma coisa por conta da casa pode entrar, mas não vou ouvi-lo cantar.
– Você tem alguma coisa pra comer?
– Quieto Seymor. Eu vim para cantar.
– Tio Jorge, você ouviu gente cantando a tarde toda! Mais um não faria diferença. – disse Hugo.
Jorge abaixou para falar com os sobrinhos.
– Escute crianças o tio Jorge pode não entender nada de musica, mas sabe reconhecer um maluco. Olhe para esse cara! Alguém pagaria pra ver esse morto vivo gigante cantar? Estamos fechados! – acrescentou para Seymor e Francis.
– Tem barulho lá dentro. – disse Francis.
– Minha família e amigos.
Francis se aproximou e fechou mais a cara quando percebeu Jorge verificar a varinha nas vestes.
– Ousaria apontar a varinha para mim? Eu sou um bruxo muito poderoso.
– Cara, não sei de que cova você saiu, mas estou pedindo para ir embora.
– Mestre...
– Vá embora! – insistiu Jorge.
– Lembre-se quando perder tudo Sr. Weasley que a única coisa que precisava fazer para evitar era me ouvir. Vamos Seymor.
– Ainda posso pegar alguma coisa? – perguntou Seymor.
– Seymor!
– Ele parecia bem zangado tio Jorge. – comentou Lily.
– Só mais um maluco... o mundo está cheio deles crianças! Que tal um sorvete para encerrar o dia? Na conta do seu pai; ele nunca me reembolsou pelas vestes a rigor que eu e seu tio Fred compramos para ele!
Comentários (1)
To adorando até agora! Divertidérrimo!
2011-12-31