Pesadelo



Eu estava em uma masmorra, esta bem parecida com a de Hogwarts, mas eu sabia que não estava em Hogwarts, pois qualquer lugar da escola tinha o mesmo conforto de um lar e aquele lugar era sombrio e frio. Mas esse não era o problema, o problema era que eu estava morrendo, e o pior era que Draco estava sendo torturado e quase morrendo, e eu não podia ajudá-lo, só de ver aquilo eu estava definhando mais e mais. Senti meu peito sendo aberto, meu coração arrancado sem nenhuma delicadeza e depois um vazio grande mais muito grande. E durante tudo isso eu gritei, gritei e gritei. Ate que entrei em estado de choque e desmaiei.


Eu esta sentindo um perfume que de alguma maneira sabia que era do Draco, mas - pensei – não era possível eu tinha morrido e ele também.


Comecei a abrir os olhos e vi que estava em meu quarto e alguém estava me abraçando e eu abraçava essa pessoa como se ela fosse a única coisa que me segurava na terra. Era o Draco, quando o vi e senti que era realmente ele, meu mundo foi se ampliando e vi que toda a minha família estava no quarto cada um com uma expressão diferente no rosto.


Meus irmãos estavam em uma expressão que podia significar varias coisas desde “queremos explicações sobre isso Gina” á “hoje o Malfoy morre”, e eu não gostei nada delas. Mamãe e papai estavam com os olhos brilhando cheios de lagrimas, algumas delas pareciam ser de tristeza, mas o sorriso que agora se ampliava no rosto deles me mostrou que eles estavam felizes. Harry estava com uma cara de dor, mas quando me viu observando-o desfez ela e colocou uma de “quero ver você explicar isso”. Hermione estava com a dela de “agora tudo se encaixou” e “precisamos conversar Gina”. Fingi que não vi nenhuma das expressões deles, sussurrei um obrigado a Draco e separei-me dele um pouco e perguntei – O que ouve?


_ O que ouve!? Você pergunta o que ouve!? Você estava gritando e estava muito agitada, ninguém conseguia te acordar e depois você foi ficando cada vez mais quieta e parou de respirar. E o Malfoy te abraçou e você voltou a respirar e agora esta acordada foi isso que aconteceu. – disse Rony – Eu que devia perguntar o que aconteceu! Você quase morreu enquanto dormia! – mamãe olhou para Rony com a expressão “não fale neste tom com sua irmã mocinho”.


_Eu estava tendo um pesadelo – disse simplesmente. Draco voltou a me abrasar mais forte como se ele soubesse exatamente como foi meu pesadelo. Talvez ele realmente soubesse, tipo eu consigo prendê-lo a mim talvez ele possa ler minha mente ou algo parecido. Aconcheguei-me mais a ele esperando as pergunta que viriam com esse ato meu. Antigamente não teria nem permitido ele chegar muito perto, mas agora eu sabia que de alguma forma a menor distância entre nos além de trazer de volta a lembrança do pesadelo, machucaria a nos dois. E todos ali no quarto com exceção dos meus pais sabiam que eu não permitiria tal intimidade afinal ele é o “Malfoy”.


Mas mamãe me salvou mandando todos irem dormir. Saiu do quarto e fechou a porta atrás de si, antes mesmo de pensarmos em afastarmo-nos ou fizermos algum movimento indicando que iríamos fazê-lo. Eu sabia que mamãe entendia que precisávamos conversar, mas não sabia que ela nos deixaria no meu quarto, sozinhos. De alguma maneira sabia que ninguém nos escutaria ou abriria a porta, porque meu quarto se encheu de magia por um segundo e eu sabia que era nosso poder, não meu ou dele, nosso que só funciona quando nos dois queremos a mesma coisa. De certa maneira eu sabia que o feitiço com que papai me acertou fez com que esse laço que já existia entre nós, mas que não sabíamos que existia, ficasse mais estreito unindo-nos ainda mais.


_ Então – disse – como sabia que me abraçar ajudaria? Como fez para meus irmãos o deixarem fazer isso? – Ele parecia meio embaraçado por estarmos sozinhos no meu quarto.


_ Não sabia só senti que você precisava de mim e quando entrei no quarto e não te vi respirar, foi automático te abraçar. Acho que seus irmãos estavam tão chocados por eu ter percebido a confusão e estar ali que não tentaram fazer nada, principalmente depois que você voltou a respirar. Devem ter achado que eu te ajudei de alguma forma.


_ Mas me ajudou – disse – eu estava sonhando que nos dois estávamos morrendo, só que você estava sendo torturado e eu não agüentei ver aquilo e digamos que morri primeiro. Quando eu achava que não tinha mais volta senti seu perfume, foi por isso que voltei a respirar. Então sim você me salvou! – ficamos um momento em silencio ele constrangido pelo que lhe contei eu sem nada mais a falar ate que surgiu na minha mente as palavra “não podemos ficar muito tempo sem nos ver, machuca a nos dois de uma forma ou de outra; não podemos nos tratar como dois estranhos ou apenas conhecidos; amamos-nos e devemo-nos tratar como tal, apenas nos sabemos como realmente somos”. Então disse isso a ele só de uma forma um pouco diferente.


_Me desculpe, minha indiferença com você ontem e hoje deve ter doido mais do que imagino, não podemos nos tratar assim, contarei para minha família que te amo e ninguém poderá mudar isso! - sorri em meio às lagrimas em meus olhos. Ele não olhava para mim, seus olhos estavam fixos em suas mãos, segurei seu queixo delicadamente e o fiz olhar dentro dos meus, mas o que vi ali não me agradou ao todo – O que está de errado?


_ Você fala como se tudo desse certo, fosse fácil, que ninguém tentaria nos separar, como se estivéssemos enfim em paz, isso que está de errado. Não somos perfeitos! Eu não sou perfeito!


_ Não foi isso que eu disse, nem o que queria dizer. Eu disse que podemos fazer dar certo. Que, não só podemos nos tratar bem, como devemos fazer isso, vamos brigar?Sim nos vamos, mas o primeiro que ver quem está errado ou onde errou vai pedir desculpas, mesmo que um de nos seja orgulhoso, o outro vai estar sempre ali não importa o que aconteça. Foi isso que eu quis disser. Nós estamos ligados para a vida toda.  Se um morrer o outro morre. Juntos nós somos fortes, separados qualquer coisa nos atinge. Se você não consegue sentir isso não sei como te explicar que devemos continuar juntos, a qualquer momento, a qualquer hora, se o outro precisar vamos sentir. Você sentiu isso hoje!


_ Mas e se não for assim? E se algum de nós, eu, fizesse uma coisa muito ruim e que você não me perdoasse? Ou se alguém ou alguma coisa conseguir nos separar?


_ Draco você não entendeu. Eu fiquei menos de vinte e quatro horas longe de você, sem falar com você, nenhum contato, nenhuma noticia, sem mencionar seu nome; e tive um pesadelo que quase me matou. E se você estivesse longe e chega-se tarde de mais, você conseguiria viver, aposto que não.


_Esta bem, eu entendo o que você quer disser não vamos nos magoar de propósito, vamos ficar juntos – quando ele disse juntos nós estávamos tão perto um do outro que nossos lábios estavam quase grudados – eu te amo – disse antes de me beijar.


Acho que estava, não, estávamos esperando esse beijo desde que voltamos, esse foi um beijo em que mostramos todos os sentimentos que tínhamos, desde o amor inocente até a luxúria. Mas ele nunca passos pelos limites, soube respeitar-me. Talvez fosse por isso que mamãe deixou-nos sozinho, pois apesar de tudo ele conhecia as regras.


Passei o resto da noite abraçada ao Draco, não sei ao certo quando peguei no sono, mas estava esgotada tanto pelo pesadelo, quanto pela conversa que tive com Draco. Menino mais difícil de convencer eu gastei todo meu vocabulário com ele.

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