Capítulo Único



Hermione sentia as mãos geladas e algumas gotas de suor molhando sua nuca. Olhou para o pedaço de plástico que segurava na mão e para a caixa do embrulho mais uma vez. Dois pauzinhos. Dois pauzinhos significavam realmente o que ela achava que significavam? Ela releu o pacote e secou a nuca com a mão. Olhou mais uma vez para o pedaço de plástico e então encarou o espelho à sua frente.


Estava branca como um fantasma. Pensou que se olhasse por um pouco mais de tempo veria o sangue correndo por trás da pele do rosto. Encarou os dois objetos que segurava mais uma vez e colocou-os sobre a bancada do banheiro, afastando-se deles e se sentando no vaso sanitário fechado. Imediatamente após sentar sentiu o estômago revirar. Ajoelhou-se ao lado do vaso e vomitou. Ouviu uma batida à porta e em seguida ouviu que alguém estava entrando no banheiro.


 


_Mione? – era Gina. – Mione... – a amiga havia abaixado para puxar o cabelo da outra para longe do rosto. – Mione, que foi?


 


Hermione se virou para Gina, sentindo-se um pouco melhor, duas lágrimas grossas abrindo caminho para um choro contido. Ela apontou o balcão do banheiro para a amiga, que imediatamente tomou o teste de gravidez nas mãos, bem como a caixinha, analisando-os por um momento. Abriu o maior sorriso que Hermione já a vira abrir na vida (exceto talvez, o sorriso que ela havia dado ao pegar o filho James no colo pela primeira vez).


 


_Mione! – a amiga exclamou – Será...? Esses testes trouxas são de confiança? Isso... Isso é de verdade?


 


Hermione, ainda sem fala, balançou a cabeça afirmativamente.



_Geralmente eles dão certo sim, Gi... – disse com a voz fraca.


 


_Vem cá, vem cá! – Gina abriu os braços para receber Hermione em um abraço apertado. – Mione, que maravilha! Eu to tão feliz que você nem acredita!


 


Gina sentiu Hermione tremelicar com o choro e encarou a amiga nos olhos.


 


_Mione, que foi? Você não está feliz?


 


_Feliz? – ela perguntou com uma risada rouca. – Eu... – ela chorou mais. – Eu nunca estive mais feliz na minha vida, Gi! – ela secou as lágrimas com as costas das mãos e continuou falando... – Eu... Eu estou grávida! E... E é um filho do Ron e... Gina, eu não consigo pensar em um momento em que eu tenha estado mais feliz na minha vida!


 


Gina a encarou e disse:


 


_Então porque você ta com essa cara de quem ta enterrando um trasgo pelado?


 


Hermione encarou o chão por um momento e o choro aumentou de intensidade.


 


_Pode ir falando, Hermione Granger! – Gina bradou.


 


_É que... É que... Ah, Gina, você jura que não vai fazer piada do que eu falar?


 


_E quando é que eu faço piada em momento sério, Mione? – ela disse com um sorriso brincalhão nos lábios. – Ta bom... Eu juro! Parece sério de verdade, de qualquer forma...


 


_É que o Ron... Ele... – Hermione encarou o chão.


 


Gina ficou encarando a amiga sem falar uma palavra: sabia que ela estava se preparando para dizer alguma coisa e qualquer movimento a faria perder a coragem de contar o que quer que fosse que ela estava sufocando para dizer.


 


_Ele... – Hermione continuou devagar. – Sabe, eu sei que eu não deveria me preocupar com isso e... E eu sei que chorar é uma coisa idiota e... E que o Ron me ama... Quer dizer... Lógico que ele me ama... – Hermione parecia estar falando mais com si própria do que com Gina. – Pelo menos é o que ele fala... É que... Bom... – ela olhou o teto e falou tudo de uma vez: - ÉqueoRonnãomepediuemcasamento.


 


_Como é que é?


 


_Ele... Ah... É que... Bom, tá bom... Ele não me pediu em casamento. Nem falou em casamento. Aliás, nos últimos dois meses ele só tem falado o quanto ele odeia casamento e no quanto ele acha uma instituição falida e blá, blá, blá... – Hermione limpou mais lágrimas com as costas das mãos. – E... E sabe... Eu sei que é idiotice e que a gente ta bem, mas... Mas se eu estiver grávida... – e ela parou de falar, olhando o canto oposto ao que Gina se encontrava no banheiro. – E se... E se...


 


_E se o que, Mione?


 


_E se ele achar que... Que é... – ela olhou com assombro para Gina – Que é um plano ou... Um golpe pra ele ter que casar... Sabe? – Hermione voltou a chorar quando viu que Gina havia começado a rir.


 


_Mione, eu prometi não fazer piada, mas você me prometeu que ia falar uma coisa séria de verdade! Por Merlin, você não pode achar realmente isso... Você acha? – Hermione não respondeu. Gina riu mais. – Mione, o Ron pode ser o ser mais insensível do mundo e um chato e pedante e burro e... – ela parou de falar ao ver o olhar de Hermione. – Enfim, você entendeu... Mas ele também é absolutamente e irrevogavelmente apaixonado por você... Mione, eu não acho que ele seria capaz sequer de imaginar uma coisa assim sobre você e eu tenho certeza – ela disse com um olhar carinhoso para a amiga. – Que ele se chatearia muito se soubesse que você pensa algo assim dele...


 


_Eu... – Hermione sentiu o rosto ficar muito quente e olhou para o chão. – Eu... Não penso realmente isso. – ela admitiu. – É que... Sabe, eu nunca fiquei me imaginando casada quando eu era pequena... Quer dizer... Eu, o Ron e o Harry nem tivemos tempo de imaginar muita coisa quando nós éramos menores, mas sabe aquelas meninas que sonham com vestidos de noiva e grandes festas e com... Sei lá, com o príncipe encantado? – ela olhou para Gina e ela acenou afirmativamente com a cabeça. – Eu não era uma delas. Bom, você sabe disso. Eu sempre quis fazer algo bom para o mundo, sempre quis ser inteligente e notada, mas... Mas nunca precisei ser... Bom... Nunca precisei ser amada. Nunca precisei me imaginar casada... Lembro que no nosso dormitório a Parvati e a Lilá viviam discutindo como seriam os vestidos quando elas casassem e como seriam os noivos ideais e eu sempre achei aquilo tão fútil...


 


_Então, Mio...


 


_Mas quando eu estou com o seu irmão... – Ela continuou, cortando a fala da outra e corando com mais violência. – Quando eu estou com o Ron eu sinto... – ela olhou pra cima e sorriu, deixando uma pequena lágrima entrar na boca entreaberta. – Eu sinto necessidade dele, Gi. Eu preciso que ele me abrace e preciso... Não sei explicar. É algo na voz dele, no abraço, no cheiro que eu não sei dizer... E toda vez que eu penso que... Que talvez ele não queira estar comigo como eu quero e toda vez que eu penso que ele pode simplesmente ir embora, eu... - ela bufou. – Eu fico tão... Tão... Brava! Eu fico incrivelmente e estupidamente irritada! E ai sempre que ele esquece de ser o Ron do nosso relacionamento comigo e lembra de ser o Ron que me tratava como um pesadelo eu fico com vontade de enfiar a minha varinha no olho dele! E ai... Como alguém vai querer ficar com alguém que é doida assim? Como alguém vai aceitar ter um... – ela encarou os objetos na pia. – Ter um filho com uma pessoa doida assim? Como eu vou ter um filho se eu estou sempre doida com ele? Como eu vou falar para ele...


 


_Hermione, ele te ama e você o ama de volta. Essa é a melhor receita para se ter um filho. Eu não tenho nenhuma dúvida de que quando você contar isso para o Ron ele não vai caber em si de tanta felicidade... Acho que é uma das coisas que ele mais queria na vida... Ter filhos, seus filhos...


 


Hermione sorriu para Gina. Como podia precisar de Gina para lhe dizer essas coisas? Era tudo tão óbvio... Como ela era boba... Era óbvio que a primeira opção para a descoberta que tinha acabado de fazer era ficar feliz. Como poderia não sorrir abobalhada quando um pedacinho dela e um pedacinho de Ron estavam crescendo juntos para se tornarem uma outra pessoa? Uma pessoinha pequena, com mãos e pés gordinhos e provavelmente cabelos ruivos e temperamento agitado... E... E aquele sorriso. Aquele sorriso de lado igualzinho ao sorriso do pai. Hermione colocou as duas mãos sobre a barriga e chorou mais forte, mas dessa vez era definitivamente de felicidade. Como pudera pensar que aquilo poderia não ser uma coisa boa por um segundo sequer?


 


_Obrigada, Gina. – ela agradeceu, abraçando forte a amiga. – Eu... Eu não sei o que é que eu estava pensando, é tão... Tão maravilhoso!


 


_É sim, Mione... – ela sorriu. – Agora se prepara, porque você vai ter que contar para ele... Como você vai fazer?


 


_Bom, acho mais fácil chamar ele pra sair e ai contar né? Ou posso preparar um jantar em casa mesmo, e...


 


Antes de terminar de falar, Hermione ouviu uma voz ao longe chamando seu nome com pressa. Secou o rosto e correu para fora do banheiro em direção à sala, onde uma cabeça estava flutuando na lareira...


 


_Mione... – disse Ron em tom de urgência. – Eu estou indo para a Escócia por três dias...


 


_Você o que? – ela perguntou assustada.


 


_Escócia. Três dias. – ele disse um tanto mais rudemente do que o necessário. – É uma missão aqui, tchau...


 


_Ron, espera, eu... – ela não teve tempo de terminar de falar. Ron sumiu pela lareira.


 


Hermione se virou e encarou Gina, incrédula. Ron havia sido mais estúpido do que ela se lembrava de qualquer um ter sido em toda sua vida. Gina encarou a amiga de volta com surpresa no rosto, correndo para abraçá-la ao ver que ela estava prestes a desabar no choro de novo.


 


_Mione, calma... Alguma explicação deve ter...


 


_Gina, em dois dias é nosso aniversário de... – Hermione soluçou. – De sete anos... Ele... Ele nem lembrou... – ela soluçou de novo.


 


_Mione, calma! Isso deve ter uma explicação razoável... Se não tiver você sempre pode enfeitiçar o Ron permanentemente... Eu sempre quis fazer isso, mas depois dessa cena que eu vi você pode fazer no meu lugar... Eu não vou nem ficar magoada, juro! – Hermione abriu um sorrisinho. – E você podia ficar aqui por esses dias pra não ficar sozinha na sua casa pensando bobeira! Que é que você acha?


 


Hermione esboçou um sorriso maior entre as lágrimas. Era incrível como Gina sabia exatamente o que dizer e quando dizer.


 


_Eu... Eu posso ficar ajudando com o James... E... Preciso ir ao médico também...


 


_Então está combinado...


 


Aqueles três dias seriam esquisitos, mas pelo menos Hermione teria os amigos com ela.


 


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Dois dias depois Hermione estava jogada no sofá com um grande roupão roxo e amarelo. Em uma mão tinha um grande pacote de sapos de chocolate e na outra uma caixa enorme de feijõezinhos de todos os sabores. Já havia comido feijões de tudo que lembrava: algodão-doce, chantilly e caramelo, mas também havia sorteado alguns menos saborosos como sabonete, creme dental e cera de ouvido. Em cima da mesinha ao lado do sofá dez pergaminhos escritos estavam jogados e mais alguns pergaminhos amassados estavam no chão: ela estivera tentando escrever o que diria a Ron para contar da situação em que se encontrava, mas acabara escrevendo isso em dois ou três pergaminhos apenas; usara o restante para escrever todos os nomes que havia pensado para xingar o garoto pelo que a estava fazendo passar. “Nenhuma notícia.” – ela pensou. “Dois dias e nenhuma notícia. Hoje é nosso aniversário de sete anos e aquela cruza de testrálio com trasgo e explosivim não me mandou nem um bilhete!


 


_Hermione? – ela ouviu uma voz que ela não ouvia há dois dias chamar pela lareira. – Hermione, você está aqui?


 


Ela foi até a lareira com a melhor carranca que conseguiu estampar no rosto.


 


_Ah, agora você se lembra que eu existo? – perguntou rudemente. O ruivo pareceu não perceber o fato que a garota estava soltando fogo pelas ventas. Ela continuou com a carranca enquanto ele ignorava a irritação dela e falava em um tom rápido, quase formal, como se tivesse decorado um texto.


 


_Preciso que você receba um pacote para mim lá em casa. Está em cima da escrivaninha e está endereçado a mim. Preciso que fique pronta e arrumada para ir com o rapaz entrega-lo... Ele vai buscá-lo em uma hora lá em casa. Tchau.


 


_Ronald, vo... – mas o ruivo já havia sumido pela lareira. – FILHO DA MÃE! – ela gritou, a raiva reprimida saindo em forma de todos os xingamentos que ela já havia escrito no papel. – FILHO DE UMA MÃE! SE VOCÊ ACHA QUE EU VOU FICAR BUSCANDO ENCOMENDAS PARA VOCÊ SÓ PORQUE VOCÊ QUER, VOCÊ ESTÁ MUITO ENGANADO, RONALD! – ela gritou para a lareira, como se o ruivo ainda pudesse ouvi-la. – MUITO ENGANADO, SEU IMBECIL! – ela gritou, voltando a sentar no sofá e enfiando outro sapo de chocolate na boca. – QUE RAIVA!


 


Ela não havia visto, mas James havia aparecido em um canto da sala e andava cambaleando em direção à Hermione:


 


_Tá bava, tia? – ele perguntou com os olhinhos arregalados para a garota.


 


_Não James... – ela disse, pegando o sobrinho no colo. – A tia só... Só ficou brava um pouco, mas já passou...


 


James deitou a cabeça no colo de Hermione e acariciou o cabelo dela.


 


_Num fica bava, tia... A mamãe falo ôto dia qui ficá bava dêssa a cara feia!


 


_Ela disse, é? - Hermione riu.


 


_É! Ela tava bigando com o papai puque ele casô com o tabaio, mas ai ela falo qui num ia fica bava puque ficava cum a cara feia, tia!


 


_Eu não vou ficar mais brava ta, James? – e ela abraçou o menino, que se ajeitou em seu colo comendo um dos feijõezinhos da caixinha que ela havia deixado sobre a mesa. Hermione ouviu Gina gritando alguma coisa pela casa inteira cinco minutos depois, e então ela apareceu à porta, desesperada:


 


_JAMES? – e ela viu o garoto no colo de Hermione. – Pelas calças de Merlin! Quer matar a mamãe do coração, amor?


 


_Não, mamãe! – o menino respondeu, saindo do colo de Hermione e indo até o de Gina.


 


_Então não some mais assim quando a mamãe ta se trocando, ou ela vai colocar um feitiço adesivo permanente em você!


 


Hermione só teve chance de ver James arregalar os olhos para Gina antes de a garota das às costas e voltar a subir a escada com o garoto.


 


_Gina! – ela chamou, antes que a garota sumisse pela escada. – Gi, eu preciso ir pra casa fazer... Erm... – ela hesitou. – Umas coisas... Mais tarde eu volto ok?


 


_Ok, Mione... Só tranca a porta se você for sair por lá, porque esse garotinho aqui – e Gina fez cócegas em James - já está fugindo de mim... Pensou se ele pega a vassoura e sai pela porta aberta? Pelo santo hipogrifo, não quero nem imaginar!


 


Hermione riu, mas não saiu pela porta; pegou um pouco de pó de flu da lareira da amiga para ir pra casa: entregaria o pacote, mas não iria com o entregador. Não iria a lugar algum só porque Ron queria. Não mesmo. Encontrou logo a caixa em cima da escrivaninha. Ficou tentada em abri-la, mas não o fez... Apesar de Ron não merecer – e ele não merecia nem um pouco – ela ainda respeitava o espaço do namorado. Não se trocou como o garoto havia pedido. Continuou com o roupão roxo com o qual havia deixado a casa de Gina e com o cabelo ainda com fuligem da lareira. Sentou-se na frente da televisão trouxa que havia feito questão de deixar em casa e começou a assistir um programa qualquer que estava passando; após algum tempo ouviu a campainha tocar.


 


_Sim? – recebeu à porta um rapaz alto, de cabelos loiros e olhos verdes. Estava elegantemente vestido com um terno preto e com uma gravata vinho escuro.


 


_Vim buscar a encomenda do Senhor Weasley... – disse o rapaz, fazendo uma careta ao ver como a garota estava vestida. – Você... Não deveria ir comigo? Herm... – ele girou os olhos, sem graça – Senhorita?


 


_Não vou a lugar nenhum. Se o Ron quisesse ir com você levar esse pacote ele que viesse receber você... Espero que ele faça bom proveito disso, tchau. – e foi bater com a porta na cara do moço.


 


_Herm... Senhorita. – o loiro segurou a porta. – Eu tenho ordens expressas... Erm... Para que a senhorita me acompanhe.


 


_E posso saber quem te deu essa ordem expressa?


 


_O... O senhor Weasley. Ele me disse que... – ela podia ver como ele estava nervoso pelo jeito como comprimia as mãos. – Que a senhorita tinha que ir comigo e... Que se a senhorita não fosse era pra eu dizer que a senhorita era... Era...  – ele olhou para cima, nervoso. – Era obrigada.


 


_AH, EU SOU OBRIGADA? – Hermione explodiu. – Eu sou OBRIGADA? – ela riu. – Pois diga ao Senhor Weasley que eu não sou OBRIGADA à nada, ok? Avise a ele, por favor, que eu disse com toda a educação que eu não sou uma coruja e que eu prefiro ser morta à noite por uma mortalha viva do que ir a qualquer lugar que ele ache que eu sou OBRIGADA a ir só para entregar alguma encomenda que veio para ELE.


 


_Mas, Hermione...


 


_MAS nada. – ela jogou o pacote nas mãos do garoto. – Tenha uma boa noite. – E bateu com a porta na cara do loiro.


 


Desligou a TV enfurecida. Como Ron se atrevia? Esse era outro daqueles momentos em que ela simplesmente tinha vontade de enfiar a varinha bem no... Olho dele. Tinha vontade de estuporá-lo e reanima-lo só para poder estuporá-lo mais uma vez. “Folgado...” pensou. “Até parece que eu sou a elfa doméstica dele.” – subiu para o quarto e entrou na banheira, afogando-se por alguns segundos em um banho para tentar relaxar, ainda espumando de raiva do ruivo. “Isso não pode ser bom para o bebê...” – pensou, respirando fundo e deixando a cabeça vagar para outras direções...


 


TOC TOC TOC.


 


Ouviu algumas batidas estranhas à janela do quarto e se enrolou na toalha para ir ver... Pelo barulho parecia ser uma coruja... Abriu a janela e deu um pulo de susto ao ver Ron em cima de uma vassoura ao lado da janela do quarto. Ele trajava um terno preto e uma gravata vinho e carregava um pacote fechado em uma das mãos e uma rosa na outra.


 


_Ron, o que você...? – ela tentou perguntar, mas não encontrou palavras para formar a questão; ao invés disso disse: - Você sabe que você tem a chave da porta né?


 


_Eu sei, Mione... – ele disse, sem fôlego. – Eu posso... – e apontou para dentro, se desequilibrando um pouco ao fazer o gesto.


 


Ela se afastou da janela para dar passagem ao garoto. Encarou-o com os braços cruzados por dois segundos depois que ele estava completamente dentro do quarto com a janela bem fechada e virou-lhe as costas, furiosa.


 


_Eu não vou nem perguntar. – disse, após colocar um camisetão velho e cortado dos Chudley Cannons e uma calcinha, e começar a secar os cabelos com a varinha.


 


_Mione, eu... Me desculpa!


 


_Desculpa? – ela riu – Engole essas desculpas, Ron! Eu não vou ouvir pedido de desculpas depois do que você me fez passar esses dias... Você não voltava só amanhã?


 


_Você acha mesmo que eu ia perder nosso aniversário de sete anos, Mione? – ele perguntou com os olhinhos brilhando incrivelmente tristes.


 


_Eu acho, ué! – ela riu sem vontade e começou falar em uma velocidade que ela mesma não conseguiria acompanhar se estivesse apenas ouvindo: – Você foi absolutamente grosso comigo todos esses dias! Você sabe que eu odeio quando você faz isso, quando você me trata assim, ainda mais tão perto do nosso aniversário, e você esqueceu nosso aniversário, e tem tanta coisa acontecendo e... Foi incrivelmente desnecessário, eu nem sei o que você foi fazer na Escócia, mas também não quero nem saber... E pode ficar sabendo que eu não perdôo nem entendo e nem vou tentar compreender o jeito que você falou comigo, pois foi absurdamente... – mas ela não conseguiu terminar de falar.


 


Ron a virou para ele e a encarou nos olhos, fazendo com que ela se calasse imediatamente. Ele chegou com o rosto perto do dela e roçou o nariz de leve no dela, depois os lábios nos dela, respirando fundo. A garota fechou os olhos ao toque e ao cheiro do ruivo. Por mais brava que estivesse com ele, o cheiro do garoto parecia ter um efeito calmante melhor que muitas das poções que ela preparava. Ele aprofundou o beijo, segurando a garota pela nuca com uma das mãos. Ela respondeu com relutância, pois não queria ceder, mas ao mesmo tempo não conseguia resistir. Depois que a beijou, Ron levantou a rosa até a altura do rosto dos dois e olhou da rosa para Hermione com um sorriso de lado no rosto.


 


_Eu não esqueci, Mione... Você que não me deixa falar.


 


_Não faz isso nunca mais. – ela disse, ainda brava, dando um murrinho no peito dele. – É sério, Ron, eu não suporto quando você...


 


_Você não vai me deixar falar mesmo? – ele disse, rindo alto.


 


_Tá bom. – ela se afastou dele e sentou na cama, encarando-o ainda emburrada. Passaram-se alguns segundos em silêncio, então ela completou. – Quê? – ele riu de novo. – Olha, se você vai ficar rindo, eu tenho coisa melhor pra...


 


_Mione, nem quando eu planejo uma coisa pra gente com antecedência dá certo como eu tinha pensado...


 


_E o que você quer dizer com isso?


 


Ele fez menção de rir de novo, mas viu que se o fizesse, Hermione provavelmente o amaldiçoaria.


 


_Eu quero dizer que planejei essa noite, mas mais uma vez acho que eu não entendi direito como fazer... Bom... – ele enrubesceu. – Eu pedi ajuda do Harry, então teoricamente a culpa não é só minha, mas... Enfim... O planejado era eu fingir que tinha um trabalho repentino, sumir por ontem e hoje pra poder preparar uma surpresa pra você... – ela o encarou com uma sobrancelha levantada. – Por causa do nosso aniversário, sabe. – as orelhas dele começaram a se misturar com os cabelos e ele desatou a falar, quase tão rápido como Hermione alguns momentos antes. - Aí eu me enrolei e falei que ia ficar fora mais dias do que eu realmente ia ficar e ai você ficou brava e ai melou tudo, porque você não ia querer sair comigo nem que eu pedisse muito, e ai eu inventei a encomenda, porque eu precisava levar aquilo para o local da surpresa de qualquer forma, então ai eu pensei em tomar uma poção polissuco e vir como se fosse buscar o pacote e ir com você até o local, daí no meio da nossa viagem (que ia ser de vassoura) eu ia voltar a ser eu e ai ia ser surpresa e você ia ficar emocionada e feliz e ai a gente ia chegar na surpresa real, mas... – ele parou de falar ao ver que a garota havia começado a rir.


 


_Você é um idiota mesmo, não é, Ron?


 


Ele deu os ombros e encarou o chão.


 


_Acho que sou.


 


_Você não precisa fazer surpresa nenhuma pra mim, seu bobo. – ela levantou e chegou perto dele, tocando o rosto dele. – Só precisa estar comigo nesse dia e me mostrar que... Que você se importa.


 


_Você não tem idéia do quanto eu me importo, Mione... Eu...


 


_Então se você se importa, pra mim já está bom...


 


Eles se encararam por algum tempo. Ron puxou alguns fios de cabelo para trás da orelha de Hermione e ela sorriu para ele. Ele não resistiu: se aproximou dos lábios extremamente convidativos da garota e a beijou de forma apaixonada. Não sabia como era possível caber tanto amor em um beijo, mas era. O beijo de Hermione era para Ron como olhar para o céu em uma noite muito escura e ver as estrelas dançando na galáxia. Ele podia sentir enquanto a beijava que todos os desejos que ele já havia pedido para as estrelas cadentes haviam sido realizados. Ele sentia que nunca mais precisaria pedir qualquer outra coisa, pois tudo que ele queria estava bem ali com ele. Após o beijo os dois se abraçaram, e no abraço reconheceram aquele velho encaixe particular dos dois. Ficaram assim por alguns minutos, e foi Ron foi quem separou o contato:


 


_Mione, eu quero falar uma coisa muito séria com você...


 


_Eu também, Ron. Muito séria... Erm... – ela pensou por um momento. – Você quer que eu me troque e a gente pode ir fazer o que você tinha planejado?


 


_Não... Eu trouxe a surpresa pra cá de qualquer forma...


 


_Então fala você primeiro... – ela insistiu, ainda sem coragem de contar o que tinha pra dizer.


 


_Não... Eu... Quero que você me conte primeiro.


 


_Então me mostre a sua surpresa primeiro.


 


Ron sorriu e concordou com a cabeça. Levantou e puxou a garota pela mão até o centro do quarto muito arrumado. Pegou a rosa que havia trazido para ela e pediu que ela a segurasse em cima da mão espalmada, e assim ela o fez. Ron apontou a varinha e murmurou alguns feitiços, concentrando-se muito. Olhou para Hermione e ela pode ver aquele sorriso de lado que tanto amava um segundo antes da rosa explodir em centenas de pétalas que ficaram flutuando pelo quarto. As pétalas continuaram a flutuar em torno dos dois, brilhando um vermelho estranho...


 


_Ron, mas o que? – ela girou entre as pétalas de rosa, rindo alto. – O que você fez? – ela sorriu para ele e o abraçou. – É lindo!


 


_Mas você não sabe o que é ainda... – ele sorriu, abraçando-a pela cintura e depositando mais um beijo em seus lábios. – Se fosse só um monte de pétalas de flor não teria que ter ficado dois dias preparando, né? – e ele riu alto.


 


_O que é então? – perguntou Hermione com curiosidade.


 


_Bom, Mione... – ele sorriu um sorriso sem graça e corou fortemente no pescoço e nas orelhas. – Eu... Bom, vou ter que falar primeiro... – e ele sorriu de novo, dessa vez parecendo reunir toda a coragem que tinha. – Essas pétalas, elas são... Bom, são mil e uma pétalas.


 


Hermione olhou o feitiço ao seu redor, impressionada.


 


_E essas pétalas... Bom... – ela viu uma lágrima se formar nos olhos de Ron e sumir da mesma forma que apareceu. Ficou apreensiva. – Cada uma delas contém um feitiço... Venha cá. – e ele a puxou até o embrulho, começando a abrir a caixa. Quando revelou seu conteúdo Hermione reconheceu imediatamente que se tratava de uma penseira. – Um feitiço de memória, ou sei lá como se chama...


 


_Magia de memória? – ela ficou confusa.


 


_Mione, o que eu tenho pra te falar é... É a provavelmente a coisa mais importante que eu já fiz ou vou fazer na minha vida. – ela arregalou os olhos. Ele se ajoelhou de frente para ela e ela instintivamente sentiu as lágrimas picarem o canto dos olhos. Ele falaria mesmo o que ela achava que ele falaria?


 


_Hermione... Bom, eu não sei como começar. – disse, sem graça.


 


_Comece me explicando o que são as flores... – ela disse bondosamente, se ajoelhando em frente a ele também.


 


_Cada pétala dessas contém uma lembrança, Mione... Uma lembrança nossa desde o momento que eu me lembro de ter posto meus olhos sobre você. Essas pétalas todas – e se eu tivesse tido mais tempo seriam mais que 1001 – são alguns dos motivos que eu estou te dando pra te mostrar que você precisa dizer sim pro que eu vou te pedir... Cada uma é um motivo a mais que eu tenho pra te amar tanto quanto... – ele sorriu sem graça, olhando para o chão. – Pra te amar o quanto eu te amo. Eu não seria capaz de dizer com palavras, então o Harry me sugeriu que eu mostrasse com lembranças... São 1001 porque achei que mil não eram o suficiente...


 


Hermione já não conseguia mais segurar as lágrimas dentro dos olhos. Chorava silenciosamente ouvindo tudo que Ron dizia. Como ela podia estar tão brava com ele há cinco minutos? Como ela podia ter ficado brava com ele algum dia na vida?


 


_Ron, e-eu... – ela gaguejou, sem saber o que dizer. – Eu não sei o que te dizer. – ela olhou novamente as pétalas, secando as lágrimas do rosto e pegando uma. – Posso ver uma?


 


_É claro... – ele a tomou pela mão e a levou até a penseira. Jogou a pétala e tocou o líquido com a varinha, e ele começou a se mover. Eles deram as mãos e colocaram as mãos dadas no líquido, caindo em um chão de grama, em Hogwarts. Olharam para si mesmos há muitos anos atrás sentados na conhecida faia à beira do lago negro. Ron tinha um pergaminho e uma pena na mão e Hermione falava alguma coisa, o que era incomum: geralmente ela estava com as penas e os pergaminhos e Ron olhava o céu ou (disfarçadamente) a garota a seu lado...


 


_Ron, anota logo!


 


_Ah, Mione, você não pode anotar?


 


_Não, porque nós dois somos monitores e temos que fazer isso juntos! – ela esbravejou. – Faz um mês que eu faço todo o trabalho de monitoria sozinha e você podia fingir que é útil e pelo menos me ajudar a marcar as anotações para a Professora McGonagall, não é?


 


_Tá bom, ta bom... – Ron coçou a cabeça com a pena. – Você não acha que está reclamando demais dos gêmeos, Mione?


 


_Eles merecem, Ron! Eles não param de dar docinhos para os primeiranistas experimentarem e eles podem ficar doentes com aquilo!


 


_São kit-mata aula... – ele corrigiu, mais para si mesmo que para a garota, mas ela ouviu, o que foi suficiente para se enfurecer:


 


_E é pior ainda! Você fala como se kits para matar aula fossem coisas boas!


 


_E são, ainda mais se a gente tem uma pilha de deveres pra fazer...


 


_Mas você não tem uma pilha de dever pra fazer! – ela protestou – Eu tenho ajudado você com os deveres!


 


_E é por isso que você é a melhor garota que existe em toda Hogwarts.


 


_Ah, é por isso que eu sou a melhor garota em Hogwarts... – ela repetiu, claramente chateada. Ele não pareceu perceber.


 


_Não tanto pelo fato de ajudar, apesar de isso ser muito importante pra o resto da minha vida e pra minha carreira e tal... – ele sorriu observando o pergaminho. – Mas, você sabe que sem você nós não seríamos... Nós. – ele completou, riscando uma coisa no pergaminho.  Somente agora, de fora da lembrança, Ron pôde ver que Hermione corou violentamente ao receber o comentário dele, e viu também que ela estava muito corada na versão mais velha também. A Hermione da lembrança voltou a falar.


 


_Quero só ver o dia que eu não deixar você copiar mais meus deveres, quero só ver... – ela ameaçou. – Vai, dá aqui esse pergaminho... Eu vou terminar de anotar... – ela disse no tom típico e mandão de Hermione. – Você é muito lerdo...


 


Tudo começou a rodopiar e eles bateram de volta com os pés no chão do quarto. Hermione encarava Ron com uma expressão confusa.


 


_Que foi? – ele perguntou, divertido.


 


_Eu nunca achei que essa fosse ser uma das lembranças... – ela disse com uma sobrancelha levantada. – Quer dizer, achei que você nem se lembrava desse dia...


 


_É claro que eu me lembro! Era um momento em que estávamos a sós, e porque o que eu disse nessa lembrança é a mais pura verdade, Mione: você realmente é a melhor garota que já passou por Hogwarts... – ela sorriu e ele também. – Na verdade você é a melhor garota que já passou na minha vida, em Hogwarts ou não, e com certeza sem você eu nunca poderia sentir o que eu sinto com toda essa intensidade...


 


Ela não conseguiu se segurar. Aproximou-se de Ron e deu um beijo apaixonado no garoto, as mãos dele alisando sua cintura e cabelos. Com o entusiasmo que eles se beijaram, Ron a levantou do chão e a girou gentilmente no ar... Quando se separaram, ele falou:


 


_Uma dessas pétalas é o nosso primeiro beijo... – ele sorriu, mas logo ficou sério. – Mione... Eu... Preciso falar logo...


 


_Espera! – ela o calou, tapando a boca dele com uma mão. – Quero te mostrar uma lembrança antes...


 


_Você tem uma lembrança também? Eu duvido que não esteja aqui e...


 


_Não está, eu aposto... Venha, vou extrair a lembrança do jeito tradicional.


 


Hermione pegou a varinha e extraiu um fio fino e prateado que parecia líquido e gasoso ao mesmo tempo e o depositou na penseira. Deu as mãos novamente para Ron e caíram mais uma vez dentro do conteúdo.



Estavam em uma sala toda branca, decorada com algumas estantes cheias de livros e uma escrivaninha cheia de objetos mágicos. A sala não era muito grande e Ron a reconheceu como sendo de algum medibruxo do St. Mungus (pois era o que o jaleco da mulher com quem Hermione conversava indicava). A Hermione da lembrança ouvia o que a médica dizia, e Ron começou a prestar atenção.


 


_...e então a senhorita fez um teste trouxa e deu positivo?


 


_Sim, senhora. – a Hermione na lembrança respondeu. – Agora preciso saber qual o meio mágico para se descobrir...


 


_Bem, é um feitiço bem simples... Venha aqui. – a medibruxa ficou em pé ao lado da escrivaninha, bem como Hermione. Ela apontou a varinha para a barriga da morena e fez um floreio, provavelmente lançando um feitiço silencioso. Um fio prateado saiu da ponta da varinha da medibruxa e envolveu todo o corpo de Hermione, partindo do ventre da garota até elevar-se em espirais e formar uma palavra em rosa no ar, acima de sua cabeça: “Positivo”.


 


Ron sentiu um aperto em sua mão e conteve as lágrimas. Será que era o que ele achava que era? Eles sentiram tudo rodopiar mais uma vez e bateram de novo com os pés no chão do quarto.


 


_Mi...Mione... É... O que eu estou pensando? – ele perguntou, gaguejando muito até conseguir formar a frase. Ela acenou a cabeça afirmativamente.


 


_É... – ela também havia começado a chorar. – É uma menina.


 


Ron não conseguiu conter um urro de felicidade. Abraçou a garota e a girou no ar, chorando abertamente. Depois a colocou no chão e pediu desculpas, com medo de te-la machucado e ao bebê.


 


_Vo... Você gostou da minha notícia? – ela perguntou com a voz tremida.


 


_Se eu gostei? – os olhos do ruivo se encheram com mais água e ele a beijou de forma inesperada, descendo os beijos por seu colo e aplicando um beijo demorado em cima de seu umbigo. – Hermione, eu não sei como tudo poderia... Poderia ser mais perfeito! Eu não sei como... Como... Como reagir de tanta felicidade! – ele levantou e correu pelo quarto, abrindo a janela que havia fechado algum tempo antes:


 


_EU VOU TER UMA FILHA! – gritou para a rua deserta. – UMA FILHA! VOU TER UMA FILHA COM A MULHER QUE EU AMO! – e deu um soco no ar.


 


Ele voltou a cabeça para dentro do quarto e parecia desvairado de felicidade. Hermione não conseguia parar de rir e deitou-se na cama, deixando-o cair ao seu lado com o ouvido em sua barriga.


 


_Papai vai fazer um quarto lindo pra você viu, filhinha? – ele disse para a barriga da garota, ainda chorando. – Papai vai fazer um quarto lindo e você vai ter a vida mais linda que qualquer outra criança do mundo! – ele encarou Hermione. – Como vamos chama-la, Mione? Temos que pensar nisso!


 


Hermione o encarou e enrubesceu. Havia tido uma idéia para o nome da filha, só não sabia se deveria sugerir...


 


_Qual a sua idéia? – ele perguntou, como se lesse os pensamentos dela.


 


_Bom... Depois disso que você fez pra mim hoje... Eu pensei em Rose. – e sorriu para o garoto. Ele sorriu de volta e deu a volta na cama, ajoelhando-se do outro lado, perto dela.


 


_É lindo! – ele sorriu e a beijou mais uma vez. – E eu o aceito desde que você aceite outra coisa... - ele tomou fôlego. – Hermione, eu te amo. – disse sério. – Eu não lembro de ter sentido isso que eu sinto por você por nenhuma pessoa na minha vida inteira... Eu... – os olhos dele, bem como os dela, estavam molhados de lágrimas. – Eu sou a pessoa mais feliz do mundo inteiro quando estou com você, mesmo quando nós estamos brigando ou... – ela riu. – Ou quando estamos com algum problema. Eu sou completo com você e a única certeza que eu tenho na minha vida é que eu nunca, nunca quero correr o risco de te perder. Com você eu me sinto seguro, me sinto confortável para ser quem eu sou e me sinto o homem mais feliz dentro dessa galáxia... Nem em um milhão de anos ou um milhão de lembranças eu conseguiria te dizer tudo o que eu sinto por você, Mione, ou como você me faz feliz, e... Eu não posso te prometer que você vai ser tão feliz quanto eu se você aceitar o que eu vou te pedir, mas eu te prometo que eu vou passar a minha vida inteira tentando te fazer a mulher mais feliz do mundo se você deixar... – ela tentou falar, mas ele não deixou. – Hermione, eu sei que eu não passo de mais um Weasley que estudava com você e copiava suas lições. Eu sei que eu sou só mais um ruivo dentro de uma família bem grande e pouco abastada, e eu sei que você não é obrigada a querer as mesmas coisas que eu quero, mas... Hermione... – ele tirou uma caixinha do bolso com um anel dentro que parecia fabricado por duendes, pois era de diamante e pedras da lua. – Hermione, você quer casar comigo e me deixar tentar te fazer feliz como você me faz... Pra sempre?


 


Hermione respirou fundo e sentiu que se conjurasse um patrono com a felicidade que estava sentindo, ele bateria todos os dementadores que existiam no mundo. Sentiu que se conseguisse dividir a felicidade que estava sentindo, todas as pessoas tristes do mundo voltariam a sorrir e que se conseguisse dizer o que estava sentindo, Ron saberia que era ela que ia tentar a vida inteira faze-lo se sentir da mesma forma que ela se sentia.


 


_Erm... Acho que você já pode falar alguma coisa. – ele disse com um olhar suplicante.


 


_Ron, no momento que eu te conheci eu não te suportei. – ela disse. Ele arregalou os olhos. – Eu passei quase sete dos catorze anos que a gente se conhece absolutamente e incrivelmente irritada e brava com você... Porque não há um sentimento mais errado e insuportável do que o que eu sinto quando eu estou longe de você. – ele sorriu. – Eu não suporto ficar longe de você. Eu não suporto brigar com você, eu não suporto ter medo de te perder. Você quer passar o resto da vida tentando me fazer a pessoa mais feliz? Eu te desafio, porque eu duvido que você vá conseguir ser mais feliz comigo do que eu com você. Eu te amo. – ela disse, ficando de joelhos na frente dele. – Eu te amo mais do que eu pensei que fosse possível amar alguém... E eu aceito.


 


Ron beijou Hermione lentamente, aproveitando ao máximo o momento de felicidade extrema. Ele ia se casar com a garota da sua vida, com a sua Hermione. Ele ia ter uma filha com ela. Abaixou-se para a barriga da garota e disse:


 


_Rose, você me dá a mão da sua mamãe em casamento?


 


Hermione sorriu.


 


_Ela está me dizendo que dá sim... Só a mão, porque o coração já está perdido para você há muito tempo...


 


Eles se beijaram mais uma vez entre 1001 pétalas de flores flutuantes. Pétalas que mostravam, bem como aquele beijo dividido, bem como aquela criança dentro de Hermione e bem como os rostos dos dois, que não poderia haver duas pessoas mais felizes e completas no mundo. Ron e Hermione, o rei e o cérebro, a razão e a emoção, as partes de um todo. Duas metades que não se separariam nunca mais.


 

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