Mansão das Rosas Brancas






Notas iniciais do capítulo


Dedico esse capítulo a todas as leitoras que não desistiram de esperar por essa escritora sequelada... Vocês são demais, espero que gostem. xD ♥ Feliz Natal!

Agradecimento especial a Caroline Façanha, que sempre está pronta para me salvar, me betar e me ajudar a concluir os sofridos capítulos. Agradecimento especial também a Andressa Camille e Thallya Figueiredo pela maravilhosa arte das capas! Artistas que eu amo! ♥ Verônica Chau pelo carinho e mensagens de motivação! ♥ A todas vocês que aguardaram e sempre comentam e me marcam. ♥

Trilha Sonora: Blue Bood by Laurel, Strange Days by Bryan Ellis, Running up that hill by Placebo, Moonlight Sonata by Bethoven, Warrior by Beth Crowley, Control by Halsey, How it Ends by Beth Crowley e Need by Hana Pestle




Apaixonada Pela Serpente 4 - Diário de Sangue
 



 


capítulo 4 - " A Mansão das Rosas Brancas"



 
               

                     O tempo foi a primeira coisa a mudar. O céu da Grã-Bretanha perdeu seu azul acinzentado que tanto confortava trouxas quanto bruxos com seu brilho ciano que atravessava as árvores e os tijolos. Em seu lugar, tons escuros de azul e verde musgo tornaram-se constantes, deixando os trouxas assustados em um eterno eclipse, como se o sol houvesse sido engolido por aquelas estranhas nuvens. Ignorantes da guerra dos bruxos, os trouxas chamavam aquilo de fim dos dias, e alguns bruxos deslumbravam-se e novamente defendiam a intuição daquela estranha sociedade.



"Tão surpreendentes os trouxas, não é mesmo? Eles são absolutamente cegos, mas possuem um brilhante sexto sentido!".


Era um comentário comum na mesa de jantar no Lago Grimmauld nº12 naqueles dias, quando os Weasleys estavam de bom humor, e Harry não pôde conter um sorriso divertido com aquele dejávu.


“Os trouxas sentem que o mundo deles está terminando e que existe um mal por trás de tudo isso. Eles só pensam que se trata de políticos e cientistas". Mesmo depois de tudo o que acontecera, e ter sido afastado do departamento do Ministério de Magia, Arthur Weasley ainda se interessava pelo comportamento dos trouxas. Aliás, de acordo com o Sr. Weasley, a atenção aos trouxas aumentara em grande escala aquele ano, e isso resultava dos ataques que sofriam...


“Exatamente como da última vez”



Harry sentira um líquido amargo descer pelo interior de seu aparelho digestivo e reconhecera a sensação de amargura que há tempos se apossava de seu íntimo. Naturalmente tentara ignorá-la e mesmo afogá-la com umas duas boas doses de sidra, mas não tivera nenhum efeito verdadeiro. “Toda aquela matança que acontecia por causa “dele”... Por causa “deles dois”..." Harry quase vomitara com a união daquelas sentenças em sua mente, finalmente raptado daquele momento com os Weasley que agora saboreavam a sobremesa de abóbora.



Estava acostumado com a popularidade e a sua sina, mas aquilo era ainda pior, a guerra finalmente se repetia e tudo porque ele sobrevivera àquela noite, dezoito anos atrás, tudo por causa de uma profecia... E por que ele? Por que tinha de ser ele, a destruí-lo, Harry Potter? Uma das tantas perguntas que Dumbledore nunca lhe respondera. Como hábito. “Ninguém mais estaria em perigo se Voldemort não estivesse caçando por ele." Aquela conclusão já o assombrava há anos, mas todos os dias, novos nomes de vítimas eram declarados na rádio.



“Um não poderia sobreviver enquanto o outro estivesse vivo"



“E não é tão simples matá-lo, não é mesmo? ”.


A voz em sua cabeça o lembrava mais uma vez.


“Lembre o que Dumbledore disse, a alma dele está dividida em sete Horcruxes, seis ainda desaparecidas. Apenas após destruí-las que Voldemort seria mortal e poderia duelar com ele como igual. E enquanto estivessem desaparecidas, ele teria de permanecer escondido... Protegido... Como uma última peça-chave ou cartada daquela mirabolante estratégia”.



Harry odiava ter de concordar com os críticos do Profeta Diário, mas era obrigado a admitir para si mesmo. "Dumbledore realmente era mirabolante", a pior parte na personalidade daquele velho mago que Harry sempre vira uma figura paterna era o quanto Dumbledore também era imprevisível.



Novamente o moreno se servira de dois copos cheios de sidra e os bebera como que decidido a matar essa praga que insistia em se espalhar por seu corpo como um câncer.



 A mais nova das Weasley que sentava de frente para o moreno, Gina, observava-o com compreensão e certa piedade. Parecia ser a única com sensibilidade suficiente capaz de notar a agonia que ele tentava silenciar dentro de si. Seus olhos meigos e azuis procuravam chamar a atenção dos verdes de Harry, que notara que pareciam pedir para que compartilhassem sua dor. Harry respondera apenas com um aceno negativo com a cabeça. “Você não vai querer saber” ele pensava, sentindo que não valia a pena dividir suas inúteis questões e inseguranças, quando só uma pessoa seria capaz de entendê-lo, e ironicamente ela também não estava lá. Aquela que sempre o acompanhara em todos os desafios de sua vida, também o surpreendera com um incrível chá de sumiço no momento que mais precisava de ajuda.


“Hermione...poderia até ser filha de Dumbledore, explicaria sua genialidade e seu espirito imprevisível"



- Harry? Você está bem ? - A voz vinha da frente, mas mal conseguira identificar se vinha de Gina ou Rony uma vez que seus pensamentos vagavam muito distantes.



Hermione... Só ela era capaz de decifrar tudo aquilo, só ela seria capaz de ajudá-lo nessa missão e passar por tudo isso. E onde ela estava? Outra pergunta sem resposta. Como tantas outras. E seu sumiço o desesperava muito mais do que essa busca pelas Horcruxes, da qual Dumbledore o usava como cavaleiro templário numa expedição às cegas pelo Santo Graal.



 Rony tinha razão, eles não iriam muito longe sem Hermione. E toda vez que esse nome aparecia em sua mente, ou ouvidos, sentia um ódio quase incontrolável, um sentimento tão vivo e intenso como a densidade de um veneno de cobra que parecia aos poucos possui-lo, que, como ele sabia, abria passagem entre seu inconsciente e Voldemort.



“Por que ela fazia isso? Será que ainda estava viva? Dois anos! Dois anos sem uma pista sequer daquela idiota! Nenhum sinal de seu corpo em qualquer lugar da Inglaterra! Ela tinha que estar viva! Ela está viva!”


Ele repetia para si mesmo como que para convencer a própria mente. “E eu vou encontrá-la! E só então saberei o que aconteceu..! E por que... Sumiu.”



A pior parte era a esperança que ela estivesse o aguardando com a mais perfeita explicação, como se ela estivesse em uma missão secreta com Dumbledore esperando pelo momento certo, por alguma inquestionável razão, para incluí-lo... Mas ele sabia que aquela era uma fantasia idiota, como tantas outras que seu inconsciente criou apenas para explicar o que acontecera...



A verdade era que Harry Potter estava cansado de estar no escanteio, sem respostas e na espera, caçando por pistas no universo. Tinha vontade de sumir também, de desistir. Voldemort era imortal. Então por que esperar por peças que nunca seriam encontradas? Hermione estava desaparecida e todos agiam como se ainda existisse esperança... que esperança ainda restava?



- Harry. - Seu nome o despertara como um alarme para voltar à realidade. Só então percebera que encarava a Sra. e o Sr. Weasley com um olhar fuzilante e tentara descontrair os músculos do rosto. A matriarca o fitava com preocupação. - Está tudo bem, querido?

- Me desculpe. Estou ótimo... apenas apaguei por uns minutos, me desculpa...



-Não precisa se desculpar, Harry. Nós entendemos bem o que você está passando... - O Sr. Weasley dissera de forma compreensiva e firme enquanto Harry se odiou pela vontade que sentira de atacá-lo... Ele já se acostumara com esses sentimentos que já faziam parte de si, mesmo que não tivessem menor cabimento... Sabia que só poderia ser manifestação "dele" sobre si, e que provavelmente era perigoso, mas não havia nada mais que pudesse fazer além de interiorizá-lo ainda mais. Hermione provavelmente saberia o que fazer, se pudesse contar com ela... Ou com Dumbledore.



- Na verdade... Eu me sinto um pouco enjoado e com dor de cabeça... Acho que vou me deitar, amanhã devo acordar bem cedo. - E não era totalmente mentira, era uma desculpa verdadeira, como as que já se acostumara a usar para fugir dos momentos sociais de confraternização.



“O que Harry Potter sabe sobre confraternização afinal? Eu nunca tive uma família. ”



A voz venenosa zumbia de dentro de seus ouvidos para o interior de sua mente enquanto Harry subia as escadas para o quarto de Siriús. Dava-lhe calafrios e tensão como se o Lord das Trevas estivesse ali... como encosto ao pé de seu ouvido. No entanto e felizmente, era apenas seu inconsciente constantemente sendo violado, permitindo-lhe torturá-lo. E o treinamento que era forçado a fazer com Severo Snape, a pessoa mais doce do mundo mágico e seu maior fã, era tão inútil e pesado que só servia para mantê-lo constantemente fraco e vulnerável a qualquer distúrbio externo ou interno...



Era por isso que Dumbledore evitava estar em sua presença, ele não era mais confiável, afinal. Que diferença ainda tinha entre ele e o Voldemort, não sabia. Entre todas as questões que acumulava durante os anos no escuro, a maior de todas era "por que ele? Por que apenas ele teria de enfrentá-lo no final?" Com certeza existiam muitos bruxos melhores que ele no mundo, com mais conhecimento mágico, como Hermione..." Um dia ele teria essa resposta talvez.



Harry continuava a encarar a placa esculpida no tronco de madeira escura o nome "Sirius" na porta do cômodo no fim do corredor. Era o que costumava fazer sempre antes de adentrar o quarto do padrinho morto, observar aquele nome como que uma maneira de visualizar seu maior anjo da guarda. Pelo menos o amor familiar do qual pode viver e lembrar. Então uma outra triste constatação lhe caiu sobre a cabeça: a de que todos a quem amar estariam destinados a morrer nessa guerra, por ele. Seus olhos voltaram para o chão em tristeza antes de virar a maçaneta e entrar no quarto sombrio do jovem príncipe Black.



Aquele quarto era como seu pequeno museu, ou refúgio, era quase como se o espírito de Sirius ainda vagasse por ali, e deixasse um ar de bagunça. Mas Harry não se sentia mais nostálgico, apenas procurava um lugar para se recolher em seu conformismo, ódio e agonia. Finalmente se entregar a morte amarga e lenta. Para que lutar? Seu maior pesadelo era de nunca conseguir desistir de procurar por ela e as Horcruxes e ver todos morrerem, até finalmente dali muitas décadas e velho encontrar a ossada dela entre os campos dos Comensais da Morte. Só então poderia morrer...



Novamente sua atenção fora despertada, dessa vez com o bater da porta fechando com força atrás de si, que o fizera quase levantar num salto com a varinha em punho.



- Harry, tudo bem. - Rony dizia sorrindo para o amigo. - Eu tive que usar a mesma deixa que você para sair da mesa ou minha mãe ia me fazer lavar toda a louça. Ela está se aproveitando de qualquer desculpa para nos manter o maior tempo possível juntos mesmo que para isso tenha que recorrer a tarefas trouxas.



- Isso não é tão ruim.



- Não sei quanto a você, mas eu prefiro ser amaldiçoado pelo Cruciatus a lavar louças por uma hora... Quer conversar?



- Na verdade não.



- Eu conheço esse olhar - dissera o ruivo desconfiado com o tom mais sério.



-Que olhar?



- De quando você está prestes a fazer algo idiota. - Novamente a porta abrira de forma brusca distraindo os dois, dessa vez fora Gina Weasley que entrara de forma decidida fechado a porta atrás de si de forma rápida.



- Você sentiu, não foi? Eu pude ver que ele está perturbando sua mente. - Disse a ruiva para Harry que negara contrariado.



- Estou ótimo, já disse!



- Não precisa fingir pra gente.



-Não estou fingindo nada. Tudo isso só me deixa enjoado. Espero que Dumbledore apareça logo para outro passeio. - Ele respondera tentando soar o mais convincente possível, mas sem sucesso, Rony imediatamente fizera seu caso.



- Mentira, ele está querendo fugir de novo!



- Claro que não!



- Achei que já tínhamos discutido isso, Harry. - explicou Gina com paciência. – E tinha entendido que você não terá a menor chance agora e você é tipo a última esperança de Dumbledore.



- Fácil pra você dizer, Gina.  Talvez eu não esteja mais nem aí para as esperanças de Dumbledore. - Harry retrucara, conforme sentia-se mais confiante e ia juntando algumas roupas enquanto ignorava os protestos de Rony. - Ele não corresponde às minhas expectativas, por que eu deveria ficar? Não que eu não saiba o que vocês vão dizer, mas sim eu vou descobrir onde ela está e só peço para que não avisem os outros. Voltarei assim que possível.



- De novo isso, cara? Eu sei onde Hermione está, ela deixou bem claro aquela noite que ela queria ir com o Conl. - Ron dissera com desespero, cuspindo as palavras fazendo Harry se revoltar.



-Pra onde? Azkaban? Porque você sabe muito bem que é lá que ele está desde o Ataque.



-É mesmo, eu me esqueci desse detalhe que ele se uniu aos comensais e nos atacou. Não é óbvio ainda? Ela fugiu com Malfoy. Devem estar se matando ou se amando em algum esconderijo e rindo da nossa cara nos últimos dois anos.



Harry começou a perder a paciência limitada.



- Você sabe que nunca...



Gina se colocou no meio dos dois, tentando acalmar os ânimos.



- Nós procuramos em todo lugar por ela com você, Harry . – Ela o cortara e engoliu em seco sua porcentagem de amargura também. -Os pais dela estão enfeitiçados e ninguém faria um Obliviate tão preciso quanto a Hermione. Ela partiu porque quis Harry e não quer ser encontrada.



-Você está errada. Você não a conhece como eu conheço. -Harry dissera entredentes direcionado sua raiva para a ruiva que olhara conformada exibindo um pequeno sorriso amargo.



- Não, eu digo isso porque a conheço muito bem. Sei que ela faria qualquer coisa para estar em campo de batalha, só falava em se preparar para isso e sei que ela não permitirá que ninguém fique em seu caminho, seja Draco, você ou os pais dela.



- Não. Você não sabe o que aconteceu com ela! Cala a boca! – Harry vociferou.



Gina não se intimidou.



- Só você não quer ver a verdade! Dois anos depois, se Hermione quisesse sequer entrar em contato, ela arrumaria um jeito!



- Você não sabe nem se ela está viva!



A mais nova dos Weasley balançou a cabeça.



- É claro que ela está viva. Eu sinto que está. E você também sente. Mas ela está mais interessada em seguir sozinha para desenvolver seus super poderes... Encare a realidade, o poder subiu à cabeça dela, que sempre foi bem egoísta.



- Eu não acredito.



- Você não quer aceitar. É diferente. – disse a menina, categórica.



- Gina tem razão, cara...



Ele sabia que Gina tinha razão, alguma pelo menos, certamente não toda. Contudo, ele sabia que provavelmente fora a própria Hermione quem enfeitiçara o Sr. e a Sra. Granger, pelo simples fato de ela já ter citado que seria uma boa estratégia caso precisassem fugir. Afinal, eles nunca concordariam com ela se envolver em qualquer coisa que não fosse referente a Escola de Magia. A perfeição com que o feitiço fora executado, apagando cada fragmento de memória compartilhadas com a filha era mais uma pista. A magia era perfeita, qualquer outro bruxo mesmo que tivesse motivos para fazê-lo, não o faria de forma irreversível e orgânico como foi, deixando nada além de uma neblina artificial.
Os Granger não reconheciam ninguém mais do Mundo Mágico e dedicavam-se unicamente à sua outra filha, Cléo.



Além disso, era realmente estranho o fato de não terem achado seu corpo, uma vez que os comensais adoravam exibir suas vítimas Sangue-Ruins. Se fora raptada, devia ter mandado um sinal de fumaça de seu cativeiro. Hermione, sendo tão brilhante, conseguiria arrumar um jeito definitivamente, ela colecionava e memorizava feitiços de contato... A terrível alternativa era que ela morrera e seu corpo se perdera como o de Siriús, ou estivesse sob o domínio de Voldemort. Tal pensamento o motivara novamente.



- Seja qual for a verdade, eu quero ver com meus próprios olhos.



- Pra onde você pensa em ir dessa vez? - Pergunta Rony com desdém. - Na mansão Malfoy?



- Um lugar em que não procuramos. Afinal, é uma possibilidade.



- Sabe que não podemos te deixar ir, cara. Aliás, Hermione não está lá, já checaram.



-Não procuraram direito. – Harry teimou.



- Voldemort vai te matar no segundo que pôr os olhos em você.



- Eu estou cansado de esperar o inevitável...



- Não fale assim. Dumbledore...



- Dumbledore não está nem aí! Não fala comigo há mais de um ano! - Exclamara o moreno para os dois finalmente perdendo sua confiança. - Eu não vou mais ficar esperando Dumbledore me dar instruções, eu sei bem o que fazer.



- Se matar? – perguntou Gina, com raiva. – Por que se for, esse é o caminho certo.



Harry ignorou aquele comentário.



- Eu só preciso de uma confirmação, achar uma evidência só de que ele não a tem...



- Já passamos por isso, lembra? Quando Sirius morreu... - Começara a caçula Weasley receosa, mas fora cortado por Harry de forma ríspida.



- Obrigado por lembrar, Gina! Mas não, dessa vez não irei em direção a ele, só preciso ir mais uma vez atrás de uma pista, sei que vou achar dessa vez! Me ajudem só mais dessa vez, não avisem os outros e prometo que será a última vez.



Os irmãos Weasley cogitaram aquela ideia em silêncio por alguns segundos, tempo suficiente para que Harry aparatasse de repente da frente dos dois sem antes deixar no ar um educado “obrigado”.



Deixara um ruivo contrariado e uma ruiva irritada para trás.


 



 
           Harry não cumprira sua promessa. Não voltaria para a sede da Ordem da Fênix sem uma pista de Hermione, e sua nova determinação era o que o mantinha são. Mesmo que a cada nova semana que passasse parecesse ainda mais distante do rastro da castanha ou de Draco, era mil vezes mais confortante estar na busca do que ficar escondido no Lago Grimmauld 12, e ao lembrar desse fato sabia que tinha tomado a decisão correta. Ofendia-o como Rony e Gina pareciam ter desisto da castanha. Sim, eles tinham razão sobre quase tudo, e Hermione teria de ter uma boa explicação. Provavelmente ao encontrá-la, fosse ser consumido pela raiva ao constatar que realmente ela sumira de propósito... mas valia a pena descobrir que ela estava viva... precisava estar...



       A expedição aos terrenos dos Malfoy fora uma grande perda de tempo e quase uma missão suicida, visto que a única coisa que encontrara lá fora uma armadilha para capturá-lo da qual escapara por pouco, pois notara de longe os ônibus bruxos que descarregavam trouxas amaldiçoados nos portões com o Brasão da serpente em volta do M de prata. Harry sentira um forte impulso de salvar àqueles trouxas, mas sabia que se fosse capturado colocaria tudo a perder, e sua busca estaria abortada.



Contrariado e odiando a si mesmo, fizera força para desviar o olhar e aparatar do local, odiando novamente Hermione por isso.



"Querida Mione, a cada dia perco mais as esperanças, a cada hora fico mais insano... Sinto que estou perdendo a batalha contra "ele". A qualquer momento ele vai me encontrar, como um cordeiro desgarrado, e a culpa será toda minha, todos terão morrido em vão, porque eu não posso parar até te encontrar. Cansado de te odiar, começo a me odiar também."



          Essa fora apenas a primeira vez que Harry colidira com a realidade a sua volta. Escrevendo cartas mentalmente, era uma forma de testar e manter sua sanidade. Estivera dois anos escondido no Lago Grimmauld 12 dependendo unicamente das notícias vindas pelos membros da Ordem da Fênix, que faziam questão de evitar relatos mais devastadores.



O que Harry via com seus olhos era uma Londres dominada pelo medo, pela fumaça das explosões e o terror dos trouxas e bruxos que agora pareciam uma única sociedade oprimida. O Bruxos seguidores de Voldemort divertiam-se atacando diversas regiões, sequestrando jovens, assassinando sem piedade aqueles que se rebelavam enquanto gargalhavam a cada nova submissão, dançando em volta da pilha de corpos de suas vítimas. Os Comensais faziam de Londres seu playground, presente do Lord das Trevas e seus prisioneiros eram a audiência arrasada de seu espetáculo.



        Outros bruxos fugiram com suas famílias e escondiam-se muito bem atrás de poderosos feitiços de proteção e invisibilidade, que o ajudavam a se locomover sem deixar nenhum rastro. Feitiços esses dos quais Harry também se utilizava para esconder-se tanto dos Comensais quanto dos membros da Ordem da Fênix. Obviamente, esses feitiços tinham um prazo de validade e precisavam ser refeitos com perfeição a cada cinco horas.



Num descuido, Harry esquecera-se de atualizar o feitiço uma vez e vira Arthur Weasley no centro de Londres obviamente procurando por ele, que estava sob a capa de invisibilidade de seu pai. Seu objeto mais precioso, que o salvara mais vezes do que sua varinha. Fora com culpa que Harry desaparatara de perto do pai de seu melhor amigo, não voltaria para seu exílio, sua missão estava longe de estar concluída.



          Mais semanas se passaram e Harry precisava lutar com mais força contra seu subconsciente que já queria desistir. Estava cansado de ter esperanças, de nadar contra a correnteza. Afinal, não havia um vilarejo bruxo ou trouxa na Inglaterra que não fora. Passara mais vezes que pudesse contar em frente à casa dos Grangers na esperança de que Hermione aparecesse para uma visita, mas só encontrara uma família normal trouxa que não parecia sentir menor falta de outra filha. Reunira suas últimas energias para aparatar até seu novo destino, que talvez fosse o último já que deixara como cartada final.



A Casa dos Gritos, o prédio mais mal assombrado da Grã-Bretanha em Hogsmead. Restava em Harry uma remota esperança de que Hermione estivesse instalada lá.  



"Harry! Harry o que você está fazendo? Você não devia estar aqui!"



              Harry ainda tinha suas pálpebras fechadas, quando ouvira a voz apreensiva da castanha e sorrira de leve antes de abrir os olhos, encontrando ali uma miragem de sua amiga, como que o espirito dela assombrando-o todo o caminho, guardando por ele... Harry não se assustara mais, uma vez que se acostumara já com seus devaneios consequentes da exaustão da própria mente. Precisava se empenhar e se desgastar muito mais nessa expedição para manter Voldemort longe de sua vista, e vice-versa uma vez que agora estava sozinho.



Todavia, Hermione, causa de sua atual obsessão, visitava-o nos seus momentos mais vulneráveis como que iluminando o caminho.



"Não lembra o que Dumbledore disse?! Voldemort espera que você retorne a Hogwarts ou Hogsmead, ele sabe que conhece essa passagem! É suicídio, Harry!"



- Mas significa que estou perto, não é? - Harry respondera para a miragem, embriagado com sua própria fraqueza.



"Não. Está cheio de dementadores nessa região, e você está muito fraco para fazer um patrono! Precisa sair daqui!"



- Não preciso. Não quero que me encontrem mesmo... - teimando com o próprio devaneio, Harry arrastara-se até a entrada do prédio amaldiçoado, totalmente coberto pela a capa do pai. Não parecia ter nenhuma alma na região, ou sinal dos tais dementadores.
 



              Empurrara a pesada porta de madeira velha do prédio e encontrara restos do que parecia ter sido um campo de batalha. Procurava agora no local irreconhecível, por qualquer pista entre os escombros que pareciam ser apenas de pedras e tijolos. Notava que morcegos e aranhas ainda habitavam o prédio abandonado o que poderia significar que ninguém estivera ali por muito tempo. Caminhando mais sobre os escombros, Harry tropeçara em um crânio que lhe causara um ataque de pânico tão grande que resultou em uma poça de vômito. E não era porque não estava acostumado já com esqueletos em terrenos baldios, pois isso encontrava constantemente, mas porque apavorava-o a ideia de que pudesse se tratar de Hermione.



- Ah! Aí está você, Potter! - Harry apontara imediatamente sua varinha para o vulto ao seu lado antes mesmo de registrar o tom de voz daquela saudação. Só então, ainda confuso com a gargalhada da jovem bruxa a sua frente, abaixara sua guarda.



- Tonks!? O que está fazendo aqui? - Perguntara Harry tentando disfarçar o desânimo ao notar o estado extasiado da bruxa de cabelos de diferentes tons de púrpura e personalidade extravagante.



- Procurando por você, é claro. - A misteriosa bruxa que era integrante importante na Ordem da Fênix, apesar de uma pequena diferença de idade com Harry, caminhara em volta do moreno e ao redor dos escombros do prédio abandonado com assobio nos lábios como que visualizando tudo o que ocorrera no local. - Você realmente achou que ela estaria por aqui?



- Não. – Harry mentira envergonhado da própria estupidez, ou talvez do próprio vômito no chão. Mas antes que pudesse desviar do ocorrido a bruxa encontrara o crânio no chão, em seguida seu vômito e finalmente mirara suas íris verdes com pena.



- Não se preocupe, Harry. Não é a Hermione.



- Eu sei. - Ele mentira novamente, tentando disfarçar o alivio com desdém. - Só pensei que poderia ser algum estudante de Hogwarts.



- Não é. Seja quem for esse camarada, tá morto faz uns 100 anos... - ela o cortara como uma louca cientista divertindo-se com o fóssil que acabara de encontrar, rodeando o tal crânio entres os dedos. - Olha só pra isso, incrível como permanece intacto, com perfeição... - Parara de falar então observando o céu pela janela do prédio, Harry notara também a temperatura baixar bastante quando Tonks virara-se com seriedade. - Hora de irmos, Harry.
 
 

- Me desculpe, mas não voltarei para a Ordem... ainda não. - Harry anunciara com confiança e simplicidade como ensaiara muitas vezes. Ele vira a bruxa inclinar as madeixas púrpuras para trás e revirar os olhos numa impaciência que durara apenas três segundos e então abrir um sorriso compreensivo.



- É claro que você tinha que ser como o James, bem que o Remos disse... ele tem razão, você herdou a maluquice e teimosia do seu pai. - E finalmente Harry sentira-se rir de verdade, ou apenas abrir um sorriso sincero acompanhado de um suspiro que traspassava mais satisfação que sentira durante os últimos anos, precisamente consequente da interação com outra pessoa.



- Prefiro chamar de determinação.



- Você a ama.. você a ama taantooo... - Tonks começara a cantar, num refrão emocionada, em outro debochada.



- Não. Escuta. Você pode voltar para a Sede...



- É obvio que eu vou te ajudar a encontrar seu amor verdadeiro, Harry... - ele apenas observara novamente atônito e confuso com as mudanças de posição de Tonks - é por isso que estou aqui, confie em mim, eu sei exatamente onde procurar.



- Onde? - Ele perguntara contrariado já sabendo que se decepcionaria.



- Numa vidente trouxa, as cartas não mentem...



- Mas trouxas mentem... - ele retrucara descrente.



- "Mas trouxas mentem" - Tonks repetira copiando a voz de Harry com perfeição - Jovens bruxos, pelo contrário, são muito honestos, não é? Estou ansiosa pra saber as pistas que você conseguiu até agora.... - ela dissera sarcástica e ele não tivera resposta, afinal ela tinha um ponto, qualquer pista era valiosa ainda mais que não encontrara nada até então.



- Você confia nessa vidente?



- Ela me disse onde você estava... - Ela respondera com um sorriso jovial que lhe lembrara o de seu padrinho morto. - Segure na minha mão Harry! - Ela exclamara de repente, quando notaram um grupo de dementadores se aproximar do prédio.
Incerto, Harry obedecera e vira Tonks fechar os olhos enquanto uma neblina púrpura os rodeava e espalhava-se pelo local até que sentira um puxão forte no umbigo e ser engolido por uma Chave de Portal.
 
 

          Harry sentira seus joelhos doerem ao baterem contra o chão no mesmo momento que recuperara o ar nos pulmões, como que saindo da água para finalmente atingir a superfície, ou cair nela, para o destino selecionado por Tonks. Ao recuperar-se e adiantar-se para seguir as pressas para onde a bruxa o chamava, na virada de um beco de tijolos laranjas um tanto excêntricos. As pessoas no local, Harry notava, pareciam viver uma ilusória paz trouxa.



- Onde estamos?



- Ainda estamos na Europa, só isso que posso te dizer.



- Mas como? Onde estão os Comensais?



- Esse vilarejo é muito protegido, os Comensais nem sabem que existe...



- Sério? Hermione pode estar...



- Não está. Mas a Vidente está. - Ela dissera antes de bater três vezes em uma porta discreta atrás de um sobrado no fim do beco que continha uma placa com aparência ainda mais antiga com os dizeres "Madame Jessa".



Eles ouviram então um barulho de trinca trouxa sendo destrancada do lado de dentro e a porta ligeiramente abrira sozinha.



- Depois de você Harry. - Tonks dissera mostrando o caminho com a mão enquanto seus olhos cintilantes brilhavam. Harry receara entrar no sobrado por dois segundos, ao sentir um desconforto no estômago e uma pontada forte na cabeça, mas tentara não dar atenção.



- Ok - respondera o moreno antes de entrar coçando de leve a cicatriz ao adentrar o sobrado.



        Notara então, um comum apartamento trouxa, com colcha de bordados, mesa de centro, abajur de lâmpadas e eletricidade, como outro qualquer, continha até mesmo uma televisão. Logo ao notar quadros de orquídeas emolduradas ouvira uma voz feminina exclamar e um mulher muito bonita vir da cozinha desfazendo o laço do avental.



- Harry Potter! Finalmente em frente a mim, fisicamente, olha, Ninfadora! É tão mais bonito do que no jornal! E alto também! Olhe essa cicatriz e os olhos tão verdes iguais aos da Evans...



- Eu te disse que ele não era tão esquisito quanto nas fotografias. - Tonks respondera ao jogar-se em uma cadeira de madeira. - Não me chame de Ninfadora. - acrescentara num tom ameaçador.



- Incrível... Harry Potter... está cansado? Aceita uma xícara de chá?



- Obrigado... Madema Jessa. – ele responde hesitante.
 




- Você pode me chamar de Jessa, querido, eu já volto.



Harry não conseguira não corar ao sentir o toque de Jessa em seu braço e testa enquanto observava sua cicatriz. Em consequência, Harry pode ver de bem perto os traços joviais e belos daquela trouxa. Seu cabelo era curto e cacheado acima dos ombros de um laranja claro lindo em contraste com sua pele clara e lábios com um batom de um tom mais escuro que os cabelos. Era esbelta e parecia ser muito mais jovem e atraente do que ele imaginava.



           Sentara-se na poltrona de frente para cadeira de madeira onde estava Tonks, com um constrangido sorriso nos lábios quando encontrara o olhar penetrante e intrigante da amiga.



- Ela é legal. Madame Jessa... É sua amiga?



- Não. - Tonks respondera com simplicidade deixando Harry novamente confuso, mas novamente Madame Jessa voltara agora com uma xícara de chá para ele.



- Eu te disse que ele estaria na Casa do Gritos. - Dissera a mulher com uma piscadela muito atraente para Tonks, Harry não pôde deixar de notar.



- Você viu que ele estava vomitando? Podia ter me avisado para levar um remédio. - debochara Tonks deixando Harry constrangido.



- Estou bem. Não foi nada.



- É horrível tudo o que você está passando. Mas estou feliz que finalmente possamos nos falar. - Dissera Jessa com um olhar compreensivo.
Harry novamente sentira uma pontada na cabeça e servira-se de outro gole de chá antes de falar.



- Obrigado por me ajudar Jessa. Será que você poderia ver...



- Onde Hermione Granger está? - Jessa cortara-o fazendo-o quase engasgar de ansiedade.


- Admito que passei os últimos meses tentando ter uma visão com ela sem sucesso, mas... podemos tentar novamente. É diferente com você aqui, a ligação entre vocês vai ativar outras visões.



        Harry olhava atônito e desesperado de Tonks para a trouxa, sentindo um abismo abrir na altura de seu estômago, a nova esperança descarregando uma corrente elétrica pelo seu corpo.



- Sim, querido. - Ela confirmara sorrindo novamente e Harry não pode deixar de sorrir agradecido. - E pra você usarei cartas especiais para clientes bruxos, é claro. Agora não vamos perder mais tempo. - Dissera ela.



Então, sem aviso, abriu espaço na mesa de centro jogando o pequeno prato, vaso com flores e livros no chão. Num só gesto abriu uma canga roxa sobre a mesa. De olhos fechados e de joelhos em frente à mesa, a trouxa embaralhava ferozmente um baralho trouxa, partindo-o e embaralhando-o novamente como se trabalhasse em um cassino.



- Eu não sei como agradecer, eu pago qualquer preço...



- Shiu... não atrapalhe minha concentração - Ela o censurou antes de começar a abrir uma carta atrás da outra de forma veloz na mesa.



Harry engolia em seco ao se desculpar, suando de tanto nervosismo a cada carta que ela colocava na mesa enquanto Tonks achava a situação engraçada. De forma dramática, Jessa abrira os olhos e analisava o jogo aberto com as mãos estendidas em atenção.



- Humm.... wow... É... eu imaginava...



- O quê? O que é? Ela está viva? - Harry indagava agora ansioso.



- Ah sim, definitivamente ela está viva. - Confirmara Jessa como se comentasse o tempo fazendo Harry quase chorar de alivio.



- É! Eu sabia! Eu sabia! É claro que está viva! Há Hermione! Onde ela está?



- Então esse é o problema, você vê? - Respondera Jessa apontando para as cartas, Harry automaticamente procurava pela resposta nelas, mas só encontrava desenhos de bruxos da antiguidade. - Como pode ver a carta de Sépia das Pedras, a segunda carta que saiu depois da Torre de Astronomia colidindo...Essa é a Hermione, certamente sobrevivente e ressurgindo após um terrível atentado na Escola de Magia.



- Sim... - Harry concordava deslumbrado ao ver a carta da famosa Bruxa Sépia das Pedras, obsessão da amiga desaparecida, olhar por trás dos ombros nus de forma ameaçadora e empinando o nariz de forma arrogante enquanto dava as costas para carta anterior da Torre de Astronomia sendo atacada com a marca negra no céu... - É verdade... E se parece com a Hermione...- Então sentira-se gelar ao ver a terceira carta de um homem de olhar e sorriso perversos e armadura com brasão de serpente.



- Ela não está sozinha, como pode ver, esse sujeito nada simpático que você deve reconhecer está com ela, entende? Todo esse tempo, ele vem ajudando-a se esconder, porque, veja, como Sépia das Pedras se vira de costas para a Torre, ela quer distância do passado... ela quer se transformar nessa guerreira que o Herdeiro quer que ela se torne. Você vê? A carta da Força. - Ela apontava agora para a carta de uma domadora de leão abrindo a boca de um enorme felino. - A carta da Magia Suprema, a carta da Justiça junto da última carta da Rainha... É isso que ela tem feito, ela está sendo treinada por ele, superando seus limites...para finalmente retornar como uma rainha, poderosa suficiente para fazer justiça. Como pode ver pela primeira carta, A Torre, tudo isso foi decidido em um momento de grande desespero e angústia. Toda realidade que essa menina conhecia foi destruída, ela não sabe mais quem ela é. É como se ela tivesse morrido e nascido de novo... - Ela concluíra com um olhar triste.



- Mas não pode ver onde ela está? - Harry perguntara novamente após uns segundos perturbado. Jessa negara com a cabeça com um olhar derrotado.



- Ela não quer ser encontrada, ele também não quer que sejam encontrados. - Ela disse apontando para as cartas de Sépia das Pedras e de Salazar Slytherin que se rebelaram contra o toque da unha pintada de vermelho da trouxa. - O feitiço que os protege é poderosíssimo, eu não consigo visualizá-los. A única coisa que posso ver é que ela está com Malfoy. - Harry batera com força no braço da poltrona - Mas ela não está vivendo o romance que você pensa. Pelo contrário, eu sinto que está muito infeliz. O Herdeiro não pega leva nesse treinamento, ele cobra dela toda sua energia vital e testa os limites de sua resistência. Eles estão levando isso muito a sério...



- Eu preciso saber onde ela está.. eu preciso de uma pista, qualquer informação....



- Encontre Malfoy e você a encontrará...



- Encontrar Malfoy que parece impossível... - Comentara Tonks entediada.



- Parece que ele foi engolido por Voldemort. - concordara Harry furioso. Logo Jessa estendera a mão direita pedindo para que esperassem um segundo enquanto embaralhava o restante das cartas e abria outras cinco cartas na mesa.



- Hummmm.... hummm....



- Então?? - perguntaram Tonks e Harry juntos.



- O Rei... O Eremita...O Comensal da Morte... A Marca Negra e o Enforcado... - Ela suspirara antes de continuar. - Esse é Draco Malfoy, o rei dos Comensais da Morte ou líder, como preferir chamar... eu posso vê-lo...sim... Ele vaga por terras longínquas, onde vai ele leva o terror e a morte... - ela dissera em um tom sombrio arregalando seus olhos negros.



- É ele mesmo... - Harry confirmara. - Maldito.



- Amaldiçoado ele é, com certeza... - Jessa o corrigira apontando para a última carta onde um bruxo estava pendurado pelo tornozelo. - Vocês dois têm mais em comum que imaginas, Harry. Todos vocês estão amarrados nessa enorme teia cármica... e seguem cegamente para o caminho do qual sempre foram destinados. Tudo isso que aconteceu, Harry, e o que ainda vai acontecer... É inevitável.



- Por favor, só me diga onde Draco Malfoy está...



- É com prazer que posso responder pelo menos está pergunta. - Ela comemorara de repente. - Sorte sua, ele voltou para Londres. Eu posso vê-lo, meio alterado, meio possuído, porém à espreita de algo realmente importante. Mas deve tomar muito cuidado, pois há outros Comensais da Morte com ele, comemorando com seu líder a glória pós ataque... estão na Taverna do Basilisco, o bar bruxo medieval da velha Londres que atrai todo tipo de psicopata.



- Eu conheço esse bar! - Dissera Tonks animada.




               Dessa vez Harry sentira um vento gelado arranhar sua face no momento que sentira o chão firme abaixo dos pés. Ventava tanto que fora necessário segurar sua capa de invisibilidade com força para que não fosse levada.



- Certeza que estamos no local certo? - Perguntara Harry para Tonks ao procurar por qualquer vulto na região.



- Sim. - Ela respondera.



O céu estava totalmente escuro e a única fresta de luz por toda a rua era do raio verde que vinha da marca negra acima de suas cabeças...



- E provavelmente ele está aqui. - Ela dissera ao mirar a caveira e cobra verde no céu.



Sem rodeios, puxara a varinha e apontara para uma porta de madeira no chão que mais parecia uma entrada de esgoto e dissera as palavras chaves "Trouxas Cruciatus" e logo dando de ombro para Harry chamando-o para seguir com ela os degraus abaixo da porta que se abrira.



- Então você vem bastante aqui?



- É preciso se infiltrar... - ela defendera-se do olhar de estranheza dele.



          Harry e Tonks desceram juntos, cobertos pela capa de invisibilidade do seu pai, os sombrios degraus até o bar subterrâneo. Era um longo caminho iluminado por tochas. Harry imaginou que aquele caminho deveria servir de abrigo nos bombardeios da segunda guerra mundial trouxa, apesar do calafrio na nuca, o rapaz era movido pelo calor recém acendido em suas estanhas depois de tanto tempo, finalmente se aproximava de onde Hermione estava.



           Logo ouviram uma melodia vir do fundo do corredor de pedra, conforme se aproximavam tornava-se mais nítido as notas do órgão pesado acompanhado de uma voz aveludada feminina que parecia convidá-los hipnoticamente para um banquete com os Comensais...



Ouvir Música* https://www.youtube.com/watch?v=3bDUCwN6KEA&list=PL5k2LnGFJS2CMwpiX5L7MTEheeGG6ZD2x&index=1

"Blow it up
Let the horses run,
I used to kill for fun
We‘re filthy rich sitting on the tail end of love.



(Exploda
Deixe os cavalos correrem,
Eu costumava matar por diversão
Estamos podres de rico sentados na extremidade da cauda do amor.)




               O que Harry encontrara no salão de pedra era muito mais do que o esperado e estava atordoado com aquela cena, que lhe lembrava mais uma cena de algum filme trouxa sobre vampiros do que qualquer outra coisa.

"You woke me up for your blue blood
Made me come undone
Can‘t believe you‘ve been here the whole time
(Você me acordou para o seu sangue azul
Fez-me desfeita



Não posso acreditar que você esteve aqui o tempo todo)
Too nice to pass you by and I can‘t believe
You‘ve been here the whole time
(Demasiado bom para passar por você e eu não posso acreditar
Você já esteve aqui o tempo todo)

                A mulher que cantava parecia uma bela vampira com um olhar penetrante e embriagado. Aliás, todos os bruxos, que provavelmente eram Comensais da Morte pareciam totalmente embriagados e extasiados, só que o que realmente o perturbava eram as numerosas taças de líquido escarlate do qual todos pareciam querer mais. "Sangue" pensara Harry aterrorizado, só conseguindo murmurar para Tonks ao seu lado, que não mais se encontrava em baixo da capa de invisibilidade com ele, mas com uma fisionomia totalmente diferente. Agora uma bruxa de estatura menor, loira, olhos azuis e vestido bem justo que Harry mal reconhecera de início.



"You made me feel again
Made me dance circles ‘round the pieces of your heart.
You made me feel again
After the last time, didn‘t think that I could love."



(Você me fez sentir novamente
Me fez dançar em círculos em volta dos pedaços de seu coração.
Você me fez sentir novamente
Depois da última vez, não achei que eu poderia amar.)


- São todos vampiros?



- Yep... Overdose de Poder - Tonks respondera como que um comentário divertido piscando para um Comensal que passara. - É nojento.



       Conforme a banda continuava, Harry via alguns Comensais levantarem-se e dançarem de acordo com a melodia que parecia um indie-rock romântico, achando aquela cena uma mistura de grotesca com bizarra.



- Lá está o Malfoy! - Tonks se contera para dizê-lo de forma baixa, surpreendendo Harry conforme puxava-o pelo braço.



         Harry procurara apreensivo pelo velho rival entre os muito comensais que se jogava uns contra os outros nos longos sofás embebedando-se de sangue como se fosse vinho, e encontrara-o sentado no meio do sofá, como um Deus entre as bestas, inexpressivo, desprendido da realidade, com os olhos cinzas opacos sem brilho como que perdido na onda da droga recém injetada.
 




"Living by the sea
No one could set me free
Before you came to me I was in a pretty dark place
Praying for the end"



(Vivendo à beira-mar
Ninguém poderia me libertar
Antes de vir a mim, eu estava em um lugar muito escuro
Rezando pelo final)


 


              Fora uma impressão errada, Harry sabia, mas não poderia descrever de outra forma. Malfoy encarava o nada com ódio e perversão, como se divertindo-se em torturar e aniquilar alguém em sua mente, não parecia distrair-se nem mesmo quando uma bela bruxa loira de vestido decotado abrira espaço para sentar ao seu lado e começara a beijar seu pescoço pálido.


 



"So sugar sweet
So easy to make you fall
Hell for leather, hell for sure
Always adore and endure I will love you"



(Então doce açúcar
Tão fácil de fazer você cair
Inferno para o couro, o inferno, com certeza
Sempre adorar e aguentar Eu vou te amar)




- Ele parece bem, não é... - Debochara Tonks ao seu lado, conforme via o jovem Malfoy se deixar levar pelos beijos da bruxa loira.



- Vamos chegar mais perto. - Dissera Harry puxando Tonks para o outro lado do salão onde estava Malfoy, tomando cuidado para não esbarrar em todos os Comensais.


 



"To nice to pass you by
And I can‘t believe
You‘ve been here the whole time"



(Demasiado bom para passar por você
E eu não posso acreditar
Você esteve aqui o tempo todo)




Harry vira Draco mirar a jovem que o beijava bem perto de seu rosto como se quisesse ver dentro da mente dela enquanto pronunciava palavras em um tom baixo e quase ameaçador que Harry precisara se esforçar para ouvir mesmo com as orelhas mágicas das genialidades Weasley.



- Você é fiel a mim, Heather? - Ele perguntara com sua voz serpentinosa.



- Eu faço qualquer coisa por você, Draco, basta dizer o que deseja e eu te dou. - A bruxa loira respondera com pressa e ansiosa para ouvir o comando fazendo Malfoy sorrir maquiavélico.


 



"You made me feel again
Made me dance circles ‘round the pieces of your heart.
You made me feel again
After the last time, didn‘t think that I could love"

(Você me fez sentir novamente
Me fez dançar em círculos em volta dos pedaços de seu coração.
Você me fez sentir novamente
Depois da última vez, não acho que eu poderia amar)


 



- Chega dessa música deprimente! - Malfoy ordenara em alta voz, interrompendo a melodia e também todos os sons que vinham do grupos de Comensais dentro do bar. - Isso parece mais um memorial! - Ele rugira insatisfeito. No palco a cantora de aspecto vampira gótica se encolhera de vergonha junto da banda. - Onde está aquele cara da noite passada? Eu gosto de ouvir aquele cara...-Ele perguntara olhando em volta quando um bruxo magrelo de cabelo escuro e sujo, que mais parecia um prisioneiro recém solto de Azkaban, de olhar e sobrancelhas sinistras correra aos tropeços para cima do palco em direção ao microfone... Logo a banda começara outra melodia mais agitada, ainda sinistra.


 


Ouvir Música* https://www.youtube.com/watch?v=4mUcbjy7nvA&list=PL5k2LnGFJS2CMwpiX5L7MTEheeGG6ZD2x&index=2




"Monsters climbing out from under your bed,
Fire’s burning in your head,
Stars exploding in the night,
Constellation suicide"



(Monstros saindo de debaixo de sua cama,
 Fogo queimando em sua cabeça,
Estrelas que explodem na noite,
Constelação suicídio)


 


- Muito melhor....- Draco voltara-se para sua acompanhante satisfeito - Estou com sede.



         Malfoy puxara o pulso dela com força e mordendo-o em seguida arrancando uma exclamação da mulher, logo estendendo o pulso dela sobre uma taça vazia que pegara na mesa a sua frente e deixara pingar o sangue até que estivesse totalmente cheia, saboreando um gole como se fosse o gole do melhor vinho do sul da França.


 


"In the fever, I let you go,
but you’re bringing me back to life.
It’s an evil you should recognize,
maybe you, maybe you don’t."



(Na febre, eu deixo você ir,
mas você está me trazendo de volta à vida.
É um mal que você deveria reconhecer,
talvez você, talvez você não o faça.)


 


 - Tão puro... tão... delicioso... - Harry e Tonks observavam a cena com repulsa, Draco parecia abastecer-se de uma nova fonte de energia incrível do qual saboreava.



- É todo seu, Draco...



"Strange days, what a color dripping,
for your love I’ve sunken so many ways.
Strange hearts, in a sea we’re swimming, for your love I’ve sunken so many ways
Strange"



(Dias estranhos, o que é um gotejamento de cores,
Pelo o seu amor que eu tenho afundado de tantas maneiras.
Corações estranhos, num mar que estamos nadando, pelo o seu amor que eu tenho afundado de tantas maneiras
estranho)



             Harry sentia-se enjoado conforme assistia Draco beijar a mulher loira com intensidade após se servir de mais um gole de sua taça de sangue, pensando que nunca mais poderia vê-lo junto de Hermione.... Afinal onde ela estaria enquanto ele se saciava em sua festa particular?



- Me dê aquela memória, Heather... a que preciso... - Malfoy dissera em seu ouvido enquanto segurava a mulher com firmeza novamente.



- Qualquer uma... - ela respondera automaticamente ainda anestesiada pelos beijos do loiro que lhe acariciava o colo que subia e descia com a respiração. Harry vira o loiro escorregar uma das mãos por baixo do vestido da mulher enquanto falava.



- Me mostre seu encontro com Dumbledore... tudo que ouviu ele dizer....



- Sim - ela dissera junto de um gemido enquanto o loiro agora sugava seu pescoço...



"Time is coming up so they say,
eyes and people pass away.
Glass house living is for the dead,
Take my chance and swim instead."



((O tempo está chegando, é o que dizem,
olhos e pessoas passarão.
Glass House de estar é para os mortos,
Pegue a minha chance e nade ao invés.)


 


             Confusos, porém curiosos, Harry e Tonks viram a bruxa usar sua varinha para puxar um fio de prata do lado de sua têmpora enquanto entregava-se a Malfoy que só largara dela quando o último fiapo de luz prateada pousara em um pequeno frasco de vidro que tirara de suas vestes com sutileza.


 


- Obrigado, amor... - Ele agradecera dizendo "amor" com muito sarcasmo, como que debochando da fraqueza da bruxa em suas mãos. Sorrira perigosamente satisfeito de sua conquista ao olhar para o frasco com seus olhos caninos cianos, levantando-se do sofá e saindo de perto da mulher sem olhar para trás, deixando-a totalmente perdida enquanto o bruxo no microfone rugia afinado de forma quase romântica.




"All my friends are killers,
sleeping underneath the stairs.
Oh, my love is steadily giving up,
and I really hope to see you there."


(Todos os meus amigos são assassinos,
dormindo debaixo da escada.
Oh, meu amor está constantemente desistindo,
e eu realmente espero vê-lo lá.)




                Atravessara o salão no seu andar selvagem e silencioso ao som do que parecia ser sua trilha sonora pessoal, com Harry e Tonks em seus calcanhares. Tonks vira outra linha perigosa escorrer pelos lábios de Malfoy e tentara puxar Harry para alertá-lo que não era inteligente seguir Malfoy para fora do bar agora que ele acabara de beber sangue, mas já era tarde, pois Harry já o seguira agilmente de volta para o túnel...



           Ao chegar ao túnel, Harry já perdera Draco de vista e correra impaciente até a entrada esquecendo-se de Tonks, determinado unicamente a não perder mais o rastro de Malfoy. Ao subir o último degrau e passar pela porta de madeira fora jogado com brutalidade para cinco metros de distância enquanto sua capa de invisibilidade era atirada na outra direção, com a cicatriz ardendo como brasa, vira Malfoy estendido a sua frente com o velho sorriso vitorioso e largo mostrando os caninos afiados.


- Você torna minha vida muito fácil, Potter...


          Harry sentia seu corpo paralisado, a varinha longe de sua vista, totalmente indefeso sob o poder de Malfoy, irritado com seu próprio descuido. Draco estava aparentemente bêbado e gargalhava da própria sorte ao ver Harry estendido no chão.


- Eu sabia, que esse cheiro de ovo podre só podia vir de você... Onde estão seus amiguinhos? Não me diga que já eram. - O loiro acrescentara com fingido aborrecimento com a hipótese de não poder matá-los pessoalmente.


- Me surpreende o nível que você chegou Malfoy...


- Não viu nada ainda... - Draco sorrira como se ouvisse um elogio.


- Imagino o que Hermione diria, se o visse bebendo sangue em uma orgia vampírica. - Novamente Draco gargalhara com força, dessa vez o som de sua gargalhada insana se prolongara por todo o quarteirão deserto. - Você está insano... como chegou a esse ponto? Se entregou completamente ao seu mestre?


- E você pelo visto, ficou escondido tanto tempo que perdeu todos nossos eventos mais importantes. Eu sou o Mestre das Trevas agora, Potter. - dissera o loiro de forma cordial, estendendo os braços em uma quase reverência, sorrindo ameaçadoramente por entre os fios platinados. – Bem-vindo ao meu Inferno.


-  Onde está Hermione?! - Harry perguntara prontamente, ignorando o convite ameaçador do loiro que o olhara confuso.


- Por que eu saberia daquela Sangue-Ruim?  – Draco dissera cuspindo as últimas palavras com nojo – Faz tempo que ela deixou ser meu problema.


-  O que você fez com ela?! - Harry gritara


- Você não lembra? Eu dei a ela uma chance para se salvar....


– Não! Reducto! - Harry gritara com a varinha recém-encontrada em mãos, seu feitiço chicoteara contra Malfoy jogando-o para trás, fazendo-o rir como um adolescente bêbado, mas levantara-se como um lobo ágil revidando com um feitiço silencioso que chicoteara em uma árvore que Harry vira desintegrar-se, espantado, amaldiçoando-o novamente.


Draco dessa vez desviara do feitiço com facilidade, amaldiçoando Harry de volta com uma chuva de feitiços silenciosos, e vira divertido o moreno correr atrapalhado. O loiro sentia suas forças renovadas por causa de seu último coquetel, divertia-se ao dar tempo para Que Harry tivesse ao menos alguma chance de duelar com ele. Imaginara essa cena diversas vezes antes, mas não queria matá-lo tão rápido, contentava-o torturá-lo como sua nova presa. Ao mesmo tempo as informações que recebia entravam com sutileza em sua cabeça alcoolizada, recusando-se a aceitá-las.


- Então você não sabe... - começara Harry com fúria e ironia, após cuspir sangue e levantar-se, recusando-se a acreditar no que ouvia - Que Bellatrix Lestrange nos atacou quando saímos de Hogwarts...? 


- Isso é Impossível...


- Impossível?! - Harry gritara - Ela congelou Hermione! A jogou no lago para morrer! E ninguém consegue encontrá-la!


- Cale a boca! - Draco de repente rugia. Harry podia ver sua expressão divertida mudar para uma totalmente assassina, seus olhos pareciam queimar de ódio e insanidade - Cale suas malditas mentiras! Crucio!


 Harry fora jogado para trás enquanto gritava de dor. Draco deixara um sorriso escorregar, um sorriso sádico de satisfação ao ouvir seus ossos quebrando. Deixara-se levar, como se a agonia do velho inimigo fosse sua mais nova melodia favorita, ignorando as informações como apenas parte de uma onda horrível, mas tudo escurecera no momento que sentira sua cabeça ser nocauteada.


Draco caíra desmaiado aos pés de Tonks que aparecera atrás do loiro ainda com uma pedra grande em sua mão.


- Foi mal, primo... - Dissera a bruxa com madeixas purpura, razoavelmente arrependida por alguns segundos, até correr até Harry finalizando com a maldição de Malfoy. - Harry? Tudo bem? - o lamento do moreno confundia-se entre a dor e a revolta.


- Não... Não... Como ele não sabe? Como? Não... - Harry repetia conforme levantava-se com dificuldade e arrastando-se até o corpo de Malfoy decidido, pouco se importando com seu corpo quebrado.


- Cuidado... Harry...


- Eu não posso... aceitar... não pode ser.... - Harry dizia convencido até parar em frente ao corpo de Malfoy com a varinha em punho, encarando o inimigo com raiva, por um segundo Tonks perguntara-se se não devia impedir Harry de mata-lo, mas vira-o ajoelhar-se e estender uma de suas mãos na direção da cabeça do loiro enquanto fechava os olhos e em seguida vira uma linha de energia prateada sair de dentro do peito de Malfoy em direção a Harry.


 





            Harry respirara pesadamente, o mais denso que conseguia, como que numa tentativa de alto afogamento, conjurando a maldição que ouvira Snape usar em si por tantos meses, nas suas sessões de "tortura" particulares. Sessões essas que tinham o intuito de tornar seu subconsciente forte o bastante para proteger-se da invasão de Voldemort, mas que para Harry pareciam causar o efeito contrário. Mas ali estava a oportunidade que tanto esperara para compensar-se de seu sofrimento, saciando parte de sua vingança, ao usar a pior ferramenta que experimentara em seu velho inimigo.


     Fizera força para concentrar-se ao máximo nas memórias de Draco, que por sorte pareciam vulneravelmente remexidas em camadas superficiais, próximas ao seu inconsciente.


Via-se em um salão escuro, com inúmeros comensais da morte encapuzados. Vira Draco levantar o semblante sério e firme enquanto levantava-se. Havia um brilho diferente nos seus olhos caninos, que lhe arrepiaram. Vira-o ser abraçado por Lucius, Bellatrix e outros comensais, enquanto permanecia indiferente e logo o som daquela terrível voz serpentinosa, que lhe queimavam a cicatriz e os ouvidos.


– Sente o poder em suas veias Draco? – dissera Voldemort numa forma sádica. – A maioria deles só irá adquirir com o tempo, mas já és imortal.
Harry começava a sentir-se enjoado e tonto com a queimação na testa enquanto via Draco observar as próprias mãos e veias dos braços com interesse, um pequeno sorriso na lateral de seus lábios, andando em círculos.


– O que queres de presente de nascimento? Peça... – Draco parara de andar encarando Voldermort de frente com interesse.


– Primeiro... quero saber... – começara o loiro na sua voz rouca e firme. – Qual é o seu interesse na Granger?


– A Granger, Draco, é uma bruxa Elemental...


Harry ouvira a resposta de Voldemort simultaneamente sentindo sua ânsia, alertando-o para interromper a conexão com Malfoy, mas resistindo para ouvir tudo o que precisava, mesmo que o foco fosse terrível.


– Elemental? Igual Sépia das Pedras? Tem certeza? – perguntara Draco.


– Sim...  - Harry forçava-se para manter-se nas memórias de Draco, ignorando os chamados de Tonks e a testa que pareciam estar em fogo. -  Assim como Sépia das Pedras, Assim como Lílian Potter. Mais uma guerra, mais uma bruxa elemental. Ela devia ser sua inimiga direta, mas dessa vez não estou interessado na morte da bruxa elemental Draco... Não... dessa vez quero ela do nosso lado. Meu interesse é unicamente na alma dela, claro que... Se eu não a tiver...


– ...Granger nunca venderia a sua alma pra você.


– Teremos muito tempo para discutirmos a alma da Elemental Draco, vamos tratar de comemorar seu nascimento agora. – Você ainda não fez o seu pedido.


– Verdade. – Draco respondera sorrindo satisfeito voltando a andar em círculos, pensativo. E Harry começava a desconfiar do que ele faria.


– Peça o que quiser... – Voldermort sorria de forma sádica e gloriosa enquanto falava - Pois você agora é dono do seu próprio poder, embora sua alma pertença a mim, és imortal... só o herdeiro tem o poder de apreciar e tirar a própria vida.


– Ótimo – Para espanto de Harry, Draco agilmente arrancara um punhal das vestes de Bellatrix e acertara o próprio peito e caíra de joelhos mas ainda mantendo o contato visual com Voldemort.


– O que está fazendo?! – exclamara Voldemort em fúria enquanto os demais ainda estavam eufóricos de terror com a cena.


– Agora você vai me escutar... Meu coração, minha mente e minha alma pertencem unicamente e eternamente à você Voldemort... – dizia Draco com um sorrisinho. –... O que eu quero de presente de nascimento é o seu juramento perpétuo...


– E do que se trataria esse voto perpétuo? – perguntara Voldemort entre dentes. Draco apenas sorrira vitorioso.


– Eu te entrego a minha alma, e serei seu instrumento... mas quero a sua palavra de que ninguém aqui vai fazer algo de ruim, machucar ou matar a Granger. – Ele vira Voldemort franzir o cenho em revolta. – Sem contar... Que a alma dela deve ficar intacta. Esqueça a alma dela, ela nunca será sua.


– A Elemental deve vir para o nosso lado... – dissera Voldemort convencido.


– Sem Chance, os ideais dela são fortes demais.


– Estamos em guerra Draco, os ideais modificam-se sucessivamente – Dissera Voldermort com uma linha divertida nos lábios.


– Eu quero a alma da Granger intacta Voldermort! Prometa-me que ela não entrará em seus planos! Não será sua aliada, muito menos sua vítima! Ninguém aqui poderá lhe fazer mal! Prometa-me! É isso... ou você me perde. – Repetira Draco mais firme e decidido, outra luz verde saíra de dentro de si, enquanto Voldermort considerava o trato.


– Muito bem então... – dissera Voldermot. – Temos um trato.


– Quero a sua palavra no Voto Perpétuo! – Dissera Draco direcionando a própria varinha à Voldermort, que fizera o mesmo.


– Você tem a minha palavra.


As varinhas se cruzaram de forma imediata no alto do salão expelindo faíscas em dois tons de verde diferentes para todos os lados. Harry vira Draco finalmente rir satisfeito retirando dolorosamente o punhal de seu peito. 


– Prepare-se para a sua missão Draco. Essa é uma era do herdeiro de Sonserina, só você pode fazê-lo.

- Não... - Harry dissera decepcionado ao abrir novamente os olhos, constatando derrotado que Malfoy dizia a verdade. E enojado de sua própria atitude, sentindo-se similar a Snape. Baixo e mau-caráter, espantado com um recém sentimento genuíno voltado para seu velho inimigo.


 
- Estranho. Eu nunca vi a Jessa errar...- Dizia Tonks ao seu lado de forma descontraída.


- Talvez ela não tenha errado...- Harry respondera pensativo, sentindo pesar pelo sonserino ao mesmo tempo que se lembrava das últimas cenas que presenciara -  talvez ela esteja com outro Malfoy...


- Se refere a Lucius?


- Não... - Harry dissera sombrio, surpreso e confiante com uma nova possibilidade. - Ephram Malfoy...


 - Eu estava na esperança de você não lembrar dele... Mas faz sentido, por isso encontramos Draco, ele não está sob nenhum feitiço de proteção. Acredite, é impossível rastrear Ephram, ele foi invisível por anos.


- Eu sei... Mas ele era o único que não estava lá, ele não foi envolvido no voto perpetuo... Malfoy tentou deixar Hermione imune...- Harry constara para si mesmo, mas completamente perdido e confuso, comovido pelo amor de Draco, mas inesperadamente arrasado pela terrível sina para qual ele se entregara, percebera que tudo que achava que sabia sobre o Sonserino parecia totalmente errado.


Nunca imaginaria que ele fosse capaz de tamanho sacrificio, mesmo sagacidade. Por um segundo admirara o inimigo desacordado de semplante pálido, sem nem ao menos saber se devia continuar por vê-lo dessa forma.




**Ouvir Música https://www.youtube.com/watch?v=p5wota5vQCU


"It doesn‘t hurt me.
Do you want to feel how it feels?
Do you want to know that it doesn‘t hurt me?
Do you want to hear about the deal that I‘m making?
You, it‘s you and me."




 Draco abrira as íris cinzas, mirando a lua cheia esverdeada como uma nova inimiga, que traíra-lhe a confiança reservada a tantos anos, por não alertá-lo daquele imprevisto, aquela terrível consequência que em nada se encaixava em seus planos tão perfeitamente arquitetados...




And if I only could,
I‘d make a deal with God,
And I‘d get him to swap our places,
Be running up that road,
Be running up that hill,
Be running up that building.
If I only could, oh




Levantara-se ainda cambaleando, parte ainda alterado pelo sangue que bebera, parte pelo nocaute em sua cabeça... Afinal de onde surgira? "Grr... Maldito Potter... e provavelmente... maldito Weasley" pensara Draco, logo achando estranho o fato de não conseguir farejar o Weasley no local como fora com Harry, e não havia sinal de nenhum dos dois.




You don‘t want to hurt me,
But see how deep the bullet lies
Unaware I‘m tearing you asunder.
Ooh, there is thunder in our hearts.




Draco amaldiçoara para o silencio da noite em seguida respirando profundamente, recompondo-se, mas notando que era algo quase impossível, pois sentia seu coração disparado junto de uma ânsia de desgosto, recusando-se a relembrar as palavras do moreno. Fechara os olhos com força sentindo uma dor terrível na garganta ao lembrar do som daquele nome do qual fugira por tantos meses. "Hermione"




Is there so much hate for the ones we love?
Tell me, we both matter, don‘t we?




"- Então você não sabe...Que Bellatrix Lestrange nos atacou quando saímos de Hogwarts...? Ela congelou Hermione! A jogou no lago para morrer! E ninguém consegue encontrá-la!"




You, it‘s you and me.
It‘s you and me won‘t be unhappy.




Nunca vira Potter tão furioso consigo e eram inimigos declarados. Podia sentir o desespero dele e perturbava-o como uma lâmina no estomago a velocidade daquele fato... Apesar de nunca ter sido capaz de prever isso... não imaginava que mesmo fosse possível que desrespeitassem sua ordem... Maldita Bellatrix... Como fora ingênuo em achar que não havia falha em seu plano. Amaldiçoara-se mentalmente, desejando a própria morte.




And if I only could,
I‘d make a deal with God,
And I‘d get him to swap our places,




Sentia-se sufocar com o próprio sangue, como infectado com veneno corrompendo seus órgãos... Estaria mesmo Hermione morta... Possuído por um novo sentimento homicida sem alvo, o loiro aparatara.




Be running up that road,
Be running up that hill,
Be running up that building,




Seu destino fora os terrenos de Hogwarts... o velho castelo parecia abandonado em ruínas desde a última vez que vira, interditado pelo ministério da magia...violara sua proteção com facilidade. Uma vez dentro dos terrenos da escola, em sua velha vassoura, Draco voara até o lago congelado da escola... Não parecia ter nenhuma alma viva no terrenos de Hogwarts, e o  ar gelado parecia da mesma temperatura do lago. Draco descera até sua superfície e com um semblante perdido começara a despir-se...




Say, if I only could, oh...




Seus olhos caninos da cor do gelo despediam-se do céu agora claro, como se fosse seu último amanhecer, sorrindo derrotado e satisfeito com a forma que sua vida terminava.




You,
It‘s you and me,
It‘s you and me won‘t be unhappy.




"Como pôde ir sem mim?" Draco perguntara para o gelo, como que alucinando de frio, apesar de parecer imune a ele. "Eu disse que voltaria para te buscar..."




"C‘mon, baby, c‘mon darling,
Let me steal this moment from you now.




 Com um feitiço derretera um pedaço do gelo abrindo um caminho e mergulhara em seguida.




C‘mon, angel, c‘mon, c‘mon, darling,
Let‘s exchange the experience, oh"




A água parecia perfura-lhe todos os órgãos, músculos e ossos...ignorando a dor alucinante tomava impulso para dentro do lago, mas antes que pudesse aprofundar-se sentira seu corpo ser sugado para trás com velocidade e logo sendo cuspido para fora do lago, gritando em dor e revolta.



And if I only could,
I‘d make a deal with God,
And I‘d get him to swap our places,
Be running up that road,
Be running up that hill,
With no problems.




Sentira a neve gelada em suas costas e gritara com raiva, revoltado por não conseguir terminar com sua própria vida.


- Tentando se suicidar, Draco?


A voz do velhor diretor alertara-o, encarando-o como uma fera faminta, vira seu olhar amigável e preocupado.


- Deve tomar cuidado com o gelo nos pulmões, mesmo você, Herdeiro de Slytherin... - dissera Alvo Dumbledore com um sorriso gentil, sem se afetar com o olhar assassino do rapaz que agora ficara de pé e apontava a varinha.


- Não devia ter interferido...


- É muito triste, que não veja outra saída... Mas ainda há esperança Draco. - O loiro sorrira perigoso para o velho diretor, fazendo-o engolir em seco.


- Não para você... ou Potter... Nem para mim... - Dissera o loiro levantando a varinha novamente em direção ao velho. - Você sabe o que eu tenho que fazer... - dissera Draco com a voz arrastada e pesada, pronto para fazer uma maldição da morte... - Últimas palavras?


- Ah não.... falei por uma vida inteira... Mas devia saber, Hermione não está no gelo, nós já procuramos em todo o lago. - Draco engolira em seco com os olhos ardendo novamente, talvez pela falta de lágrimas. - As sereias disseram que ela fora quase imediatamente salva por Ephram Malfoy...Seu tio.


- O que quer dizer?


- Sim, ele está com Hermione... mas não consigo rastreia-los. Eu espero... que ela esteja viva... eu suspeitava...que você não soubesse... isso talvez signifique que Ephram está agindo por conta própria...


Draco abaixara a varinha derrotado, olhando para os lados totalmente atordoado, analisando todas as informações que recebera, confuso.


- Muita coisa aconteceu desde que você se foi... - Dumbledore dera um sorriso triste se aproximando do jovem Malfoy. - Eu receio que você seja o único capaz de encontrá-los... e quem sabe, ajudar um grande amigo a sair de Azkaban...
- Do que está falando?
- Eu cogitei primeiro, a possibilidade de você chamar o seu tio, vai precisar da Hermione. - Draco engolira em seco novamente ao ouvir aquele nome, desconfiado e contrariado, porém sem acreditar que descartara antes a ideia de punir os responsáveis.


Voltara-se para seu braço esquerdo, pressionando a ponta de sua varinha sobre ele. Observara o céu a caveira formar-se e de dentro de sua boca a serpente rastejar-se, enquanto visualizava seu tio em sua mente. Quando abrira os olhos, Dumbledore não se encontrava mais ali...


- Isso... fuja enquanto pode velho...




**
Querido Dan,
          Existe alguma razão específica, para você não ter respondido nenhuma de minhas cartas? Devo me preocupar? Ou as corujas estão tendo problema para encontrar Durmstrang, mesmo eu endereçando tanto para Noruega quanto para Suécia? Onde afinal é esse raio de escola? Você provavelmente acharia graça do fato de ser o único que realmente me prende ao passado, faria alguma piada narcisista, convencido de que não há ninguém mais importante pra mim do que você. Eu gostaria de rever seu sorriso debochado e canalha, e ouvir o que você tem a dizer sobre isso...


       Eu gostaria de ouvir seus conselhos e suas críticas maldosas, de como eu sou burra e impossível, egoísta e focada apenas em meus interesses. Eu percebi que você é meu único amigo. Eu queria poder dizer, que eu queria ter ido contigo...     que eu ainda tentei ir ao seu encontro, quando percebi... tarde demais... que era contigo que devia estar nessa guerra, mas não pude ir. Dan eu queria tanto te dizer tudo o que me aconteceu... eu queria tanto poder dizer apenas para você... pois eu tenho vergonha de repetir para qualquer outra pessoa a origem de minhas razões suicidas...


         Eu morri por um momento, Dan. Bellatrix Lestrange me transformou em um bloco de gelo e ainda estou tentando decifrar o que aconteceu comigo durante o período que estive dentro do lago congelado, mas sempre que tento lembrar, eu tenho um ataque de ansiedade. Para minha surpresa, Ephram Malfoy apareceu para me resgatar novamente, ele parece ter assumido minha guarda devido seu "estranho" interesse em mim... ah eu sei o que você pensa sobre isso. Que ele não é confiável, claro, por se tratar de um Malfoy... Mas mesmo você sempre disse que ele não era tão mau assim... e você estava certo.


        Faria sentido, se eu dissesse, que tenho uma profunda e cega confiança nele...? Eu tentei me convencer de que ele era perigoso, repetindo pra mim mesma o que ele representava, mas me notei incapaz de acreditar nisso, como se não fosse escolha minha.... Acho que as lembranças de Lilian Potter, me deram uma estranha impressão de que o conheço desde mais nova, eu sei que não é uma sensação verdadeira minha afinal, mas ele tivera tantas oportunidades para me matar... mesmo ele constantemente tentando me assustar ainda hoje, com ameaças insinuando que ele mude de ideia, mas eu não consigo acreditar...Não mais. Posso ver em seus olhos, que começa a se orgulhar de sua estudante.


       Eu queria poder te confessar, que estou amando termos esse professor em comum. Uma parte de mim sempre invejou o treinamento de vocês... Eu sei que não poderia ter melhor treinamento, afinal treinou o melhor esgrimista de todos, meu melhor amigo.


         Imagino o que você diria, ao te dizer que passei os dois últimos anos, escondida morando e treinando com Ephram. Eu sei que ninguém mais entenderia minha escolha, além de você, mas duvido que me deixasse vir sozinha. E eu queria muito você aqui, mas quando acordei você não podia mais ser encontrado. Num impulso insano, do qual porem não me arrependo, eu aceitei a proposta dele. Não vou mentir, fui egoísta. Tal proposta me tentava desde o início, apesar de saber que ninguém me apoiaria. E como poderiam? Harry, Gina e Ron, provavelmente nunca vão me perdoar. Mas eu não suportei também a ideia de colocá-los mais em perigo, quando na verdade, tudo o que eu mais queria era me desprender deles.


       Eu precisava entender do que se tratava todo esse poder e carma, eu precisava aprender o mais rápido possível, não me perdoaria por morrer tão cedo, deixando Harry e os outros a própria sorte. E eu senti, que isso aconteceria, afinal... eu era pateticamente vulnerável. Mais do que isso Dan, eu realmente precisava me recuperar, me tornar mais forte e me vingar. Eu quero estar de pé no fim dessa guerra, Dan, e quero que esteja comigo.


                 Ele me disse que eu não precisaria de nada além de minha varinha. Então eu deixei tudo para trás, com exceção de Bichento e meu diário, com os restos do coche, dando uma última olhada para meus velhos amigos apagados, e aparatei com ele. Para minha surpresa ele nos levara para o último lugar que eu pensava ir, a rua da minha própria casa.


             Encarei a entrada do jardim onde eu cresci e finalmente questionando, o porquê afinal de me levar pra casa. Eu disse que não pretendia me despedir de meus pais, que não conseguiria fazê-los entender, mas ele me disse que não seria preciso. Aliás ele me explicou que apagar minha existência de suas memórias, seria a melhor solução. E ele estava certo, eu mesma já havia pensado nisso, só não achei que algum dia realmente teria coragem de fazê-lo. Mas ele soubera me motivar da melhor forma.


"Precisa voltar as suas origens, para compreender quem és, precisa esquecer quem foi todo esse tempo" - Essa foi a primeira de suas inúmeras charadas, das quais aprendi a conviver, aposto que você sabe do que estou falando. Mas nada poderia ter me preparado para aquilo. Foi quando entendi a seriedade e complexidade de minha terrível desventura.


Eu entrei em minha casa pela porta da frente no meio da noite decidida que não seria vista, decidida a apagar tudo o que eu vivi. Ephram ainda disse "Boa Sorte" e pude ouvir você me dizendo em minha mente, que eu precisava ser capaz de cometer crimes, se quisesse ser uma boa animaga. Bem, acho que te deixaria orgulhoso também. Meus pais nem sentiram eu me aproximar e conjurar o feitiço pelas costas, e foi doloroso ver tudo se apagar, minha imagem sumir de cada fotografia, de cada memória.



Talvez tenha sido o momento mais doloroso de minha vida Dan, ver cada memória ser rebobinada de nossas mentes, me ver evaporar da vida deles, cada momento preciso que tive com meus pais... até as primeiras memórias, quando meu pai me ensinou a andar de bicicleta, quando minha mãe comemorou meus primeiros passos, minhas primeiras palavras... quando me encontrara ainda um bebê, em sua porta...


           Sim... acho que a esse segredo de minha origem, que Ephram fazia tanto suspense, e eu nem ao menos sei como ele sabia disso, acho que meu choque foi demais e eu não me importei com esse detalhe. Eu sou adotada Dan, meus amados pais, não são meus verdadeiros pais.


Aliás, eles são, mas não biologicamente. E pelo o que pude ver, não havia nenhuma pista, nenhuma nota, nada além daquele velho bracelete meu com um cristal no centro, que foi destruído aquele ano em Hogwarts, por você sabe quem... Esse bracelete e mais nada. E eu achava que meu apego a ele, devia-se unicamente ao fato de pertencer a minha mãe, mas eu nunca a vira usá-lo... hoje muita coisa na minha vida faz mais sentido. Mas naquela noite, eu saíra pela porta de minha antiga casa, devastada, com a cara novamente lavada em lagrimas, encarando Ephram como se ele fosse culpado daquilo. Eu precisava momentaneamente culpar alguém, e ele parecia compreender isso, mesmo que eu soubesse que no fundo lhe era grata por me mostrar a verdade.


- Você sabia... ? - Eu perguntei após tentar enxugar todas as lagrimas sem muito sucesso.


- Eu suspeitava...


- Você sabe de onde eu vim? - Eu perguntei transtornada.


- Não. Mas isso não muda nada, os Grangers sempre serão seus pais, Hermione...


Quando ele disse meu nome, eu pude sentir a confiança de novo, lembrar de meu objetivo, e tentei sinceramente não dar nenhuma importância para aquele detalhe macabro de minha origem, ele tinha razão, eu sabia. Tentei ignorar as inúmeras perguntas que gritavam em alto falante dentro de minha cabeça, questionando a postura de meus pais ao esconderem aquilo de mim.


Eu sempre me considerei tão sortuda Dan, de ter os pais que tenho... sempre tive tanto orgulho deles, sempre fui tão grata ao amor exagerado que me deram... mas agora faz algum sentido.


Eu decidi de repente que precisava caminhar sem rumo por quatro horas, e Ephram me seguira sem questionar, a certa distância. Parecia até preocupado, acredita? Quando finalmente cansei, me virei pra ele e disse que estava pronta para ir, o que pareceu satisfazê-lo. Com um brilho estranho nos olhos ele me estendeu sua mão gélida novamente, e ao segurá-la aparatamos novamente.



Dessa vez ele nos levou para um terreno aberto, que parece distante de tudo, perdido em algum lugar do planeta. Abracei Bichento com minha capa recém transfigurada para protegê-lo da ventania gélida cortante, afinal gatos também ficam doentes. Ephram apontara para uma propriedade majestosa cercada por densos muros de espinhos e rosas brancas. A beleza daquele jardim me espantara.


 Ephram disse que aquela propriedade era dele, por direito, herdado de seu tataravô, Sr. Alexandre Braxas Malfoy... já ouviu falar? O que me deixou muito intrigada, pois é conhecido como um herói em uma das guerras. Principalmente por se tratar de um bruxo sangue-puro muito misterioso que mantinha a "Mansão das Rosas Brancas" escondida sob um feitíço desconhecido, e só seu dono original poderia encontrá-la... Ephram disse que ficara escondido do mundo na mansão por anos...



Admito que de início me arrependi, achei que tinha cometido um erro. Me lembro de adentrar o hall da propriedade que continha objetos e pinturas medievais, com a parede feita de pedras imponentes, e sentir um arrepio sinistro na espinha, me perguntando se estava adentrando por vontade própria meu próprio caixão.


As luzes acendiam-se uma após a outra conforme Ephram me guiava para a área norte da mansão, até uma das melhores suítes, de acordo com ele, da qual eu ficaria hospedada. E ele não mentira, a suíte tinha sua graça... parecia com aqueles quartos de princesa do qual eu sonhara quando criança, com muitos objetos de porcelana, com uma cama muito bela que parecia mais pertencer a um gigante, com enormes janelas que davam diretamente para o jardim das rosas. O quarto era maior que a casa em que eu crescera, parecia muito mais aconchegante que o restante da mansão, eu notava.


- Pode dormir o quanto quiser, descanse bastante, está segura aqui. - Ephram disse cordial, como se eu fosse uma visita agradável, o que foi quase engraçado. - Pode tomar um banho e vestir um dos pijamas no armário. Amanhã te mostro o resto da propriedade, e conversamos sobre seu treinamento. - Quer alguma coisa para comer?


- Não... obrigada... Estou bem cansada... - Eu respondi enquanto transfigurava a caixa de areia para Bichento e pote com comida e água dos quais ele se serviu prontamente.


- Perfeitamente... Então, nos vemos de manhã. Durma bem, Granger...  - Ele respondera se retirando antes que eu o respondesse. Eu passei a noite relembrando e contado os espaços em branco da minha infância até apagar de sono.


Eu ainda me lembro de sonhar com meus pais, e que brincava com minha irmãzinha no colo, como se fôssemos a família trouxa mais feliz e despreocupada... sonho esse que fora convertido em pesadelo conforme Malfoy mostrava-se presente, com seus olhos e sorriso perigosos pegando Cléo de meus braços, rindo-se de sua ideia maligna que brilhava nas íris caninas de forma tão assustadora que me fizera acordar soando frio. Por um segundo aliviada, sabendo que eles estavam protegidos de todo mundo mágico, agora provavelmente, graças a mim, viajando para a Austrália.


E eu tinha esperanças Dan, de acordar e perceber que tudo não passara de um terrível pesadelo, toda aquela noite em Hogwarts até chegar naquela propriedade. Esperanças de acordar no dormitório e constatar aliviada, de que eu nunca descera para o baile de encerramento, que nunca deixara a torre da Grifinória. Mas o que eu vira fora um belo quarto de tons rosa e pastel, com enormes janelas da qual passavam uma claridade que iluminava todo o quarto. Bichento parecia feliz ao espreguiçar-se aos meus pés, correndo aos pulos para o batente da janela esticando novamente o corpinho laranja a luz do sol, confortável até demais. Bichento é meu único parceiro nessa aventura, eu concluíra sorrindo, pois ao menos não estava completamente sozinha nessa loucura.


- Agora sou eu e você Bichento. - eu disse pro meu gato amado. Bichento é claro, olhara de volta pra mim, piscando os olhinhos laranja amigavelmente e miando em concordância...


Você sabia que eu tenho um fraco por banheiros, Dan? Você que me conhece tão bem, será que já reparou nisso? Sim eu queria poder te dizer, que poderia passar o dia inteiro em um banheiro, só para ouvir sua gargalhada. Mas já reparou como esses castelos e mansões bruxas tem os melhores banheiros e banheiras, que transformam o banho numa verdadeira viagem no tempo e digo no bom sentido. O banheiro da suíte que eu estava ainda tinha um jardim interno, que fazia eu me sentir em um paraíso grego. Você devia ver os banheiros compactos e sem graças das moradias trouxas... não consigo imaginar nenhum bruxo sobrevivendo no mundo trouxa na verdade, razão pela qual sempre me senti deslocada.
Eu não quero que lhe escrever uma carta triste e dramática Dan, eu estou apenas tentando fazer você entender tudo, quem sabe com detalhes você não para de birra e entra em contato comigo.


Eu fiquei no banho por mais de uma hora, praticamente dormindo, ainda sentindo meus hematomas arderem sob a agua quente, porem era relaxante demais, como se de alguma forma pudesse relaxar a alma. Me entregando as necessidades de repouso do meu corpo, como se fosse meu primeiro banho na minha nova vida, lavando todos resquícios do meu passado que ainda estivesse no meu corpo... eu derramara as ervas mágicas para potencializar a purificação, totalmente obsessiva com uma limpeza energética completa.


Eu queria tirar de mim... toda a dor, esperança, mágoa que restavam... as lembranças Dan... As.malditas.lembranças. Quantas vezes não me vi pensando na possibilidade de usar o Obliviate em mim mesma, mas sempre desistindo claro sabendo que provavelmente eu iria parar no Setor Mungus com a tentativa... Quantas vezes não me vi tentando lembrar algum feitiço de memória potente, sem sucesso, lamentando ter deixando todos meus livros para trás. E eu ainda trouxera o maldito diário... portão do meu inferno, baú das malditas, minha falsa vida, que agora eu via como inimigo que eu salvara sem saber porquê, que deixara jogado em baixo da cama. Irritava-me encará-lo.


Ouvir Música* https://www.youtube.com/watch?v=vQVeaIHWWck HYPERLINK


As ervas do banho me deixavam em estase profundo e pude viajar, mesmo esquecer momentaneamente, e foi talvez... a sensação mais agradável da minha vida... aqueles minutos de total esquecimento, em que eu só sentia a água e uma melodia profunda, conhecida vir de algum lugar distante na propriedade... As teclas graves do piano, tão familiares, me acordaram gentilmente, e eu constatara emocionada de que melodia se tratava. "Moonlitght Sonata"


As teclas do piano que ficavam mais profundas e altas acabaram por me puxar pra fora do quarto. Eu me vestira rapidamente com um volumoso vestido de veludo que eu vestira muito rápido, sem realmente escolher, afinal era inútil todos pareciam ser do mesmo tipo, medieval, teatral... sei lá...  e descera a longa escadaria até o primeiro andar, seguindo para o interior da propriedade até um salão escondido, de onde a melodia era tocada. Eu espiei da porta pasma.


 Ephram era quem tocava Moonlight em um piano bem antigo, no meio de um salão cheio de instrumentos diversos. E o mais inacreditável era que ele o fazia de olhos fechados! Não havia nem mesmo partituras... Com seu semblante sério, concentrado, parecendo mais um pianista trouxa do que um Comensal da Morte, naquele momento, admito, acho que foi quando comecei a perder meu pré-conceito. Me vi imaginando, quem era Ephram Malfoy... e queria poder perguntar a você.


- Eu sentia falta de ouvi-lo tocar. - Dissera de repente um senhor de idade no canto do salão, que eu demorei alguns segundos para constatar que se tratava de um fantasma. Minha surpresa fora tamanha que eu acabara por chamar a atenção dos dois. - Oh Mademoiselle acordou. Como se sente esta manhã? - O fantasma agora vinha em minha direção com um sorriso meigo porem sinistro nos lábios... era um fantasma de aparecia estranha, definitivamente lembrava um Malfoy, com seus olhos bem cinzas, e cabelos longos brancos e cheios.


- Hermione Granger, bom dia...- dissera Ephram simplesmente, sem levantar-se do piano, continuando a melodia. - Conheça meu tataravô, quem construiu esse belo lugar... Sr. Alexandre Braxas Malfoy...


- Oh.. - eu estava realmente surpresa, mas tentara ser simpática. Apesar de me perguntar se ele ficaria feliz com a minha presença - Prazer em conhecê-lo.


- Está com fome, eu suponho. - me perguntara o fantasma com um sorriso confidente.


- Faminta... - eu admitira.


- Vou preparar o café da manhã... estará pronto em alguns segundos, já volto. Fique a vontade mis Granger. Faça desse seu lar pelo tempo que precisar... - Acredita nisso, Dan? Agora dois Malfoys me recebendo e sendo legais comigo... Bem, na verdade, Ephram é meio bipolar.


- Eu não sabia que tocava piano... - eu disse para Ephram tentando puxar assunto depois que o fantasma atravessara a parede.


- Muitas coisas que você não sabe sobre mim Granger. - Ele respondera simplesmente sem parar de tocar, até que notara meio pertubado que eu estava ouvindo sem problemas... oras, eu adoro piano.


- Tantos instrumentos... esse salão é incrível.


- É a antiga sala de música do Braxas... meu lugar favorito para se isolar...


- Sério? Wall...


- Pode ficar aqui o quanto quiser... há também uma biblioteca no terceiro andar..


- SÉRIO??!!


-Sim, mas mal terá tempo para ler, Granger... a não ser quando eu não estiver aqui. Nosso treinamento será puxado.


- Sim, me diga... Você ficou de me contar a história de Sépia das Pedras...


- Não vamos falar disso de estomago vazio... venha, vou te mostrar o resto da propriedade e o salão de jantar.


Basicamente a propriedade possui trinta salões no total, cada um para uma determinada atividade, fiquei pasma. Meus favoritos obviamente eram a Biblioteca, quase tão grande quanto a de Hogwarts, com livros super antigos e super pesados, que quase me fizeram chorar de emoção, remoendo a vontade de bisbilhota-los, e a sala de música, que eu não tinha nada com que comparar.


Nunca vi instrumentos tão belos, mesmo uma arpa gigante, um órgão provavelmente do século 12, e instrumentos que não sei nem o nome... havia uma mágica especial naquela sala. Imaginei como nos divertiríamos se você estivesse aqui... Sem você me sinto bem sozinha, Ephram não sabe o que é relaxar e as vezes se comportar como um militar fascista.


Algo me deixa muito confusa sobre ele, é que ele não respeita meu limite, praticamente não acredita que ele exista, e eu não sei se devia odiá-lo ou agradecê-lo por isso. Eu não sei se ele é muito sábio ou se é um maluco que perdeu o juízo na última guerra... Ele pega pesado no treinamento, muito pior do que você, ele não se importa em me ferir, não se importa se sangro ou se estou quebrada... as vezes parece não se importar comigo de nenhuma forma, mesmo que eu morra, e por isso gosto de seu treinamento... eu sei, meio sádico, não é?


Mas pense no que ele pode fazer de mim! Eu gosto da sua lógica insana, sabe? Antes me ofendia, me senti humilhada... mas depois percebi que ele estava certo, e desejei ter o cinismo dele... não sei explicar, mas ele parece estar a frente de todos nessa guerra, e ao mesmo tempo invisível... é exatamente assim que quero ser Dan!


E quando eu estiver pronta, Lestrange, Voldemort e todos os Comensais não saberão de onde veio, quero engoli-los que nem lava de vulcão. Talvez eu tenha ficado meio dark... as vezes me assusto com meus pensamentos, que se resumem a vingança, homicídio e apocalipse... tão diferentes do que que pensava antes... em passar nas provas... aff ok sempre pensei em homicídio e apocalipses... mas agora é pior, eu sinto que é a chave de tudo! É minha missão acabar com ele. Eu nasci pra isso. Pelo menos é o que digo para mim mesma. E quando terminar, tudo vai ficar bem...


- Esse treinamento tem várias etapas Granger... A Magia Elemental, A magia emocional, Seu preparo físico, seu preparo psicológico, Duelos e preparo em campo... Quando terminar, estará pronta para qualquer coisa, para matar, para escapar, para destruir seu inimigo... Vou te dar o treinamento de um Comensal da Morte, mais o treinamento da família Malfoy, Mais seu treinamento especifico para sua única magia Elemental... minha meta é que nem mesmo Salazar Slytherin seja páreo para você... - Ephram dissera com um meio sorriso. - Interessada?


- Estou aqui pra isso. 


- Ótimo, começaremos o treinamento físico e psicológico nos dias de semanas, e os finais de semana você tira para estudar os livros sobre Magia Elemental que eu Lilian descobrimos.. - Aquele nome me despertara e eu não resistira a pergunta.


- Como foi,  estudar com Lílian Evans? Vocês treinaram juntos?


- Sim, claro... você passará pelo mesmo treinamento.


- Vocês deviam ter sido amigos... - Ephram ficara em silêncio, e eu me arrependera totalmente de ter dito aquilo.


- Vamos começar por preparo físico. Vem comigo. - Ele dissera indicando que eu o seguisse até outro salão, esse cheio de objetos de luta e musculação. Não posso dizer que me decepcionei. - Você vai treinar aqui todas as manhas sozinha e depois comigo. - Ele disse e eu estava animada.


E é o que eu faço todas as manhãs Dan, eu malho, eu treino, você ficaria surpreso se me visse, estou realmente mais forte. Você consegue me imaginar? Eu já me acostumei a uma rotina da qual só visualizava em algum canto do meu mundo imaginário. Eu até mesmo transfigurei um tipo de uniforme, de minha criação, calças e regatas de malha trouxa, usadas para aulas de luta, da qual Malfoy estranhara, com uma cara de quem olha uma invenção de outro mundo.


- O que diabos está usando? - Ele questionara chocado me olhando de cima abaixo.


- Você não espera que eu use um daqueles vestidos, não é?


-Não... na verdade, isso vai servir. - Ele dissera mudando o tom para satisfeito. - Ótimo que esteja levando isso a sério. - Ele concluíra com um tom perigoso que me fizera engolir em seco. - Agora me dê sua varinha.


- Mas eu pensei...


- Não pode se esconder sempre atrás de feitiços Granger. - Ele dissera como apenas mais uma provocação e eu conformada e um pouco receosa lhe entregara minha varinha. Ele me dera as costas para guardá-la numa caixa e pegara duas espadas afiadas da parede, vindo em minha direção com um brilho perigoso nos olhos, oferecendo-me minha arma.




Ouvir Música** https://www.youtube.com/watch?v=Pa8iyHzHUSQ

You fascinated me
Cloaked in shadows and secrecy




Eu aceitara minha espada, intrigada pela arte trabalhada na prata, perguntando-me de que século ela viria, meu rosto esquentava de vergonha pois Ephram estavam prestes a descobrir a terrível esgrimista que eu era.




The beauty of a broken angel




Minhas primeiras lições de luta não foram tão satisfatórias, é claro, mas um desastre. Ephram se decepcionara primeiro com minha performance em Esgrima, nocauteando-me sem pena, como que um professor furioso com seu inútil aprendiz. E eu achava que eu odiava muito o prof. Pierre de Hogwarts, coitado, tenho saudade dele até.




I ventured carefully
Afraid of what you thought I‘d be




- Eu achava que ainda se ensinava Esgrima em Hogwarts! - Ele rugira em minha direção, seu olhar beirando a ódio e pena, depois que eu caíra ridiculamente pela décima vez, com minha mão doendo tanto pelo peso surreal daquela espada que eu lhe entregara quase feliz, suspeita de minha mão ter quebrado. - Hein! Responda-me Granger!




But pretty soon I was entangled




- Ainda ensina, mas eu nunca disse que era boa. Aliás, acho que quebrei o pulso. - Eu respondi tentando ser o mais indiferente possível mesmo que estivesse soando e doendo toda como um animal abatido por um trem.


- Levante-se!




You take me by the hand




- Não consigo... acho que minhas pernas também...


- E como você se defenderia nessa situação? Seria aniquilada.




I question who I am




- Bem eu, obviamente usaria minha varinha...


- Esqueça sua varinha...


- Aff... não sei... não sei o que eu faria, eu provavelmente tentaria te manipular com conversa fiada até surgir uma ideia melhor....


- Ou seja, seria aniquilada.


Eu odeio quando ele diz isso. E é uma das tantas frases motivadoras dele que fui obrigada a conviver. Como que a despedida de cada dia de treinamento.




Teach me how to fight
I‘ll show you how to win
You‘re my mortal flaw
And I‘m your fatal sin




Como quando eu terminava minha sessão de corrida em volta da propriedade, que é tão grande quanto Hogwarts, normalmente caindo exausta muito antes de concluir, sentindo os músculos de minhas pernas, barriga e costas gritarem como prestes a explodirem. Ele aparatava ao meu lado com sua cara indiferente e debochada em desaprovação dizendo.


- Aniquilada de novo... Pra que começar o treinamento se você não aguenta nem correr pela sua vida.


- Eu só tenho que me acostumar...




Let me feel the sting, the pain, the burn under my skin




- Você tem que nascer de novo, isso sim. Olhe só essas pernas, isso são pernas humanas? - Claro que o sentimento de total constrangimento mudara bem rápido para total humilhação novamente, mas eu já sabia que isso faria parte do pacote, afinal ele era um Malfoy, não faria de graça.


- Eu posso ver seu ponto... Eu tenho pernas fracas, concordo.


- Pode aumentar as sessões de supino para 100 hoje mesmo. - ele dissera sorrindo sarcástico antes de aparatar. E eu suspirara derrotada caindo para trás derrotada.




 Put me to the test




- Eu não estou aqui. Ele não está aqui.


 Sua voz dizia aos meus ouvidos, e de olhos fechados eu visualizada a escuridão de meu inconsciente confiante, pois pude ver todo o ambiente, meio segundo antes de bater em meu tórax com um bloco estofado com couro, e automaticamente eu revidava com o máximo de socos que eu conseguisse dar em velocidade com os dois punhos enfaixados.




I‘ll prove that I am strong




 - Bom. Respire. Vai!


 Ele dizia em seguida, e eu começava novas sessões de joelhadas contra seu tórax como ele me ensinara, forçando o corpo do oponente em direção ao meu joelho, o máximo de vezes seguidas eu conseguisse, e isso repetia-se umas cinquenta vezes...




Won‘t let myself believe that what we feel is wrong




 Ou quando eu tinha de revidar seus ataques de olhos vendados....


- Não force, está forçando... - Ele dizia inexpressivo ao rebater meus ataques com simplicidade com se viessem de uma criancinha.


Com tempo eu conseguia defender-me o que era bem doloroso, muitas vezes levo socos e chutes, mas para cada um que defendo e revido é uma conquista.




I finally see what you knew was inside me all along




Eu mantenho minha mente ocupada, é difícil devanear quando se está levantando mais peso que seus músculos suportam. Por mais feliz que eu fique cada vez que consigo levantar determinado peso, Ephram sempre quer ultrapassar o limite recém atingido, por isso as vezes penso que talvez esteja tentando me matar.




That behind this soft exterior




    Às vezes me pergunto se estou ficando mais forte ou simplesmente destruído meus ossos aos poucos, é porque é difícil ser otimista quando se está apanhando... literalmente apanhando... e eu nunca apanhei tanto antes, já tive uma mera aula de autodefesa em Defesa contra as Artes das Trevas de artes marciais, mas nada comparada a determinação de Ephram Malfoy em me quebrar toda.




Lies a warrior




- Para de chorar como uma criança, Granger, seu corpo é mais forte do que você pensa. - Ele dizia quando eu caia de cara no chão, com sangue pingando do meu nariz e lagrimas nos olhos. - Isso não é nada, Levante-se!


Encarei o homem loiro a minha frente. Eu podia sentir os nervos de meus braços tremerem e implorar por descanso. Todo meu corpo rugia por tempo. Minhas vestes já estavam molhadas, não sabia se de suor ou sangue. Meu maxilar ainda estava dolorido do último gancho do meu mentor.


- Não consigo nem respirar! - Calei o gemido de dor que queria soltar quando senti a pontada de dor.


-Eu não ouvi. – a voz dura de Ephram chegou até meus ouvidos e estremeci. – O que disse, Hermione?


-Eu não consigo – repeti, um pouco mais alto dessa vez. Ergui um pouco a cabeça e vi seus pés se aproximando.


- Mas consegue reclamar, LEVANTE-SE! – Ephram retrucou, forçando meu queixo para cima. Não havia espaço para afeto em seus olhos. Sangue e suor não o comoveriam. Lágrimas não o afetariam. Gritos não o assustariam.


-Ephram...- comecei, mas antes que pudesse completar a frase, ele me puxou para cima pelas vestes.


-Jamais implore – sibilou, me devolvendo ao chão.




My memory refused




Consegui recuperar meu equilíbrio no último segundo. Quando me voltei para ele, protestando, fui surpreendida por um chute invertido. Escapei por centímetros.




To separate the lies from truth




O próximo golpe foi uma rasteira. Como era de se esperar, ele não me deixou preparar para essa. Cambaleei para trás, desnorteada. Minha cabeça zunia, todo meu corpo parecia ceder a qualquer momento e nem mesmo o intenso treino de Ephram poderia me preparar para a rotina irreal a que me afundei.




And search the past my mind created




Passei os próximos minutos usando o resto da minha energia para me desviar de seus golpes.


-Pare de fugir, Granger – ele disse seco quando escapei do seu último gancho. – Lute.




I kept on pushing through




-Eu não... - Um gancho à esquerda. Essa foi por pouco, alguns fios de cabelo foram com a mão de Ephram.




Standing resolute, which you




-Dois minutos. – ele disse, se aproximando de mim novamente. – É o que você dura com qualquer Comensal. Um, se pegar Bellatrix. Nem isso se enfrentar Draco. E você implora? - Um gancho à direita. Não fechei meu corpo a tempo.


Chão.




In equal measure loved and hated




-Patético.




You take me by the hand




Perplexa, olhei para cima. Tudo que vi foi o pé de Ephram vindo na minha direção, pronto para esmagar minha cabeça.


 - Por que está me olhando assim? - Ele perguntara como uma provocação rindo da minha cara ensanguentada. - Você acha que só porque é mulher merece treinamento especial? - Ouvir aquilo era como ácido nos meus ouvidos, só aumentava minha raiva por ele. - Espera cavalheirismo dos comensais da morte? Ou está contando com seus amiguinhos sempre vindo salvá-la?




I‘m seeing who I am




- Não... - Ephram riu com desdém. Ele tinha razão isso era o mais revoltante e eu não tinha o que argumentar. De que me serviria um treinamento seguro afinal? O próximo soco não atingiu meu rosto, porque eu havia segurando sua mão.




Teach me how to fight
I‘‘ll show you how to win




Ele tentou se libertar com um chute em minha costela, mas me esquivei e revidei com um gancho lateral. Girei meu corpo para o lado e ouvi o barulho do pé se chocando contra o chão. Lancei uma rasteira em Ephram que se surpreendeu e me deu alguns momentos recuperando o equilíbrio.




You‘re my mortal flaw
And I‘m your fatal sin




Ele foi obrigado a se afastar e eu puder ver meu reflexo na vidraça da janela por um instante. Meu rosto estava desconfigurado com o ódio, seu sabor amargo ardia em minha boca, meus músculos queimavam e meus ossos tremiam. Ainda assim, eu não parei de atacar Ephram. Não pararia até calar a maldita voz e seu veneno.




Let me feel the sting, the pain, the burn under my skin




- Muito bem Granger... - Ele surpreendia de repente, agora com um tom satisfeito. - Hangar!




Put me to the test
I‘ll prove that I am strong




Eu levantara e ficava em posição e atacava como ele me instruíra, sempre atacar, sempre, não seja a presa, seja o predador, mesmo que por muito tempo eu só conseguisse atingir o vento, pois para ele era muito fácil desviar de cada soco, chute, rasteira, e ainda pegar-me por trás e girar-me como uma boneca e imobilizar-me... tive de acostumar-me com seu corpo tão próximo ao meu, e não fora fácil... Ele percebia meu desconforto em tal aproximação e parecia usar-la contra mim...




Won‘t let myself believe that what we feel is wrong




Não sei o que era mais terrível... Sua mão em minha garganta como uma coleira firme prestes a quebrar minha traqueia... ou a forma como meu corpo parecia esquentar cada vez que tocava minha pele, como uma dor e uma carícia, difícil de desviar-se, mais me machucava mais me instigava a querer ser mais forte, soa sádico eu sei, mas eu queria muito ser capaz de revidar... Ou se era sua tortura mental, como as provocações, as charadas e táticas sem sentido.




I finally see what you knew was inside me all along




- Hahaha isso me lembra nosso primeiro encontro Granger. Em pensar que eu quase te matei aquela noite. - Ele dissera sarcástico conforme prendia-me por trás enforcando-me, fazendo doer minhas entranhas conforme os flashes da noite que fui torturada em Hogwarts invadiam minha mente fraca.




That behind this soft exterior




      Minha mente lutava com força para concentrar-se até que eu conseguisse nocauteá-lo com a parte de trás de minha cabeça fazendo ele soltar-me as gargalhadas. Mas as gargalhadas não me incomodavam mais, pois eu podia observar meu progresso, mesmo que muito lento, eu adquiria força e agilidade. E dava pra ver, que ele notava também, pois tornava o treinamento mais intenso.




Lies a warrior




Quando eu finalmente o encurralei na parede, Ephram me puxou pela mão e me mostrou o espelho. Ele me mostrou quem eu havia me transformado.




Lies a warrior




De trás dos músculos esculpidos, por trás da máscara de rancor, não havia mais uma menina assustada.


 




You take me by the hand



- Prepare-se para batalha, Granger.




I‘m sure of who I am

Teach me how to fight
I‘‘ll show you how to win




Os momentos que eu não gostava claro, eram quando ele advinha minhas maiores fobias, como as alturas, obrigando-me a ficar em pé em cima da minha humilde Niimbus, com os calcanhares tremendo assim como o resto de minha estrutura, e não quero nem pensar na cara de pânico que eu devia ter...




You‘re my mortal flaw
And I‘m your fatal sin




- Mantenha o equilíbrio. - Ele dizia conforme me batia de leve com uma vareta. - Relaxe... Mantenha o equilíbrio... Mantenha ....- Mas eu acabava por não manter equilíbrio nenhum é claro, e deve ter notado conforme eu caía cem metros de altura gritando a todo pulmão, que sou de fato uma desiquilibrada. - Francamente... - Sorte a minha, eu acho, ele me salvara apenas um segundo antes de cair de cara no chão....




Let me feel the sting, the pain, the burn under my skin




- Considere-se Aniquilada. - Ele sentenciava ao jogar-me no chão como um saco de lixo, só pra eu gemer com o som das costas quebrando de leve claro.


- Ahhh Terra... chão...


- Descanse essa noite, amanhã de manhã começaremos com esgrima de novo. - Ele dizia antes de sair, e eu fazia força pra não desabar em lágrima, desejado ouvir a voz do Professor Snape no lugar declarado que fiquei em recuperação em poções...




Put me to the test
I‘ll prove that I am strong




E na manhã seguinte eu já tentava manter o foco em seus passos ágeis sobre a luz do sol, por Merlin era uma manhã com sol, pois eu mal poderia enxergar perante meu cansaço que eu tentava desesperadamente acobertar com péssimas piadas... Afinal, porque não tentar criar uma relação descontraída com meu torturador?




Won‘t let myself believe that what we feel is wrong
I finally see what you knew was inside me all along




- Não seria mais aconselhável... usarmos espadas de madeira? - Eu comentara com um sorriso besta esperançoso ao ser encarada por sua espada medieval recém afiada.




That behind this soft exterior
Lies a warrior




- Você já conhece os passos Granger, mas não sabe lutar... Precisa lutar com coração, mas com calma, sem raiva, sem sentimento nenhum... só assim pode prever os passos do seu oponente e vencê-lo...


- Claro, você basicamente passou algo impossível de realizar hahaha...


- Concentre-se...Pare de pensar...




The pictures come to life
Wake in the dead of night




- Silencie sua mente... - Ele dizia antes de me atacar. E eu desesperadamente me defendia, o mais rápido que podia, sabendo que ele mantinha total controle, apenas analisando meus movimentos conforme nossas espadas se agrediam a pouquíssima distância, o som que me cortava o coração apenas suplicando mentalmente que eu estivesse inteira no final.




Open my eyes, I must be dreaming




 - Pare de se defender, você é uma vítima? Ataque! - Ele dizia com raiva.




Clutch my pillow tight
Brace myself for the fight




Eu tentava conseguir espaço de tempo em suas investidas, o que demorou um pouco, mas finalmente conseguira mudando a posição de defesa para ataque, revidando com força e agilidade em direção a ele, perdendo insanamente o medo de perder minha cabeça no processo, e o resultado é talvez umas das melhores sensações dessa vida, a de superação e domínio da situação... claro que também ele não estava duelando com tudo de si, mas ele também percebia conforme eu investia pra cima dele com mais confiança. Até mesmo o fantasma de Alexandre Braxas Malfoy notava e comentava.




I‘ve heard that seeing is believing




-Parabéns, Mademoiselle Granger. Muito satisfatório ver uma mestiça desenvolver-se com tamanha desenvoltura... ! - Ele disse aplaudindo com um olhar meigo que não nego fizeram eu me sentir muito bem comigo mesma.

 De noite é difícil relaxar, ou me manter acordada, pois meu corpo grita de dor que até Bichento pulando no meu colo de alegria em me receber me faz pular com a dor como se fosse novo nocaute. Graças a Merlin tem ervas que coloco no banho que me ajudam a relaxar e anestesiar, curar os hematomas de cada dia. E haja erva para curar tanto hematoma.


As Estrelas do céu parecem tão próximas nessa propriedade tão distante de tudo, tão vasta e sombria, que amedrontava ao mesmo tempo que parecia segura, num encanto estranho.


A lua parece tão maior que o normal, como um farol a cima da cabeça, é impossível olhar para ela sem lembrar do lobo branco, do garoto de rosto pálido... no maior pesadelo que eu faço questão de enterrar, ignorar, ou pelo menos fingir que está desfeito até que eu finalmente esqueça...


- Preparada? - Ele me perguntara apontando a própria varinha pra mim e eu ri sarcástica ao mesmo tempo que entrava em pânico.


- O que? Como assim... ? Minha varinha?


- Não seja medrosa Granger,  esse é um teste básico, use o que você tem... Use sua Magia Elemental...


- MAs eu não sei como! - Eu começara a argumenta em minha defesa desesperada, já arrependida achando que aquele Comensal definitivamente havia perdido a cabeça.


- Concentre-se... feche os olhos...


- Não devia usar meus olhos?


- Você usa demais seus olhos, se deixa iludir facilmente, feche os olhos e concentre-se em seu terceiro olho...


- Isso é sério? - Terceiro olho... Eu só ouvira Sibila Trewloney falar daquela forma e obviamente eu nunca acreditara nesse tipo de magia sugestiva sem lógica, começava a perder a credibilidade naquele treinamento, pensando que realmente fora uma ideia estúpida
- Vocês Griginórios são muito presos aos seus preconceitos, ceticismo... vai ter que aprender a abrir a mente Granger, se quiser aprender a magia oculta... Pois ela só é oculta dos mais cegos, daqueles com muito medo de mergulhar no desconhecido.


- Eu não tenho medo, estou aqui, não estou?


- Feche os olhos.  - Ele repetira e contrariada eu obedecera....




Ouvir Música* https://www.youtube.com/watch?v=so8V5dAli-Q



They send me away to find them a fortune
A chest filled with diamonds and gold




 E realmente, era uma sensação diferente mergulhar na sala escura do meu inconsciente, como se a espreita houvesse monstros escondidos prontos para me devorar, mas não, eu sabia, era apenas meu inconsciente, a maior ameaça se encontrava naquela sala de luta a um metro de mim, encarando-me indefesa e totalmente vulnerável...




 - Diga-me o que você vê. - Ele dissera, e sua voz era mais firme e macia que o normal, tremera meus órgãos internos, e eu não queria dizer a ele, descrevê-lo  nada.




The house was awake
With shadows and monsters
The hallways they echoed and groaned
- Eu não vejo nada...
I sat alone, in bed ‘til the morning
I‘m crying, "They‘re coming for me"



- Concentre-se... pare de julgar e analizar... descreva para mim...




And I tried to hold these secrets inside me



- Eu não entendo o sent... - eu tentara questionar, mas ele me cortara.




My mind‘s like a deadly disease




- Apenas faça Granger!




I‘m bigger than my body




          Eu respirara com força contrariada e tentara fazer o que ele dissera... Parara de analizar e julgar o que eu não via, apenas sentia... ele só não entendia que eu também precisava passar por cima de minha vergonha, mas fora incrível Dan, eu conseguira fazê-lo, tentar passar por cima do meu medo bobo de me expor...


 - Descreva...


E como descrever?




I‘m colder than this home




    A dor em meu estômago, a pressão em meu útero, a ansiedade que parecia inundar meus órgãos como uma tsunami, tentando afogar-me aos poucos conforme eu ouvia sua voz e respiração tão perto. Como explicar, que eu o absorvia como uma esponja, como se fossem chaves para desconhecidas partes do meu inconsciente.


- Não abra os olhos... Descreva. - Ele mandara novamente, quando percebera que eu não estava confortável e incapaz de tolerar aquilo, mas eu me esforçara...




I‘m meaner than my demons




- Eu posso sentir você... - eu dissera como uma horrível confissão e me odiara por dize-lo, fazia tempo que não me sentia tão humilhada.


- Continue...


- Eu sinto... seu olhar... eu sinto... -minha respiração ficava difícil conforme eu tentava ultrapassar aquela sensação, no entanto algo me intrigava, era a energia estranha que se concentrava na ponta de seu braço esquerdo, apontado em minha direção... - o que é isso... sua energia parece diferente... mais densa...




I‘m bigger than these bones




- Concentre-se... - ele repetira o mantra que eu ouviria por meses, que descia por meus ouvidos como uma palavra chave mágica.




And all the kids cried out,
"Please stop, you‘re scaring me"




- essa energia... o cheiro de salgueiro... o fogo... a fibra de sangue... eu posso ouvir o coração... um coração selvagem - as palavras não podiam fazer sentido, eu sabia, mas então em um segundo tudo mudara, quando a energia dele se ganhara densidade e eu pude visualizar perfeitamente ao mesmo tempo que as palavras se encaixavam em minha mente. - Ah sim... sua varinha... eu posso senti-la... - eu dissera aliviada - É feita de salgueiro e fibra de coração de dragão...




I can‘t help this awful energy




- Muito bem, o que mais você vê...



Goddamn right, you should be scared of me




- É como uma parte de você... Uma linha de luz interliga vocês, como se seu corpo fosse uma árvore, e sua varinha a raiz mais profunda... Eu sinto que a energia flui constante, como ondas leves que se fazem em um lago...


- Sabe o que isso significa?


- Sim... não quer me atingir... é indefesa. - Eu me surpreendi com aquela informação que eu pesquei não sei de onde, ao mesmo tempo eu podia senti-lo sorrir satisfeito pra mim,  e novamente eu questionava como podia sentir aquilo, ele parecia analisar minha prováveis feições de confusão...




Who is in control?




- Intrigante, não é? O que vulnerabilidade pode fazer - Comentara Malfoy com um sorriso irônico - ... Agora, aprofunde-se...


- Não dá... - Sim era intrigante, mas tudo o que eu podia sentir era a única presença a minha frente.


- Você só precisa de uma motivação... - ele sussurrara como uma sentença de morte.




I paced around for hours, on empty
I jumped at the slightest of sounds




       E sua energia mudara de cor de verde para vermelha sangue o que definitivamente era assustador, no entanto iluminara meu inconsciente e eu pude ver como que em luz negra, o diâmetro do chão, daquele quarto, e inacreditavelmente o contorno das espadas e adagas nas paredes.


- Como isso é possível?


- Seu terceiro olho é capaz de ver perfeitamente. Você consegue mesmo ver minha energia, no que ela vai se transformar, meu sangue, o ritmo do meu coração, então você também pode ver em que direção vou...




And I couldn‘t stand the person inside me




      Ele andava pela sala, vezes em circulos em volta de mim, vezes em direção as armas, como um fantasma ágil ou uma pantera que cerca sua presa, e eu estava fascinada por quao intrigante era, o som e vibração de seus passos tão baixos como do musculo em seu peito.




I turned all the mirrors around




 Então eu ouvia o som e a gélido toque da prata batendo contra outra, suas extremidades afiadas como que se beijando no ar, sentira-o girar-se como um dragão no ar, o ar cortar-se pelas estrelas que voavam em minha direção, meu coração parecera que parara pelo susto, como uma morte rápida, eu abrira os olhos e vira as estrelas de prata congeladas.


             Outra vez caminhávamos a cavalo pela propriedade em baixo da neve e ele me explicava sobre propriedades da natureza, formas que eu poderia sentir e manipular... Sobre energia e chacras...




I‘m bigger than my body




- O Gelo, o granizo... mesmo o fogo tem grande poder em batalha... - ele dizia ao fazer-me uma bola de neve de forma quase amigável.


- Como arma?


- Distração... Comensais da Morte são bruxos extremamente poderosos muito bem treinados. Você deve ser mais que uma bruxa na mente do oponente... ilusão gera medo, aprenda a manipula-la também a seu favor...


             Eu gostava mais dos momentos de aula quase teórica, sobre a Magia Elemental... No alto da colina ele mandava eu fechar os olhos e respirar o Ar... "Sinta-o... respire-o"... era uma treinamento constante.




I‘m colder than this home




"feche os olhos Sinta o fogo..." ele dizia quando chegávamos perto de uma imensa fogueira...




I‘m meaner than my demons


"faça parte da terra" ele dizia quando eu fechava os olhos deitada no meio da floresta sentindo sob meus dedos o chão, as raízes e as formigas, todo seu ciclo de vida...




I‘m bigger than these bones


          Mas o pior fora mergulhar no lago congelado, fora regredir talvez em meu maior trauma,  vê-lo quase desesperada, sua feição seria dizer-me "seja a água"




And all the kids cried out,
"Please stop, you‘re scaring me"




.... Eu fechara os olhos com força tentando ignorar resistir a todas as farpas de gelo que tentavam perfurar-me o cérebro e corpo inteiro...




I can‘t help this awful energy




                Concentre-se... eu ouvira-o como um delírio como que perdendo os sentidos, pensando "Eu sou a água, eu sou a água" repetidas veses em minha mente até que eu não sentisse mais nada...




Goddamn right, you should be scared of me




             Abri meus olhos novamente espantada, sem entender de primeira que realmente funcionara, eu estava viva e imune ao gelo.




Who is in control?






 


I‘m well acquainted
With villains that live in my bed




- Você ainda se sente culpada pela morte daqueles trouxas. - Ephram jogava na cara quando desciamos a colina de gelo, e eu quase tropeçara em espanto, arrependida novamente de compartilhar aquilo com ele.


         Aquelas terríveis lembranças, que estranhamente despertavam o interesse dele, dos pobres trouxas que vi serem assassinados, o primeiro por Bellatrix Lestrange em Hogsmead, do qual Draco me arrastara para longe para tentar poupar-me... a outra trouxa, jovem, o próprio Draco matara em sua mansão... e eu assisti paralisada...




They beg me to write them


So they‘ll never die when I‘m dead




- Minha raiva substitui minha culpa.. - Ele rira sem parar o seu caminho.


- Você aprendeu a enterrar sua culpa com raiva. Eu vou ensiná-la a confrontá-la e encarar a verdade. - Ele dissera como outra charada que eu detestara, pensa do "Ótimo, preferiria outra sessão de porrada..." São os momentos que ele fica mais detestável.




And I‘ve grown familiar
With villains that live in my head




- Na Grifinória você aprendeu como lutar seis bruxos, eu vou ensiná-la a lutar com seiscentos. - Ele dizia girando a espada entre os dedos conforme andava em círculos novamente, e eu notava que era hora de manter-me em guarda novamente.


 - Você sabe como aparatar... - Ele dizia conforme investia batendo sua espada contra a minha, eu me defendia com agilidade mas não facilidade.


- Eu vou ensiná-la a se tornar realmente invisível...




They beg me to write them
So I‘ll never die when I‘m dead




- Invisível? - Eu perguntara ainda segurando minha espada firme contra a dele a milímetros do meu rosto. - Quer dizer sem uma capa de invisibilidade?


A resposta fora os inúmeros vultos encapuzados que apareceram do nada entre as arvores de neve, como se estivesse camuflado todo o tempo de nossa caminhada e agora cercavam-me com a clara intenção de me atacar.




I‘m bigger than my body






- Comensais da Morte sabem que invisibilidade é uma questão de paciência e dever...



I‘m colder than this home


- Quem são esses... ?


- Não importa realmente... mas eles tem intenção de matá-la...


I‘m meaner than my demons



Já deu pra imaginar que esse treinamento fora um desastre. Eu conseguira duelar com todos eles por quase uma hora, você se surpreenderia, mas começava a ficar exausta sabendo que nunca teria disposição de terminar aquilo, até que eu caíra exausta finalmente sem espada e varinha.


I‘m bigger than these bones




- Eu sei eu sei... aniquilada....


- Eu devia imaginar...


          Então ele resolvera transferir a aula de esgrima para o lago congelado da propriedade, só para me ensinar outra terrível lição, ou me torturar de castigo, vai saber..




And all the kids cried out,
"Please stop, you‘re scaring me"




Eu atacava com agilidade, em três investidas, cada lado, por último por cima, dos quais ele desviara e defendera-se com facilidade e levantava-se com simplicidade sem esquecer sua lição de moral.




I can‘t help this awful energy




- A morte daqueles trouxas não foi sua culpa... - Eu odiara ouvir aquilo e impulsivamente atacara-o de novo de forma mais intensa, e ele parecia satisfeito dessa vez ao ter de defender de minha raivosa investida com armadura presa em seu braço direito.




Goddamn right, you should be scared of me




- Foi culpa dos próprios trouxas. - Ele sussurrara horrivelmente antes de arrancar minha espada com a armadura do braço e me acertar na cara, mas eu logo o atacara com meus punhos, eu lutava agora com mais raiva, acertá-lo era pessoal, eu queria machucá-lo pela sua crueldade e falta de noção. Mas parecia uma tarefa impossível por mais que eu tentasse. Ele me derrubara de costas no gelo com facilidade, girando-me pelo braço quase quebrando-o.




Who is in control?




- Raiva não muda o fato que os trouxas falharam em agir.




And all the kids cried out,
"Please stop, you‘re scaring me"




- Eles não tinham magia! - eu rugira o obvio que para ele significava nada.


- Isso teria impedido você?




I can‘t help this awful energy




- Eu tive treinamento!  - Eu respondi ao levantar-me com dificuldade para não escorregar no gelo, mas minha resposta só parecera irritá-lo fazendo-lhe vir pra cima de mim, daí fora minha vez de defender-me da lamina pesada dele com meu braceiro de ferro o que parecia quebrar meu braço em partes, como suas palavras.




Goddamn right, you should be scared of me




 - Treinamento é nada! Vontade é tudo! - Aquilo realmente me irritara muito e eu correra em sua direção, enganando-o por um segundo pulando com um gato por sua cabeça caindo agilmente em cambalhota.




Who is in control?




           Fora apenas um instinto, fiz sem pensar, como se minha consciência animal tivesse me possuindo, agilmente escorregando sob o gelo de joelhos recuperando minha espada e atacando-o tão de surpresa que o derrubara fácil.


- Aniquilado Malfoy.- Eu dissera apontando minha espada pro seu corpo estendido no gelo.


- Você não me aniquilou, você sacrificou seu chão seguro por uma estúpida investida fatal. - ele debochara um segundo antes de quebrar o gelo sob meus pés com sua espada ainda em mãos, e o resultado claro foi eu dentro do gelo novamente, aniquilada...

                 Numa outra manhã ele me levava para outra armadilha, eu imaginava que seria um treinamento de caça visto que eu falhara com os supostos comensais. Eu tentava aproveitar cada segundo de tranquilidade naquela insanidade, se é que me entende, como observar o cair da neve sob meus olhos quando eu devia procurar pelo alvo...


Mas fora com tristeza que eu logo ao observar o cenário branco, notei a única alma viva nele, um animal de beleza magnifica, o mais belo talvez de toda cadeia, pelo menos o que mais mexia comigo, como uma terrível piada de mal gosto, eu observava o belo lobo negro cheirar o vento e caminhar em sua bela vulnerabilidade...


- Use sua varinha, mate-o!


- Que? Você é louco! Eu não vou matá-lo!


- Terei de fazê-lo por você? Eu sabia. Nem um lobo você consegue abater! - Ele dizia em desprezo.


- É claro! Ele é inocente! Qual o seu problema?! Não vou aprender a matar inocentes, seu psicopata!


- Inocente? Você é idiota? É um lobo! Não consegue matar nem outra espécie como vai matar um humano!


- Pois consigo! - eu gritava revoltada finalmente exigindo - Me leve para uma verdadeira cilada cheia de comensais!


- Pra você ser assassinada? Acho já que passamos por esse teste. Do qual você não foi capaz de concluir! Não importa o treinamento que eu te dê se você não for capaz de matar será aniquilada de qualquer jeito! - Eu odeio quando ele grita essas verdades obvias e cruéis na minha cara, lembra me por demais, Draco...


               Mas pelo menos não fora sempre terrível... Eu aprendi a passar por cima do meu orgulho, da minha raiva com o tempo, e aprender com Ephram, aquele treinamento ainda me intrigava, juntos rastreávamos Comensais da Morte, eu aprendi a rastrear e me camuflar... era mais ou menos divertido, mas algo parecia ter travado Ephram de prosseguir.




Ouvir Música* https://www.youtube.com/watch?v=5dByVM5vHHg



There’s a darkness that plays behind your wicked smile




              Talvez o fato de eu ter falhado, ainda não ter sido capaz de matar... e eu tentava não pensar naquilo, tentava mesmo fazer Ephram esquecer daquela decepção comigo após surpreendê-lo tanto até ali, conforme tentava pateticamente conquista-lo pela amizade.




 Aching sadness as you cradle me like I’m a child




- Eu imagino que tenha sido divertido para Lilian Evans treinar contigo... - eu dizia tentando forçar o assunto. - Ela foi capaz...? De matar...?




 This is madness




- Não... - ele parecera sorrir por um segundo, lembrando algo divertido,  e eu levei um susto, surpresa por ele ser capaz de expressões mais humanas, ou de não querer me matar por falar da Lilían. - Vocês Grifinórias têm muita compaixão...tsc...




 We’re descending into madness




- Bem... Obrigada! - Eu agradecera mesmo sabendo que não era pra ser um elogio.


- Por isso sempre acabam mortos...


- Aposto que você sentiu muito a morte dela... Eu sei que eram amigos... - eu dissera sem noção de limite e ele mudara sua expressão para uma de rancor.




 And it chills me to the bone




- Eu e Evans amigos, isso sempre foi uma crença insustentável... - Ele respondera amargo antes de se servir do jantar do outro lado da mesa, e eu quase cuspira o meu conforme ria de sua resposta cínica.




 Even when you’re gone I’m not alone




- Eu sei que vocês tinham um relacionamento... eu tive umas visões sabe...


- Que tipo de visões?


- Com você e a Evans nos tempos de Hogwarts... - Ele franzira o cenho obviamente intrigado.


- É mesmo? Por Exemplo?




 I’m never alone




              De repente eu me tocara que tais visões eram um tanto pessoais e que não sabia como falar delas, isso fora constrangedor, mas eu sabia que o Comensal da Morte não desistiria tão fácil.


- Nada demais... Eu vi uma vez que ela explodiu a biblioteca e você estava lá, que James Potter pediu pra você cuidar dela... Pude ver o baile de formatura onde você terminou com ela... enfim que você se importava mesmo com ela...




I’m searching, desperate for a fracture in your shell




            Logo eu concluíra que Ephram não devia se abrir nem sob tortura, desanimada, pensando como faria ele falar...O loiro me encarava com estranhas feições de ameaça, como que cogitando o que valeria mais apena, me manter viva ou matar-me de vez.




 With every passing day it gets harder to tell




- Amanhã cedo vou a Londres, aconselho que não saia da propriedade... leia os livros que te passei. - Disse levantando-se da mesa levando consigo apenas a taça de vinho.




 Where the demon stops and where you begin




- Foi algo que eu disse? - eu perguntara para o fantasma de Braxas Malfoy que olhava com um olhar triste por onde Malfoy saíra, logo sorrindo pra mim.




 But I promise you this isn’t how it ends




- É um assunto delicado... A mis Evans era de fato muito querida... Uma parte de Ephram nunca superou a morte dela... menina extraordinária... como a senhorita.




I am frightened as we tumble down the rabbit hole




            Mas devo admitir que Ephram me confundia mais conforme o tempo passava, eu construía confiança, cada vez mais focada no meu treinamento, começando a gostar de cada pedaço desse lugar como meu refúgio particular.




My grip tightens, I’m clinging to your missing soul




          Sozinha com Bichento e Braxas, que realmente conseguia admirar a beleza daquele lugar... Um refúgio para transformação, transmutação como das rosas, como diz o Braxas, eu pensava confusa sem saber se eu era sortuda ou estúpida demais, por estar totalmente perdida sempre que Ephram começava uma nova etapa surpresa em que valia tudo, qualquer tipo de manipulação.




You can fight them




 Os muros de rosas brancas parecia neve, a biblioteca era hipnotizante, e eu foleava cada um dos livros. Chegava a dormir entre as pilhas de livros de história e magia, como uma boneca com seu vestido antigo jogado de qualquer jeito.



Together we can fight them



 


Minha simpatia pelo Comensal no entanto não durara muito tempo, quando na noite em que ele retornara me levara para outro treinamento, na floresta no fundo da propriedade. Aquele ponto, meses duelando com ele, eu já confiava nele cegamente, e estava mesmo feliz com seu retorno, quase entediada sem sua companhia... ridiculamente inocente, eu não esperava o que estava prestes a acontecer.




Tell me you’re not too far gone
That I’m not a fool for holding on
I have to hold on




             Ele me guiava com um silencioso mistério além do comum, como que determinado a me eliminar próximo de minha cova, e eu rira de minha imaginação macabra.  Quando finalmente virara-se para mim com um semblante sério, eu tentara corresponder resistindo a vontade de puxar assunto. Então ele começara a me atacar como nunca antes, me fazendo quase perder o equilíbrio conforme defendia-me com minha espada.


          Aos poucos eu percebia que aquilo não era um treino, mas realmente um ataque, e estava confusa. Mas Ephram não me deixava espaço de tempo para questionar nada, apenas me dava uma surra na floresta, sem pena. Com uma violenta investida ele conseguira arrancar minha espada e me batera no rosto com o punho, eu não resistira e caíra cuspindo sangue, zonza quase perdendo os sentidos conforme sentia ele chutar-me no estomago e virar-me pelo pescoço, para encarar suas íris negras com apenas uma veia de expressão na testa, nada mais que eu conseguisse decifrar...


Em desespero eu tentara gritar quando sentira ele me imobilizar com seu corpo, uma mão prendendo-me pelo pescoço quase quebrando-o, a outra rasgando minhas roupas com violência.


- Não! Ephram! - eu tentara protestar em desespero chorando e me debatendo, tentando acertá-lo de qualquer jeito, não acreditando que eu terminaria daquela forma.


- Ninguém pode te salvar aqui, sangue-ruim... - Ele murmurara em meu ouvido, conforme pressionara minhas pernas - Você vai morrer essa noite...


         Fora talvez suas últimas terríveis palavras que finalmente me fizeram acordar em desespero, sentindo meu corpo em chamas, o choro desesperado agora transformara numa raiva que eu nunca sentira antes, tanto daquele Comensal quanto de mim por ter acreditado nele, por ter caminhado tão de boa vontade para aquela armadilha com um sorriso nos lábios. Eu sentira a magia dentro de mim, o seu poder agir quase que na velocidade da luz, com vida própria decidindo-se por atrair minha espada de volta como um ímã, da qual sem pensar duas vezes eu enfiara na lateral do abdômen de Malfoy.


      O Loiro gritara de dor e eu o chutara na cara com força para trás, agora com a espada a um milímetro de seu pescoço, no entanto o comensal gargalhava como que vitorioso.


- HAhahahaha Muito bem Granger! - Ele dizia sorrindo satisfeito, limpando o sangue da boca.


- POR QUE FEZ ISSO?! - Eu gritara a plenos pulmões , com a cara suja  de sangue e lágrima, com a espada ainda tremendo de ódio em meu punho.


- Eu precisava saber que você seria capaz de matar...


- VOCÊ É DOENTE! ISSO NÃO FOI UMA SIMULAÇÃO! VOCÊ TENTOU ME ESTUPRAR PRA VALER!


- Não... mas era pra você achar que era... - Ele dissera quase indiferente como que tentando fazer pouco caso do que acontecera, ignorando meu desespero.


- Chega! Eu to fora daqui! - Eu dissera ainda espumando de raiva, me virando e deixando ele para trás o mais rápido possível, ainda sem controle de meus nervos, ainda em choque por meu susto, quando ouvi ele vindo em minha direção, me virei para ele com a espada em punho ainda tremendo em ameaça. - EU CONFIEI EM VOCÊ?! COMO PÔDE...


- Exatamente esse foi seu erro Granger. Você confia demais, como a Evans...


- VOCÊ ME DISSE PARA CONFIAR EM VOCÊ!


- Entenda uma coisa Granger: essa sua magia que você carrega é muito rara, muito poderosa, e essa magia está presa a sua alma. E você sabe que muitos bruxos da Trevas a desejam roubar de você, não apenas Voldemort e Draco, mas qualquer um que olhe para você consegue sentir sua magia crescer... Bem, como você acha que a forma mais simples de roubá-la?


           Ele dizia caminhando em minha direção de vagar  com o velho olhar sério das aulas de treinamento.


 - Tentando atingir sua alma, violando-a... Por isso é muito importante que esteja pronta para matar, agora você sabe que morrer não é o pior que pode te acontecer. Não que Comensais da Morte sempre façam isso, mas irão tentar fazer com você, pois é uma inimiga poderosa, eles não vão querer dispensar esse poder. Não pode nunca abaixar sua guarda Granger, esqueça sua compaixão Grifinória se quiser sobreviver...


         Eu voltara para meu quarto como um zumbi, passando por Bichento e despindo-me para tomar um banho com ervas. Enquanto os novos hematomas curavam eu tentava digerir tudo o que Ephram dissera, totalmente perdida, com medo de confiar nele novamente, no entanto ele não parecia determinado a me matar nem violar, a tanto tempo que eu estou aqui ele tiveras várias oportunidades.




Deep within your twisted truth
You‘ve made yourself a home




Talvez ele realmente só estivesse tentando me dar uma terrível lição, como ele disse, me preparar para o pior, da pior forma... Que terríveis modos ele tinha, eu pensava... que tipo de criação, treinamento, ele teria tido...




But it’s a place where I can’t follow you
Don’t leave me on my own
I can’t do this on my own




**
        No quarto da torre mais alta da Mansão das rosas brancas, Ephram Malfoy enchia a taça novamente com vinho tinto, e mirava seu reflexo sem camisa no espelho, o abdômen ainda totalmente ensanguentado, mirava satisfeito uma última vez a profunda ferida que a castanha fizera, antes de colocar o anel com brasão da Sonserina no dedo, e o ferimento fechara-se, enquanto o loiro bebera o conteúdo da taça, Era observado pelo fantasma do parente morto.


- Talvez este treinamento esteja ficando pesado demais... Eu te disse que a mis Granger era como a mis Evans, você sabe... sensível... não é como você e suas primas...


- Justamente por isso tenho que pegar pesado... ou que chance ela teria contra eles...? - Ephraram respondera mal-humorado.


- Ela progrediu muito... 


- Espero que sim... - O loiro dissera simplesmente enquanto via a marca negra queimar em seu braço. Cobrindo-o ao colocar outra camisa de botão.


- Não poderá ignorar por muito mais tempo... você sabe disso....

           Na manhã seguinte, Hermione descera até o salão música e encontrara Ephram inquieto cobrindo o braço com a manga da camisa de seda, e sessar uma espécie de discussão com o fantasma de Alexandre Braxas.


- Bom dia Mademoiselle Granger! - Cumprimentava o fantasma como de costume. A castanha dera um meio sorriso ainda abalado. - Estou muito orgulhoso da Senhorita. Saiba que Ephram odiou ter de agredir tão intimamente, ele só tem muito medo que o passado se repita.


- Braxas! Cale-se ok? - Ephram exclamara nervoso. - Hermione... Bom dia?


- Bom dia... Então... O que faremos hoje?


- Trabalhar seu chacra da garganta, coração e solar... Eu ouvir dizer que você canta...


- Que? Não... Eu não...


- É mais que esperado que você tenha essa capacidade, como Bruxa Elemental...


- Não tenho essa capacidade mais, ok? Aliás de que serve isso? Vamos para qualquer outro treinamento. - A castanha protestava eloquente, definitivamente não disposta a se expor ainda mais, fazendo Ephram e Braxas acharem graça.


- De que serve? Você pode deixar todo um grupo de trouxas e bruxos em hipnose absoluta com sua melodia...


- Não sou tão boa assim.


- É uma magia antiga. E muito útil para passar invisível. Mas você precisa cantar alinhando todos os chacras e com a intenção. Se você cantar... eu te conto sobre a Evans... - Ephram dissera com os braços cruzados com um meio sorriso ao ver que despertara o interesse da castanha. - E te levo comigo nas buscas.


- Sério?!


- Sério... acho que você está pronta. - A castanha abrira um sorriso de orelha a orelha, como se esquecesse tudo de ruim, finalmente animada para ir para guerra. - Mas para isso tem que se concentrar, feche os olhos... e cante...


- Não sei o que...


-  O que estiver na sua mente...


            Mas aquela não era uma tarefa tão simples para Hermione Granger, apesar de tudo. Ela nunca pensara na música como uma arma na guerra, que poderia ter esse tipo de poder. Sempre fora algo muito pessoal, era cantar uma página de sua intimidade, e uma página que ela deixara para trás. Agora sentia-se desconfortável, insegura em cantar aquelas palavras como antes. As teclas do piano começaram a tocar sozinhas conforme a castanha inspirava e respirava.


Ouvir Música**https://www.youtube.com/watch?v=SCDT7X_lhzk



i‘m not quite sure how to breathe
without you here
i‘m not quite sure if I‘m ready to say goodbye
to all we were




Hermione mergulhava em suas memórias em Hogwarts, era o local mais secreto de seu inconsciente, para onde ela não queria olhar ou retornar, a torre das gárgulas.




be with me
stay with me
just for now
let the time decide when i won‘t need you




Via as costas largas do rapaz de cabelo platinado, o que lhe apertara o estômago, mas ela fugira de sua presença, tentando escapar para qualquer outra memória, mas o que encontrara fora novamente o olhar ciano de Draco encarando-lhe em provocação.




my hand searches for your hand
in a dark room
i can‘t find you
help me
are you looking for me




Hermione via-se rindo para Draco, o que lhe doera, relembrar a alegria ingênua que sentia quando ele falava seu nome ou lhe abraçava a força, obrigando-a a encarar de tão perto contrariada antes de beijá-la...




can i feel any more
lie to me, i‘m fading
i can‘t drop you
tell me i don‘t need you




              O Fantasma Braxas assistia admirado da castanha para Ephram, como que se quisesse dizer algo, mas Ephram não conseguia nem mesmo piscar os olhos negros, pois estava assustado com o desempenhado inesperado de Hermione. Não pelo fato dela ser boa, mas por ser tão idêntica a Lílian Evans, mesmo o tom de voz, lhe parecia uma brincadeira de mal gosto e lhe incomodava mais que qualquer pergunta.




etch this into my brain for me
tell me how its supposed to be




Ele não via mais Hermione no centro da sala de música, mas viajara totalmente no tempo, vendo agora uma jovem bruxa de longas madeixas ruivas cantar no lugar da castanha.




where everything will go
and how i‘ll be without you by my side




Como seu sonho mais bonito, Ephram delirava assustado, tentando compreender ao mesmo tempo que tentava não se comover. Temendo mesmo acordar e perder de vista a visão da ruiva.




my hand searches for your hand
in a dark room
i can‘t find you




- Eu te disse - murmurara o fantasma para Ephram em tom comprometedor e satisfeito.




help me
are you looking for me




           A mente do Comensal questionava como aquilo era possível, perdido entre as possibilidades realistas e as impossíveis coincidências. Finalmente incapaz de fugir daquele nome que ignorara por tantos anos "Lílian?"


CONTINUA...

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Comentários (8)

  • Hellen Luisa

    Acabei de terminar de ler esse capítulo! 10 anos acompanhando toda a sequência, que saudade! Que história, quantos detalhes! Espero poder ver a conclusão dela ainda e que você volte Obrigada!

    2018-12-26
  • LelecrisMalfoy

    NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ATUALIZOU A FIC!!!!Obrigado por não esquece da gente 

    2016-08-07
  • Byanca

    EU NEM ACREDITEI QUANDO VI A NOTIFICAÇÃO!Esperei tanto por esse momento, sério essa fanfic é a melhor ever, esse cap está tão maravilhoso, eu queria escrever mais, porém pelo celular é complicado, um sincero muito obrigada  

    2016-01-04
  • Nana-moraes malfoy

    Meus Deus que maravilha! E que saudade estava dessa fic! Não some! 

    2016-01-04
  • Thaly O.

    A um seculo atras eu comecei a ler essa fic e achei que NUNCA mais iria ver uma notificação dela...gente que surto que eu tive, foi realmente maravilhoso poder ler novamente um capitulo de APS e poder saber como vai continuar essa historia.Eu sei que provavelmente vc vai demorar a tualizar novamente, mas tenha do de suas leitoras e não nos deixe em agonia pot tanto tempo.Beijooos!!!!!

    2016-01-02
  • Isah Malfoy

    NÃO ACREDITOOOO!!!!  Vc voltou Angy!!!! Nem preciso falar que amei/chorei/surtei/ri/comemorei tudo junto ao mesmo tempo quando vi a notificação e enquanto lia este capítulo!! Só faltou o Dan pra ficar perfeito...saudades demais desse cara de cabelo espetado! As músicas foram sensacionais...e pelo visto vc curte Os Instrumentos Mortais também!!! Simplismente Ameiii o seu retorno e quero mais caps hahahahaMelhor presente de natal foi saber que vc não desistiu e está escrevendo cada vez melhor!!Beijos!!!#GoHermiGooo  

    2015-12-26
  • Yohana S

    AI MEU DEUS AMADO DE SENHOR JESUS CRISTO SUUURTEIIII!! Surtei TANTO quando vi APS att, achei que era sonho! Taaaao lindo Angy!  Adorei cada pedaço desse cap! Acho lindo o Harry nao desistindo e se preocupando real com a Hermione (ok que ele é apaixonado por ela, mas ela precisa de amigos assim!). Admito que Gina e Rony me deram MUITA raiva. Porra tua amiga some no meio de um ataque e eles ficam de mimimi?? Sim, ela sumiu porque ela quis MAAAS, ela precisava sumir, treinar! Era importante pra ela e, principalmente, importante pra Guerra, pra ajudar o Harry e os amigos! Entao porra, que tipo de amigo é esse que nao se preocupa que ela sumiu por 2 anos e ficam la ‘‘mimiim hermione egoista‘‘ seria egoismo se ela sumisse sem querer ajudar o Harry na guerra - o que nao é o caso. Enfim, desabafo feito aqui! DRAAACO AMOR DA MINHA VIDAA DAQUI ATE A ETERNINADEEE o que é esse Draco vibe gótico suave? Migo, se liberta disso! Só conseguia pensar no encontro dos dois vendo ele, pensar no tanto de coisa que vem pela frente com ele mudado desse jeito, VEM MONXTRO! Agora meu maior amor foi Hermigatinha, aquela carta SENSACIONAL pro Dan (alias, DAN SAUDADES ÇÇÇÇÇÇ), adorei ela descrevendo cada detalhe, saber da relaçao dela com o Draco Mor (só da pra pensar nele assim, como Draco I pq ne AHHAHA). A ligaçao dela com a Evans e ver que rola uma dedicaçao real com o treinamento, adorei! Mas  tive muita dó também e quero MUUUUUUITO o próximo cap! Quero reencontro, quero dan, que babado e confusao, quero sangue QUERO BELLA VENDO HERMI TODA TRABALHADA NO SALTO AGULHA PRONTA PRA DAR NO ZOIO DELAAA!!!! GO HERMI GOOO! 

    2015-12-26
  • Javoski

    AH MEU DEUS! A NOTIFICAÇÃO MAIS ESPERADA APARECEU!!!To chorando de emoção, é tanto tempo esperando e acreditando que você ia voltar, Angy!!Quando vi publicando no grupo que ia atualizar... Nem sei dizer como fiquei! Felicidade extrema é pouco!Que capítulo maravilhoso, emocionante, superou todas as minhas expectativas! De verdade. Você é maravilhosa :)Todos os detalhes, falando sobre todo mundo... As músicas foram perfeitas e se encaixaram muito bem em cada situação!As cenas das lutas que você disse que tinha um bloqueio ficaram ótimas! Dava para visualizar tudo que ia acontecendo!Harry, Draco, a vidente, Hermione, Ephram... Até o fantasma do tataravô, Alexandre Braxas Malfoy, adorei ele!Sou louca por querer que Hermione e Ephram tenham algum envolvimento romântico?? Nem que seja só um beijo... Mentira, eu queria mais do que isso hahahahaA carta para o Dan... Que saudade dele e do humor sensacional!E a reação do Ephram ao vâ-la cantando e sendo transportado para outro mundo, lembrando de Lílian... Espero pelo momento em que ele vai se abrir sobre ela.Foi um presente de Natal maravilhoso que você deu para nós, Angy! Você é uma linda.Tenho certeza que todos vão amar!To louca para ler no Fanfiction.net, mas ainda não atualizou lá!Um beijo enorme e até o próximo! ♥♥♥

    2015-12-26
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