Black Garden (parte 1)
N/a: Postando novamente a versao betada pela linda Monike Peixoto. Muito obrigada mesmo Flor, você é um anjo por fazer isso por mim e pelas leitoras! Eternamente Agradecida!
N/a2: O capítulo era para ser uma short, mas por problemas “operacionais” acabei perdendo tudo, tive sorte de ter salvo em pedaços no meu e-mail. To tendo um trabalhinho para betar e organizar as partes por isso dividi o cap em 3 partes.
N/a 3: Essa é uma versão alternativa da história dos Black, sem compromisso com a original da J.K e sim com a Saga Aps. Boa leitura.
Apaixonada Pela Serpente 4
Black Garden I (Betado)
Todos reclamam da própria família. Todo mundo no fundo é um incompreendido, mais uma ovelha negra. Isso porque esse termo “Família” já é por si só uma referência para reclusão. Te separa do resto do mundo de uma forma quase acolhedora, mas é tudo uma grande mentira e todo mundo sabe disso. Não importa o quanto sua família te ensine, ela na verdade está moldando você, seus valores, te dizendo com que olhos você deve olhar para o próximo. E na maioria das vezes, ela mesma se voltará com os mesmos olhos pra você. Às vezes, no decorrer das gerações seus valores evoluem, as vezes não. É normal todo mundo se desgarrar de sua família com um certo trauma, é tão normal quanto natural no decorrer da vida você superar tal trauma. Faz parte do ciclo “enigmático” familiar. Mas ninguém imagina o que é fazer parte da minha família.
Na minha família, “ser parte da família” significa muito mais do que ir num mesmo fabricante de varinhas ou passar o Natal juntos. Existem regras, regras registradas num livro velho assinado por todos os nossos ancestrais. Um pequeno documento, que passa de geração em geração no valor de todas as almas descendentes.
Era assim porque éramos a mais antiga linhagem de bruxos desde Salazar Slytherin, os principais herdeiros das maiores relíquias mágicas dos séculos inclusive documentos de estudo e magias secretas. A minha família era a família Black.
Sendo a família mais antiga da linhagem bruxa, ela era também a mais extensa. Existiam Blacks em quase todos os lugares do mundo, e todas as outras famílias bruxas tinham pelo menos uma pequena ligação com nossa árvore genealógica, mas os verdadeiros Black, os “Blacks Diretos” eram inconfundíveis, eram os mais vestidos com a rígida doutrina da Mui Antiga e Nobre Casa dos Black. E isso quer dizer física e emocionalmente, o que condiz com um par de olhos grandes, porém estreitos de um azul turquesa orgulhoso e frígido. Não importa quantos arrogantes existam na sua família, ou sua potencialidade para o mal, você pensa que eles não tem nada a ver com você, que oferece-os um lugar na sua mesa no jantar poucas vezes no ano, porque tem seu sangue logo uma pequena e obrigatória ligação de amor. Na minha família não temos esse tipo de ligação.
Nenhum Black tem qualquer ligação de amor com quem quer que seja, e isso inclui a própria mãe. Encheram aquele livro velho de tantas regras que todas elas se encarregaram de tornar o termo “amor” esquecido. Isso fez mal pra mim de início, mas não para minhas irmãs. Desde muito novas éramos instruídas a seguir todas as tradições da antiga família, o que incluía obedecer sem protestos a todas as decisões que todos os adultos já tomavam na nossa vida. Eu tinha nove anos quando saímos de nossa propriedade no sul da Escócia para a casa principal dos Black ouvir o veredicto final de nossa vida matrimonial na Mui Antiga e Nobre Casa dos Black no Largo Grimmauld, 12 em Londres.
Eu já via as estruturas de uma Londres mais velha, porém trouxa pelas janelas do coche. Os poucos trouxas acordados àquela hora da manhã notavam o coche sombrio com o escudo de prata dos Black guiado pelo sir. Acbout, um senhor assustador mesmo pra mim e minhas irmãs, adentrar a rua de forma suspeita. Eu sempre tivera muito interesse pelos trouxas, algo que eu tentava esconder arduamente da minha mãe, Druela Rosier, que não era uma Black direta, mas ainda assim era uma mulher asquerosa. Meu pai Cygnus Black era um Black direto, e como tal terrível, mas eu não precisava me preocupar muito com ele, pois ele mesmo nunca prestara muita atenção em mim. Depois da segunda filha, Narcisa, ele já não tinha muitos interesses em ser pai. Independente de arrumar ou não um bom casamento para mim ele já tinha os negócios da família acertados. Parece muito estranho crianças na nossa idade já terem tanta noção da realidade, mas os Black possuíam um antigo processo de amadurecimento precoce infalível.
- Bella, avise Sirius que estamos chegando. – a voz de Cygnus era grave e intimidadora, mas era na forma que ele se direcionava a filha mais velha que fazia toda a diferença.
Ele era o único que se dirigia daquela forma à Bellatrix sem ser censurado. Os Black não incentivavam o tratamento próximo, mas Bellatrix era sua favorita e ele sempre fizera questão de deixar isso bem claro. Narcisa, sentada entre Bellatrix e nossa mãe, fizera sua tradicional cara de nojo, da qual mais uma vez eu tentava desvendar. Me confundia se era referente a notória inveja de Narcisa perante nosso pai, ou a notória inveja de Narcisa perante Sirius. Narcisa era uma pupila da família Black, carregava nas mais sutis de suas ações a asquerosidade de nosso sangue puro, mas para ela não bastava ser a segunda.
Bellatrix estivera distante perante toda a viagem, aliás ela estava distante de todos todo o tempo. Era difícil decifrar qualquer coisa sobre a favorita do meu pai, algo dentro de mim sabia que eu havia de odiá-la já que ela era a maior promessa daquela terrível família, mas eu sabia que ela era diferente, ela não se importava com nada daquilo. Estava constantemente numa realidade alternativa dentro da cabeça dela, vezes macabra, vezes completamente aérea. Confundir-nos a todo tempo parecia ser da natureza de Bellatrix. O único que ela permitia aproximar-se dela de verdade era Sirius.
Bellatrix apontara discretamente sua varinha pro lado de fora da janela do coche, não dissera nada. Era a única da família (o que provavelmente significava: de todo o mundo mágico) aos 11 anos capaz de conjurar feitiços-não-falados. Os postes ao nosso caminho oratoriamente acendiam iluminando o caminho coberto pelas nuvens, Um vento de chuva vinha do oeste sacudindo todas as arvores secas, era o sinal.
Eu que nos meus ingênuos nove anos ainda sofria profundamente da empolgação dos feitos de Bellatrix, até então debruçada sobre a outra janela do coche, virei-me para implorar pateticamente “Bellatrix granizo por favor!” mas não terminei, pois notei as feições dela com uma sombra diferente. Significava que seu incrível estado aéreo fizera uma rota diferente. Seus olhos, que possuíam a maior sombra da família, a sombra dos Black, o que tornavam-na simplesmente a Black mais interessante e sinistra da família, brilharam sanidade. Esses momentos eram sempre tão assustadores quanto incríveis. Sua sobrancelha direita erguera-se quase imperceptivelmente, o que eu sabia por dentro significava que ela estava sorrindo.
Se para meu pai significava que a linhagem dos Black era uma linhagem praticamente real de bruxos, eu sabia que nesta tese Sirius Black, meu primo, era o príncipe real.
- O que é esse ridículo sorriso idiota na sua cara Andrômeda? – eu caíra de bunda imediatamente no acento de madeira ao ouvir a voz serpentinosa de minha mãe fazendo Narcisa cair numa irritante gargalhada de hiena.
- Andrômeda sonha conquistar o príncipe. – envenenara Narcisa em fingida confidência.
Não era Narcisa que me incomodava, na verdade ainda muito nova eu já notara o quão patética era a forma que Narcisa exibia as longas madeixas loiras sempre tentando chamar a atenção de todos da família. Na verdade ela não era considerada muito talentosa e eu devo tudo isso a Bellatrix. Era apenas a incrível influência que Narcisa tinha no termômetro de maldades da mamãe.
- Você é ridícula Andrômeda. O Príncipe é de Narcisa.
O mais antigo salão dos Black se encontrava escondido dos trouxas em alguma dimensão entre os prédios 11 e 13 do Lago Grimmauld. Mas sabíamos que Sirius se encontrava em algum lugar lá dentro já ciente do sinal de Bellatrix. Walburga Black, minha tia, notara o garoto elétrico de cabelos escuros correr os quatro lances de escadas ao encontro do coche.
- O jovem mestre não deve correr pela propriedade. – resmungara o elfo doméstico da linhagem real dos Black quando Sirius pulara do último lance de escadas por cima de sua cabeça.
- Eles chegaram! Pai! Tio Alfardo! – a voz de Sirius era a única coisa viva naquela casa, assim como seus olhos e seu sorriso.
- Receba o coche Monstro. – Dissera Walburga ainda enojada pela animação do filho.
Gente como Tia Walburga e Tio Orion incomodava-se imediatamente com as atitudes do príncipe. Sirius era uma pequena ameaça para dinastia Black, era uma exceção, e selvagem demais para se deixar domar pelo resto da família por isso preocupava tanto a todos sua amizade com Bellatrix, a promessa da família. Aliás preocupavam a todos a influência de Sirius em qualquer um da família. Ele era deslumbrante… a única parte boa de fazer parte dos Black.
- Sirius! – Eu gritara antes mesmo de conseguir sair do coche. Meu primo acabara de surgir como um cavalo das portas do prédio recém materializado. Seus cabelos volumosos e negros apontados em todas as direções, arrumá-los era uma tarefa inútil todos sabiam, assim como suas vestes que em pouco tempo já estavam todos amarrotas e desarrumadas.
Sirius correra em minha direção como no último sonho que eu tivera na noite anterior, com a diferença que no meu sonho no fim ele ia para os braços de Bellatrix. Não me ofendia a ideia de Sirius e Bellatrix juntos, era como uma coisa que eu devesse aceitar por algum motivo, algo que fosse pra ser. Sua gravata ainda parecia enforcar um pouco o seu magro pescoço perante sua euforia, porém me abraçara com uma força sobrenatural. Era inacreditável a forma que eu parecia completamente isolada e protegida do mundo e de todas as suas dimensões em volta dos braços daquele menino de dez anos.
- Seu cabelo e olhos estão castanhos – dissera ele com os dedos em uma mecha mirando-me nos olhos. Eu sentira a parte superior de minhas bochechas corarem-se. Logo seu par de olhos turquesas sob as grossas sobrancelhas negras pousaram mais radiantes a cima de mim – Bella vem, tenho que te mostrar uma coisa!
- Nem mesmo para cumprimentar seus tios, Sirius! – exclamara minha mãe com repugnância ao ver Bellatrix e Sirius correrem aos tropeços para dentro da casa. Meu pai era o único que não se incomodava, já Narcisa espumava como um cachorro trouxa com raiva.
Sirius e Bellatrix voltaram correndo os lances de escadas, saltando por cima da cabeça de Monstro, ignorando as exclamações dos ancestrais da família enquadrados e de tia Wallpurga que ainda fora mais longe na repressão: “Sirius, não quero você se escondendo com Bellatrix no bosque, volte aqui!”
- Oh mil desculpas Walburga, eu não sei mais o que fazer com essa garota.
- Isso é mais do que óbvio Druela. – respondera minha tia de volta, vi minha mãe tingir-se para uma cor esverdeada, algo que refletiu em mim como uma sensação de enjoada fúria. Odiando mais minha tia, e quanto tanto minha mãe. – Nem todas as suas filhas são qualificadas como Narcisa. Não é mesmo, minha querida? – Narcisa sorrira como uma celebridade quando nossa tia passara os dedos pelo rosto alvo da sobrinha loira.
- Proíba Sirius de falar com Bellatrix tia, minha irmã acabará transformando o príncipe num elfo doméstico.
- Ouviu isso, Orion? – Dissera Walburga em voz alta em apoio aquela intriga. Meu tio, grande e majestoso surgira da ala leste da propriedade fechando um livro em suas mãos. Sua presença era tão sinistra quanto a de Bellatrix quando chegava muito perto.
- Ouvi. E não existem chances de Bellatrix vencer Sirius num combate. – Dissera ele muito calmo indo apertar as mãos de meu pai e beijar a mão de minha mãe, esta quase desmaiara com o gesto e eu ficara enjoada novamente.
- Só há um jeito de descobrirmos isso Orion. – Era a voz radiantemente embriagada do meu tio Alfardo que dissera isso. Ele era também a segunda boa razão de ser parte daquela família. Tanto meus pais quanto meus tios não apreciavam sua presença, Porém, como Sirius, ele sempre me notava. – Como vai pequena? Mudando de forma novamente ham? Pena de Narcisa que nunca poderá mudar a cara de nojo dela, logo ficará igual a sua tia Wallpurga. – Eu rira baixo.
Os adultos já haviam marchado para o salão oeste do prédio, onde se embriagariam e discutiriam os planos do Mestre. Narcisa jogara todas as suas malas em cima de Monstro antes de subir as escadas. Antes de segui-la eu mesma levantara minhas duas humildes malas, por uma fisgada de consideração por aquele pobre elfo que era o maior escravo daquela família, mas Monstro, como um Black nato, não conseguia identificar aquele gesto.
- A mais nova dos Black não reconhece o seu lugar e o dos outros! – resmungara ele me encarando de baixo com seu nariz pontudo arrancando as malas de minhas mãos e jogando-as sobre a pilha de malas de Narcisa.
- Você não é escravo de Narcisa, Monstro. Nem de ninguém. Sirius devia lhe dar roupas!
- Há! Ele bem que tenta! O Príncipe não tem respeito por ninguém! – A voz rancorosa de Monstro já estava bem distante dentro da minha cabeça, secretamente eu estava com Sirius e Bellatrix, mesmo que só dentro da minha imaginação, mas a ansiedade que se apossava do coração de pedra da minha irmã todas as vezes que vínhamos a Londres, e a empolgação pela qual Sirius puxava-a pela mão… com certeza ele só havia de levá-la para seu mundo particular mágico. E como eu também queria estar lá…
Às vezes me dava uma pontada de mágoa de Sirius. Será que ele não via que eu era o membro daquela família que mais precisava de resgate, ser raptada pra qualquer outra realidade? Por que toda aquela fascinação apenas por Bellatrix?
Subi para o nosso quarto onde Narcisa já havia se apossado do melhor canto. Monstro tivera o cuidado para depositar a pilha de malas em cima da cama de Narcisa, mas esta agradecera esbarrando propositalmente na pilha. Eu me ocupara por tomar conta da outra cama próxima a janela, curiosamente de frente para a de Bellatrix. Eu olhava para algum lugar além da vidraça da janela quando distantemente a voz de Narcisa começa a bater em meus ouvidos.
- A essa hora Bellatrix e o Príncipe devem estar quebrando algo valioso. Imagina a cara do tio Orion quando vir toda a sala de troféus destruída. – Narcisa tinha a estranha mania de imaginar o que as outras pessoas estavam fazendo longe de si, e costumava ir bem longe mesmo nosso pai deixando claro o quanto era ridícula a adivinhação. Mesmo que a sala de troféus antes do sótão fosse o local mágico de Sirius e Bellatrix, não consigo imaginar o que um bando de cabeças de animais mágicos empalhados fosse ter de tão especial pra eles. – Chegou alguém! – Tanto eu quanto Narcisa de testas coladas na janela vimos um segundo coche chegar na propriedade. Esse tinha um desenho peculiar de um grande M entrelaçado com uma cobra em sua porta. Ouvi Narcisa prender a respiração. – São o Sr. e a Sra. Malfoy.
Os Malfoy eram uma família tão terrível quanto os Black, os mais próximos tanto na família quanto nos negócios e no saldo bancário. Era também outra família favorita do Mestre, o que significava responsável pela maioria dos ataques referentes as Artes das Trevas no mundo mágico. Eu vira aquele casal de loiros platinados saírem de dentro do coche quase pisando em Monstro que fazia o possível para mostrar-se mais submisso possível. Eu particularmente os detestava, detestava seus narizes empinados, seus olhos cianos rasos e perigosos, sua pele tão branca e a forma com a qual exibiam esses detalhes como se fosse uma espécie rara e pura de Bruxos. Eles realmente o eram, mas não tinham nada de nobre, pelo contrário.
- Merlin por favor, que não tenham trazido Lucius. – eu suplicara baixo, mas o próprio descera também do coche, com uma capa negra caindo-lhe pelos tornozelos, seu cabelo platinado esticado para trás como que lambido por um basilisco. O diferencial dele para os seus pais estava só na sua idade, e o quanto a mente não amadurecida dos garotos podia ser criativamente cruel.
Ele subira as pupilas caninas imediatamente pra nossa janela, encontrando em mim sua vítima favorita. Com um risco divertido nos lábios acenara com a cabeça, mas logo fora a minha vez de sorrir pois sua nuca fora nocauteada por um rolo do Profeta Diário na mão de outro Malfoy que saltara do coche, o único também (sempre tem um em cada família) que valia alguma coisa, Ephram.
- Aff, Ephram é ridículo. – resmungara Narcisa antes de descer para o Hall. Eu simplesmente adorava quando ela saia de perto, mesmo pelos seus fins hipócritas.
- Tenho certeza que a opinião é recíproca.
Aquela era uma semana como todas as outras, o conhecido feriado familiar, que nós crianças nunca soubemos porquê fins o era comemorado, mas ele existia mesmo assim e nos reuníamos na casa real dos Black Diretos. Conforme fui crescendo entendi que aquelas reuniões aconteciam sempre conforme a guerra dos bruxos tomava novas direções. Como quando não só o mundo bruxo recebeu ataques, mas esses começaram a se estender também no mundo dos trouxas.
Eram as novas ordens do Mestre que precisavam ser manobradas pelos chefes da família. Aquele ano eu também havia finalmente compreendido que minha família, assim como os Malfoys, eram as faces importantes por de baixo das máscaras dos Comensais da Morte. E quando eu finalmente entendi tudo mudou.
Fazia muito mais sentido o ressentimento nas feições de Tio Alfardo…. Era como se depois de tal descoberta não se tratasse apenas de uma mágoa, exclusão familiar… mas era sim uma ofensa pessoal fazer parte daquela família. Éramos publicamente uma família das Artes das Trevas, a grande vilã naquela dinastia bruxa ditatorial e a escolha era simples, ou se abraçava aquela herança ou morria-se de vergonha por aquilo enquanto o resto da família morre de vergonha de você.
Eu, sabia, seria o próximo tio Arfaldo. A vergonha da próxima geração. A dominação brilhava como um letreiro na minha sopa de espinafre com mandrágora, e com as vozes da Tia Walburga, tio Orion e meus pais a conversarem em meus ouvidos quase surdos, não havia nada de mais interessante. Eles falavam sobre quebrar a fronteira invisível entre o mundo dos bruxos e dos trouxas utilizando assim o terror geral para uma nova organização. Falavam de obrigar bruxos inferiores a trabalharem para as causas dos sangues-puros, depois corrigiam-se por tal pensamento alegando que os bruxos inferiores não serviam para nada e que seria melhor que o fossem, assim como os “sangues-sujos” por vez aniquilados.
Os bruxos inferiores para a nossa família, eram todas as outras famílias bruxas de sangues-puros que adotavam uma postura “fraca” diante da causa dos sangues-puros, seja simpatizar com os sangues-sujos a questionar a qualquer ordem da sociedade primogênita dos Bruxos. Isso acontecia diversas vezes no Ministério da Magia, praticamente tomado pelos bruxos das trevas, mas completamente maquiado de organização em prol da sociedade mágica, e por vezes encontrava-se um bruxo realmente querendo sê-lo. Incorruptível, tal bruxo era mais um na lista de “Bruxos Inferiores” próximo dos “sangues-ruins” na lista negra do Mestre e seus Comensais da Morte. Só existia uma espécie pior que essas duas, os “trouxas”, e em sua completa e ingênua ignorância, eu daria tudo para ser um deles.
- Eu te disse que seus queridos trouxas seriam os próximos. – Dissera Narcisa de frente para mim num sussurro maldoso, tirando-me do secreto debate mental com a sopa de espinafre. Eu subira os olhos para ela e engolira em seco numa vontade arrepiante de virar todo jantar em cima de Narcisa enquanto ela ria da própria piada.
Narcisa sabia que eu me interessava pelos trouxas, aliás todos sabiam. Graças a boca grande de Narcisa toda família já me olhava como a única ovelha negra da ninhada e minha própria mãe já evitava olhar ou trocar muitas palavras com a filha aberração. Não, o resto da família havia de perdoá-la por ter cometido esse grande erro de ter me dado a luz.
- Não se preocupe Andrômeda, antes que imagine estará crescida e longe da sua família. – dissera a voz calorosa ao me lado do Tio Alfardo, apenas para mim, aquele consolo já era uma promessa antiga, que mesmo que fizesse eu me sentir a mais ingênua das crianças, também era a única capaz de me fazer sorrir. O tom de sua voz era tão doce que fora necessária muita força psicológica para eu segurar as lágrimas berrantes dentro de mim. Narcisa rira como uma hiena.
- Não seja ridículo tio Alfardo! Para onde ela iria? Dormir nas ruas com os trouxas mendigos? – “Quem dera” eu pensava, mas eu sabia que os Black não gostavam de desgarrados, preferiam Blacks mortos. “Mas talvez valha a experiência…”
Vi que tio Arfaldo parecia ter lido meu sorriso triste e sorria pra mim novamente quase que me consolando por não ter tido aquela sorte. Acredito que ele mesmo já tivesse pensando naquela opção várias vezes. De repente até mesmo nossos pais pararam de conversar perante ao barulho de porta batendo na lateral da sala de jantar.
Eram Sirius e Bellatrix que se direcionavam agora em seus locais de origem na mesa, esses vazios esperando por eles. Apesar dos Olhares de Reprovação da minha mãe e dos meus tios, os dois não carregavam nenhum ar de culpa, pelo contrário. Sirius empurrara a cadeira de Lucius sem dó para sentar-se melhor ao lado de Ephram que rira com a reprovação do irmão.
Ele ainda tinha um sorrisinho extasiado por quaisquer que tivesse sido a aventura e tinha as roupas meio sujas, mas não se importara e começara a servir-se bruscamente enquanto Lucius o comparava com um cachorro faminto. Mas aquele comentário que só fizera meu primo rir, só contribuía mais para aquela atitude. Sirius amava perturbar com suas atitudes e eu admirava isso e sabia que Bella também.
- E onde vocês estavam? Brincando em algum chiqueiro? – Alfinetara Lucius. Sirius apenas parara de mastigar estupefato.
- Claro que não, você nos disse tantas vezes pra não entrarmos no seu quarto…! – Tanto eu, quanto Ephram e tio Alfardo rimos, apenas Narcisa que apontava sua narina pra direção contrária da mesa cheia de ciúmes.
Por mais sinistro que fossem as reuniões entre nossas famílias, todos aqueles bruxos malignos sentados em volta de uma mesa servindo-se de estratégias de aniquilação com a mesma emoção da qual serviam-se do jantar… as noites conseguiam ser mais agradáveis, pois Sirius as descontraía com sua implicância com o primogênito dos Malfoy.
Para mim o jantar só começava quando ele chegava, mesmo que sempre levasse quase uma hora para isso, mas nunca me zangava, sua entrada era sempre triunfal e as noites com sua gargalhada eram preciosas. Às vezes me surpreendia ouvindo até mesmo insinuações da minha própria gargalhada, completamente estranha a mim, encorajando-se aos poucos. Era ainda melhor quando Sirius era tão chato a ponto de conseguir divertir até mesmo Lucius, que preferia se retirar da mesa a se infectar com o bom humor do príncipe.
Se meu primo fosse adulto eu poderia jurar que ele o fazia de propósito, para que não prestássemos atenção no assunto dos adultos, não porque fosse pesado para nós, visto que ser Comensal da Morte era quase como uma carreira honrosa e receber uma missão homicida era tão importante quanto ser promovido, mas para nos dar a impressão, mesmo que vaga de que parecíamos uma família normal. Impressões de aparências, era o mais longe que minha fantasia podia ir.
Mas as tardes na mui antiga casa dos Black lembravam um mausoléu, e a presença de Sirius beirava no esquecimento, como apenas uma lembrança sinistra, o eco de sua alegria pelos corredores, como se ele tivesse morrido a muitos anos e levado toda a boa energia da casa com ele. Eu não tinha a menor vontade de sair do meu quarto e perambular pelos corredores dos Black achando nas centenas de parentes mortos enquadrados a origem dos meus traços. Mesmo que o fizesse de vez em quando, a mínima curiosidade por aquela dinastia gigante eu tinha, mesmo que as descobertas não me orgulhassem muito, mas aos meus nove anos eu já estava cansada de olhar para aqueles quadros e eles de olhar para mim. Alguns eram rudes a ponto de perguntar se eu não tinha nada de mais importante para fazer, outros já constatavam que eu era “estranha” e que só podia ser influência do sangue Rosier.
A família da minha mãe não era a muito respeitada entre os Black, mas eles mantinham as aparências. Consideravam os Rosier atrasados no seu tempo, acredito que tenha sido pelo fato deles nunca terem se envolvido de fato no Ministério da Magia ou qualquer outra instituição importante de controle no mundo bruxo, o que para os Black sugere fraqueza é claro. Até mesmo os quadros comentavam que a única utilidade dos Rosier fora acumular riquezas, mesmo que só agora (depois do casamento com meu pai) estivessem em boas mãos.
Não gostava de ser comparada a minha mãe nem pelos quadros da casa, mas tio Arfaldo tinha razão quando dizia que era engraçado quando os Black atuais eram esculachados pelos primeiros Blacks, lembrando-lhes de que nunca poderão se igualar, e também porque os Black enquadrados conseguiam ser mais cruéis, podendo deixar até mesmo minha mãe a beira de uma crise de nervos e constrangimento. Só quando isso acontecia que eu podia ver a “tão engraçada postura miserável de elfo amputado” da qual ela se referia tanto.
Eu também nunca saía a procura de ninguém. Narcisa, eu sabia, estava sempre em companhia de nossa mãe, as duas eram inseparáveis, como se Narcisa estagiasse para se tornar adulta mais rápido, pronta para ser indicada para a primeira vaga que abrisse no galho dos Black Diretos. Tio Arfaldo, parecido comigo, preferia por se isolar em seu quarto só saindo para os momentos que fosse obrigado, porém eu não tinha certeza se ele tinha a mesma necessidade de companhia do que eu. Já os Malfoy mantinham Ephram e Lucius em treinamento diário, duelos diretos ou em campo aberto. Bruxos normais aprendem a duelar na adolescência em Hogwarts, mas a nossa família, assim como os Malfoy, começava o treinamento cedo, pelo menos como atacar.
Eu ainda era muito nova, começaria no próximo ano, Narcisa que era horrível, aproveitava-se alegando nunca ter um adversário visto que Bella e Sirius estavam sempre fugidos, o que enfurecia minha mãe e tia Walburga também. Sirius era indisciplinável por natureza, só fazia o que queria, e Bellatrix não se deixava influenciar por mais ninguém quando tinha Sirius ao seu lado.
Às vezes eu ainda me contentava só de ver Ephram e Lucius duelando. Lucius batalhava sempre contra seu maior inimigo e perdia, já Ephram se divertia tendo total controle da situação. Mesmo Ephram sendo menor que Lucius, era incrivelmente ágil em campo aberto ou fechado. Quando Ephram recebia elogios do pai então, Lucius perdia o controle de vez, exprimindo um feitiço errado de sua varinha fazendo sempre algum tronco de arvore explodir, o que transformava o duelo num show de fogos de acordo com o Sr. Malfoy. Ephram morria de rir, mas eu temia, as vezes dizia: “Lucius almeja tanto te atingir que as vezes temo que um dia o faça para machucar”, mas Ephram respondia despreocupado que Lucius só acertaria o alvo um dia se o petrificasse antes.
Fora numa noite nada especial que eu decidira perder para minha curiosidade. Eu me encontrava contra minha cama mergulhada em meu travesseiro tentando dormir já fazia algumas horas. Como que um convite do próprio destino, um origami adentrara voando serelepe pela janela do quarto ciscando sob a cabeça de Bellatrix que despertou aos poucos para ler o recado de Sirius. Eu fingia estar adormecida quando Bellatrix olhara para minha cama e a de Narcisa. Prendi minha respiração, a única forma de dar certo era se Bellatrix realmente acreditasse que eu me encontrava num sono profundo.
Me mantive paralisada e de olhos fechados até que Bellatrix saísse do quarto, contei poucos segundos para sair atrás dela, estava tão nervosa que podia ouvir meu coração na ponta de meus pés. Mantinha-me afastada o suficiente para ver o fim de sua capa roxa que seguia para cada vez mais adentro da propriedade. Eu mesma nunca havia ido além do depósito da cozinha. Uma vez derrubei todos os quadros da sala de estar com um feitiço e fiquei escondida no quarto do Monstro atrás da cozinha por horas, até o próprio me entregar. Mas Bellatrix retirara sua varinha de suas vestes encostando numa parede no fundo da despensa, forcei meus ouvidos para ouvir a palavra mágica:
- Quimera
Fora nada mais que um sussurro, mas eu ouvira perfeitamente. Três retas quase invisíveis surgiram na parede num formato de uma porta, achei que se materializaria uma, mas não acontecera. Parecia apenas que alguém havia desenhado uma porta sem maçaneta na parede e Bellatrix desaparecera atrás dela. Esperei apreensiva trinta segundos dessa vez, com medo da minha irmã estar me esperando do outro lado com alguma intenção sádica, e fiz o mesmo.
Eu machucara meu pé direito ao chegar do outro lado, não havia degraus a baixo da porta, aliás nem porta havia mais, o que constatei com pesar. Estava num campo aberto, montanhoso, que ao descer dava em um bosque. Não sabia nem se ainda me encontrava em Londres, tinha uma vaga ideia aquela época do que era uma chave de portal. Reparei muito rápido a minha volta, pois temia perder a capa roxa de Bellatrix de vista e quase o fizera. Sabia também que ao sair do quarto ainda era noite, ali, os primeiros raios de Sol me permitiam seguir Bellatrix ainda que de longe se eu me esforçasse para correr no mesmo ritmo que ela. Adentramos o bosque e eu me esforçava mais para não tirar meus olhos de sua capa, isso porque era fácil se distrair entre aquelas arvores.
Então subitamente, para minha surpresa ela parara no meio do bosque em atenção. Abaixara o capuz e começara a observar em volta como uma ave rapina. Eu corri para trás de uma das arvores tampando minha boca, para que ela não ouvisse minha respiração alta. Eu estava atônita, mesmo me mantendo distante ela ainda era capaz de sentir minha presença, minha aventura não duraria nem vinte minutos. Me perguntava o que ela estava esperando, só encarando a imensidão da floresta e com um ligeiro sorrisinho entre os lábios correra decidida por um dos caminhos.
Como não havia tempo para pensar eu a seguira, ou poderia nunca mais conseguir voltar para casa. Adentrávamos cada vez mais fundo na floresta, só então entendi que ela não sentira minha presença. Estava é numa caça ao tesouro, a procura de Sirius. Eu não conseguia entender como ela poderia rastreá-lo, adivinhando seus passos dentro da floresta como que um cão de caça. Sabia que era impossível para ela farejá-lo, que aquilo só podia ser possível pela notável ligação que tinham. De qualquer forma torcia para que Bellatrix o achasse antes de farejar a mim.
Fora quando um jato de luz roxa fora em direção as costas de Bellatrix e que virara-se no último segundo e defendera-se, chicoteando o feitiço de volta derrubando Sirius de uma árvore, mas ele não se machucara, levantara-se e correra para dentro do bosque as gargalhadas. Eu permanecia em meu lugar observando a brincadeira, jatos de luz iam em todas as direções passando as vezes milímetros dos dois, os dois duelavam sem a menor formalidade e era extremamente divertido. Entendi no que se definia os encontros dos dois. Puramente para brincar, o que é estritamente proibido na família Black. Eu nem conheceria o termo se não observasse tanto os trouxas na Escócia.
Aquele realmente parecia um “plano” a parte do resto do mundo, com nenhuma presença humana a quilômetros de distância. Me perguntava como haviam encontrado aquela passagem maravilhosa. Anos mais tarde Sirius me contara que encontrara a passagem por acaso, enquanto lia um livro sobre animais mágicos andando pela cozinha. Dissera o nome “Quimera” em voz alta sem a menor intenção enquanto lia a definição em voz alta e lá estava a porta. Nunca falara da passagem com ninguém, com medo de que a interditassem.
O barulho dos flashes cessara. A batalha terminara com Sirius estendido no chão de costas com Bellatrix em pé com a varinha apontada para o seu peito.
- O príncipe rendido por uma garota… que vergonha. – Aquilo realmente me surpreendera, mesmo que recheada de ironia, não achava que minha irmã fosse capaz de fazer uma piada. Estava finamente conhecendo a personalidade que sempre suspeitei que Bellatrix possuísse e da qual só Sirius conhecia.
- Não me chame assim! – Retrucara ele dando uma rasteira em Bellatrix que caíra de bunda. A irritação de Sirius não durara nem cinco segundos, o tempo de render Bellatrix com sua varinha, outra coisa que também considerava impossível. – Regra número um, olhos nos pés! – Terminara Sirius sentindo-se vitorioso e engrossando a voz para imitar tio Orion em suas lições de duelo. Por um momento temi por Sirius, mas Bellatrix contrariara-se minimamente.
- Você duela como um trouxa, não é uma vitória considerável. – ela respondera calma ainda no chão. Sirius rira.
- A única coisa considerável aqui sou eu em pé e você no chão! Vem, quero te mostrar uma coisa! – Ele a ajudara a se levantar e correram juntos mais adentro da floresta. Ele “nos” guiara para até um chalé muito velho abandonado no meio da floresta, era a triste prova de que aquele não era bem um lugar desprendido do mundo. – Legal, não é?
- Como tem certeza de que não há ninguém vivendo aí? – perguntara Bellatrix analisando a cabana com seus desconfiados olhos azuis turquesa.
- Como acha que eu tenho certeza? – Ele perguntara de volta correndo em direção ao chalé. Insinuando que já havia explorado o lugar, o que não era surpresa. Sirius era assim, não tinha medo de nada, se havia algo que o interessasse não esperava autorização para ir fuxicar. Bellatrix não parecera satisfeita com a resposta, mas o seguira.
- Alorromora – Ele dissera apontando a varinha e mesmo antes de se aproximarem da entrada o cadeado se rompera e a porta abrira, me senti completamente excluída onde estava, também queria saber tudo o que tinha dentro daquela casa, quem vivera ali…
Eu os esperara por quase dez minutos e eles saíram. Sirius fazia graça vestindo algumas roupas que encontrara lá dentro, bem estranhas, e um chapéu gigante na cabeça com pena. Os dois discutiam sobre quem vivera ali, Bellatrix estava certa de que era bruxo, mas Sirius insistia que era trouxa. Eu nunca vira aquele tipo de roupa em nosso mundo mágico, mas eram também muito mais excêntricas do que o estilo dos trouxas que eu observara.
O chalé se tornara a nova obsessão de Sirius. Os dois passaram o resto das horas jogados na floresta, enumerando todas as possibilidades que rondavam o chalé. O chalé estava visivelmente abandonado fazia décadas, quem vivera ali podia nem existir mais, mas para crianças não tem a menor importância, a ideia do proprietário da cabana já ser um fantasma há tempos, só servira para deixar Sirius ainda mais entusiasmado. Quando as suposições sobre o bruxo, trouxa ou fantasma que vivera ali se esgotaram, Sirius começara a criar seus próprios sonhos sobre a Cabana.
- Podíamos morar aqui, imagina não voltar nunca mais pro Lado Grimmauld… Eu não sentiria saudades!
- Há, tio Orion ia adorar essa ideia. – Bellatrix respondera com um ligeiro sorriso. Eu ainda me surpreendia com a personalidade quase descontraída da minha irmã ainda tão recentemente descoberta.
- Ninguém precisa saber, fugimos! – Dissera ele. Eu entrara em pânico, se Sirius decidisse fugir eu iria atrás, não suportaria viver naquela família sem ele, bateria na porta do chalé na maior cara de pau e pediria para viver lá com eles. Bellatrix por sua vez não parecia levar a proposta a sério.
- Melhor ainda, Tio Orion e tia Wallpurga terminariam de destruir o mundo mágico para o “mestre”. – Mesmo sem saber ainda o que era ironia, Bellatrix fazia bom uso, as vezes era difícil adivinhar se era só sarcasmo ou se ela realmente se divertia com a ideia, mas fora o suficiente para fazer Sirius desistir do plano, aquela fuga teria proporções terríveis. Respirara derrotado e voltara ao assunto do chalé.
- Talvez tenha sido um Black quem viveu aqui, ficou de saco cheio da família e fugiu. Tem uma passagem lá em casa…
- Daí os outros Blacks vieram atrás e mataram ele. Explicaria o chalé abandonado.
- Não havia sinais de luta… – teimara Sirius querendo quebrar a tese infeliz de Bellatrix.
- Ou talvez o mataram na floresta… e nunca acharam a cabana…
- Mas como você é negativa! – Concluíra Sirius. Ele começara então a brincar com um punhado de terra.
Outra brincadeira que eu descobrira entre os dois era a invenção de feitiços. Aquilo era incrível para mim, achava que todos os feitiços existentes eram os listados nos livros para Hogwarts, já comprados, e naqueles que nos eram proibidos. Mas curiosamente Bellatrix e Sirius sabiam que era possível a invenção de feitiços. Funcionava com a canalização de poder, um ingrediente mínimo e a vontade ordenada. Bastava isso e Sirius fazia coisas lindas, como fazer flores cantarem. Bellatrix sempre entrava no clima e os dois começavam outro duelo, dessa vez de alegorias. Com um punhado de terra nas mãos, Sirius apontara a sua varinha e dissera o feitiço “Ita est” Até então não entedia o que ele pretendia, até que a terra começara a ficar luminosa e cintilante tomando a forma final de purpurina. Era simples, não tinha qualquer outra utilidade se não a de divertir, mas era lindo.
Determinada a fazer melhor, Bellatrix reunira o monte de purpurina que Sirius ainda não havia espalhado em sua mão e com a outra apontara a varinha. E com um ar confiante e misterioso, repetira o feitiço. Começara a mudar para forma mineral de novo, dessa vez para Sal. Sirius rira empolgado e tentara de novo, não fora tão impressionante como da primeira vez, a substancia nem mesmo mudara de cor, mas ele pedira para que ela experimentasse. Ela exclamara “Açúcar”. Sirius sorria vitorioso e pedira para que ela fizesse melhor. Novamente Bellatrix tinha um brilho confiante nos olhos e de forma ágil jogara o punhado de açúcar para o alto, que após dito o feitiço começara a cair em forma de neve. Sirius assobiara em admiração. Eu estava extasiada, sonhava em ser como Bellatrix.
Depois de um tempo Sirius se jogara para trás e cochilara. Bellatrix também deitara de barriga para cima, mas não dormira, apenas observando o céu por horas, ela nunca baixava a guarda, mesmo ainda pequena. Eu também cochilara no meio das árvores, me sentia tão bem quanto se estivesse com eles. Sonhara que duelávamos os três dentro do bosque com uma confusão de cores e alegorias, modificando e dando vida para tudo. Eu nunca me esqueceria daquela tarde e nunca me contentaria com uma única amostra. Eu decidira então que os seguiria todos os dias.
Já era tarde, o sol começava a se pôr, era hora de voltar para casa, para a realidade. “Fizemos” o mesmo caminho de volta para o topo do morro onde Sirius apontara a própria varinha para o alto conjurando a porta de volta da mesma forma que Bella fizera antes, mas usara o feitiço “Accio” para trazes a porta ao chão. Depois que atravessaram a passagem fora minha vez de subir o morro e conjurar a porta.
Eu dera uma última olhada naquele lugar com orgulho, feliz pelo no que havia me metido. Mesmo sem ter feito nenhum juramento com eles eu compreendia muito bem a importância de manter aquela passagem em segredo. E só por ter esse segredo eu me sentia viva, pela primeira vez.
Continua...
Comentários (7)
Nossa, comecei a ler sua Fic APS e fiquei completamente apaixonada, mas qual não foi minha surpresa ao descobrir que não há atualização há mais de um ano. Vc abandonou esse projeto? Volte e nos premiê com novos caps. Nunca fui fã de Dramione, mas está perfeito. Volte, volte, volte.
2012-06-15AAAAAAAAAAAAH JA E A QUINTA VEZ QUE LEIO ESSE CAPITULO! CADE ATUALIZACAO ANGY! Morrendo de saudades de seus capitulos e as lindas cenas Dramione SAUDADE MAIOR AINDA DO GALANTEADOR DO DAN! Preciso de atualizacoes! Beijooooos linda!
2011-11-14continua logoo ´por favoor , *---------------*
2011-08-22conitnuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa aeeee APS 4 !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! vc voltouu! quem está narrando essa primeira parte?
2011-08-10Há muito tempo que eu esperava por APS 4 e quando volto pra FeB tenho essa belíssima surpresa. Continua logooo!!!
2011-07-16continua logo porfavor
2011-06-26AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHOmg!!!!!Merlin, eu não tô mais aguentandoo É muita pressão!!!Eu leio esse capítulo e volto pro início e tipo, NÃO TEM CONTINUAÇÃO!!!Angy!! EU PRECISO DA CONTINUAÇÃAO
2011-05-23