Inevitável Fluído Vital



Quando se ama alguém e sabe que este está nas mãos de seu maior inimigo, nada é suficiente para te impedir de fazer algo para salvá-lo, assim como eu estava disposto a fazer naquele momento. Harry era minha única família, já que há muito Bella fora desconsiderada parte desta mesma. Se fosse um perigozinho bobo, tinha certeza que a Ordem poderia cuidar, mas dessa vez não era isso, no fundo eu sentia que ele estava nas mãos de minha ex-prima, e que o perigo poderia ser, talvez, três vezes maior do que qualquer um poderia imaginar.


Em minha cabeça tudo o que eu podia ouvir eram as promessas que tinha feito a meu pequeno garoto. Eu não podia quebrar aquela promessa, não apenas pelo fato de magoá-lo, mas também por mim. Há muito tempo vinha sonhando com o dia em que teria ele morando sob o mesmo teto que eu. Poderia dá-lo a infância e a felicidade que eu nunca tive, e daria a mim mesmo o prazer de estar ajudando meu grande amigo Potter, cuidando de seu filho,... E de meu afilhado.


Parti com a Ordem para o ministério, mesmo que todos não gostassem nem um pouco daquela minha idéia, mas fazer o que, era a minha própria vida em jogo, não apenas de um bando de garotinhos. Quando lá chegamos foi como se minha mente estivesse conectada a ele, sabia exatamente para onde ir. Fomos direto para o Departamento de Mistérios, e já podíamos ouvi-los.


Pelo que percebi, Bella estava machucando alguém, podia ouvir gritos vindos de dentro de uma das portas, mas não tinha certeza, será que era meu Harry?


Corri para a porta de onde vinha aquele som, e quando abri a porta pude vê-la segurando sua varinha e apontando-a para um amigo dele, devia ser Neville, tinha rosto arredondado e parecia ser maior que Harry.


Os outros membros da Ordem começaram a lutar com os Comensais da Morte, deixando para mim a que eu teria mais prazer em combater: minha queridinha prima, Bellatrix Lestrange. Olhei-a e não pude evitar um breve sorriso; estava sendo melhor do que eu poderia imaginar.


Gritei para que Harry saísse de lá e levasse seus amigos com ele, e fui em direção a ela. Minha priminha parecia estar nervosa com minha chegada, e mais ainda por estar desviando de seus jatos de luz verdes. Cada desvio meu servia para deixá-la ainda mais nervosa. Então tive uma grande idéia.


- Bella minha querida, acho que Azkaban não te fez bem não foi? – disse eu – Por que será que não consegue acertar um feitiçozinho sequer?


Seu rosto ficou vermelho de raiva, e para combinar com sua nova cor, mandou um jato de luz vermelha, do qual me desviei mais uma vez, só que sorrindo.


- Acho que precisa de uma ajudinha não é? Quer que eu fique parado? Quem sabe assim você consegue? – após dizer isso não conseguia mais me conter, meu sorriso se transformou em gargalhadas, e seu rosto estava à beira de um semi roxo.


Podia sentir o ódio correndo em suas veias, e isso me proporcionava um prazer maior ainda. Estava, finalmente, conseguindo tudo o que queria, fazê-la pagar por todo meu passado.


- Vamos lá Bella, eu sei que você pode fazer melhor que isso – gritei, para irritá-la ainda mais.


O prazer em vê-la se consumindo de raiva foi tão bom que meu sorriso aumentou-se ainda mais, eu estava me divertindo tanto. E então algo acertou diretamente em meu peito, mas não foi dor que senti, foi medo. Medo de me ver tão perto da morte. Meu rosto se contraiu numa expressão de surpresa, e meus olhos encararam por um ultimo momento os olhos do meu pequeno Potter.


Minha alma agora saíra de mim, e minha vida ficará do outro lado daquela porta, junto com ele. Eu não podia abandoná-lo, tinha que ficar ali. E quanto mais minha vontade de estar daquele lado aumentava, mais eu podia chegar perto. Conseguia ver e ouvir o que se passava a poucos metros de mim, mesmo que parecessem milhões de quilômetros.


Eu podia ver aqueles lindos olhos verdes tão parecidos com o de Lílian, e aquele cabelo todo desarrumado, que me lembrava tanto Tiago. Podia ouvir sua voz gritar por meu nome, pedindo para que saísse de meu esconderijo e terminasse aquela luta que tanto sonhei em ter. Como eu queria que fosse verdade, como queria que estivesse apenas me escondendo. Mas não dava, eu não conseguia atravessar aquela porta novamente, quanto mais eu tentava mais distante ficava. Eu nunca mais voltaria a ver minha vida, nunca mais voltaria a ver Harry.


Com esses últimos pensamentos me deixar levar pelas outras almas. Eu sabia que não iria conseguir nada se continuasse lá, lutando para voltar à vida. Eu sabia que haveria de ir a qualquer momento, e sabendo que sempre estaria no coração de um grande herói, eu segui a minha morte.

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