O piano

Für Hermione

 

 


 

 

A casa dos Black estava, como sempre, sombria, fria e com muita poeira. Todo o trabalho que haviam tido nos anos anteriores, limpando a casa, parecia ter sido totalmente inútil. O cheiro de mofo continuava insuportável, embora isso não impedisse que eles se sentissem de alguma forma protegidos por estarem na antiga sede da ordem.

Rony andou pela grande sala, olhando a esmo os móveis e os quadros pendurados na parede. Seus pensamentos voando longe...

Era inacreditável que somente agora, após anos de convivência com Hermione, ele sentia-se incrivelmente sortudo por ter sido colocado na mesma casa que ela em Hogwarts há 6 anos. Como seria sua vida se nunca tivessem se tornado amigos? Ele estaria ali com Harry, agora?

Pensar em si mesmo sem Hermione parecia tão descabido, tão improvável, tão errado... Ele e Harry certamente nem estariam vivos se não fosse por ela!

Sorriu para si mesmo, sentindo algo acolhedor ao perceber que ela estava ali, que ele não precisaria ficar longe dela nem por um instante a partir de agora! Seriam só os três a partir de agora, e ele faria de tudo para proteger Hermione.

 

“Como se ela precisasse que um inútil como você a protegesse.” Constatou suspirando longamente. Ergueu os olhos, que estavam perdidos em algum ponto entre seus sapatos e o chão, e viu o grande móvel há alguns passos.

- Ei, esse piano sempre esteve aqui? – perguntou, sentando em frente ao instrumento empoeirado, parecendo surpreso por nunca tê-lo notado ali antes.

Harry e Hermione, que estavam sentados no sofá analisando o pomo que Dumbledore deixara para Harry, dirigiram um olhar desinteressado ao instrumento e ao ruivo.

Rony deu de ombros, não parecendo se importar com o fato de ter sido ignorado, pegou a varinha no bolso da calça, e com um floreio rápido retirou o excesso de pó do piano.

Ficou longos minutos apenas observando o objeto... Seus pensamentos ainda perdidos em tudo que havia acontecido... Com um suspiro resignado, maneou a cabeça em direção ao lado oposto da sala, onde Harry e Hermione conversavam num tom baixo.

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Não era a estratégia mais brilhante para chamar atenção dela, sabia disso, mas quem sabe surtisse algum efeito?

“E desde quando você sabe tocar piano, Ronald Weasley?” Perguntou a si mesmo, permitindo-se sorrir brevemente.

Segundos depois, o som desafinado invadiu a sala, e Hermione sorriu ao perceber que Rony definitivamente não tinha nenhum talento para tocar piano. Andou até o garoto e sentou-se ao seu lado. Rony desviou os olhos azuis do teclado e encarou os castanhos que pareciam ainda mais brilhantes e fascinantes do que ele se lembrava. Sentiu algo rugir dentro do seu peito e de repente respirar parecia uma tarefa árdua.

Viu os dedos Hermione deslizarem delicadamente pelo teclado. Ficou imóvel, apenas admirando os gestos dela.

Como Hermione conseguia o deixar tão aparvalhado? E quando havia se tornando tão encantadora?

 

Rony tinha consciência de que fazia essas mesmas perguntas a si mesmo desde o quarto ano deles em Hogwarts, mas sentia uma estranha necessidade de repeti-las toda a vez que sentia seu corpo vacilar diante da proximidade com o dela.

- É de um grande compositor trouxa – ela disse ainda sorrindo, notando o olhar perdido de Rony, enquanto o som preenchia todo o vazio.

O garoto pigarreou nervoso, desviando os olhos de Hermione, pensando no quanto sua expressão aparvalhada devia o deixar com cara de idiota.

Sentiu seus dedos duros, estava tenso, nervoso. “Por quê?”

 

Simples, porque Hermione o deixava tonto e desorientado, e ele sempre se sentia mais desajeitado que realmente era quando estava perto dela.

Fez mais uma tentativa fracassada, e Hermione sorriu novamente, os dentes brancos e alinhados faziam sua cabeça girar lentamente, transportando-o para um universo paralelo.

Ela pegou sua mão, um choque percorreu seu corpo ao sentir o toque quente, e a tirou de cima das teclas. Rony, de repente, lembrou-se daquela menininha metida do primeiro dia de aula, notando que ela ainda morava em algum lugar dentro da garota sentada ao seu lado. Garota que ele agora conseguia ver com mais clareza do que nunca, e achar diferenças na beleza dela que só a faziam ficar mais bela.

Ela voltou a tocar, o som era delicado, suave e fazia o coração de Rony bater mais depressa, como se quisesse escapar pela boca.

Engoliu em seco ao notar que os fios que se desprendiam do coque frouxo que ela usava eram terrivelmente excitantes. Passou a língua pelos lábios, sentindo-os de repente muito secos. Notou que seu braço roçava levemente no dela, e algo quente percorreu seu corpo. Hermione sempre despertara nele as melhores e as piores sensações.

Ela parou de tocar, incentivando-o com um olhar doce e sincero a tentar mais uma vez. Rony se endireitou, voltando a tocar sem nenhum jeito. Parou logo que percebeu Hermione se mover.

Os olhos dela se perderem em Harry; um gosto amargo invadiu sua boca, Hermione sempre dava mais atenção ao amigo do que a ele, mas decidido, ignorou, tentando ficar apenas com a lembrança do toque quente dela em suas mãos.







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N/A: Como comentei no resumo, eu achei a cena do piano muito adorável, uma das poucas grandes sacadas do roteirista...rs... Bem, em RdM digamos que ele foi sensato!
O olhar do Rony é tão intenso nessa cena que fiquei imaginando o que ele teria pensado naquele momento.
A drabble é simples e curta, mas espero que o vídeo os façam sorrir e se emocionar :)

Agradecimentos eternos a Viviane Barreda pela betagem e pelo vídeo!

Um grande beijo a todos vocês!

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