ESQUECI DE TE ESQUECER.
James Sirius Potter andava pelo corredor de Hogwarts distraído e pensativo. Tinha honrado os dois nomes que recebera ao nascer aprontando mais uma de suas travessuras. Embora muitos duvidem, ter James e Sirius como nome e sobrenome tinham um peso enorme. Mesmo que seus pais apenas tivessem o intuito de homenagear aos homens que tanto amaram, sentir o peso era inevitável. Os outros pensavam que ter o sobrenome Potter tinha um peso muito maior, mas para James Sirius Potter, os seus dois primeiros nomes eram uma honra, muito mais do que um peso. Azar de seu irmão Alvo Severus Potter que levou os nomes mais estranhos que se possam imaginar.
Todos tinham expectativas quanto a ele. Todos esperavam que ele fosse como o seu avô e melhor amigo. E ele como bom rapaz que era, alcançara todas as expectativas. Melhor, ultrapassara-as. Até mesmo em relação aos romances, às vezes esperava que uma ruiva aparecesse em sua vida, se apaixonasse e tudo resolvido. Porém nenhuma ruiva em Hogwarts era atraente, infelizmente.
- James Potter. – Hillary Clinton, a monitora da Corvinal o chamou sorrindo. – Sabe... Eu nem me surpreendo em te encontrar fora da Sala Comunal no horário proibido.
- Mesmo? – Deu uma risadinha irônica. – E agora? Vou ter que cumprir detenção?
- Depende... Estou sem acompanhante para Hogsmead no próximo sábado. – Hillary diz de forma insinuante. Ah claro, não podia esquecer que tinha todas as garotas aos seus pés, era uma lei. Mais um traço de James e Sirius. Poderia muito bem aceitar o pedido de Hillary, mas estava cansado das mesmas garotas: sempre previsíveis.
- Estarei ocupado. – James diz indiferente. Embora estivesse muito entediado com esse tipo de garotas não havia perdido a educação que sua linda mãe o ensinara.
- Temo que tenha que cumprir uma detenção, querido. – Hillary diz ainda persistente.
- Tudo bem. Já estou acostumado mesmo. – Ele diz dando de ombros.
- Vamos lá James... A diretora McGonald ficará muito irritada com você se entrar em detenção. Que eu me lembre a sua situação não é nada animadora. Se sair comigo, será divertido. Que tal?
- Tenho coisas importantes para fazer sábado, querida. – James disse já se direcionando para a sala da Diretora. A garota já ia abrir a boca para contestar. – E essas coisas não incluem você. – Disse de forma mais rude, mas somente porque algumas garotas não conseguiam entender o que era um ‘não’. Realmente, não era um bom dia.
- Detenção, Potter. – Hillary disse ríspida.
- Sim, querida. – James diz sorrindo. E saiu andando, tentando ignorar a presença da garota, que estava deixando claro o quanto estava irritada.
Ao chegar em frente a gárgula foi que falou novamente com ela.
- E então... Qual é a senha mesmo?
- Eu não sei. – a monitora diz ainda irritada. – Não achei que fosse necessário. – James revirou os olhos com esse comentário. Definitivamente, não estava em seu melhor dia.
- Gárgula misteriosa, revele seus segredos. – James diz com um tom meio assustador e a menina se assusta.
- Olhe aqui, Potter. Eu não sei o que você está aprontando, mas se você não entrar nessa sala eu saberei. E acredite, farei da sua vida um inferno.
- Uuuui, que meda. – James diz de forma cínica.
- Garoto irritante. Eu já estou saindo, entre e converse com a Diretora. Caso você não entre, eu saberei e aí você vai assumir as conseqüências. – disse isso e saiu pisando duro.
- Patética. – James diz revirando os olhos. – Porque é mesmo que eu entraria aqui? Que garota idiota...
- Quem é idiota, Potter? – Minerva aparece de um outro corredor, repentinamente, dando um pequeno susto no rapaz.
- Nem queira saber. Mas tenho uma dúvida... Quais são os critérios usados para escolher um monitor? Como um aluno exemplar, tenho que te avisar. Esses critérios estão precários. – James diz cinicamente.
- Sem enrolações, Potter. Quero saber o que um aluno do sexto ano, que deveria estar na cama ou no Salão Comunal faz a essa hora em frente a minha sala? – Minerva pergunta rudemente.
- Ainda com dúvidas? – James diz sem se intimidar.
- James, eu não sei mais o que faço com você. – a Diretora diz frustrada. – Potter, você é simplesmente inacreditável, mais uma detenção?
- É sim. Mas dessa vez nem eu sei direito o motivo. – James diz fingindo estar pensativo. – Em minha defesa gostaria de dizer que fizeram tentativas de suborno e eu honradamente recusei tais tentativas e resolvi assumir as conseqüências dos meus atos.
- Já disse, Potter. Sem enrolações. – Minerva diz abrindo a gárgula.
- Alguma vez eu menti para a senhora? – James pergunta de forma cínica.
- Dessa vez isso não está mais em minhas mãos, somente. Acredito que a presença de seus pais, talvez resolva alguma coisa.
- Chamar os meus pais? Mas Hogwarts nunca chama os pais! – James diz um pouco temeroso.
- Mas você é James: um caso especial. Nunca se esqueça disso. – Minerva diz ironicamente e o rapaz pensou no quanto ele nunca se esquecia disso.
- Que seja. – ele diz já irritado. A verdade é que apesar de amar tanto ou mais que seus pais o seu nome, estava cansado das comparações. Totalmente cansado.
*
Harry Potter estava irritado. Não acreditava que em plena madrugada tinha que ir a Hogwarts com Gina por causa de James. Dessa vez seu primogênito havia passado dos limites, Hogwarts nunca chamava os pais, caso não fosse realmente preocupante. Entrou na Sala da Diretora e direcionou um olhar cortante para o filho que apenas estava quieto. Gina entrou logo em seguida.
- O que esse garoto fez dessa vez? – Harry perguntou irritado.
- Sr. Potter. Sente-se, por favor. E se acalme. – Minerva diz calmamente.
- Ficar calmo? James Sirius Potter, olha só a situação em que estou! – Harry diz olhando para o filho pesarosamente. E aquilo doeu em James, mais do que qualquer um que estivesse naquela sala pudesse imaginar.
- Harry, se continuar da forma que está não iremos conseguir resolver nada. – Gina diz de forma sábia e James sorriu ao ouvir a voz da mãe. Ele era louco por aquela mulher.
- E o descarado ainda ri. – Harry diz ficando ainda mais irritado. Gina olha para o filho e vê o sorriso que desde criança sempre amara. E esse sorriso ele só direcionava a ela. Ela entendeu muito mais do que Harry, como qualquer mãe entenderia mais do seu filho.
- James passou de todos os limites. As detenções dele ultrapassam as de Sirius e Tiago juntos. – Minerva diz exasperada. – E em Hogwarts existem regras que DEVEM ser cumpridas. Mas o filho de vocês parece não entender isso. Eu já passei do meu limite e não tenho muitas alternativas.
- Vai me expulsar de Hogwarts? – James pergunta assustado com aquela conversa.
- Não fale nada, garoto. – Harry diz de forma grossa. – Porque você não é igual ao Alvo? Ele é um garoto correto, tem atitudes corretas e provavelmente terá um futuro brilhante. Não consigo ver o mesmo em você. – Ao ouvir aquelas palavras, James sentiu um buraco se formar em seu peito e tudo de bom que tinha vivido com o seu pai estava sendo afundado. Porque havia ferido tudo que ele tinha feito para que seu pai o amasse, todo o esforço para conseguir alcançar as expectativas.
- Sr. Potter não se exalte. – Minerva diz ao olhar James fechar os olhos de forma dolorosa e Gina prende o choro ao ver a imagem do seu filho tão triste.
- Quer saber? Eu cansei! – James diz gritando. – Cansei mesmo pai. Cansei de ser um maroto, cansei das mesmas garotas fúteis de sempre, cansei de ser famoso, cansei de ter pessoas famosas na família, cansei de ser James, de ser Sirius, cansei de ser um Potter. Cansei de ser irmão do Alvo, da Lily, cansei de ser seu filho. Cansei. Porque tudo o que fiz até agora, foi somente por amor a vocês e agora eu vejo que foi em vão. Não se preocupe Potter, se eu tiver um futuro brilhante, ou não, você não verá. Porque aqui eu não fico mais. – dito isso James saiu quase que correndo da sala para que ninguém visse as suas lágrimas. Arrumou as suas coisas e usando o Mapa do Maroto, foi até Hogsmead sem que fosse visto. Não ficou para ver que sua mãe chorara, nem que Harry estava perdido e tinha lágrimas silenciosas nem que Minerva se arrependera amargamente de ter chamado os seus pais.
*
Andando no meio dos trouxas, ficou ainda mais fascinado por observar a forma como levavam a vida normalmente. Havia ‘desaparecido’ há três dias e andava disfarçado. Havia mudado o visual: tinha cortado os seus cabelos que eram até os ombros e estava usando roupas trouxas. Estava até pensando em fazer uma faculdade, quando no dia anterior visitara o campus da Oxford, na Inglaterra. Pensativo, esbarrou em uma garota.
- Desculpe. – Ele diz rapidamente, e segura as coisas da moça.
- Ok. Não foi nada. – ela diz com um sotaque bem estranho que o fez perceber que ela não era da Inglaterra.
- Você não é daqui, não é mesmo? – James perguntou ao ver a garota se arrumar rapidamente.
- Sim. Eu não sou daqui, eu moro no Brasil. Estou apenas visitando a Inglaterra. – Ela diz animada.
- Meu nome é James. – ele diz de forma educada.
- Alice. – ela diz apertando a mão do garoto.
- E então? Está gostando de conhecer o meu país? – James pergunta ao ver a animação da garota. Havia alguma coisa nela que o prendia.
- Na verdade sim. É fantástico e é a primeira vez que viajo para fora do Brasil então tudo está sendo mágico. – ela diz olhando fascinada para a grande Londres. Ele sorriu com a definição de mágico da jovem.
- E você está sozinha ou veio com alguém? – ele pergunta educadamente.
- Em uma excursão. O pessoal está logo ali, se quiser nos acompanhar... Pode ser que goste. – a moça diz de forma simples. James arqueia a sobrancelha fingindo estar pensativo, provocando uma risada na garota.
- Estou pensando se você é alguma seqüestradora... Mas acho que não. – ele diz divertido e Alice dá um grande sorriso.
- Então vamos dá uma volta na cidade... Quem sabe você não vira o guia da gente?
- Acho difícil, não moro em Londres.
- Não? É uma pena. Seria maravilhoso morar aqui. – Ela diz tirando fotos da cidade.
- Sim. – Concordou apenas porque aquela garota era simplesmente maravilhosa.
*
- Esses fogos estão lindos, Jay. – Alice diz olhando para o céu. Havia passado a tarde toda com ela, e havia sido uma das melhores tardes da sua vida. A garota era alegre, divertida e não tinha nenhuma malícia. E o conhecera sem saber quem era os seus pais e sem saber o poder que tinha o seu nome.
- Talvez. – ele diz calmo.
- Talvez? Fala sério, Jay. Isso é fantástico! – ela diz olhando para os fogos e para o novo amigo.
- Conheço coisas e pessoas mais fantásticas. – ele diz rindo.
- Isso é ótimo. – Alice diz sorrindo verdadeiramente. – Vamos comer alguma coisa?
- O que a madame quiser. – ele diz fazendo pose de general.
- Ok. A madame vai querer um grande cachorro-quente. – Ela diz entrando na brincadeira e os dois rumaram a barraquinha de cachorro-quente.
Pediram os seus (James precisou de ajuda e decidiu pedir o mesmo que a garota) cachorros-quente e sentaram-se em uma mesa.
- E então? Você está aqui sozinho ou veio com alguém? – Alice faz a mesma pergunta que o rapaz fez quando a conheceu.
- Sozinho. – Ele diz mudando um pouco a expressão.
- Sozinho? O que um bonitão que nem você está fazendo sozinho em Londres? – ela pergunta sem usar um toque de malícia ou galanteio. E James se impressionou ainda mais como aquela garota conseguia ser tão fantástica.
- Na verdade. Estou agindo como um rebelde. – ele diz decidindo por contar parte da verdade. – Briguei com meus pais e com o colégio onde estudo e decidi levar a minha vida por conta própria.
- Sério? Você realmente fugiu de casa? – Alice pergunta curiosa, mas sem o repreender.
- Tecnicamente eu fugi da escola, porque estudo e durmo na escola. Somente nas férias é que vou para a casa de meus pais.
- Ah, se eu tivesse coragem para fazer isso um dia! Meus pais me matavam! – ela diz impressionada e dando um risinho.
- Meus pais provavelmente devem querer me matar. Isso se eu não for deserdado. – James diz dando um pequeno sorriso.
- Mas você não está fazendo isso sem motivo algum não é mesmo? Você não está fazendo isso para chamar atenção, não é?
- Não. Tive meus motivos. Tudo o que fiz para orgulhar meus pais, honrar meu nome foi em vão. Meu pai não gosta de mim, o meu colégio não me agüenta mais e todos devem estar aliviados por eu não estar mais na vida deles. – James diz baixando a cabeça.
- Não fale assim. Acho impossível alguém se sentir aliviado por não estar com você. Jay, você é tão legal. – Alice diz colocando a sua mão por cima da dele.
- Você acha mesmo? – James perguntou olhando intensamente para a garota e apertando a mão dela.
- Tenho certeza. E acredito que sua família também acha isso. – ela diz de forma sincera e com um grande sorriso no rosto. James fica em silêncio, pensativo. – E então o que acha?
- O que eu acho do que? – James pergunta confuso.
- Do cachorro-quente. Bom ou horrível? – ela pergunta tomando um gole do refrigerante.
- Delicioso, você não acha? – ele disse sincero.
- Também acho. Fico feliz por você ter um bom gosto.
*
- Tem certeza que isso vai dá certo? – Alice pergunta com medo.
- Claro que vai. Confia em mim. De quebrar as regras eu entendo. – ele diz com um pequeno risinho.
- Aposto que você aprontava todas... – ela diz olhando para James.
- EU? Nada disso. – ele diz de forma cínica.
- Ok. Finjo que acredito. Para onde você está me levando?
- É surpresa. Eu já disse. – James diz divertido. Alice estava temerosa por estar quebrando as regras e para ele nunca quebrar as regras foi tão divertido. Já a conhecia a 5 dias e parecia 5 meses. Nesse dia, Alice fingira um mal-estar e quando todos da excursão saíram, ela ‘fugiu’ com ele. Estavam em um carro alugado rumando para a surpresa.
- Jay... O que você pretende ser? Um médico, advogado, engenheiro? – Alice pergunta calmamente.
- Uma espécie de investigador policial. – ele diz de forma vaga tentando não dá muitas pistas do mundo mágico. Ele pretendia ser Auror.
- Perigoso... – ela diz pensativa. – Mas combina com você. – ela diz dando de ombros.
- Eu sou perigoso? – James pergunta arqueando a sobrancelha.
- Não. Você gosta do perigo. – ela diz arqueando a sobrancelha também, como se o desafiasse a contestá-la.
- E você? O que quer ser? – ele pergunta curioso.
- Todos dizem que eu daria uma boa advogada... – ela diz também vagamente.
- Mas... Você, eu disse você, quer ser o que? – ele pergunta astutamente. E Alice se surpreende.
- Como?! – ela pergunta impressionada.
- Te conheço mais do que imagina... – ele diz dando uma piscadinha divertida e arrancando um pequeno sorriso da moça.
- Eu queria ser escritora. Eu amo ler e escrever. Poderia ser jornalista e estaria feliz da vida... – Alice diz com um brilho no olhar.
- Deduzo que seja a sua paixão... – James diz sorrindo.
- Acertou em cheio. – Alice diz sorrindo largamente.
- E qual é o problema? Porque não? – James pergunta sem entender.
- No Brasil, jornalismo não é uma área muito promissora. Na verdade é uma profissão desvalorizada, até. E eu tenho tantos sonhos, tantas viagens e tanta vontade de ser bem sucedida que... Tenho medo de optar por ser jornalista. – Alice diz triste.
- Sabe... Se for a profissão dos seus sonhos, não optar por ela seria perder um sonho para a realidade. E isso é cruel demais. – James diz calmamente. – Minha linda, deixe-me dizer uma coisa para você... Não vou dizer o que todos dizem sobre escolher o que você gosta para ser bem sucedido porque isso você já sabe, mas vou te dizer que faça o que você quer por você. Não pelos outros. Você pode estar querendo agradar a todos sendo advogada e consequentemente ganhando uma grana alta, mas você vai desagradar a si mesma. Porque nunca vai estar como uma pessoa completa sem fazer aquilo que ama. Se escolher agradar a si mesma, persiga este sonho e seja jornalista, escreva um livro, seja bem sucedida e todos terão uma grande lição de perseverança.
- Que lindo, Jay. Você fala como se soubesse disso... – Alice diz com lágrimas no olhar.
- Eu passei por isso... Passei a vida toda tentando agradar aos outros que esqueci de mim mesmo. Esqueci dos meus planos, dos meus sonhos, das minhas expectativas. E agora eu quero tudo isso de volta. Por isso me distanciei de todos, porque eu os amo demais para ver a decepção no olhar deles.
- Então porque não segue o próprio conselho? Enfrente-os que eles terão uma grande lição de perseverança. – Alice diz virando-se para o lado de James.
- É mais complicado. Existem mais coisas envolvidas nisso, além do mais falar é fácil, difícil é agir. – James diz sorrindo. – Mas para você, vale a pena seguir isso.
- E você não vale a pena? – Alice pergunta séria.
- Talvez não. – James diz sério também.
- Esse James que eu conheço é o verdadeiro James? Aquele que quer os sonhos e planos de volta? – a moça pergunta calmamente.
- Sim. Definitivamente, sim.
- Então saiba que esse James também merece seguir o próprio conselho. Porque é incrível demais e merece que todos saibam disso, não apenas uma brasileira que se esbarrou nele por um acaso.
- Tenho o dever de dizer que essa brasileira é a mais linda do mundo. – James diz divertido e Alice dá uma grande risada.
- E que o James é míope já que diz uma besteira dessa e também esbarrou na tal brasileira por não enxergar direito. – Alice diz rindo.
- Ei! – ele diz indignado. Os dois caíram na risada. O carro já havia entrado em uma estrada de barro e nesse momento o carro atolou.
- Ai, eu não acredito que o carro atolou na lama. – Alice diz olhando para o pneu.
- Ok. Vamos resolver isso em dois tempos.
- Vamos? Nada disso. Você é o homem, você resolve. Eu não vou me melar de lama. – Alice diz fazendo uma cara de nojo e James ri.
- O gostosão aqui resolve então. – Dizendo isso James desce do carro e vai ‘resolver’ o problema.
- Então é para uma estrada de lama que você leva as garotas para sair? – Alice pergunta zombando do rapaz.
- Ei! Não zombe muito não engraçadinha. Além do mais, só teve uma mulher que eu trouxe aqui. – James diz com a voz meio abafada por estar fazendo força.
- Uma mulher? Quem? – Alice pergunta com uma sensação estranha e deixou transpassar na voz, mas James não disse nada sobre isso.
- Minha mãe. – James diz rindo. – Pensou que fosse alguma namorada?
- Achei sim. – Alice diz sorrindo também.
- Mas como eu poderia trazer alguma namorada se eu não tive nenhuma séria? – James pergunta rindo.
- Fala sério, Jay. Você quer me convencer de que nunca teve uma namorada séria? Você deve ser o maior garanhão.
- Estou falando sério. Eu jurei nos meus míseros 10 anos que só namoraria uma garota se eu me apaixonasse por ela. Mas isso nunca aconteceu. E quanto a parte do garanhão, em minha defesa quero dizer que nunca menti para nenhuma delas em relação a isso. – James diz sujando o short de lama.
- Isso aumenta um pouquinho a sua escala. – Alice diz rindo. – E, aliás, se você vai me levar para um lugar público é melhor esquecer. Você está todo sujo de lama...
- Que ótimo. – James diz rindo com a garota. – Agora você vai ter que me ajudar. Liga o carro e acelera que eu vou empurrar aqui atrás.
- Eu não sei mexer nisso direito. – Alice diz passando para o banco de motorista e ligando o carro. Ao acelerar, a lama melou ainda mais James. Ao ver a situação do garoto Alice riu ainda mais.
- Você ri é? – James pergunta rindo também. – Agora eu vou me vingar. – Jay começou a jogar lama em Alice e começaram uma guerra de lama.
- Eu não acredito que você jogou lama em mim... – Alice diz rindo e jogando mais lama em James.
- Já dizia o ditado: Quem tá na lama é pra se melar. – James diz divertido.
- Não existe esse ditado, seu bobo. Você está trocando tudo.
- Então perdoe a minha confusão, princesa. Garanto que não irá repetir. – James diz fazendo uma reverência.
- Cínico! – Alice diz jogando ainda mais lama no garoto. Os dois não paravam de rir. James não se lembrava qual foi a última vez que se sentiu assim. Livre.
*
- Esse lugar é fan-tás-ti-co. – Alice diz impressionada. – Caramba Jay, apesar de você ter me melado de lama, valeu a pena. Olha só esse mar.
- Lindo não é mesmo? – Ele diz olhando para a imensidão, o por do sol, o mar e a garota a sua frente.
- Perfeito. Você tinha razão quando disse que conhecia coisas mais fantásticas. Você realmente conhece.
- Sim. Eu conheço. – James diz sorrindo. Ficaram um tempo em silêncio somente admirando a linda paisagem, quando James se lembrou da última vez que se sentiu livre. Naquele mesmo lugar.
“- Mãe, eu não quero ir para esse almoço do papai. Só vai ter gente chata... O Alvo vai ficar o tempo todo com o papai, que vai ficar enchendo a bola dele, a Lily vai ficar com a senhora e eu vou ficar sozinho.
- Seu pai vai ficar com você, eu prometo. Vamos querido... Você tem que fazer algum esforço. E nada de aprontar.
- Deixa eu ficar em casa, então... – James diz olhando suplicante para a mãe.
- Não seja bobo, meu bem. Eu nunca deixaria você sozinho, eu te amo. – Gina diz de forma doce e o abraça fortemente. Mesmo que não quisesse ir aquela festa, pela sua mãe ele faria tudo. Sempre foi assim.
Ao chegar na festa, aconteceu exatamente o que ele havia previsto. Mas estava com raiva da sua mãe, porque ela havia prometido que ele não ficaria sozinho. Isolou-se em um canto e começou a chorar.
- Hey, pequeno.. Porque você está chorando? – uma senhora perguntou ao garoto de apenas 9 anos.
- Porque estou sozinho. A minha mãe prometeu que eu não estaria sozinho, mas aqui estou eu. Sozinho. De novo.
- Meu bem. Imagine um lugar onde você queira estar... Mais do que tudo. Assim funciona, você vai ver.
- Sério? – James perguntou impressionado. – Eu vou tentar.
Sendo assim, James fechou os olhos e desejou um lugar calmo, tranqüilo e uma paisagem muito linda. Quando abriu os olhos, deparou-se com esse lugar. Lindo e calmo.
Claro que a mulher ficou desesperada com o desaparatar do garoto e logo chamou os pais deles. Depois de um bom tempo, Gina chorando, Harry desesperado, Alvo procurando por todos os cantos e Lily chamando o nome do irmão mais velho, James apareceu. Com um grande sorriso no rosto e uma paz interior incrível. Aquela foi a sua primeira manifestação de magia, e a única lembrança de ter se sentido livre. Dizem que a manifestação de magia se dá por uma emoção muito forte, ninguém a não ser Gina soube que foi o desejo de se sentir sozinho, livre de todas as pessoas e inseguranças, que levou o garoto a ter sua manifestação de magia tão incomum. Desde esse dia Gina nunca mais fez promessas que não pudesse cumprir.
- No que está pensando? – Alice pergunta ao ver a expressão melancólica em James.
- Nas coisas que aconteceram na minha vida. – James responde sem esconder a tristeza.
- Não gosto de te ver assim. – Alice diz abraçando o garoto fortemente.
- Isso também é parte de mim... – James diz retribuindo o abraço. – Pensando e refletindo, cheguei a conclusão de que fiz a coisa certa ao me afastar deles.
- A coisa certa? Por quê? – Alice pergunta, mas a voz estava abafada, pois o rosto estava enterrado no peitoral de James.
- Porque eu conheci você. E isso certamente, é uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida. – James diz apertando um pouco mais a garota em seus braços.
- Eu digo o mesmo. – Alice diz fechando os olhos e adorando a sensação de estar nos braços de Jay. – E fico angustiada só de pensar que voltarei para o Brasil e não vou te ver mais. – James fechou os olhos pesarosamente. Havia evitado esse pensamento desde que... se apaixonara por ela. Seu coração deu uma batida mais forte ao constatar tal verdade.
- Onde você estiver eu estarei. De qualquer forma... Quem disse que para está junto precisa estar perto? – James diz e Alice olha o garoto nos olhos. Tentava gravar cada linha de expressão do rosto de James, para guardar aquele momento para sempre. Olhava as roupas e a pele suja de lama, mas ainda assim aquele garoto era lindo. Alice, ao perceber o quanto desejava que Jay a beijasse, mordeu os lábios com força. Depois disso, James não resistiu. Beijou-a como se fosse a única. E aquele momento durou a eternidade.
*
Tomaram um banho de mar, com as roupas e tudo, para tirar a lama. Namoraram, riram, conversaram e foram felizes, tornando aquela tarde, mais do que nunca inesquecível. Estavam sentados nas pedras quando uma coruja rompeu o céu majestosamente.
- Uma coruja? Que estranho, Jay. Em um lugar tropical, uma coruja? – Alice olha para a coruja que vinha em direção a eles. James ficou tenso, pois não sabia como explicar a sua garota sobre isso, sem parecer mentira. – Ela está vindo em nossa direção... Jay! – a garota dá um grito ao perceber que a coruja posou ao lado do jovem. James acariciou o pêlo da coruja e tirou a carta. Então a coruja, da família Potter, majestosamente levantou vôo novamente deixando Alice boquiaberta e com um olhar distante.
- Sei que isso pode parecer estranho para você, mas não fale nada até eu terminar de ler a carta. Depois eu te explico tudo. – James diz cuidadosamente e Alice apenas balança a cabeça atordoada.
“ James,
Por algum motivo muito louco, Agnus não quer levar nenhuma carta do papai ou da mamãe para você. Então eu resolvi tentar escrever para você, sem que qualquer um dos dois saiba e Agnus aceitou levar, aparentemente. Se você receber isso volte para casa. Pelo amor de Merlim. Eu estou muito preocupado, não sei onde você está, não recebo nenhuma notícia sua através de mamãe, muito menos do papai. O nosso pai está diferente comigo, não olha para mim direito, não fala comigo, nem com a Lily. A mamãe parece que está brigada com ele e a Lily está atordoada. Eu estou perdido, James, sem você aqui nós não somos felizes. Você sempre foi o meu irmão, sempre cuidou de mim e de Lily, e agora você nos abandonou. Por quê? Foi algo que eu fiz? Algo que te disseram sobre mim?
Se não quer voltar, pelo menos mande notícias. Nós precisamos saber se você está bem. Na verdade, nós precisamos de você. Sei que às vezes posso parecer um pé no saco, mas James você é meu irmão. Meu irmão mais velho, meu porto seguro. Eu só ouvi a mamãe dizer que você cansou de ser um Potter. Quando ouvi isso, eu juro a você James, que meu coração doeu. Porque eu sei que para você dizer isso, nós te magoamos demais. Doeu por saber que o seu coração doeu muito mais, e eu odeio a idéia de que aquele que sempre foi o meu porto seguro esteja sozinho agora. Se você quiser, eu fujo com você. Aonde quer que esteja.
E não se preocupe, eu não direi ao pai ou a mãe que te mandei a carta, nem para Lily, eu preciso de você aqui e temo que esteja sozinho. Se eu fiz qualquer coisa, me perdoe. Eu amo você e nunca, NUNCA faria qualquer mal a você. E se você não quer mais ser um Potter, eu mudo de sobrenome com você, porque eu também prefiro ser o seu irmão a ser um Potter. Somente seu irmão.
Alvo.”
James chorou ao ler isso. Alice também tinha lágrimas nos olhos, ela estava certa. A família dele o amava, e estava perdida assim como ele estava quando ela o conheceu. Mas ele a conheceu e por isso ele não havia voltado, para estar com ela. Sentiu-se culpada pelo sofrimento da família do garoto pelo qual se apaixonara.
- Jay, você precisa voltar agora. – Alice diz já chorando.
- Eu preciso voltar, mas não agora. – James diz decidido. – Eu quero estar com você o máximo que eu puder.
- Sim. Mas enquanto você estiver comigo a sua família estará em um caos completo. – Alice diz se controlando para não chorar mais.
- Minha linda, escute bem ok. – James diz isso percebendo tudo. – Esse momento que estamos passando, eu e minha família, não é culpa sua. Eu não ia voltar, mesmo que eu não tivesse te conhecido. Provavelmente eu ia fazer uma faculdade ou algo parecido. Mas essa carta de Alvo... – James respira fundo. – Meu Deus, eu amo demais a minha família para deixá-los sozinhos, então eu tomei uma decisão. Eu não vou mais agradá-los, mas voltarei para o lar. Eu irei seguir o meu conselho.
- Vai, é? – Alice diz abrindo um pequeno sorriso. Aquilo era uma boa notícia.
- Mas eu vou depois que você retornar ao Brasil. Mandarei uma carta e somente isso. Não me peça pra sair de perto de você. – James diz sério.
- Potter? Esse é o seu sobrenome? – Alice pergunta arqueando a sobrancelha.
- É sim. – James confirma tenso. - Vou escrever a carta, ok? Assim que tiver papel e caneta.
- Tudo bem, você quem sabe. – ela diz acariciando o rosto do rapaz e esse a beija.
*
Alvo sorriu. Acabara de ler a carta do irmão. Aquela carta era a comprovação de que James (mais do que ser o melhor irmão do mundo) era a melhor pessoa do mundo. Só não entendia o ‘Vivendo no país das maravilhas’. Estava ansioso pela volta do irmão para perturbá-lo, claro. Mas também para conhecer o novo James. Porque pelo visto, aquela garota tinha feito um trabalho bom demais.
*
Todos os dias se seguiram maravilhosos. James passava todos os momentos que podia com ela. Sempre. Faltando dois dias para a volta de Alice ao Brasil, os dois estavam caminhando de mãos dadas pela grande Londres quando Minerva McGonald os avistou. De cabelo mudado ou não, ela reconheceria aquele aluno em qualquer lugar. James Potter era inesquecível. Avisou aos pais do garoto rapidamente, que em menos de dois minutos apareceram. Ao ver o filho, Gina e Harry correram em direção ao rapaz.
- James! – Gina gritou e James virou a cabeça sem acreditar. Eram seus pais. Logo em seguida foi abraçado pelos dois fortemente e ele perdeu o contato com a mão de Alice. – Meu filho!
- Nós estávamos tão preocupados com você. – Harry diz ainda o abraçando e James deu um sorriso triste. O que não passou despercebido.
- Como me acharam? – James perguntou confuso.
- Olá James. Estava passando por aqui e te vi. Achei melhor avisar os seus pais. – Minerva diz calmamente e James balança a cabeça.
- Venha para a casa, filho. Precisamos conversar. – Harry diz sério.
- Sim, precisamos. Mas não irei hoje, nem amanhã. – James diz igualmente sério.
- O quê? Para que adiar o que podemos resolver hoje? – Gina diz preocupada e apavorada com o fato de perder o garoto novamente.
- Preciso que conheçam uma pessoa. – James diz se posicionando ao lado de Alice, que estava visivelmente atordoada com os acontecimentos. – Alice, esses são os meus pais. Pai, mãe, essa é Alice, minha garota.
- Prazer. – Gina diz surpresa. Por essa não esperava. Harry apenas cumprimenta com a cabeça.
- Depois você conversa com a Alice, temos coisas mais importantes para resolver agora. – Harry diz um pouco insistente. James se irritou com o tratamento do pai e Alice recuou um pouco, mas Jay segurou a sua mão fortemente.
- Então, vai ter que esperar pai. Porque ela é importante para mim. – James diz decidido.
- Mais importante do que seus pais? Do que a sua família? – Harry pergunta começando a se irritar.
- Incrível, não é mesmo pai? Enquanto você estava dizendo as suas merdas quem estendeu a mão para mim foi ela. E somente ela. E se por alguma razão eu ainda quero ver você, essa razão é ela. Então comece a se retratar.
- Pelo visto o tempo que passou longe não serviu em nada para você, não é mesmo? Enquanto eu e sua mãe, seus irmãos, estávamos preocupados, você estava por aí com uma garota. – Harry diz irritado.
- Acho melhor você falar direito com ela. – James diz também irritado.
- Não briguem, vocês acabaram de se encontrar. – Gina diz exasperada.
- Sabe qual é o seu problema pai? Você não consegue enxergar o que está bem na sua frente? Você é teimoso e acha que as coisas têm que ser ao seu jeito. Mas não, eu não quero viver a sua maneira.
- Jay... – Alice segura o braço de James. – Não brigue com seu pai. Pode ir, eu não fico chateada nem nada, você precisa conversar com seu pai.
- Sim. Eu preciso conversar com meu pai, mas pelo visto ele não está disposto a ouvir. – James diz com a voz rouca.
- Meu amor... Leve o tempo que precisar, quando voltar para casa eu estarei te esperando de braços abertos. – Gina diz olhando para James e Alice.
- Tempo que quiser? Esse garoto vai agora! Eu sou o pai dele, James ainda é menor de idade e vai vir comigo nem que para isso... – Harry diz exaltado, mas se cala ao perceber que Alice é uma trouxa.
- É melhor ter cuidado com o que diz. – James diz com raiva.
- Pelo visto não contou toda a verdade para ela, não é mesmo? Sabia que nenhum relacionamento se sustenta com uma mentira? – Harry diz também raivoso.
- Você é horrível! – James grita com muita raiva.
- Mentira? Que mentira, James? – Alice pergunta atordoada.
- Nenhuma mentira. Eu não posso te contar uma coisa. Somente isso. – James diz respirando fundo.
- Mesmo que essa coisa seja parte de quem você é? – Harry diz com raiva, tentando fazer a garota brigar com o filho.
- James. – Alice faz uma súplica e James fecha os olhos.
- Conte a verdade, James. – Harry diz furioso. – Conte.
- Pare, Harry. Não seja tão cruel. Tenha uma idéia das conseqüências de suas atitudes. Está sendo rude. – Gina diz chorando ao ver o filho sofrer. Alice começa a chorar sem perceber.
- Então, eu conto. Nós não somos quem você pensa ser. James escondeu algo que tem que ser mantido em segredo. – Harry diz pausadamente.
- Então mantenha em segredo. Eu não quero saber de nada. – Alice tapa os ouvidos já chorando.
- A verdade é sempre preferível não é, James? – Harry fala olhando para o filho.
- Pai... Não faça isso, eu imploro. – James suplica tristemente. – Se você me ama, se você ainda quer que voltemos ao normal, por favor, a deixe fora disso.
- Você não gosta dela? A ponto de esquecer da sua família? Então o melhor é a verdade. Assim você aprende que suas atitudes podem ter conseqüências desastrosas. Alice, você tem que ter cuidado com quem se envolve.
- Por favor, pare. Eu não quero ouvir nada do senhor. James... – a menina diz chorando e James a abraça.
- Me desculpa. Pelo meu pai... Eu nunca a deixarei, eu prometo.
- Agora você se envergonha de mim? – Harry pergunta furioso.
- Eu nunca te perdoarei por isso. Nunca, ouviu bem pai? Nunca.
- Que seja. Eu só quero que você venha conosco. – Harry diz friamente. - Alice. A verdade é que nós somos bruxos. – Harry diz sem se preocupar com nada. E Alice recua ainda mais – Bruxos. E vocês, não-bruxos, não podem saber disso, porque não é a sua realidade. Por isso você e James não podem se envolver, vocês são de mundos diferentes. Não compatíveis. Sabe o que vai acontecer Alice? Vamos apagar a sua memória e você não se lembrará de nada. Sobre nós, muito menos sobre James. E assim pouparemos o seu sofrimento.
- Não. Isso não. – a garota diz desesperada.
- A não ser que tenha algum motivo convincente. – Harry diz sério. – Mas creio que não. Então farei isso eu mesmo.
- James... – Alice diz recuando dois passos e caindo lágrimas grossas e amargas. – Você deixaria seu pai fazer isso comigo?
- Eu não tenho alternativa. Ele é um dos chefes do Ministério. Mas não se preocupe, aconteça o que acontecer eu sempre a amarei.
- James. Ele é seu pai. Não faz isso comigo. – Alice diz triste, ao ver o garoto baixar a cabeça. – Eu sabia que isso aconteceria, de qualquer jeito. – ela diz chorando. - Seu pai é mesmo o salvador do mundo mágico? Porque eu nunca vi uma pessoa tão... – Alice diz triste.
- Como é que você sabe? Que meu pai é o salvador do mundo mágico? – James pergunta confuso e dividido. Estava com raiva do pai, mas não entendia como Alice sabia daquilo.
- Eu sei sobre o mundo mágico. – Alice diz com a voz rouca.
- Você o quê? – James pergunta sem entender.
- Eu sei sobre a magia. Eu ganhei o direito de saber no Ministério da Magia. – Alice diz ainda com lágrimas silenciosas.
- Então você sabia. Sobre mim. Você sabia que eu era James Potter. Não há um ser do mundo mágico que não conheça a história do Potter. – James diz sentindo-se enganado. Havia sido mais uma vez enganado. – Você me enganou, Alice. – Alice balançou a cabeça negativamente.
- Não, não. Minha irmã adotiva é uma bruxa nascida trouxa. Então eu apenas ouvia falar das histórias, mas eu achava que eram lendas. Porque achava impossível haver uma Guerra e nós não percebermos isso. Mas aí, eu me esbarrei com você. Eu juro Jay, eu não fazia idéia de quem você era. Nem um pouco.
- E como você sabe que meu pai é Harry Potter? – James pergunta ainda sem acreditar.
- Pela carta. – Alice diz desesperada para que o rapaz acreditasse nela. – A carta de seu irmão. Ele falou sobre ser Potter, se lembra? E você recebeu uma carta por uma coruja. Então eu descobri.
- E porque não me disse nada? – James segurou o braço de Alice furiosamente. – Quer saber? Eu não acredito em você. Isso com certeza é algum plano idiota que vocês garotas fazem para se vingar de mim.
- James. Eu só não contei por medo. Medo que você não acreditasse em mim. E medo de que descobrissem sobre a minha irmã.
- Você sabe o que é pior? Eu realmente me apaixonei por você, mas pelo jeito eu me apaixonei por uma mentira.
- Não, James. Pelo amor de Deus. – a garota começa a chorar.
- Eu não acredito em nenhum de vocês. Nenhum de vocês. Eu não vou voltar para casa e não vou mais ficar com você Alice. – James diz sentindo-se perdido. – Vocês só querem me enganar. – o garoto parou para respirar. - Diretora eu posso ir a Hogwarts?
- Hogwarts sempre estará de portas abertas para você, James. – Minerva diz de forma doce.
- James! – Alice segura o braço dele, mas o garoto se desvencilha e sai andando seguido pela diretora, deixando-a sozinha. – Eu te odeio Sr.Potter! Como pôde ter salvado a vida de milhares de pessoas e destruído a vida do seu filho? Que tipo de pai o senhor é?
- Não questione a educação que dou a meus filhos! – Harry diz chocado com a audácia da moça. – E cuidado quando for falar comigo, eu sou Harry Potter.
- Grande coisa! – a garota diz ainda furiosa. – O senhor foi Harry Potter, hoje você não é mais a lenda. Hoje você é apenas um pai, tentando acertar. E você quer a verdade? Eu não sou nenhum Lorde Voldemort, nem um de seus seguidores, mas eu o odeio. Por ter magoado o homem que amo. Por ter destruído tudo de bom que passamos e por ter sido tão cruel e mesquinho como Lorde Voldemort teria sido. E eu me envolvo sim, em qualquer coisa que tenha relação a James, porque desde o momento em que o conheci, eu o entendi. Coisa que o senhor não foi capaz. – dito isso a garota se retirou chorando e Gina deu razão às palavras da menina.
- Eu concordo com ela. – Gina diz pesarosamente. – Você não conseguiu enxergar a cumplicidade nos dois? Estava estampada. Você destruiu a única coisa que permitiu que seu filho voltasse a falar com você, mesmo depois de tudo.
- Vai me culpar? – Harry pergunta com lágrimas nos olhos.
- Você é culpado. Mas você, como ela bem disse, é um pai tentando acertar. – Gina diz ainda pesarosamente. – De qualquer forma, é melhor que tudo termine bem, Harry. Ou eu nunca mais irei falar com você, ninguém destrói a felicidade dos meus filhos, nem mesmo você.
Gina disse isso e se retirou, sentindo-se cansada.
*
- JAMES! – Alvo grita ao ver o irmão e o abraça, em seguida, Lily também o abraça.
- Meu Deus, James. Eu estava tão preocupada. – Lily diz abraçando o irmão tão fortemente, que Jay sentiu seu coração apertar ainda mais.
- Porque voltou mais cedo? – Alvo pergunta.
- Era mentira, Alvo. Tudo mentira. – James diz começando a chorar.
- O quê? Eu não estou entendendo nada. – Lily diz confusa.
- O James se apaixonou por uma garota. – Alvo diz rapidamente.
- Oh Meu Deus! Mas isso é fantástico. – Lily diz animada. – James!
- Não, Lily. Você não o ouviu? Era mentira. – Alvo diz olhando para a irmã com repreensão.
- Mas... Como assim? James, você vai ter que contar do início. Ninguém magoa meu irmão e sai ilesa. Ninguém. – Lily diz com raiva.
- Não, Lily. Ela não. – James apenas diz isso e Alvo e Lily se entreolharam, sem combinar nem nada os dois o abraçaram fortemente.
- Nós te amamos. – Alvo diz de forma sincera. – Nunca se esqueça disso.
*
- Então é isso. – James diz de forma cansada. Havia contado toda a história para os seus irmãos. Esses haviam sidos bons ouvintes.
- Jay... – Lily já ia dizer o que pensava quando Alvo a interrompeu.
- James, vá descansar. Amanhã, talvez, sua mente esteja mais clara. Hoje foi um dia cheio.
- Tudo bem. Obrigado por me ouvir. – James diz e se levanta indo até o quarto separado que a diretora reservou. Ao ver James sair, Lily questiona Alvo.
- Porque você não me deixou dizer o que eu achava? Está na cara que a garota pode estar dizendo a verdade.
- Sim, mas o Jay não vai acreditar se nós não dermos provas concretas para ele. Temos que fazer alguma coisa.
- Temos sim. E eu nunca pensei que o pai faria uma coisa dessas. Nunca. – Lily diz baixando a cabeça.
- Ele não conseguiu ver, Lily. Porque se ele ouvisse toda a história se sentiria envergonhado dos seus atos. – Alvo diz também chateado.
- James não tem mais condições de ver a verdade por conta própria, então nós vamos agir e também dar a lição para o papai. Ele precisa entender. – Lily diz determinada. – Como eu disse... Ninguém magoa o meu irmão e sai ileso. Se a garota realmente mentiu vai se ver comigo agora se a garota falou a verdade o papai é quem vai se ver comigo.
- Agora temos que pensar em alguma coisa. De preferência antes que ela volte ao Brasil. – Alvo diz andando de um lado para o outro.
*
Harry, Gina, James, Alvo e Lily estavam em uma sala reservada. Precisavam de uma conversa em família, segundo McGonald.
- James, eu sei que errei muitas vezes, mas eu queria apenas te proteger. Fazer o melhor para você. E muitas dessas vezes eu não percebi o tamanho das minhas atitudes, mas eu te amo. Você é meu tudo, filho. Por favor, olhe para mim. – Harry diz ajoelhando-se em frente ao filho.
- Já chega pai. Você estava certo, nenhum relacionamento se sustenta com mentira. E quanto as suas outras atitudes o tempo curará. Agora pode ficar tranqüilo. – James diz com um olhar pesado e cansado.
- Então tudo voltará ao normal? – Harry pergunta se sentindo aliviado.
- Pelo jeito, sim. – James diz calmamente. – Olha eu tenho que ir.
- Para onde você vai? – Lily pergunta preocupada. Não acreditava no quanto o seu pai não percebia as coisas bem na sua frente.
- Eu vou... – James parece pensar. -... pra qualquer lugar. Não se preocupe comigo.
- Eu e Alvo te amamos, ok? Não se esqueça disso... – Lily diz sorrindo. E James retribui o sorriso. Que sorte ele tinha de ter os melhores irmãos do mundo. – Alvo. Eu preciso de você, agora. – Lily diz olhando para o irmão, assim que James saiu.
- Ok. Vamos. Alice vai embora amanhã. – Alvo diz de forma decidida.
- Alice? Mas o que vocês irão fazer? – Harry pergunta confuso.
- Nós iremos trazer a felicidade de volta ao nosso irmão. A felicidade que você estragou. – Alvo diz decidido. – E nada do que você diga, pai. Vai mudar isso.
- Aquela garota enganou o irmão de vocês, tudo ficará bem. Vocês o ouviram dizer. – Harry diz sem entender.
- Estou cansada, Harry. Você parece realmente não conhecer o próprio filho. – Gina diz balançando a cabeça negativamente.
- Não diga isso. Eu conheço o meu James. Ele é um maroto, gosta de aprontar as confusões ele é...
- Chega pai! Será que você não percebe? Esse James é apenas uma parte. Uma parte de um todo. E você só conhecerá o seu filho, quando estiver disposto a aprender. Você não admite que tenha perdido, mas você perdeu. Eu perdi, o Alvo perdeu e a mamãe também perdeu. A única pessoa que ganhou foi a Alice. Ela o conhece como ninguém. Conhece pelo todo. E quando todos nós estávamos dispostos a aprender, você destruiu tudo. Com a sua cegueira absurda. Será que não é mais capaz de enxergar a tristeza em um olhar? – Lily diz cansada das atitudes de seu pai.
- Tome pai. Quem sabe ao ler isso, você entenda. – Alvo diz entregando a carta que James tinha escrito para ele. - Mamãe fique. Quando ler isso, talvez entenda mais. E nós vamos resolver isso. Deixa com a gente! – Alvo diz entregando a carta ao seu pai e a sua mãe.
- Olha pai, eu quero que saiba que ninguém, ouviu bem, ninguém se mete com meus irmãos, nem mesmo vocês. E não duvide do que nós podemos fazer. – Lily diz decidida. Sendo assim os dois irmãos saíram correndo da sala. Harry, sem outra alternativa, abriu a carta.
“ Alvo,
Eu estou bem. Estou com saúde, nada machucado. Totalmente bem. E ainda continuo lindo. Eu precisava me afastar de vocês, Alvo. Eu precisava fazer isso por mim, somente por mim. Eu já havia feito de mais por vocês, que faltou a parte de mim. E essa eu fui buscar. Sabe aquele ditado quem procura acha? É bem verdade. Sei que você vai entender se eu te disser isso, porque você me entende como ninguém. Eu me apaixonei. Por várias coisas. Apaixonei-me de verdade. Eu me apaixonei pelas coisas simples, como o por do sol, o mar.Eu me apaixonei pela vida. Eu me apaixonei por um cachorro quente em uma barraquinha, eu me apaixonei por uma excursão, eu me apaixonei por Londres, eu me apaixonei por uma lama, mas a verdade mesmo é que eu me apaixonei por uma garota. Sim, eu estou apaixonado por uma garota. E só me apaixonei por todas as outras coisas porque eu me apaixonei por ela. Somente por isso.
Ao ler essa parte Harry derramou as lágrimas. Aquilo havia sido sincero. Assim como ele amou Gina, assim como o seu pai amou Lilian, assim como a sua mãe o amou, assim como todas as pessoas que amam, aquilo era totalmente compreensível. E ele não conseguiu entender como esteve tão cego para aquilo que conhecia tão bem: o amor.
Ela me mostrou, Alvo. O que eu queria ser, o que eu sou. Ela me instigou, mesmo sem perceber, a ser eu mesmo. James, apenas James. Ou Jay, como ela me chama. Ela não sabe quem sou, não sabe sobre a magia. Mas ela tinha o que eu queria, e por algum motivo muito louco ela também se apaixonou por mim. Então, eu já sei o que quero. Eu quero essa garota para mim, quero estar com você para sempre, quero que o papai volte a encher o seu saco dizendo o quanto você é bom, quero que a mamãe volte a sorrir como antes, quero que a minha irmãzinha caçula me abrace e diga que eu sou o irmão favorito dela quando eu trouxer doces de Hogsmead. Quero tudo isso. Mas tudo ao seu tempo.
Ele entendeu. A hesitação do seu garoto ao deixá-la para trás. Ele, finalmente, entendeu. Porque ele sentiu a mesma coisa ao deixar Gina para ir de encontro a Guerra. O medo de perder, o medo de que ela o esquecesse.
A minha garota é brasileira, e logo voltará ao seu país. Não irei sair daqui enquanto ela estiver aqui. Eu não vou voltar para casa, enquanto eu tiver pouco tempo com ela. Não farei isso, nem sob sentença de morte. E quando ela voltar, eu irei voltar também. Isso se o pai me aceitar, porque preciso mostrar a vocês o verdadeiro James. E apesar de achar você sentimental demais naquela carta, foi a sua carta mais do que qualquer outra coisa que me fez decidir voltar. Porque me fez perceber que apesar de todas as mágoas, eu amo vocês demais.
Não mostre isso ao papai, nem morto. Nem a mamãe, nem a ninguém. Só diga que sabe que estou bem. E eu amo você, Alvinho. E não se preocupe, eu não estou sozinho.
Vivendo no país das maravilhas,
James.”
E agora se sentia tão cruel, tão machucado. Não havia percebido o quanto James era parecido com ele. Por trás de tudo isso, seu filho era muito mais do que Harry Potter. E Harry sorriu orgulhoso. Por ter criado um bom menino e se sentiu culpado por ter destruído o novo menino. Aquele que encontrou o amor. Sentiu-se uma péssima pessoa, por ter tratado a Alice tão miseravelmente. Seus outros dois filhos também eram mais do que ele. Porque somente de ouvir a história, já perceberam que ele era o errado. Todo errado. E agora, Harry rezou com todas as forças, para que os seus dois filhos conseguissem fazer com que James enxergasse.
*
- Scorpius, você já entendeu? Ou vou ter que explicar tudo de novo? – Alvo pergunta ao amigo.
- Já sim, Alvito. Relaxa aí. – Scorpius diz sorrindo desdenhoso.
- Estou falando sério, cara. Isso é muito importante para mim. – Alvo diz sério e Scorpius vendo o olhar do amigo ficou sério.
- Você sabe que eu não vou vacilar com você. Eu nem sei pra que estou me envolvendo nisso, mas você pediu, to fazendo. – Scorpius diz sério a sua maneira. – É noizes pra sempre, cara.
- Você é figura, Scorp. Mas eu ainda não entendo como a minha prima foi gostar logo de você.
- Ó o preconceito. – Scorpius diz arrancando risadas do amigo.
- E então? Já falou com... – Lily chega rapidamente. – Ah, aí está você.
- Iaí Lily. – Scorpius cumprimenta a ruiva mais jovem.
- Oi Scorp. Olha, a Rose vai passar daqui a cinco minutos na Sala de McGonald. Aí você entra em cena, ok?
- Beleza. Cadê a moeda? – Scorpius pergunta.
- Está aqui... Tome a sua, a minha e a de Alvo já estão no bolso. Já sabe, qualquer coisa...
- Avisa. É eu sei. Vocês dois são uns chatos sabiam? Tinham que ser irmãos. – Scorpius diz já de saco cheio.
- Vai logo, loiro aguado.
- Ó o preconceito. Eu hein? Fala sério, bando de preconceituoso. Ser Malfoy, é foda viu? – Scorpius diz se direcionando a sala de McGonald.
Lily e Alvo dão risadas.
- Pega a capa. Vamos lá.
*
- Scorpius Malfoy! Eu não acredito, o que você estava pensando? – Rose diz ao ver Scorpius entrar na área de conflito.
- Eu? Mas eu fiz o que, princesa? – Scorpius pergunta se fazendo de desentendido.
- Você vai se ver comigo, seu loiro aguado. Eu falei para você que não era pra fazer isso. – Rose diz ‘furiosa’.
- Ei, ei. Para de agir como uma maluca, eu não estou entendendo é nada. – Scorpius segura os braços da ruiva.
- O que está acontecendo aqui? Que confusão é essa em frente a minha sala? – Minerva pergunta irritada.
- Alvo, é a nossa deixa. – Lily diz baixinho e silenciosamente, por debaixo da capa, os dois entraram na Sala da Diretora.
*
- Alvo. Temos que achar a irmã dela. E rápido. – Lily diz ansiosa. Logo os dois começaram a procurar em todos os lugares.
- Caramba, onde está a droga dos arquivos do estudantes? – Alvo diz meio irritado.
- O que os dois Potter’s fazem aqui? Em um local proibido? Aliás me admira que o irmão de vocês James, não esteja envolvido. – Alvo Dumbledore, no quadro, pergunta arqueando a sobrancelha. Os dois prendem a respiração.
- Estamos ferrados. – Alvo diz olhando para a irmã.
- Eu sei. Mas já que estou aqui, eu irei até o fim. – Lily diz decidida. – Sr. Dumbledore, nós precisamos da sua ajuda.
- Ajuda? Aconteceu alguma coisa? – Alvo Dumbledore pergunta curioso.
- Sim. Precisamos devolver a felicidade ao nosso irmão e eu irei até o inferno se for preciso. – Lily diz decidida.
- Eu também. – Alvo diz pondo-se ao lado da irmã.
- Tudo bem. Mas quando puderem passem aqui e me contem a história direito, ok? – o diretor pergunta com um sorriso terno. Havia tempos que ele não via a determinação Potter. – O que querem?
- Onde fica o arquivo dos alunos? – Alvo Potter pergunta corajosamente.
- A sua esquerda. – Dumbledore responde calmamente.
Seguindo as instruções do Diretor, conseguiram acessar os arquivos.
- E agora? Como vamos achar a irmã dela? – Alvo pergunta para Lily.
- E eu é que sei? – Lily diz tentando pensar em uma saída.
- Fala sério, Lily. A única coisa que a gente sabe é que ela é do Brasil. – Alvo diz frustrado.
- Isso! Claro, seu bobo. Quantos brasileiros têm em Hogwarts? – Lily pergunta sorrindo.
- Poucos, provavelmente. – Alvo convoca os arquivos de nacionalidade brasileira. – Procura, procura. Alguém que tem como irmã Alice.
- Achei! Eu achei! Alvo! – Lily grita de felicidade e se joga nos braços do irmão. Dumbledore ao ver a cena sorriu.
- Eu já percebi, pequena. – Alvo diz com um sorriso largo. - Sr. Diretor, por favor, não conte a ninguém que estávamos aqui. – Alvo pede suplicante.
- Certamente, meu jovem.
- Vamos Lily. Pegue o arquivo. Cadê a capa? – Alvo pergunta a irmã.
- Está aqui. – Lily diz cobrindo os dois e rapidamente os dois saem da Sala de Diretoria.
Quando já estavam seguros, Alvo ativou o feitiço na moeda, que logo avisou a Scorpius que a operação foi bem sucedida. Sendo assim ele deu o sinal a Rose, e os dois pararam de fingir disfarçadamente, visto que a diretora já estava ficando louca com a discussão sem pé nem cabeça.
*
- Alvo... Ela queria proteger a irmã... – Lily diz olhando pesarosamente para o irmão. – Ela falou a verdade.
- Mas proteger de que? – Alvo pergunta ainda sem entender.
- Veja você mesmo. – Alvo pega o papel e fica atordoado com o que lê. – Pega o mapa do maroto, temos que localizar o Jay. – Lily diz ansiosa para resolver logo a situação.
- Tudo bem. ‘Juro solenemente não fazer nada de bom’. – Alvo diz e procura seu irmão James Potter.
- Vamos... Cadê aquele teimoso? – Lily procura junto a Alvo, sem encontrar em nenhum lugar.
- Ele não está em Hogwarts. – Alvo diz pesarosamente. – Não acredito que passamos por todo o sufoco para esse idiota não estar aqui para ver a verdade. O pior é que já é tarde da noite. E amanhã de manhã ela vai embora.
- Não acredito que perdemos, de novo. – Lily diz triste. – Eu mato o pai. Com todas as forças. Porque se ela voltar ao Brasil, tudo irá mudar.
- Lily, Lily, essa história é tão complicada.
- É, eu sei. Eu vou para o quarto dormir. Estou muito cansada.
- Ok. Eu amo você, Lil. – Alvo diz abraçando a irmã.
- Eu também, Alvinho. – ela diz sorrindo divertida. Levantou-se e se direcionou ao dormitório feminino.
Alvo, antes de dormir, fez algo que tornou o esforço dele e de Lily em algo pelo qual valesse a pena. Mesmo que Alice fosse para o Brasil e tudo mudasse, James merecia saber a verdade.
*
Estava no seu recanto. Mas a qualquer lugar que ia, se lembrava dela. Todas as coisas remetem a apenas uma pessoa: Alice. Ele a amara tanto, ainda a amava. Com todas as forças. Havia perdido o tempo que estava ali, mas já era dia seguinte. Dia esse que ela partiria. De manhã cedo, dali a três horas. Decidiu voltar para Hogwarts. Entrou silenciosamente no quarto reservado que Minerva separou para ele, e se surpreendeu com um pacote em cima da cama.
“Sabe que não me contento com meias verdades, então eu e Lily embarcamos em uma aventura para ouvir e entender todas as verdades. Eis o que descobrimos. Faça o que quiser com isso. Quando terminar de ver a pasta, tem um outro bilhete. Leia-o”.
Começou a ler a ficha sobre uma garota. Amelie Bittencourt. Loira, olhos acinzentados, a moça tinha traços de alguém que ele conhecia muito bem, mas não conseguia lembrar quem.
A moça inicialmente considerada órfã, desde bebê, foi adotada ainda quando era pequena. Por Cláudio e Luciana Bittencourt, pais adotivos. Alice Bittencourt, era a sua irmã. Todos eles têm nacionalidade brasileira, inclusive Amelie. Ao ler o nome de Alice, inevitavelmente se interessou mais. Com pesquisas lideradas por McGonald foi comprovado que a garota tem descendência bruxa de seus pais verdadeiros. A moça é comprovadamente filha de Lucius Malfoy.
James parou de ler. De repente, sentiu-se perdido novamente. E se... e se fosse verdade? Ela havia dito que tinha medo pela irmã. Claro, porque se ele descobrisse que a irmã dela era filha de um dos comensais da morte, ele teria feito um pré-julgamento. Céus, tudo fazia sentido. Ela tinha medo, somente medo. E se não tinha contado a verdade era porque queria proteger a irmã. Como ele teria feito para proteger qualquer um dos seus irmãos. E tão atordoado com a presença do seu pai, e também o seu medo de ver a verdade, se afastou de Alice. Da sua Alice.
Finalmente, ele enxergou.
Lembrou-se do bilhete de Alvo. Não leu o resto. Pulou tudo e encontrou o bilhete do irmão.
“Não a esqueça.
Vá viver novamente no país das maravilhas,
Dos seus irmãos que te amam.”
E então ele entendeu. Tinha que correr. Antes que ela embarcasse naquele avião. Ainda tinha que chegar em Londres e tinha somente duas horas e meia.
*
Havia pegado um trem para Londres, mas somente essa viagem foi duas horas, devido ao tempo de espera do trem. Agora tinha pego um táxi para o aeroporto e rezou que o trânsito estivesse limpo e que o vôo estivesse atrasado.
Chegou ao aeroporto com cinco minutos de atraso, entrou correndo e tentou ir até a sala de espera.
- Ei, senhor. Não pode passar daqui sem um bilhete. – a jovem aeromoça diz calmamente.
- Moça, por favor. A minha garota está indo embora, e eu preciso falar com ela. Eu... não posso deixá-la ir sem que eu diga que a amo. – James diz desesperado. A jovem moça tentou explicar-lhe, mas estava amolecida. Cenas como essas não se vêem todos os dias.
Assim que a moça se distraiu, James correu porta adentro. Logo, vários seguranças correram atrás dele. Correu tentando achar a sua garota, mas não a achava. Até que a avistou.
- Alice! – James gritou e essa olhou para ele impressionada.
- James... – Alice murmura ainda impressionada. Até que James a abraçou.
- Eu amo você, Alice. Me desculpa, me desculpa. – logo os seguranças chegaram atrás, mas pararam ao ver o garoto com a jovem moça. – Eu devia ter acreditado logo, mas eu também tive medo.
- Medo? Medo de que James? – Alice pergunta com lágrimas escorrendo nos olhos. – Você nem quis me ouvir.
- Porque eu não queria ouvir a verdade. Porque todos me enganam e eu não queria ouvir de você isso. Não de você. Mas aí eu acabei te magoando, me magoando e as pessoas ao meu redor também ficaram tristes. O Alvo e Lily não desistiram, quando tudo pareceu perdido para mim.
- Você disse que nunca me deixaria. E você me deixou. – Alice diz baixando a cabeça tristemente.
- Eu sei. E eu também disse que sempre te amaria, e isso nem por um segundo deixou de ser verdade. – James diz segurando a calça da moça e puxando-a para perto de si. – Eu sei que eu quis muito que você me deixasse em paz e tantas coisas ruins e eu lembrei de tudo isso. De ter raiva de você, de ignorar sempre que uma pessoa falasse mal de você, de bloquear qualquer pensamento que me levasse a você, mas eu me esqueci do principal: eu esqueci de te esquecer. – ele diz com lágrimas nos olhos.
- Porque você só diz que me ama nas situações mais complicadas? – ela pergunta olhando nos olhos dele.
- Porque o medo de te perder é maior do que qualquer coisa. – James diz encostando a testa na dela. – Eu amo você, minha linda.
- Eu também te amo. – ela diz com lágrimas escorrendo nos olhos e em seguida beija o seu Potter de forma intensa. – Mas eu tenho que voltar para o Brasil.
- Eu sei. Eu também tenho que voltar para casa. – ele diz sorrindo tristemente. – Mas eu não quero que você me esqueça.
- Eu nunca te esqueceria. – ela diz encostando a cabeça no peitoral no James. – Nunca, meu Jay.
- Seu, somente seu. Não se esqueça disso. – James diz pesarosamente.
Quando o vôo anunciou a última chamada, ele teve que soltá-la. Dando mais um beijo de despedida, ele deixou-a ir.
Os seguranças pediram que o jovem se retirasse da sala, mas não usaram a violência nem registraram queixas. Porque tanto no mundo bruxo, tanto no mundo trouxa, o amor sempre resplandece.
*
- E então? Conseguiu vê-la? – Alvo pergunta ansioso.
- Sim. Consegui. Obrigado, meus irmãozinhos lindinhos do coração do papai aqui. – James diz divertido e abraça os dois irmãos.
- Deu tudo certo? – Lily pergunta curiosa.
- Certíssimo. Vocês só precisam saber que ela me ama. – James diz sorrindo mostrando todos os 500 dentes.
- Nada disso, seu cachorro. Eu não me aventurei por nada, quero tudo. Timtim por timtim. – Lily diz cruzando os braços. E Alvo e James riram. Como ela parecia tanto com a mãe deles, Gina.
- Se vai contar sobre a Alice eu também quero ouvir. – Harry entrou devagar. E James olhou para o pai. Quando olhou nos olhos daquele homem, ele entendeu que seu pai havia entendido. Correu e abraçou o pai, fortemente. – Me desculpa, filho.
- Tudo bem pai. Agora o senhor está desculpado. – James diz ao perceber que esse pedido de desculpa era o verdadeiro. O que ele queria ouvir. Mesmo que tenha sido as mesmas palavras, o tom era outro.
- E eu não mereço um abraço? – Gina pergunta sorrindo. – Parece que não sou mais a única mulher da sua vida.
- Ei! Eu estou aqui também, mãe. – Lily diz indignada, provocando risadas de todos. James abraça a mãe fortemente e a levanta do chão.
- Não se preocupem, minhas lindas. O lugar de vocês estará sempre aqui. – James diz galanteador.
- E agora finalmente o Jay apagou o fogo. – Lily diz levantando as mãos para o céu.
- Apagado nada. Contido e guardado para a minha brasileira. – James diz olhando ‘indignado’ para a irmã pelo comentário.
- Conta logo Jay. – Alvo diz dando uma cotovelada no irmão.
- É... Para de enrolar... – Lily diz se sentando em frente ao irmão e batendo palminhas. Gina e Harry se sentaram ao lado do filho e James sorriu. Agora sim, estava feliz. E livre, totalmente livre.
- Eita povo fofoqueiro. – James diz, arrancando risadas de todos e começando a contar a história.
*
Era o primeiro dia das férias mais longas. Ele já estava planejando viajar para o Brasil e conhecer toda a família de Alice, havia se comunicado com ela durante as aulas. Sempre. E apesar da distância o sentimento continuava firme e forte para os dois lados.
- Filho, hoje nós vamos ter um almoço de negócios. – Gina diz entrando no quarto do primogênito.
- Ah mãe, eu não vou. – James diz já avisando.
- Não, querido. A presença de toda a família de seu pai é importante, eu sei que você não gosta, mas faça um esforço. E nada de aprontar. – Gina diz calmamente.
- Mas você sabe que nesses eventos eu sempre termino sozinho. – James diz arqueando a sobrancelha de irritação.
- Só que dessa vez meu amor, eu prometo que você não estará sozinho. – Gina diz dando uma piscadela para o filho e James ficou surpreso. Desde aquele seu primeiro dia em que manifestou a magia, ela nunca mais havia prometido que ele não estaria sozinho nesses almoços de família. – Se arrume, vamos logo. – Ela saiu sorrindo e James tratou logo de se arrumar.
Chegando ao jantar se surpreendeu com a quantidade de gente conhecida. Todos o cumprimentavam, e claro, todos queriam entender como James Sirius Potter havia ficado tão quieto. Nada de garotas, mas as detenções continuavam. Todos queriam ver como o James era impressionante e o chefe dos Aurores afirmava ser uma honra receber o jovem em sua Academia dos Aurores. Já estava entediado, quando percebeu que novamente ficou sozinho. Balançou a cabeça, tristemente. Preferia que a mãe não tivesse prometido.
- Pensou que ia ficar sozinho? – uma voz conhecida e amada sussurrou ao seu ouvido. Virou-se e a abraçou. Como se o mundo dependesse disso.
- Minha linda. – ele diz ainda a abraçando. Depois de afastou para olhá-la de mais perto. Os cabelos negros estavam longos, mas o rosto, os lindos olhos castanhos ainda eram os mesmos. Já Alice reparava em como ele ficava ainda mais bonito com os cabelos na altura dos ombros e em como amava aquele garoto. James a beijou como se não tivesse ninguém naquela sala.
- Surpreso, Jay? – Ela perguntou divertida ainda abraçando o namorado.
- Surpresa boa. – ele diz sorrindo. – Na verdade, fan-tás-ti-ca. – ele diz divertido e ela solta uma risada gostosa.
- Eu amo você. – ela diz o beijando em selinhos demorados.
- Eu amo mais. – ele diz a apertando com mais força.
- Mentiroso. – ela diz rindo. – Senti tanto a sua falta. – Ao dizer isso, Alice fecha os olhos e James acaricia a sua face.
- Eu também, meu amor. – ele diz a beijando mais intensamente.
- Ei, ei. Pode parar com a pornografia. – Lily diz divertida. – Alice. – a irmã de James a abraça fortemente, sendo seguido por Alvo, Gina e também Harry.
- Ei, isso tudo foi um plano? – James pergunta fingindo-se ‘indignado’.
- Sim, meu bem. E você nem percebeu. Eu converso com a sua família também. – Alice diz piscando para o maroto.
- Sua namorada é uma garota esperta... Conquista não só o homem, mas a família toda.
- E como você soube da história? Sobre ficar sozinho em almoços de negócios? – James pergunta ainda maravilhado com a surpresa.
- Sua mãe me contou. Em uma das cartas. Quando ela recebeu a minha confirmação de que eu vinha para cá decidimos te fazer essa surpresa. – Alice diz abraçando o namorado e em seguida beijando a bochecha dele.
- Alice. Precisa conhecer o diretor da sua faculdade. – Harry diz apontando para um senhor importante. – Sabe como é, fazer média.
Alice e os outros riram, mas James ficou ainda atordoado.
- Faculdade? Que faculdade? Você vai fazer aonde? – James pergunta para a morena.
- Como aonde? Eu vou fazer aqui, ué? Onde mais seria? Ah, e dessa você vai gostar. Eu vou fazer jornalismo. – Alice diz divertida e James a abraça, rodopiando-a.
- Você é mesmo inacreditável. – James diz a beijando.
- Olha a pouca vergonha, eu hein? – Lily diz atrapalhando e provocando risinhos de todos.
James sorriu entre o beijo. Agora sim, mais do que feliz, ele estava completo. Tinha a sua família e tinha a sua amada. Juntos. É claro que para estar junto não precisa estar perto. Mas ter quem a gente ama perto da gente, é bom demais.
- Eita povo safado... – Lily diz ainda perturbando. – É muita safadeza, amém meu pai.
FIM
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