Capitulo Único





Conversas acompanhadas por Bicuço


 


 


Todos os outros passaram a manhã seguinte pendurando decorações de Natal. Harry não se lembrava de jamais ter visto Sirius tão bem humorado; estava até cantando músicas natalinas, aparentemente satisfeito porque irei ter companhia para o Natal. Harry ouvia a voz do padrinho ecoando através do soalho na fria sala de visitas onde se sentara sozinho, observando pelas janelas o céu empalidecer cada vez mais, ameaçando nevar, sentindo o tempo todo um prazer selvagem de estar dando aos outros a oportunidade de continuarem a falar dele, como deviam estar fazendo. Quando ouviu a Sra. Weasley chamar seu nome baixinho no pé da escada, por volta da hora do almoço, ele se retirou para mais longe no andar de cima e ignorou o seu chamado.


Por volta das seis horas, a campainha tocou e a Sra. Black recomeçou a gritar. Supondo que Mundungo ou outro membro da Ordem estivesse à porta, Harry simplesmente se acomodou mais confortavelmente contra a parede do quarto de Bicuço onde se escondera, tentando não ligar para a fome que sentia enquanto dava ratos mortos ao hipogrifo. Levou certo susto quando alguém bateu com força na porta alguns minutos depois.


- Harry, eu sei que você continua ai dentro – disse uma voz, que ele reconheceu ser a de Gina. – Dá para fazer o favor de parar de agir como um idiota e sair daí? Eu quero falar com você.


- Porque você veio aqui? – pergunto Harry em tom acido, abrindo a porta enquanto Bicuço arranhava o chão coberto de palha, a procuro de pedacinhos de ratos que deixara cair enquanto mastigava. – Ou será que precisa ver a minha cara para poder ter mais o que falar?


- Ah, cala boca Harry! – A garota ruiva disse impaciente para ele, enquanto entrava e se sentava em um canto do quarto. – Eu não sou a Hermione, e muito mesmo o Rony para deixar você me tratar mal desse jeito.


- Então porque veio aqui? – perguntou rabugento.


- Já disse para não falar assim comigo!  – Ela falou raivosa, mas logo deixou seu tom de voz mais calmo. – Eu vim para conversar com você Harry, venha aqui. – e ela apontou o lugar ao seu lado, pedido para que Harry se sentasse ao seu lado.


                Sentando ao seu lado, Harry sentiu uma pontada de arrependimento por ter falado com ela em um tom tão grosseiro. Mas que culpa tinha? Era obvio que ela, Rony e os gêmeos estavam falando sobre a conversa que ouvira no St. Mungus. Na verdade, todos eles mereciam esse mau humor, ele pensou.


- Pegue um sanduiche, mamãe me mandou te trazer alguns – Gina falou apontando para a bandeja a sua frente, que só agora Harry percebera.


- Não estou com fome.


- Se você diz, ok então, quem vai ficar com fome é você mesmo. – Comentou Gina, girando os olhos. – Como você está se sentindo?


- Ótimo – disse Harry ríspido.


- Por favor, Harry! Você pode mentir para quem você quiser, mas você não me engana. – disse ela, como se explicasse algo para alguém muito obtuso. – Rony e eu já percebemos que você está se escondendo de todos nós desde que voltamos do St. Mungus.


- Ah. Vocês perceberam então? – Falou olhando feio para Gina, que ao invés e desviar o olhar, o encarou impassivelmente.


- Mas estou mentindo? Está se escondendo e não quer olhar para nenhum de nós!


- É você e seus irmãos que não querem olhar para mim, Gina! – respondeu zangado.


- Lógico que não olhamos para você, fica o dia inteiro enfurnado em algum lugar. Achando que não queremos ver você.


- Mas não era isso? Eu não sou idiota Gina! Posso apostar que depois do que vocês ouviram ontem à noite com as orelhas extensíveis, vocês gostariam de ter um momento a sós para ficar falando de mim.


- Não, Harry. Nós queríamos falar com você – disse a garota – mas você ficou agindo com se tivesse uma doença contagiosa desde que voltamos...


- Eu não queria que ninguém falasse comigo! – respondeu, se sentindo cada vez mais nervoso.


- Porque, provavelmente, é sim um idiota – disse Gina zangada, e ele pode perceber um brilho intenso em seus olhos. – uma vez que só conhece uma pessoa que foi possuída por Você-Sabe-Quem, e ela está bem na sua frente agora. Eu posso lhe dizer muito bem como a pessoa se sente uma pessoa que foi possuída.


Harry recebeu com um baque as palavras de Gina, ele ficou muito quieto quando as palavras dela o atingiram. Se sentindo mal, ele disse.


- Eu me esqueci.


- Sorte sua – disse ela calmamente, mas ele pode perceber que havia tristeza em seu olhar .


- Me desculpa Gina. Por favor – pediu ele com sinceridade. Por culpa dele ela se lembrara do que ocorrerá, e se sentiu péssimo por ter sido tão estúpido. – Então... Você acha que ele está me possuindo?


- Bem, você consegue lembrar-se de tudo que faz certo? Você, por acaso, tem longos períodos de ausência em que não é capaz de dizer por onde andou e o que fez?


Harry tenta se lembrar.


- Não, eu nunca tive momentos assim e sempre me lembro de tudo que eu faço.


- Então Você-Sabe-Quem nunca possuiu você – disse ela com simplicidade – Quando ele fez isso comigo, eu não conseguia me lembrar onde tinha estado durante horas. Dava por mim em algum lugar, e não fazia idéia de como tinha parado lá.


Harry nem conseguia acreditar, o peso em seu peito diminui na hora, e sem perceber soltou um suspiro que fez Gina dar uma risada abafada.


- Mas o sonho que tive sobre o seu pai e a cobra...


- Pelo que Hermione me contou você já teve sonhos antes – disse Gina, e como se lesse a mente de Harry, ela continuou a falar. – Sim, nós sabemos que dessa vez foi diferente, era como se você fosse à cobra...


- Mas e se ele tivesse me transportado para Londres...


- Um dia – ela começou a falar em um tom de voz que lembrou Hermione – você vai ler Hogwarts: Uma Historia, e talvez se lembre que é impossível aparatar ou desaparatar na escola, nem o bruxo mais poderoso do mundo faria isso.


- Gina – falou Harry, em tom de incredulidade – você realmente leu Hogwarts: Uma Historia?


- O que você acha? – perguntou sugestivamente, mas logo soltou uma gargalhada. – Para desespero de Hermione, eu nunca li. Mas ela me disse isso em meu primeiro ano, quando falei a ela que eu achava que eu estava aparatando, porque aparecia em lugares sem me lembrar que como fui parar lá.


Passaram alguns minutos dando gostosas gargalhadas, e tentando achar um motivo que Hermione iria parar de dizer ao Harry e aos outros Weasleys lerem Hogwarts: Uma Historia.


- Faz sentido – disse Harry letamente, o que fez Gina olhar para ele espantada.


- O que faz sentido? Que Hermione só vai parar de nós dizer para ler Hog...


- Não Gina – falou ele a interrompendo – eu quis dizer que faz sentindo o que você falou agora.


- Mas é claro! – Respondeu ela, rolando os olhos para Harry – Está bem obvio.


- Não é apenas isso, é que ontem pensei que a arma de Voldemort, fosse eu. Ou então que eu estava sendo possuído por ele, e era perigoso eu ficar aqui com vocês. Por isso me isolei. Tinha medo de atacar alguém.


- Ah Harry! – Falou a garota tristonha – Por isso você devia ter falado conosco antes, assim não ficaria tão mal e rabugento como estava agora apouco.


- Hey, eu não estava rabugento! – disse Harry ofendido.


- O.K! Irei fingir que acredito e você finge que foi um doce comigo. – disse Gina acusatoriamente, entretanto sorrindo.


- Desculpe-me Gina. – ele falou com sinceridade procurando a mão da garota, e a segurando com a sua. – Desculpa mesmo, eu não tive a intenção de ser tão grosso com você.


- Tudo bem. – Ela falou com as bochechas levemente coradas, por perceber que agora a mão de Harry e a sua estavam entrelaçadas. – Eu só espero que você nunca mais me trate desse jeito, ou então terei que usar uma das azarações que aprendi na AD em você, Harry.


- Uh, Acho que eu tenho que ficar com medo. – Disse ele no meio das gargalhadas.


- É bom mesmo, Sr. Potter. Meu professor é muito bom, sabe...


- Ah, eu já ouvi falar dele. – falou em falsa superioridade. – Também me disseram que ele é incrivelmente bonito.


- Mais é muito convencido, hem – Falou Gina risonha, batendo no ombro de Harry que fez uma careta instantaneamente.


- Ai Gina! Doeu viu – disse Harry passando a mão livre no ombro. – Mas vai ter troco, viu.


- Ah é?


- É, e vai ser agora. – E sem deixar ela se preparar, Harry tirou a mão que estava no ombro e levou direto para a barriga da Ruiva, onde começou a fazer cócegas.


- Para Harry! – Falou a garota entre as risadas – Para... Por favor.


Mas Harry continuou, sua mão percorria toda a extensão da barriga de Gina, fazendo ela se contorcer de tanta risada.  Ele só parou quando percebeu um tom vermelho atingir o rosto da garota, e ela pedir por ar. Os dois estavam ofegantes, e próximos de mais, próximos o suficiente para sentirem a respiração descompassada do outro.


No mesmo segundo os dois ficaram em silencio, só era possível ouvir Bicuço comendo os seus ratos. Harry e Gina estavam olhando nos olhos. O verde fundindo com o castanho. O vermelho do cabelo de Gina, se misturando com a pele branca de Harry. Os dois se encaravam profundamente, apenas tentando decifrar o que havia por te trás de seus olhos.


Então, inesperadamente, Gina se aproximou de Harry e lhe depositou um leve beijo nos lábios. Fazendo com que uma corrente elétrica passasse pelos dois, e eles percebessem a situação em que estavam. Gina estava encostada na parede, com uma das mãos segurando a de Harry, os lábios entre abertos, respirando silenciosamente. Já Harry estava com o tronco inclinado, fazendo que ficasse por cima de Gina, frente-a-frente, e a sua mão livre segurava possessivamente a cintura da Ruiva.


Gina corou quando se deu conta de seu estado, e olhou para os lados, evitando encarar os olhos de Harry. Porém ele continuava a encarar, também corará, entretanto ele não conseguia tirar os olhos da pequena figura a sua frente. Era como se houvesse um imã que o proibia de olhar para lados, ele só queria olhar para ela e perceber todos os pequenos detalhes que nunca virá durantes os anos que se conheciam. Ela tinha olhos castanhos, mas não um castanho comum, era um castanho claro, que brilhava como uma jóia rara. Seus cabelos eram de um tom diferente de ruivo dos outros Weasley, era um ruivo mais vivo e escarlante que pareciam chamas de fogo, que exalavam um cheiro floral que fez Harry desejar poder sentir esse cheiro pelo resto de sua vida. Seu rosto era salpicado de pequenas sardas, e seus lábios eram levemente carnudos. Ele nunca percebera esses pequenos detalhes em Gina, talvez fosse porque nunca ficaram tão próximos como agora, ou talvez fosse porque aquele beijo despertou algo que Harry nunca percebeu em si. Entretanto ele não queria parar de olhar o belo rosto da garota a sua frente. Oh, Merlin! Como ele nunca perceberá que a pessoa mais bela que ele já vira sempre estava ao seu lado?


Sem se dar conta do que estava fazendo, Harry aproximou o seu rosto e capturou os lábios que tinha acabado de lhe beijar. Ele não queria apenas um simples roçar de lábios, ele queria mais. Queria sentir seu gosto, descobrir os segredos que Gina guardava por de trás de sua boca, queria a sentir seu calor, inalar se cheiro floral. Harry a queria só para si naquele momento.


Os lábios se chocavam, e mais correntes elétricas passavam por seus corpos. A mão de Harry que estava na cintura de Gina a acariciava carinhosamente e a mão que antes estava entrelaçada com a dela, agora estava em seu rosto fazendo com que os rostos ficassem mais próximos ainda. Como quem pede permissão para entrar em casa, Harry olhou nos olhos de Gina – ainda com a boca grudada à dela – e imediatamente a garota abriu seus lábios. Fazendo com que Harry sentisse um ar quente o invadir, e o deixar extasiado de felicidade. As línguas invadiam caminhos desconhecidos, e descobriam um prazer que nunca sentiram antes. As mãos de Gina percorriam todo o peitoral de Harry, até chegar a sua nuca e invadirem o pequeno ninho que era o cabelo do garoto.


Suas línguas se chocavam, os corpos estavam grudados e as mãos percorriam todo o espaço que alcançavam. Harry e Gina não tinham mais consciência do que estavam fazendo. Só queria sentir um ao outro, como dois amantes que ficaram por muito tempo sem se ver. Nem a falta de ar os impedia de ficarem juntos, após longos minutos de beijos – ou seriam dias? (eles não poderiam responder) – Harry beijou o pescoço alvo de Gina, fazendo uma trilha de fogo em sua pele, até enterrar a cabeça nos cabelos ruivos, e sentir o incrível cheiro floral que desejou sentir pelo resto de sua vida. Enquanto isso Gina brincava com os cabelos rebeldes de Harry, fazendo os ficar mais bagunçados do que o normal. Vez ou outra, ela passava levemente suas unhas no pescoço do garoto, fazendo ter leves arrepios que  deixavam a garota extremamente satisfeita ao perceber a reação de Harry ao seu toque.


Quando já não agüentavam mais ficar sem sentir o gosto de seus beijos, eles voltaram a se beijar. Porém este, um beijo mais calmo e suave. Gina adorava a forma delicada e carinhosa que Harry acariciava sua face entre os beijos, e algo no estomago de Harry rugia de felicidade ao sentir as pequenas mãos de Gina acariciando possessivamente seus cabelos. Os beijos eram intercalados entre selinhos, e sorrisos sinceros. Ter Gina a seu lado fez Harry se esquecer de todos os problemas que há poucas horas atrás estavam povoando a sua mente. Ele só queria ficar ao lado dela, estar ao lado dela...


- Gina! – gritou uma voz baixa, que fez os dois se separarem imediatamente. Era a Sra. Weasley – Venha logo menina, você precisa me ajudar com o jantar.


Com uma careta engraçada, Gina olhou tristemente para Harry, para logo após depositar um longo beijo em sua bochecha e se levantar.


- Ei Gina, espere. – Falou Harry com a voz rouca. E a garota parou o olhando de uma forma engraçada. – Obrigado, muito obrigado.


- Obrigado pelo que Harry? – Ela disse, em um sussurro. Sem compreender nada.


- Obrigado Gina... – Ele falou se aproximando dela. – Obrigado por existir, por nunca desistir de mim e por estar ao meu lado.


Sem dizer nada, a garota apenas o abraçou fortemente e logo foi correspondia por Harry. Foi um abraço sincero, e cúmplice. Onde eles não precisavam de palavras para se entender.


- Você sabe Harry, eu sempre vou estar com você. Nunca irei desistir de você. – disse Gina docemente, e logo saiu do quarto para ajudar sua mãe.


Sem perceber o duplo sentido da frase, Harry se sentou onde estava e abocanhou o sanduiche que Gina levará para ele. Seu peito se inchava de felicidade, graças à ela, ele sabia que não estava sendo possuído, e graças a ela ele descobriu que é capaz de sentir algo incrivelmente maravilhoso que nunca sentirá antes.


As lembranças ruins dos dias atrás eram afastadas pelos momentos vividos com Gina, e até o beijo que dera em Cho no dia que sonhará com o ataque do senhor Weasley, era meramente uma lembrança boba que parecia ter ocorrido há anos, e anos atrás.


Neste momento, ele só conseguia pensar no cheiro floral que estava impregnado em seu corpo.


 


Fim.

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Comentários (2)

  • Dih Potter

    Ownt.... Lindo d +Continua, please. A FIC ta boa msm, não merece parar por aki ñ.Porque você não continua? Faria um aleitora feliz,..,. O.O/

    2012-06-20
  • potter e weasley

    muito linda a fic... keria continuação:-(...adorei

    2012-02-10
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