Amor aos Pedaços



Eu não pude protegê-lo quando mais precisou. Não pude confortá-lo quando suas dúvidas o assolavam. Apenas podia continuar ao seu lado, observando seus passos e sofrendo em silêncio pelo que você se transformava. Pelo que eu, indiretamente, o transformava.


Suas lágrimas são tão límpidas, querido. Uma vez elas passaram por seu rosto infantil, marcado pelas agressões que recebeu dos garotos mais velhos que não gostavam de você.


Como algo tão inocente pôde ser o início da sua perdição? Quando se levantou daquele canto, não podia imaginar que estava para trilhar um caminho sem volta.


Sempre estive ao seu lado, durante sua jornada solitária. Sofrendo as dores que você não podia mais sentir, chorando as lágrimas que não mais derramavam de seus olhos. Suas vãs tentativas de não ter que se juntar a mim me doíam ainda mais.


Não foi dolorido quando quebrou sua alma pela primeira vez? Parecia tão horrível... E quando virou apenas como uma existência não definida de vida, vagando sem rumo? Sem ninguém, além de uma simples presença como eu a vagar ao seu lado, sem nada poder fazer.


Hoje, observo em meus braços os pedaços que você se tornou, coletados cada um com dedicação. Porque não importa em que monstro você se torne, será sempre meu amado filho...

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