Meus pais.
- Carro, Granger? – sussurrou Malfoy para mim enquanto meus pais colocavam minha mala no porta malas.
- Nunca andou de carro, Malfoy? – eu disse provocando.
- Eu não costumo andar de veículos trouxas. Todos em minha família são bruxos. – Disse ele provocando de volta.
Esse Malfoy era o Malfoy que eu conhecia. Desdenhoso, provocativo e sonserino. Que procurava me ofender nessa frase cheia de indiretas. Essa era o Malfoy que eu tinha odiado desde os onze anos, e eu não sabia realmente se eu preferia esse novo Malfoy, que era tão imprevisível. Entramos no carro. Durante a viagem até a estação King’s Cross minha mãe parecia sentir uma forte necessidade de conversar com Malfoy que graças a Merlin era um bom ator.
- Draco querido, seus pais são bruxos?
Malfoy olhou pra mim. Eu respondi por ele:
- Sim mãe, o Malfoy é puro-sangue.
Malfoy ergueu a sobrancelha, sem tirar o olhar de mim.
- Puro-Sangue? – minha mãe perguntou, não entendendo a expressão.
- Quer dizer que na minha família todo mundo é bruxo. – Malfoy respondeu.
- Desde sempre? – perguntou papai.
- Acho que sim – ele respondeu.
- E seus pais estarão na estação? Eu gostaria muito de conhecê-los. – minha mãe disse sorrindo.
- Talvez a minha mãe esteja. – Disse Malfoy.
- Seu pai está trabalhando nesse horário? – minha mãe perguntou, tentando adivinhar.
Não, está em Azkaban, eu pensei, por ser um comensal da morte. Mas Malfoy olhou pra mim como se pedisse socorro. E percebi que aquele era um assunto que o deixava chateado.
- Sim mamãe. – eu respondi.
- Você joga aquele jogo dos bruxos? – perguntou papai.
- Quadribol? – Malfoy perguntou. – Jogo sim.
- Malfoy é muito bom – eu disse, feliz pela mudança de assunto – Ele é o apanhador da sonserina.
- Nunca entendi esse jogo. – disse papai. - Hermione também não sabe explicar.
- Eu odeio Quadribol, papai. – eu disse.
E o resto do caminho foi incrivelmente tranqüilo, eu e a minha mãe apenas ouvíamos enquanto Malfoy explicava para o papai as regras do jogo, e papai o bombardeava com perguntas sobre times, vassouras e coisas do tipo. Logo chegamos na estação. Fomos todos a caminho da plataforma 9 ¾ . Malfoy parecia tão preocupado quando eu, que algum dos amigos sonserinos nojentos dele ou algum dos meus amigos nos vissem juntos. Então eu fui logo me despedindo dos meus pais.
- Hermione – disse minha mãe, empurrando um saquinho pra mim – Fiz um sanduíche pra você comer na viagem.
- Há comida a venda no trem, mamãe. – eu disse.
- Você precisa parar de comer porcarias Hermione – minha mãe disse ralhando comigo – sua alimentação anda muito ruim viu?
- Tudo bem – eu disse pegando o saquinho, com a minha mãe não dá pra discutir.
- Fiz um pra você também, Draco querido – Disse minha mãe estendendo um saquinho para ele.
- Obrigado sra Granger. – Malfoy respondeu sorrindo.
- Bom, boa viagem para vocês meninos – disse papai, que me abraçou e em seguida apertou a mão de Malfoy.
- Se cuidem – disse minha mãe me dando um beijo, e depois de depositar um beijo na bochecha do Malfoy ela completou – Principalmente você Draco, não faça muito esforço, você pode não estar completamente recuperado do susto.
- Pode deixar – Ele disse, simpático, e nota dez para atuação de Malfoy.
- Venha nos visitar no próximo verão querido – disse mamãe animada – Hermione nunca traz ninguém pra casa, você será sempre muito bem vindo.
- Obrigado. – disse ele, com um sorriso que era só dentes pra minha mãe, um sorriso que podia iluminar o mundo inteiro e que nunca havia se dirigido a mim.
Eu e Malfoy caminhamos para barreira entre as plataformas 9 e 10. Assim que atravessei Gina Weasley me viu e veio correndo na minha direção.
- Mione – ela sorria pra mim.
- Oi Gina, como foi o verão?
- Ah foi difícil lá em casa, por causa do Fred, mas estamos superando.
- Sinto muito. Se houver alguma coisa que eu possa fazer...
- Obrigada Mione.
Quando olhei pro lado, Malfoy não estava mais lá, eu o vi encontrando Nott e Zabini.
- Mione – dessa vez era Harry. Ele segurou a mão de Gina. – Vamos para o trem meninas?
- Vamos sim – Gina disse.
E entramos, procuramos por um compartimento vazio e ficamos lá.
- Ah Mione – disse Gina – O Rony estava te procurando.
E então, eu me lembrei que ia precisar enfrentar Rony Weasley. Lembrei que eu tinha beijado ele e depois não tinha dado mais explicação alguma. Lembrei que eu não tinha respondido nenhuma das cartas que ele me mandou durante o verão. Não por maldade é claro, mas há coisas que não melhores ditas pessoalmente.
- Hermione – E nesse momento, Rony entrou no nosso compartimento.
- E aai Rony? Como foi de férias? – eu disse, nervosa.
- Mais ou menos neh - disse ele – E você esteve ocupada? Nem respondeu minhas cartas.
- É eu fui atrás dos meus pais, para compor a memória deles novamente e tudo mais – eu disse, e não estava mentindo.
- Eu entendo – ele disse abrindo um sorriso pra mim – mas agora você vai ter um tempo pra gente não é?
- Hum... Rony, eu acho que a gente precisa conversar. – Eu sai do compartimento e fiquei em pé no corredor e esperei que ele me seguisse.
Agora eu precisaria dispensar o meu melhor amigo, sem magoá-lo. E eu não fazia a menor ideia de como fazer isso.
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