Na Sala Precisa



Ela estava andando pelos corredores de Hogwarts tentando imaginar o motivo (real) daquele beijo que havia dado em Ron no meio da batalha. Será que era só admiração por ele se lembrar dos elfos domésticos? Era disso, pelo menos, que ela tentava se convencer. Ela simplesmente não podia estar apaixonada pelo seu melhor amigo desde seus onze anos, aquele com quem ela sonhava todas as noites, ele quem tinha os sentimentos de uma colherzinha de chá, ele quem tinha beijado e namorado a atiradinha da Lilá e ele quem só pensava em se divertir, nunca em estudar. Não, definitivamente ela não gostava dele. Ela o amava.


Amava o jeito que ele a olhava admirado quando estavam estudando (ou pelo menos, ela estava) e ele pensava que ela não reparava! Amava o jeito que ele pedia a ela para ficar quando mais precisava estudar para os exames. Amava quando sentia ciúmes de Vítor Krum, mesmo ela dizendo a ele que não havia nada entre eles. Amava seu jeito de andar, meio desengonçado, mas mesmo assim amava. Amava como seus cabelos caiam displicentemente sobre seus olhos azuis da cor do mar. Amava suas sardas, amava também como elas pareciam se realçar quando ele ficava nervoso ou envergonhado. Enfim, o amava por completo.


Logo sentiu as lágrimas rolando livremente por suas faces, ao lembrar que para ele, ela era apenas só sua melhor amiga CDF e que ele só havia correspondido seu beijo para ela não ficar sem graça na frente de Harry, claro. Correu sem olhar por onde ia até chegar em frente a tapeçaria já muito gasta e conhecida. Pensou, então, em um lugar acolhedor, tranqüilo, onde pensar seria uma coisa fácil de fazer e entrou na sala.


Ele não sabia como falar para ela o que sentia desde que descobriu que não podia viver sem ela. Também não sabia como reagir depois que eles se beijaram. Com a Lilá era diferente, ele não sentia por ela o que sentia por Hermione. Lilá era mais atirada, quase não conversavam; só se beijavam. Praticamente. Ele, ao contrário de Hermione, sabia exatamente aonde queria chegar. Parou subitamente na entrada da Sala Precisa, admirando como a tapeçaria que cobria sua entrada, ainda não havia sido destruída.


Ele estava triste, é claro, muitas pessoas queridas haviam morrido na guerra e as marcas desses tempos difíceis ainda permaneciam em Hogwarts. Porém, ele tinha que cuidar de assuntos inacabados do passado para construir um futuro melhor. Ele ‘desejou’ à sala quase o mesmo que ela, a única diferença foi, quase que inconscientemente, desejou também encontrá-la. Encontrar a sua Hermione.


 Assim como a porta foi aberta, rapidamente ela virou-se para ver quem perturbava sua solidão, seu silêncio e suas lágrimas. Quando a cachoeira de cabelos vermelhos cor de fogo invadiu a sala, ela simplesmente congelou apesar de sentir seu corpo inteiro derreter.


-R-Ron?-ela balbuciou surpresa


-O que você tá fazendo aqui?-disse tingindo de um tom de vermelho muito vivo suas orelhas


-Bom, eu que deveria estar te perguntando! Já que EU cheguei aqui primeiro!-limpou rapidamente as lagrimas que rolavam soltas pelas suas bochechas. Não agüentava mais discutir com Ron.


-Droga!-ele acabou pensando alto de mais e lembrou que de certa forma, ele queria encontrá-la. Queria abraçá-la, beijá-la, dizer-lhe que ela era a mulher da vida dele que, se ela aceitasse, queria passar o resto de sua vida com ela. Mas logo reparou que ela estava chorando e começou a se aproximar para tentar confortá-la.


 Ela percebeu que estava chorando e tentava engolir o choro, mas com ele se aproximando tão perigosamente assim dela a sua única opção era fugir dali, o mais rápido possível, mas constatou que seria impossível. Aporta estava longe demais e ele, perto demais. Virou-se de costas para ele, sem ligar para o que ele achava dela e permitiu-se chorar abertamente.


Será que sou eu por quem ela está chorando? Será que eu a fiz chorar assim? Será que eu sou mesmo tão insensível? Esse era o tipo de pergunta que rodeava Rony. Ele não sabia o que fazer. Não sabia o ela queria que ele fizesse. Então fez a púnica coisa que achava ser o certo: abraçou-a. Lentamente virou-a de frente para ele e ela encaixou sua cabeça no ombro de Ron e constatou que se encaixavam perfeitamente, como se o molde do ombro dele, tivesse sido feito com a sua cabeça. Ele acariciava suas costas de forma reconfortante e carinhosa.


Quando, finalmente, parou de chorar e se deu conta da situação logo tentou se desvencilhar dos seus braços definidos, quentes e aconchegantes. Ele, claro, não a deixou ir tão facilmente embora, o que sabia que ela faria. Não dessa vez. Não antes de ele contar-lhe o que sentia.


-Ron, por favor, me deixe ir.


-Não, não antes de você me explicar porque estava chorando.


-Aaahn... Oras pelo que mais poderia ser?-disse corando furiosamente-Pelo o que aconteceu na guerra... Todas as pessoas que, bem, morreram...


-Ah, claro! Pelo que mais seria? – Disse a última parte um pouco mais baixo, mas mesmo assim ela ouviu.


-Ah, então me diga! Pelo que mais seria?


-Ah... Sei lá, talvez pelo fato da gente estar sempre brigando, desde o primeiro ano! Ou talvez ainda, porque o Vitinho não respondeu uma carta sua ou finalmente arrumou  uma namorada mais sabe-tudo que você?!-disse exasperado


-Ah Ron, por favor! Eu não ligo com quem o “Vitinho” namora, já que nós não temos nada! Você realmente quer saber por que eu tava chorando?


-Claro! Foi isso que eu te perguntei, certo?-como conseguia perder o controle sempre que estava perto dela? Seria seu aroma inebriante ou seus olhos brilhantes?


-Sim, eu estava chorando por nossa causa! Eu não aguento mais brigar com você! Sempre que a gente começa a ter uma conversa civilizada, nós a acabamos brigando!


-Ah, e você acha que eu AMO brigar com você? Eu nem consigo falar sobre o que eu sinto pra você!-ao perceber o que tinha acabado de ‘despejar’, calou-se imediatamente.


Ao raciocinar o que Ron havia acabado de lhe dizer, ficou muda. Sobre seus sentimentos? Será que ele iria lhe contar que amava Lilá e que iria se casar com ela? E que como Lilá era muito ciumenta, teria que terminar sua amizade com ela? Mas ela nem estava ligando, já que era para fazer o amor da vida dela feliz...


Ron ficou encarando o chão como quem esperava que ele se abrisse e poderia enfiar sua cabeça dentro e sumir de vez! Hermione por sua vez, percebeu que o detalhe do forro da parede era muito mais interessante do que parecia a 15 minutos atrás. Finalmente, quando o silêncio ficou ensurdecedor, tomando coragem, perguntou:


-Ron, o quis dizer com ‘seus sentimentos’?


-O quê? Ah, sim! Bom, não sei exatamente como começar...


-Tenta-disse ela dando um passo para ficar mais perto da poltrona onde Ron sentava esparramado


-Bom, eu quero te dizer isso já faz algum tempo, sabe?-disse levantando-se e fazendo exatamente o que ela fizera a algum tempo atrás, virou-se de costas para ela, fazendo ela perceber o quanto doía.


-Continua - sussurrou ela em seu ouvido, fazendo ele se arrepiar dos pés à cabeça.


-Esquece!- disse andando em direção à porta.


-Espera!- disse ela exasperada segurando seu pulso com toda a sua força, já que ele era uma montanha comparada a ela. Tinha pelo menos, o dobro de seu peso.


-Não é tão importante assim!


-Por favor! - disse já quase suplicando


-Eu te amo.


-Oh, Ron!- disse já pulando em seu pescoço- Eu também te amo! Muito! Desde... bom, desde sempre! E é claro que era importante! E se você não... – Hermione foi interrompida pelos lábios vorazes de Ron, em um beijo desesperado mas mesmo assim apaixonado e arrebatador. A língua de Ron foi invadindo a sua sem perdir permissão, ao mesmo tempo gentil e avassalador. Tentando recuperar o tempo perdido. Ela, sem hesitar, correspondeu à altura 

Se separaram, ele com os braços entrelaçados em sua cintura e ela, passando os braços pelo seu pescoço. Eram um casla um tanto que peculiar, porém se completavam. Ela bem sabia que os opostos se atraem...

-Eu te amo-falaram juntos, e logo começaram a rir. Como acontecia toda vez que estavam juntos.

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