Capitulo único.



sexta-feira


 


Eu não era skatista, mas a primeira vez que a vi foi numa pista de skate, Sirius que nos apresentou:


-Essa é Lílian Evans.


-Eai gato.


 


Ela não perguntou meu nome, sempre que queria se dirigir a mim me chamava de gato.


Ela tinha longos cabelos ruivos presos folgadamente na nuca, usava um boné preto de aba reta virado pra trás, usava também uma calça saruel e uma regata vermelha que mal cobria o umbigo. Estava bem maquiada, seus lindos olhos verdes destacados por lápis e delineador preto com uma sombra também preta, seus lábios de um tom arroxeado.


 


-Sabe voar gato?


 


Eu sabia que ela estava perguntando se eu sabia andar de skate, com muita vergonha respondi:


 


-Não.


 


Ela sorriu e correu para a pista de skate onde Remus a chamava, ela fazia manobras que eu nem sequer sei o nome. Ela era uma diva do skate, uma lorde das manobras radicais.


 


Sábado


 


O verdinho nada mais era do que uma praça. Uma enorme praça. Com campinho de futebol, vôlei, pistas de skate e bicicletas, sem falar no gramado, o enorme gramado com bancos e uma fonte bem no centro, havia também alguns quiosques de bebidas, petiscos e lanches prontos. Era lá que eu e o resto do grupo Seduzintes nos reuníamos para curtir os fins de semanas.


O grupo Seduzintes era um grupo misto de amigos, Sirius, Remus, Peter, Igor, Hector, Renan, Frank, Edgar, Jesse, Gustavo, John, Eu, Marlene, Érica, Dorcas, Emme, Lari, Fê, Isa, Luuh, Hayanna, Jessyka, Thallyta e Keissy. Tínhamos quase todos, as mesmas idades e estudávamos, quase todos, no mesmo colégio.


Estávamos todos os 24 integrantes dos Seduzintes reunidos no verdinho, planejando a nossa festa de inicio das férias. Iria ser daqui a um dia aqui mesmo no verdinho, estava quase tudo arrumado, faltando apenas o DJ.


 


-Meu primo pode vir aqui tocar - Sugeriu Keissy.


-Não! - Gritou Lari do outro lado da roda - Seu primo tem que vir curtir a festa.


 


Nós rimos da loucura da Lari e voltamos a pensar.


 


-O que fazem 24 pessoas sentadas em circulo, todas com uma cara pensativa e a maioria comendo? - Olhei pra trás e vi Lily.


 


Ela sorria, com sua maquiagem preta, seus lábios arroxeados e seu skate na mão.


 


-Oi Lily - Falou Sirius sentando mais pro lado, dando espaço pra ela sentar.


-Oi Six, vou ficar de pé, não fui convidada pra reunião. Eu só achei que depois de meia hora sem solução pra um problema desconhecido pra mim, talvez eu pudesse ajudar em algo.


-Precisamos de um DJ - Gritou Dorcas com a boca cheia do pastel.


-Que não pode ser o primo da Keissy - Disse Isa bebendo sua coca diet.


 


Ela sorriu e falou:


 


-Tenho a solução. - Ela pegou o celular. - FAAALA VAGABUNDO!


 


Quem não olhava pra Lily começou a olhar.


 


-É o seguinte colega, vai ter uma festa aqui no verdinho - Pausa ela riu - É, já sou intima, pois é eles estão precisando de um DJ - Pausa novamente, ela tirou o telefone da orelha - Vão pagar alguma coisa?


-Cem das dez as três e se precisar pagamos hora extra - Disse John.


-É vagabundo, eles dão cem paus pra você vir tocar das dez da noite até as três da manhã e, se precisar, ficar mais eles pagam hora extra. - Pausa ela sorriu e desligou o celular. - É, o Taylor vem tocar.


-Taylor é DJ? - Hayanna gritou mascando seu sagrado chiclete que deixa a boca preta.


-É sim, você o conhece?


 


Hay sorriu marota.


 


-Oh se conheço... - E desatou a rir.


-Lily - Eu chamei - Quer vir pra festa?


 


Ela sorriu, ficando agachada ao meu lado.


 


-Vai ser só pra vocês ou geral? - Seu perfume veio até mim, era forte, mas não enjoativo... Era agradavelmente forte.


-Geral. - Tentei sorrir.


-Então é claro que eu venho gato. - Ela se pos em pé e foi fazer suas manobras, e eu a observava de longe, vendo a felicidade estampada em seu rosto e, às vezes, alguma careta com dificuldade de acertar a manobra.


-Você ta caidinho por ela - Riu Sirius ao meu lado.


-Não to não.


-Ta sim.


-To não.


-Ta Sim.


-To Não.


-Ta Sim.


-To Não.


-Ta Sim.


-To mesmo. E pelo menos eu assumo, diferente de você que ta louco pela Keissy e não assume.


-É diferente.


-Não é não - Eu olhei pra Keissy que apostava corrida de skate com Lily.


-Ta legal... Eu gosto da Keissy, mas isso não encobre o fato de você gostar da Lily.


-Eu sei que não.


-Então chega nela.


-Só quando você chegar na Keissy. - Eu ri da careta dele.


-É diferente.


-Eu sei, comigo também é diferente.


 


E ficamos nós dois olhando cada qual pra sua diferença.


 


Domingo


 


Era o dia da festa. Eu rodava o verdinho como um louco à procura de Lílian.


E, bem, eu não a encontrava.


Já eram umas onze horas quando avistei cabelos ruivos na pista de dança. Corri na direção deles.


 


Ela dançava entre Remus e Edgar, de frente pro loiro. Iam até o chão. Isso me deixou enojado.


Ela me viu e parou de dançar com os meninos. Deu um beijo na bochecha de Remus e Edgar.


 


-Eu to parando por aqui garotos, vou beber algo... Vem comigo gato?


 


Ela não esperou qualquer resposta minha e saiu me puxando pela mão indo até um dos quiosques de bebidas. Pegou uma cerveja e eu uma coca.


 


-Você não bebe?


-Bebo - Sorri - Mas hoje eu que vou voltar dirigindo, então fico na base da coca.


-Que pena - Ela sorriu e mordeu o lábio inferior.


 


Era a primeira vez que eu a olhava no claro. Estava com seus cabelos soltos, com algumas ondas nas pontas, sua maquiagem havia mudado de preta para vermelha com roxo, seus lábios num tom cor de uva com um brilho vermelho. Vestia um vestido xadrez vermelho com riscos pretos e manga até o cotovelo e uma sandália de salto preta, com umas luvas sem os dedos. Estava incrivelmente linda.


 


-Você está linda.


-Obrigada - Ela sorriu - Você também está lindo gato.


-Meu nome é James - Falei sem pensar.


-Eu sei - Ela sorriu.


 


Começou a tocar I Love Rock and Roll.


 


-Eu amo essa musica! Vem, vamos dançar...


 


E ela saiu me puxando pela mão para a pista de dança.


Ela enlaçou meu pescoço com seus braços e na batida forte e envolvente de I Love Rock N Roll ela dançava comigo, sua latinha de cerveja encostava na minha nuca, fazendo-me arrepiar.


 


I love Rock N' Roll


So come and take your time and dance with me


 


Ela me soltou meu pescoço e começou a dançar sozinha, mas de frente pra mim, me deixando abobalhado com sua beleza, seu requebrado, seu jeito de ser.


Sirius passou por mim mostrando um dedo, primeiro pensei ser um gesto obsceno, mas depois vi que era apenas ele mostrando uma aliança prata.


 


-Sua vez - Ele sorriu entrelaçando seus dedos com os da Keissy, que estava confusa, e saindo dali.


 


Certo, como o Sirius disse minha vez.


Aproximei-me dela colocando minhas mãos em sua cintura.


Ela sorriu envolvendo meu pescoço novamente com seus braços, mas como alegria de pobre dura pouco um carro parou ali perto e buzinou, Lily olhou, sorriu e se afastou dizendo:


 


-Tenho que ir.


 


Mas antes de ir ela colou seus lábios nos meus, num beijo sem língua, mas que fez um calafrio percorrer meu corpo todo. Acabou rápido e antes que eu pudesse falar alguma coisa ela sumiu.


A vi encostada na porta do carro, oferecendo cerveja pro motorista, ela riu e entrou no carro.


 


Naquela noite fiquei com Marlene, mas não foi nada nem ao menos comparado ao simples beijo que Lílian me deu.


 


segunda-feira


 


Acordei tarde, tomei banho, comi qualquer coisa e fui pro verdinho, os Marotos estavam lá, os Seduzintes também, o Seduzintes é um grande grupo que acolhe vários grupos pequenos, exemplo: Marotos, Frutas Vermelhas, Patricinhas Unidas e etc...


Estavam todos em seus pequenos grupos e muitas outras pessoas, espalhadas pelas gramas do verdinho, havia uns skatistas e ciclistas fazendo suas manobras pelas pistas.


Ela estava ali, sentada ao lado de Remus, conversavam algo engraçado, o modo como ela sorria, o tocava, o olhava me gerou ciúmes. Puro e intenso ciúmes.


 


-Lily podemos conversar ali? - Apontei para trás da quadra de vôlei.


-Claro. Rê cuida do meu skate. - Ela sorriu e se ergueu.


 


Sai puxando-a pela mão até encostá-la na parede.


 


-O que você quer me falar?


-Não vou usar palavras agora. - Falei prensando seu corpo ao meu, beijando seus lábios de uma forma delicada.


 


Ela sorriu e colocou suas mãos em meu cabelo, puxando-os.


Ficamos ali por muito tempo, até ouvir uma risada alta.


 


-Você pensa que é muita coisa não é Evans?


 


Separamos-nos assustados, Lily sorriu.


 


-O que disse? - A ruiva ergueu uma sobrancelha.


-Com certeza ele falou um monte de blá blá blá e depois disse que com você era diferente, você era especial, mas uma surpresinha pra você, você não é especial, na verdade vai ficar com você e depois te largar, como faz com todas as outras. - Marlene fez uma careta.


 


Que droga, eu sabia que não devia ter ficado com ela noite passada.


 


-Não é ver... - Tentei falar, mas fui interrompido pela ruiva.


-Na verdade não. Ele não falou nada, muito menos que eu era especial e ele não pode me largar, porque diferente das outras, eu não quero nada além do que uns bons amassos com James.


 


Eu abri minha boca. Então o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Marlene sorriu e continuou ali.


 


-Então você quer ficar olhando pra aprender como faz né? Sem problemas, eu gosto de publico. - Ela sorriu.


 


Lílian me puxou e me beijou novamente, apertei sua cintura com força, correspondendo o beijo com tal intensidade. Só nos separamos quando nossos pulmões queimaram sem ar. Marlene havia sumido


 


-Tenho que ir - Ela falou com sua testa colada a minha.


-Porque você sempre fala isso?


-Eu vou embora amanhã James.


-O que? - Me afastei dela - Eu pensei que... Nós, você... Eu! Mas como assim ir amanhã? Foram só três dias, não pode ir amanhã!


-Eu nunca falei que iria ficar pra sempre - Ela se virou e começou a andar. - Até porque pra sempre é muito tempo.


 


Eu a segurei pelo braço, olhei bem em seus olhos e com a feição mais séria que eu tenho e falei:


 


-Conte-me toda a verdade.


 


Ela desabou, sentou-se no chão com o rosto entre as mãos e falou rapidamente.


 


-Minha vida é uma droga, minha mãe me espanca, me usa como empregada, ela e minha irmã levam homens lá pra casa e ganham a vida se dando pra todo mundo, elas acham que eu sou uma vagabundo só porque eu não faço a mesma coisa que elas.


 


Sentei-me ao seu lado, por um instante pensei que ela estivesse chorando, mas não, ela estava com vergonha, vergonha da vida que tinha vergonha de falar vergonha de mostrar suas fraquezas.


 


-Porque veio pra cá?


 


Ela respirou e deitou-se, colocando a cabeça em meu colo.


 


-Minha tia Juliana está lutando pela minha guarda na justiça, era um segredo só nosso, eu vim passar as férias aqui e depois o juiz já teria o veredicto, mas um advogado bateu na porta da minha mãe, a contou todo o processo e ela enlouqueceu, descobriu que estávamos arranjando a transferência da escola e que eu já havia trago todas as minhas coisas pra cá, ela vem me buscar amanhã.


-Você gosta dessa sua tia?


-Ela é como se fosse minha mãe, sempre me cuidava, me dava remédios e me levava pro medico, mas agora que ela foi transferida... Ela sempre foi o que minha mãe sempre quis ser, linda, culta, bem sucedida no trabalho.


-E então?


-E então eu vou embora amanhã. - Ela ergueu-se apenas o suficiente para me beijar na bochecha e logo depois se pos de pé - Tenho que ir agora, é sério.


-Odeio quando você fala isso.


 


Ela riu, me deu um selinho e saiu, deixando-me novamente com um gosto de uva nos lábios.


 


terça-feira


 


-LÍLIAN, LÍLIAN! - Eu gritava atrás dela. Era o fim, ela estava indo embora no primeiro ônibus.


 


Mas ela parou e sorriu, com um pé ainda no degrau do ônibus e outro na calçada, segurava uma bolsa preta com uma caveira vermelha.


 


-Você ia sem se despedir de mim? - Perguntei ofegante.


-Não gosto de despedidas - Ela não me encarou.


-Mas, comigo é diferente.


 


O motorista buzinou e a mãe de Lily apareceu com uma feição zangada, ela podia muito bem ser a irmã mais nova da minha ruivinha, usava uma mini saia preta e um top rosa, tinha abundancia nas curvas e um rosto, que com certeza havia plásticas, de adolescente.


 


-Vamos logo, você já me deu muito trabalho por hoje. - Falou ela com feições de poucos amigos.


-Vai entrando ai. - Minha ruiva falou e se virou pra mim - Porque é diferente com você?


-Você é... - Excitei em dizer especial - Eu vou te buscar, na sua casa, com sua tia. Hayanna conhece o Taylor e eu vou dar um jeito de tirar você de lá.


-Eu realmente sou especial né? - Ela me encarou nos olhos. O motorista buzinou outra vez.


-Você nem sabe o quanto.


 


Ela sorriu e desceu totalmente pra calçada, jogando a mala ali me abraçou pelo pescoço e me beijou, não foi como da primeira vez, foi algo intenso, algo sem pureza ou inocência, como se fosse o ultimo beijo de nossas vidas.


 


-Eu tenho que ir. - Ela riu da ironia que aquelas palavras traziam.


-Eu realmente odeio quando você diz isso.


-É a vida. - Ela se virou, pegou sua bolsa e começou a entrar no ônibus.


 


E quando a porta se fechou gritei:


 


-Eu prometo.


 


E ela partiu. Deixando-me ali, na calçada, com aquele maldito gosto de uva nos lábios e a promessa queimando meu coração. Eu iria buscá-la.


 


FIM.

N/a: Oii gente, bom eu pretendia postar a fic bem antes, mas a correria do dia a dia não permitiu... Bem eu queria saber daqui quem, talvez, queira uma continuação, por favor, comentem o que acharam e se querem a tal continuação...

Beijoos e feliz Natal adiantado para vocês ;*

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.