Durma e sonhe.



Durma e Sonhe


*Pena e pergaminho nas mãos da autora*


 


Era noite, a luz da lua entrava pelas janelas e iluminava cada canto desprovido de luminosidade na casa. O lugar tinha uma decoração aconchegante que fazia seus habitantes sentirem-se protegidos da fina chuva que caia lá fora.


 Rony descia os degraus da escada preguiçosamente, havia acabado de colocar o filho para dormir e estava quase cochilando ao lado dele. Hugo não demorou muito para dormir, precisava apenas de algumas balançadas no bumbum e uma chupeta gostosa, mas estas balançadas lembravam ao pai que a noite havia chegado, as crianças deveriam dormir e ele ter seu devido descanso após um dia desgastante de trabalho.


A Luz que iluminava o final da escada vinha da sala denunciando, assim, o local de onde vinha aquela conhecida voz. Rony parou no ultimo degrau e escutou atentamente o som que lhe chegava aos ouvidos. Andou até o portal que separava a sala de visitas da sala de jantar e lá parou sem querer interromper a conversa, admirando a cena que via.


Lá estavam elas, as duas mulheres da sua vida, as garotas que ele mais amava nesse mundo.


A lareira estava acesa, deixando o local aquecido confortavelmente. Um abajur iluminava a poltrona ao lado, onde Hermione estava sentada, encostada a uma almofada com a filha totalmente espalhada e aninhada em seu colo.


-... E as três bruxas e o cavaleiro desceram o morro juntos, de braços dados, e os quatro levaram vidas longas e venturosas, sem jamais saber nem suspeitar que as águas da fonte não possuíam encanto algum. - contava Hermione carinhosamente a filha. – Fim.


- Mãe, a água não tinha poderes? – perguntou a menina interessada.


- Não, não tinha. Era um lago comum, como qualquer outro.


- Mas então, se Amata e o Cavaleiro já se gostavam, porque eles só se casaram depois dele mergulhar?


-Meu bem, às vezes demora um pouco pra pessoa perceber que o amor de sua vida está bem perto.


- Amata sempre foi boa e bonita, não foi mãe?


- Sim.


- Então porque o outro homem a abandonou?


Hermione pensou e decidiu não apresar tão bruscamente o desenvolvimento da filha.


- Algumas coisas você só vai entender quando estiver maior filha.


- Mas eu já cresci! – Rosa queria saber tudo da história que a mãe lhe contara, queria entender cada entre linha.


Rony riu silenciosamente de onde estava. Era incrível como Rosa parecia com Hermione até na forma de pensar, estava sempre querendo saber das coisas, entender todos os assuntos e isso às vezes o deixava em cada situação.


- Olha, veja pelo lado bom. Ela foi abandonada, mas encontrou outro amor que gostava dela mesmo não sendo um bruxo. – Hermione sabia que uma pergunta levaria a outra, e mais outra... Tinha que ser direta e definitiva, conhecia a filha em todas as expressões e não negava sentir orgulho pelo interesse que esta tinha por tudo que lhe era ensinado.


- Agora eles estão felizes né mãe?! Todos descobriram que o que precisavam estavam escondidos neles mesmos.


- Isso mesmo. E o que você precisa agora é ir pra cama.


- Haa! Mas eu ainda não estou com sono mãe. – Rosa fez seu biquinho já tão conhecido pelos pais, demonstrando seu total desagrado a ideia.


- É só deitar que o sono chega. – Hermione ergueu a filha para colocá-la em pé no chão e levantou-se também, levou um pequeno susto quando se virou e deparou-se com olhos azuis a observando, encostado ao portal com os braços cruzados e sorrindo.


- Papai! – Rosa correu em disparada com os braços abertos na direção de Rony, que lhe ofereceu colo e a aninhou em seus braços fortes e protetores – Pai, você já ouviu a história da Fonte da Sorte?


- Ah, a Fonte da Sorte! Esse é um dos contos que o pai mais gosta.


- A mamãe me contou.


- Na verdade, pretendia fazer a mocinha aqui dormir. – Hermione se aproximou e fez cócegas da barriga da filha, que riu acompanhada do pai e da mãe.


- Eu não tenho sono, já disse. – ela cruzou os braços e fez a mesma cara de emburrada.


- Como assim não está com sono?! – Rony fez cara de perplexo - O cafuné e o colo da sua mãe são tiro e queda, ninguém escapa dele. Veja só seu irmão, está derrotado na cama dele.


Rosa riu do comentário do pai e Hermione também não escondeu o riso.


- Ninguém é páreo para essa mãe aqui! – brincou apontando a si mesma em tom de braveza ameaçadora – Inclusive você, Ronald Billius.


- E não sou mesmo. – Piscou para a mulher que sorriu e balançou a cabeça. Ele conseguia fazê-la perder a postura com apenas uma frase.


- Agora vamos pra cama porque amanhã seu pai tem que trabalhar cedo. Escutou mocinho?! – disse se referindo ao marido.


- Já escutamos, pode deixar. – Rony levantou uma das mãos em sinal de rendição – Pode deixar que eu levo a Madame pra caminha dela.


- Mas pai, eu não estou com sono!


- Já que não está com sono, você é quem vai contar a história da Fonte da Sorte pro papai. Certo?


- Certo! – respondeu animada – Por onde quer que eu comece pai?


- Começa do começo que eu quero ver se você estava atenta. – Rony deu uma piscadela cúmplice para a mulher e subiu a escada com a filha nos braços, tagarelando tudo sobre o novo conto que aprendera.


 Hermione observou o marido subir as escadas com a filha nos braços e sentiu um calor enorme percorrer seu corpo e abraçar seu coração. Era casada com o homem mais lindo e forte que tanto amava, e com ele já tinha dois filhos. Rosa e Hugo eram os retratos do amor e do desejo que sentiam um pelo outro.


Um sorriso insistia em não sair de seu rosto, brincava em sua face, expressando o quão feliz era sua vida. Ainda sorrindo, Hermione ajeitou melhor o casaco que usava, respirou fundo, apagou o abajur da sala e subiu as escadas em direção ao quarto. Iria deitar-se e dormir, mas seus maiores sonhos dormiam junto a ela e no quarto à frente.


- Boa noite meus sonhos.


 

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