Epílogo



Tês meses depois...


 


Rony estava deitado sozinho na sua cama, ainda vestido com um terno branco, elegante e caro, que usara mais cedo no seu casamento. Estava inconformado com a sogra e a mãe. Ele tinha se casado naquele mesmo dia, numa igreja trouxa que a família de Hermione freqüentava.


 


E agora, em vez de estar curtindo sua Lua de Mel com a esposa, estava sozinho no seu quarto na Toca, observando seus pôsteres dos Cannons, com os pensamentos vagando longe. Enquanto ela estava no andar térreo, no quarto de Gina, provavelmente dormindo. Isso tudo por que, segundo sua mãe, eles ainda não era casados no mundo bruxo, então só sairiam de Lua de Mel no dia seguinte, depois de casados nos dois mundos.


 


Casamento duplo fora idéia de Hermione, pois sua família também era grande, e eles não conseguiriam manter uma manada de Weasleys sem fazer bruxarias por um dia inteiro, sem chamar atenção dos Grangers. No casamento trouxa apenas os pais de Ron, Harry e Gina foram. A cerimônia foi simples e rápida, mas muito linda. Hermione usara um vestido branco, com véu e grinalda, e Rony um terno branco com uma rosa vermelha no bolso da frente.


 


O Ruivo, inquieto, resolveu tomar um banho. Estavam em pleno verão, ou seja, clima muito quente e abafado. Ele tirou suas vestes, ficando apenas com um short bem curto e sem camisa. Pegou um pijama qualquer na gaveta e rumou pro banheiro.


 


Ron tomou uma ducha rápida e gelada, relaxando. Depois se enxugou, vestiu suas roupas e bagunçou os cabelos vermelhos. Estendeu sua toalha e foi para a cozinha comer alguma coisa, estava morrendo de fome.


 


--Harry? Fome também? –Rony perguntou quando viu o amigo na mesa comendo um pão de batata.


 


Harry assentiu com a acabeça e o ruivo se sentou, se serviu de pão e um copo de leite gelado.


 


--Lua de Mel animada? –O amigo perguntou com ar de riso.


 


Rony lançou um olhar mortal pro moreno e pousou seu copo na mesa.


 


--Animadíssima, uhul. –Respondeu sarcástico. –Mamãe e a Jane são certinhas demais! Qual é, eu já estou casado...


 


--Só no mundo dos trouxas. –Harry completou.


 


--Pode ser. Vamos pro Brasil amanhã. Queremos encontrar aquele lugar onde nos acertamos...


 


--Idéia da Mione?


 


--Ainda tem dúvidas? Acho que ela quer expandir o F.A.L.E pelo mundo, começando por lá...


 


Os dois riram juntos.


 


--Quanto tempo pretende ficar lá no Brasil? –Harry perguntou se servindo de suco.


 


--Eu queria ficar um mês, pra poder conhecer tudo, sabe? Aproveitar bastante. Mas a Hermione diz que não podemos ficar por muito tempo, temos trabalho por aqui. Ela está certa, mas mesmo assim eu gostaria de ficar mais. Afinal, Lua de Mel é apenas uma vez na vida.


 


--Depende da quantidade de vezes que você se casar, cara.


 


Rony olhou o amigo, avaliando-o.


 


--Pretende se casar com mais alguém além da minha irmã, Potter?


 


Harry engoliu em seco.


 


--Claro que não. Eu amo a sua irmã.


 


O ruivo resmungou um “É bom mesmo” e sorveu mais um gole de leite.


 


--Eu estava conversando com a sua irmã ontem. –Harry começou, mas foi cortado.


 


--Que milagre, normalmente vocês ficam numa conversa totalmente não verbal. Falaram sobre o quê? –Ron retrucou grosseiro.


 


--Olha, Ronald, eu sei que você está de mau-humor, mas não precisa descontar em mim, tá legal?


 


--Desculpa. –ele pediu baixinho, abaixando a cabeça.


 


--Desculpo, mas não se acostume. Bem, como eu estava dizendo, nós estávamos conversando sobre a nossa casa. Queremos comprá-la antes da Gina voltar pra Hogwarts.


 


--Legal. –Ron comentou, parecendo um pouco mais animado –Viram alguma interessante?


 


--Sim. Vamos amanhã conversar com o proprietário de uma casa vizinha à sua. É grande e espaçosa também. Igual a que vocês compraram, só muda o jardim e a pintura. É perto daqui, e de vocês também, o que nos agradou muito. O que acha? Me quer como vizinho?


 


--Pode ser. É um bom lugar, realmente. –Ele deu uma pausa, pensativo  –Ainda bem que eu e a Mione estamos trabalhando. A prestação de lá não é muito barata, sabe... Mas ela encucou com aquela casa.


 


--É um bom lugar, Rony, a Mione tem razão. Nossos filhos crescerão num lugar calmo, isso é ótimo para o desenvolvimento das crianças, sabia?


 


Rony engasgou com o leite.


 


--Onde você aprendeu a falar assim?


 


Harry girou os olhos.


 


--Sou uma pessoa culta e preocupada com o futuro do nosso mundo.


 


Harry disse isso em uma voz tão pomposa, que nem ele agüentou. Caiu na gargalhada com o cunhado.


 


--Atrapalho? –Uma voz feminina perguntou da porta.


 


Hermione estava parada ali, vestindo um pijama de short e camiseta,  com um robe aberto jogado por cima. Os meninos se calaram e Rony respondeu com os olhos brilhando:


 


--Claro que não.


 


Ela sorriu pro ruivo e adentrou na cozinha. Pegou um copo de suco de abóbora e se sentou ao lado de Harry.


 


--Insônia coletiva? –ela perguntou tímida.


 


--Fome. –eles responderam em uníssono.


 


--Então eu vou ficar sozinho aqui por um mês? –Harry perguntou, colocando as mãos na cabeça e se apoiando nas pernas traseiras da cadeira.


 


--Duas semanas. –Hermione corrigiu. –A Gina ainda vai ficar por aqui durante duas semanas. E eu acho que não vamos ficar por um mês...


 


--Eu não disse? –Rony falou para o amigo.


 


Harry sorriu.


 


--Essa viagem será boa para vocês. Sabe, namorar sem ninguém pra interromper é bom, Ronald. –O moreno deu uma indireta.


 


--Deve ser mesmo. Mas o pior é quando você pode namorar sem ser interrompido, mas as pessoas te impedem, não é Hermione?


 


Ela rolou os olhos.


 


--Deixe de ser assanhado, Ronald.


 


--Assanhado, eu...? –Ele retrucou alto.


 


--Ei! Podem parar com isso, eu ainda estou aqui! Amanhã vocês discutem sobre isso, ok? De preferência quando chegarem no Brasil. –Ele se levantou, sua voz estava severa. –Pra cama, os dois. Vem, Rony.


 


Ele puxou o ruivo pelo pijama. Hermione também se levantou e deu um beijo na bochecha dos dois, saindo logo em seguida para o quarto de Gina. Rony se deixou ser arrastado até seu quarto, e dormiu com muito custo.


 


 


 


O dia seguinte amanheceu bem claro, com um céu sem nuvens. Todos madrugaram, praticamente.


 


Enquanto Harry e Gina ajudavam os noivos se prepararem, Molly preparava tudo no jardim da Toca. O casamento bruxo seria um pouco diferente. Eles usariam roupas mais leves, e a decoração teria muitas flores, seria uma cerimônia ‘natural’.


 


No ultimo andar da velha casa torta, Rony penteava o cabelo, com Harry observando.


 


--Rony, esse lado tá bagunçado ainda... –o moreno disse apontando o lado esquerdo.


 


--Potter, em cabelo você não dá palpite, porque nem cabelo você tem. Parece mais um ouriço...


 


Harry fez muxoxo, mas ficou quieto.


 


Rony vestia uma bermuda branca desfiada, uma camiseta regata e colada da mesma cor e uma sandália simples de couro, com uma tornoseleira vermelha escrito “Rony e Hermione” em dourado. Os cabelos estavam penteados para traz.


 


--Rony, está na hora. Mamãe está chamando. –Gui anunciou na porta do quarto.


 


--Hermione já desceu?


 


--Ainda não, ela está terminando de se arrumar. Vamos?


 


Gui saiu do quarto, fechando a porta. Rony gelou por dentro, estava na hora. Será que ela diria sim novamente? A mesma ansiedade do dia anterior se apoderava dele. Vendo o nervosismo do amigo, Harry disse:


 


--Não fique nervoso. Ela já te aceitou uma vez, não vai dizer não agora. Vamos...


 


Rony assentiu atordoado e saiu do quarto.


 


 


 


--Fique tranqüila, Mione. Antes de voltar pra Hogwarts eu vou com a mamãe lá na sua casa, preparar tudo...


 


--Gina, não precisa! Sério!


 


--É rápido e eu vou usar magia. Fique tranqüila.


 


Hermione não respondeu nada e se olhou no espelho. Ela estava  linda.


 


A morena estava usando um vestido branco leve, com um véu quase transparente e curto na cabeça, bem seguro pela coroa de Muriel. Nos pés ela usava sandálias baixas de couro, amarrando nas pernas.


 


Gina estava parecida, com um vestido amarelo creme, bem leve também, e sandálias parecidas com as da cunhada.


 


Fora do gosto de Hermione que eles fizessem um casamento diferente, com um ar mais natural e repleto de flores. Os convidados usariam roupas parecidas, as mulheres vestidos leves em tons claros, excluindo o branco, e os homens bermudas e camisetas do mesmo estilo. Ronald adorou essa idéia diferente, pois os casamentos da Toca eram sempre iguais.


 


--Hermione, o Rony já está lá embaixo. E pela cara dele, um infarto está próximo. –Gina comentou olhando pela janela.


 


--Já está na hora?


 


--Descemos daqui a pouco. A noiva tem que se atrasar, é de praxe.


 


Hermione rolou os olhos.


 


--Vão ficar quanto tempo no Brasil, Mione?


 


--Umas duas semanas. Quero voltar antes de você ir para Hogwarts. Eu e os garotos estávamos conversando sobre isso ontem a noite.


 


--Essa viagem vai ser boa. Você tem que tirar muitas fotos.


 


--Se seu irmão deixar.


 


Gina riu e olhou no relógio instalado na parede.


 


--Vamos descer.


 


 


 


 


Rony estava parado no altar, com Harry, seu padrinho, ao seu lado e com o regente da cerimônia logo atrás, esperando pacientemente a noiva. Mas o ruivo não estava tão paciente assim, ele suava frio e tinha um tom esverdeado característico. Sem contar que não parava de lançar olhares à Vitor Krum, que estava sentado na terceira fileira de cadeiras dispostas próximas ao altar.


 


Quando captou o olhar do noivo na sua direção pela terceira, ou quarta vez, Vitor decidiu ir falar com ele. O búlgaro usava vestes parecidas com as de Ronald, só que azuis.


 


Ron ficou com uma postura ereta quando viu aquele convidado se levantar e aproximar-se. Tentou evitar seu olhar, mas foi inevitável com a aproximação.


 


--Tudo bem, Ronald? –Vitor perguntou com o sotaque carregado.


 


--Si-sim, porquê?


 


--Você parece nerrvoso... e insegurro. Sei que é difícil pra você ver o ex-namorrado de sua futurra espossa no seu cassamento.


 


Rony não sabia o que dizer. Espantou-se quando o moreno pousou uma mão sem eu ombro.


 


--Fique trranquilho. Está vendo aquela moça? –ele indicou uma loira sentada ao lado de sua cadeira vaga.


 


--Sim. Eu não a conheço. Quem é?


 


--É minha namorrada, Elley. Eu a amo. Você non prrecisa se prreocupar, eu não conseguirria pegarr a Mionie de você nem que quisesse. Non se prreocupe, logo você estarrá cassado e feliz.


 


Ronald sorriu, um pouco mais corado.


 


--Esperro que sejam felizes. –O búlgaro sorriu.


 


--Obrigado, Vitor.


 


Sorrindo abertamente, o moreno voltou ao seu lugar, e Harry se aproximou de Rony.


 


--Tudo certo?


 


--Melhor que nunca. Vá para seu lugar, a Mione está entrando.


 


Hermione olhava nervosa para o altar. Tinha o mesmo sentimento de euforia e nervosismo do dia anterior. Assim que fez menção de entrar com seu pai ao lado, ela viu Vitor saindo de perto de Rony. franziu o cenho, mas apagou isso de sua mente momentaneamente. Respirou fundo e olhou para seu pai, que lhe sorriu feliz, com lágrimas nos olhos pela segunda vez, e seguiram até o altar, com uma música suave no fundo, e Nina andando na frente, com uma cestinha de flores.


 


Ronald sentia seu coração bater mais forte a cada passo que Hermione dava. Sorriu quando viu a expressão alegre da jovem que vinha ao seu encontro.


 


Assim que a morena chegou no altar, ela sorriu para o pai que a beijou na testa e entregou sua mão para o Ruivo, dizendo:


 


--Sou mais forte do que pensava, rapaz. Fazer isso duas vezes não é nada fácil.


 


Filipe pegou a filha mais nova e se juntou à esposa, na rimeira fileira de cadeiras.


Rony sorriu para o sogro e beijou delicadamente a mão de Hermione. Guiando-a, eles foram para o altar florido, ficando de frente para o regente, ao lado de Harry.


 


--Bom dia, senhores e senhoras. –começou o regente. –Estamos aqui hoje para unirmos em laços matrimoniais o jovem casal Ronald Weasley e Hermione Granger. Dois jovens guerreiros, que através da amizade, encontraram o amor verdadeiro.


 


Ron e Hermione trocaram um sorriso tímido.


 


--Por isso pergunto, meus jovens, é de vontade própria que estão aqui hoje?


 


--Sim. –responderam em uníssono.


 


--O noivo, então, pegue as alianças, por favor.


 


Rony murmurou um ‘claro’ e colocou a mão direita no bolso, a procura das alianças. Não encontrou, e com uma expressão preocupada, procurou nos demais ligares que a aliança poderia estar, mas nada.


 


--Ronald Weasley, você perdeu as alianças? –Hermione perguntou num sussurro nervoso, entredentes.


 


--Calma, Mione. Tá por aqui... LEMBREI!


 


Os olhares agora estavam focados no ruivo, que estava vermelho de vergonha. Com um aceno, ele pediu para Nina se aproximar. A garotinha veio correndo, com o vestidinho rosa balançando com o vento, e nas mãos uma caixinha preta de veludo.


 


Rony se abaixou para ficar do tamanho de Marina e pegou a caixinha, dando um beijo na bochecha dela. Feliz, a menina se postou ao lado de Harry, com um sorrisinho. Hermione girou os olhos com a cena.


 


--Pronto, rapaz? –O regente perguntou.


 


Rony afirmou com a cabeça.


 


--Repita comigo...


 


Rony obedeceu, dizendo:


 


--Hermione Granger, aceita ficar comigo para o resto da vida, na alegria, tristeza, momentos difíceis e bons?


 


--Aceito. –Novemente a morena tinha lágrimas nos olhos.


 


Sorrindo, Ronald pegou a mão de Hermione e colocou a aliança dourada em seu dedo anelar, dando um beijo singelo no lugar.


 


--Agora a sua vez, repita comigo... –O regente tornou a dizer.


 


--Ronald Weasley, aceita ficar comigo para o resto da vida, na alegria, tristeza, momentos difíceis e bons? –A morena tinha a voz embargada.


 


--Aceito.


 


Hermione repetiu o ritual das alianças, com as mãos tremendo.


 


--Então... –O celebrante tornou a falar –eu vos declaro marido e mulher. Podem se beijar.


 


Enquanto Rony se aproximava dos lábios da morena, uma fina luz dourada saiu da varinha do regente e envoltou-se nos noivos. Quando eles se beijaram, uma luz forte brilhou envolta deles, e as pessoas aplaudiram de pé.


 


Porque a vida é assim. Você nasce, cresce, se casa, tem filhos e morre. Mas, nesse percurso, você encontra pessoas importantes: os amigos. E por que não pode surgir um amor entre amigos? Esse amor é o que chamamos de Amizade Colorida. E temos que prestar muita atenção nisso, pois às vezes a sua alma gêmea está bem ali, do seu lado, e você nem percebe. Foi assim que aconteceu com Ronald Weasley e Hermione Granger, que só perceberam que o que sentiam um pelo outro era muito mais forte do que amizade, depois de tantos anos de convivência, por mais que todos ao redor deles tentassem mostrar isso para eles. Afinal, quer um exemplo de amor e amizade mais forte do que esse?


 


 


Fim

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